Total de visualizações de página

sexta-feira, 31 de março de 2017

O "ARRAIAL DOS SANTOS" EM "PÉ DE GUERRA" - 2ª PARTE


O "ARRAIAL DOS SANTOS" EM "PÉ DE GUERRA"

Se você pensa que no meio da comunidade cristã não ocorrem brigas, contendas, divergências, dissensões, facções... seja bem-vindo à vida real: você está integralmente enganado. Contudo,  tal realidade, por mais improvável que pareça e por mais triste que seja: 

  • 1) NÃO desqualifica a importância da comunidade cristã; 
  • 2) NÃO é justificativa para que alguém não queira congregar e; 
  • 3) NÃO diminui em absoluto a autoridade, relevância e importância da igreja institucionalizada que – quer queiram alguns ou não (problema desses) – foi levantada, instituída e é sustentada pelo seu único dono: O SENHOR JESUS CRISTO.  É sobre esse polêmico e espinhoso tema - que, dada a sua extensão, foi dividido em duas partes -, que eu trato à luz das Sagradas Escrituras neste artigo.


Vamos aos fatos



Brigas dentro das comunidades cristãs são comuns. Mais do que deveriam, já que normalmente estão envolvidas pessoas ditas cristãs. Mas infelizmente sempre foi assim na história da Igreja Cristã.

Algumas dessas brigas ficaram famosas, como a do monge Martinho Lutero com o Papa, que levou à Reforma Protestante, "rachando" a Igreja Católica e dando origem à tão aclamada Reforma Protestante. E muitas outras se seguiram, gerando inúmeras divisões no meio do cristianismo – a cada briga mais séria, uma nova denominação cristã acaba por se formar.

No nosso quintal


Aqui no Brasil não tem sido diferente. Praticamente todas as denominações cristãs mais conhecidas, como a Metodista, a Presbiteriana, a Batista e a Assembléia de Deus, dividiram-se várias vezes nos últimos cem anos. A Igreja Universal nasceu como uma dissidência da Igreja de Nova Vida. A Igreja da Graça é uma dissidência da Universal. A Mundial também é uma dissidência da Universal. E assim sucessivamente.

Eu mesmo já fui testemunha ocular de uma dissidência dentro de uma igreja da qual eu fui membro nos idos anos 1990. E essa mesma igreja batista – pelo mesmo motivo: ou seja, brigas internas  –  já havia "gerado" outra anteriormente e, depois dessa dissidência que testemunhei, houve ainda outras.

O fato é que cada divisão deixa um rastro de pessoas feridas – muitas, espiritualmente mortas mesmo. Coisas muito ruins. Mas parece não ser possível evitar que essas coisas aconteçam.

De quem (ou do que) é a culpa?


Algumas pessoas pensam que o erro está em não usar o exemplo da igreja cristã apostólica, aquela que nasceu logo após a ressurreição de Jesus e foi dirigida pelos apóstolos. E numa primeira análise, essa impressão parece ser correta – afinal, naquela comunidade de fé as pessoas tinham até os bens em comum (Atos dos Apóstolos capítulo 4, versículos 32 a 35). 

Mas se estudarmos com mais cuidado o que a Bíblia relata veremos que não foi bem assim: a igreja apostólica teve problemas. Por exemplo, a rivalidade entre os apóstolos começou ainda quando Jesus era vivo. Veja o que a mãe de João e Tiago pediu a Ele (Mateus capítulo 20, versículos 20 a 22).

A mãe dos dois apóstolos pediu a Jesus que desse os lugares de honra no Reino de Deus para seus filhos – deve ter achado que eles mereciam mais do que os outros (sentimento mais que comum em nosso meio, diga-se). E Jesus "colocou a dona pra correr" e respondeu que ela não sabia o que estava pedindo…

Mas a rivalidade não desapareceu, tanto assim que há uma outra passagem falando sobre o mesmo tema. E a questão aflorou numa hora super imprópria – na mesma noite em que Jesus foi preso. Veja o que está dito em Lucas capítulo 22, versículos 24 a 26:
"E houve também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior. E ele [Jesus, mais uma vez dando "um show"] lhes disse: 'Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve'" (grifo e acréscimo meus).
Jesus precisou intervir para colocar ordem no "arraial", ensinando que o maior seria aquele(a) que se fizesse o(a) menor, isto é que servisse as demais pessoas.


O quiproquó religioso


Depois que Jesus subiu aos céus, quando a igreja apostólica de fato se constituiu, outras questões apareceram.

Os judeus estavam acostumados a se manter separados dos demais povos, tanto por evitar o casamento com pessoas estrangeiras, como por manter costumes (a circuncisão ou a proibição de comer certos alimentos) que reforçavam esse estado de coisas.

Mas o cristianismo rompeu as barreiras do judaísmo:
  • Primeiro, converteram-se os judeus que moravam na Palestina, todos seguidores das práticas da lei judaica. 
  • Depois, vieram judeus moradores de outros territórios, pessoas muito influenciadas pela cultura grega – muitas nem seguiam mais essas leis. 
  • E mais adiante ainda, começaram a se converter os gentios, os não judeus, que encontrarem nos ensinamentos de Jesus a resposta para seus problemas existenciais.

Divisão?

Acabaram se formando dois grupos dentro do cristianismo: os judeus nascidos e criados na Palestina (chamados cristãos judaizantes), seguidores da lei dada por Moisés, e os demais que viviam de acordo com a cultura grega (chamados cristãos gregos). E isso gerou tensões que explodiram em crises. Vejamos dois exemplos:

O primeiro ocorreu ainda na fase da vida da igreja apostólica, em Jerusalém, quando todas as pessoas tinham os bens em comum. Cabia aos apóstolos cuidar do caixa comum e distribuir para as pessoas aquilo que elas precisavam.

Em dado momento, os cristãos gregos se sentiram prejudicados nessa distribuição – pensavam que os apóstolos, por serem todos judeus palestinos, estavam privilegiando quem era como eles (Atos dos Apóstolos capítulo 6, versículos 1 a 5):
"Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os judeus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: 'Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio…' e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia…" (Grifo meu)
Os apóstolos resolveram o problema de forma sábia. Reconheceram que havia uma dificuldade a ser superada – isto é, não fingiram que estava tudo bem (o que, aliás, em vias de regra, é o que é feito na maioria absoluta dos casos) – e disseram para a congregação que não mais cuidariam da distribuição de recursos entre as pessoas. E incentivaram a congregação a escolher sete homens para fazer isso – foi aí que nasceu o papel de diácono.

Foram escolhidas pessoas de origem grega. Ou seja, para demonstrar sua isenção, os apóstolos incentivaram – e aqui, é válido frisar, que usaram a lógica, o raciocínio, sem espiritualizações magníficas – a escolha de pessoas pertencentes ao grupo que estava reclamando. 

Outro exemplo desse mesmo tipo de tensão aconteceu na cidade de Antioquia, onde estavam Pedro e Paulo. E chegou um grupo de cristãos vindos de Jerusalém, cuja comunidade cristã era liderada por Tiago, irmão de Jesus, a maior autoridade entre os cristãos judaizantes.

Até então, Pedro tinha convivido normalmente com os cristãos gregos, aceitando os hábitos de vida deles. Quando os judaizantes chegaram a Antioquia, Pedro estranhamente mudou de comportamento e passou a criticar os hábitos dos cristãos gregos. Paulo ficou bravo e criticou Pedro na frente de todos (Gálatas capítulo 2, versículos 11 a 14).


Conclusão


Brigas nas comunidades de fé são esperadas. Afinal, estão envolvidos seres humanos débeis, limitados, imperfeitos, passíveis de raiva, inveja, ciúmes, orgulho, etc. 

Mas o exemplo da Bíblia, embora não seja, como muitas pessoas parecem pensar, o de comunidades sem problemas, demonstra que sim é possível superar as dificuldades sem levar a rupturas.

O exemplo da Bíblia é justamente o de como resolver de forma inteligente e com sabedoria as tensões que sempre acabam surgindo dentro das comunidades de fé, por essa ou aquela razão. 

Jesus ensinou que a grandeza dentro das comunidades de fé está relacionada com a humildade e a capacidade de servir. Os(as) maiores são aqueles(as) que mais servem e se dedicam à obra de Deus e não quem ocupa cargos importantes.

Sei que não é essa a realidade que vemos hoje dentro das denominações, mas foi isso que Jesus ensinou e penso que aí está a chave para resolver muitos problemas. O ponto de partida.

Depois, é preciso que os(as) líderes tenham sensibilidade para entender as demandas dos membros das comunidades de fé. Por exemplo, é claro que os apóstolos não estavam prejudicando os cristãos gregos na distribuição de alimentos e roupas, mas mesmo assim foram sensíveis às reclamações e indicaram diáconos, reduzindo a tensão.

Muitos(as) líderes, quando percebem que os membros da comunidade cometem injustiças contra seu ministério, retaliam: isolam ou até expulsam essas pessoas. Não foi esse o exemplo que os apóstolos deram. 

Finalmente, não importa a posição e os prestígio da pessoa dentro da comunidade de fé. Se sua atitude estiver errada, ela precisa ser advertida e chamada a mudar de comportamento.

Repare que Paulo, quando estava em Antioquia, enfrentou ninguém menos do que Pedro, considerado por quase todos os cristãos como o líder dos apóstolos. E Paulo não hesitou em criticar Pedro na frente de todos – mais adiante, foi possível Pedro e Paulo chegarem a um acordo, juntamente com Tiago, no chamado Primeiro Concílio da Igreja Cristã, ocorrido em Jerusalém (Atos dos Apóstolos capítulo 15).

Sobretudo, o exemplo que temos da Bíblia, é que as dificuldades devem ser resolvidas sem gerar divisões ou feridas espirituais sérias nas pessoas. Sempre com espírito de humildade e amor ao próximo. E esse é o exemplo que precisamos aprender a imitar. 

Prosseguimos com o assunto na segunda parte desse artigo que você pode ler aqui.

Fique sempre atualizado!


Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos, sempre com um viés cristão, porém sem religiosidade. 

quinta-feira, 30 de março de 2017

O TEMPO, ESSE TERRÍVEL INIMIGO

Tudo começa pela manhã, quando o despertador é colocado pela quinta vez no modo soneca. Uma sonequinha ali, outra acolá e, para variar, você levanta superatrasado. Mesmo se conhecendo, acha que será capaz de tomar banho em 10 minutos. Pode contar: lá se vai meia hora. Então, para compensar o desfalque anterior, você promete ser mais ágil ao escolher o look do dia. Mas, veja só, joga metade do armário na cama e parece não encontrar nada bom o suficiente para vestir. Com o horário apertado, não dá tempo para o café da manhã. Vai ter de se contentar com uma barrinha de cereal ou com um café no meio do caminho. 

Mas o que está ruim sempre pode piorar. Bem nesse dia acontece uma pane no metrô, o ônibus não passa, tem um baita engarrafamento e não dá mais para chamar um carro pelo aplicativo. Tarde demais. Não adianta se lamentar por não ter levantado quando o relógio tocou. 

Ah..., aqueles 10 minutos 


Um dos motivos apontados para tanto atraso é o fato de as pessoas não conseguirem avaliar quanto tempo dura uma tarefa – o que também pode ser chamado de falácia de planejamento. As pessoas, em média, subestimam o quanto uma tarefa vai demorar para ser concluída em 40% das vezes. Outra razão é o fato de os atrasados estarem condicionados à realização de múltiplas tarefas. 

E quem pensa que é só a "classe trabalhadora" que "dá mancada" no cumprimento do horário está bem enganado. Este "fenômeno" é comum de acontecer nos mais variados segmentos e fica ainda mais evidente no segmento eclesiástico. O paradoxo é que as pessoas se atrasam mesmo quando existem punições e consequências. Se é o seu caso, já parou para pensar o quanto isso tem prejudicado você? 

Sim, o atraso é um grande problema 


Quando falamos de atraso muitas pessoas retrucam que imprevistos podem acontecer. Não quero aqui falar de maneira legalista a respeito desse assunto. Sei que imprevistos podem acontecer e o objetivo do texto não é falar dos atrasos causados por isso, mas o que tenho percebido é que as pessoas não se incomodam mais de chegarem atrasadas nos compromissos. 

Tem sido tão comum que para alguns se tornou um hábito. As programações das igrejas são agendadas em um horário com previsão de começar em outro. Já vi gente dizer que a reunião deve ser agendada para as 19h para começar às 20h por causa dos atrasados. Os cultos começam com poucas pessoas, que na maioria das vezes são as mesmas, e a medida que o culto vai acontecendo a igreja vai enchendo. A pontualidade tem sido pouco valorizada e em alguns casos se torna motivo de piada. Temos dado pouco valor àqueles que são pontuais. 

Mas será que pedir pontualidade é algo exagerado? Será que se atrasar como um hábito é visto como uma coisa boa? 

Atraso não é uma coisa bem vista em nenhum lugar, nem entre os ímpios esse hábito é bem visto. No trabalho se um funcionário chegar atrasado de maneira recorrente, ele perderá o seu emprego. Na escola um aluno que se atrasa pode receber falta, até mesmo ser impedido de assistir aula. Mesmo alguns que dizem que é tradição uma noiva se atrasar, não gostam quando ela se atrasa. 

"Não atrasarás!" 


A Bíblia não tem um mandamento sobre não se atrasar, contudo há princípios que deveriam nos fazer pedir perdão ao Senhor e aos outros cada vez que nos atrasamos, e abandonar esse hábito que nos leva a pecar. Na sequência vou pontuar alguns. 

Falta de reverência com o Senhor 


Antes de falar do atraso de forma geral quero falar do atraso nas programações da igreja especificamente. 

Um dos problemas envolvendo atraso nas programações da igreja é a falta de conhecimento de quem Deus é, além da falta de conhecimento do que o culto público representa. A falta de importância que o culto tem na vida das pessoas é evidenciada pelos atrasos recorrentes. O culto é o lugar onde o povo de Deus se reúne para se encontrar de maneira especial com o seu Senhor. 

Chegar em um culto atrasado mostra o quão irrelevante você considera Deus, pois não se preparou com antecedência, não se planejou para encontrá-lO, não considera que as leituras, músicas e orações do culto são partes importantes da adoração ao Senhor. 

Moisés foi advertido quanto a sua santidade, tamanha a necessidade de reverência. Deus pediu para que Moisés tirasse as sandálias, não por causa do local, mas sim por causa da Sua presença. 
"Deus continuou: 'Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa" (Êxodo 3:5). 
Qualquer um que vai viajar chega ao aeroporto ou rodoviária com uma antecedência. E o que é mais interessante é que mesmo os que têm o hábito de se atrasar, nesse quesito, são pontuais, exatamente por considerar importante chegar no horário. 

A falta de reverência ao Senhor faz com que pessoas não liguem por chegar atrasadas, por mais que elas digam que se incomodam com isso. O que é necessário é um arrependimento verdadeiro e uma mudança desse hábito. É necessário entender que quando nos atrasamos para cultuar ao Senhor é porque não O consideramos a pessoa mais importante de nossas vidas. Fazemos as coisas de maneira relaxada. Lembre-se do que Jeremias escreveu sobre isso. 
"Maldito aquele que fizer a obra do SENHOR relaxadamente!" (Jeremias 48:10a) 

Falta de Amor ao Próximo 


O outro problema com os atrasos é a falta de amor ao próximo. Na verdade, é uma mistura de falta de amor ao próximo com um egocentrismo, pois quem tem esse hábito considera o seu tempo tão importante e o do outro irrelevante. Quando nos atrasamos temos o costume de olhar somente o tempo que nos atrasamos e nunca o tempo de todas as pessoas que esperaram. 

Mas Paulo diz que devemos ter nosso próximo superior a nós. Será mesmo que temos o próximo em alta conta quando nos atrasamos? 
"Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Filipenses 2:3). 
Quais são os impactos desse hábito de se atrasar? Certamente é mais do que fazer alguém perder tempo, é não amar aquele que, por amor, chegou no horário. Fazer os outros esperarem por causa do nosso atraso é simplesmente rude. Os cristãos devem amar uns aos outros e também devem amar os inimigos (Mateus 5:44), e o amor não é rude (1 Coríntios 13:5). 

Além disso, como cristão não devemos causar pecado nas pessoas. Certamente quem sempre é forçado a esperar um "Atrasildo" perderá a paciência. Uma simples irritação pode se tornar uma ira, e essa ira pode se tornar uma ira pecaminosa. Jesus adverte os seus discípulos quanto àqueles que fazem os outros pecar. 
"Disse Jesus a seus discípulos: 'É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm!'" (Lucas 17:1)
A espera não é só frustrante, mas enervante, por isso considere o outro superior a você. 

Quebra do Terceiro Mandamento 


Jesus disse que o nosso sim deve significar sim e nosso não significar não, e disse ainda que o que passar disso vem do maligno (Mateus 5:37). Se aplicarmos esse princípio, vemos que há um empenho da palavra quando marcamos um compromisso. Isso quer dizer que há uma confiabilidade no que é dito, mesmo quando não se usa a palavra "juro" de forma explícita. O princípio estabelecido aqui é de que há um comprometimento, há também valor de honra e importância no que é firmado. 

Aplicando de maneira mais profunda o que Jesus disse, podemos ver que marcar de estar em um local em um determinado horário é juramento e não cumprir é quebrar a lei do Senhor. 

Portanto, estar no horário e em dia com os compromissos é um aspecto moral da vida cristã e deve ser observado de forma muito cuidadosa. 

Um Bom Nome 


Devemos considerar tais questões em nossa vida. Não só para honrar ao Senhor, demonstrar amor ao próximo e obedecer à Sua lei, mas também para dar bom testemunho aos de fora. 

Não podemos ser achados como aqueles que não têm amor, pois a nossa reputação deve ser cuidada, 
"Um bom nome é melhor que unguento" (Eclesiastes 7:1a). 
Um bom nome, uma boa reputação é importante para um cristão. Isto significa que devemos ser conhecidos como pessoas de palavra, confiáveis e seguras, e não sermos conhecidos como sempre atrasados, preguiçosos, sem se preocupar com os outros. Nossas ações como cristãos apontam para Cristo. 
"Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens" (Colossenses 3:23). 


Saiba Esperar 

O reverso da moeda


Creio que muito já foi dito sobre os atrasados. Mas acredito ser importante também falar aos que não se atrasam e chegam cedo. 

Quando estiver esperando um retardatário, lembre-se que ele é falho como você, cuide de seu coração para não pecar contra ele e não pecar contra o Senhor. Não pense de você mesmo além do que convém (Romanos 12:3). Nem sempre somos capazes de perceber os nossos pecados e você pode ajudar o seu irmão a perceber que ele está falhando nessa área da vida dele. A Escritura diz que devemos amar, orar por aqueles que não pecam para a morte (1 João 5:16) e ajudá-los nas suas dificuldades. 
"Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração" (Colossenses 3:16). 
Cuide de seu coração também para não fazer da pontualidade um ídolo, lembre-se que o único que não se atrasa é o Senhor (2 Pedro 3:9). Devemos buscar a perfeição, mas só Deus é perfeito (Tiago 1:17).

Ainda há tempo


Muitos investem tanto na sua formação ou em desenvolver habilidades para agir com mais desenvoltura e competência que se esquecem de detalhes que fazem toda a diferença. Muitas pessoas prometem nunca mais passar horas nas redes sociais, não chegarem atrasadas aos compromissos nem dormirem tarde e perderem a hora no dia seguinte, mas não cumprem o que disseram. São promessas baseadas no entusiasmo, mas vazias de disciplina e desejo real de mudança e, por isso, são frustradas. Falando de forma simples e direta, nunca haverá mudança se um novo hábito não for incorporado.

Mudança de Hábito


Mas não se desespere, ainda há esperança; para muitos, é simplesmente uma questão de superar os maus hábitos acumulados ao longo do tempo. Às vezes é apenas uma questão de mudar esses hábitos para ser mais consciente do tempo, planejar o futuro, e deixar tempo suficiente para o inesperado.

E se não existe mágica, mas esforço e dedicação, precisamos nos preparar. Então confira, abaixo, algumas dicas para colocar sua vida "de volta" nos trilhos.

Bye, bye, atraso!


  • Se questione 
Por que aceitou o hábito de se atrasar? Ser honesto consigo mesmo é o primeiro passo para detectar o problema.
  • Se discipline 
Em vez de se planejar para chegar no horário, tenha como meta chegar pelo menos cinco minutos antes.
  • Se prepare 
Se quer dormir cinco minutos a mais e tem dificuldade de separar a roupa pela manhã, faça isso no dia anterior.
  • Se Monitore
Monitore quanto tempo leva para concluir suas tarefas diárias. Dessa forma, descobrirá o tempo real que gasta para realizar cada uma delas.
  • Saiba dizer não
Pare de aceitar novas responsabilidades e compromissos de última hora quando já está atolado de afazeres.
  • Dê adeus às distrações
Se redes sociais, vídeos e séries têm roubado sua atenção e feito você postergar tarefas, vale a pena evitá-los.

Conclusão


Reconhecer o impacto espiritual sobre os outros é o primeiro passo para entender a importância de reverter o mau hábito do atraso. Se somos motivados pelo amor pelos outros e um desejo de manter uma boa reputação por causa de Cristo, então a oração por sabedoria e ajuda é o próximo passo. Deus prometeu sabedoria a todos os que pedirem para Ele (Tiago 1:5), e Ele nunca está longe daqueles que invocam o Seu poder para a vida piedosa.

Peça sabedoria ao Senhor, mas mexa-se também, há a responsabilidade humana debaixo da soberania de Deus. E peça perdão a Ele e às pessoas que você já tenha pecado por causa dos seus atrasos.
Fique sempre atualizado!
Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos, sempre com um viés cristão, porém sem religiosidade. 

quarta-feira, 29 de março de 2017

ASSUNTOS DIFÍCEIS DA BÍBLIA — A MULHER SAMARITANA TINHA 'MESMO' CINCO MARIDOS?

Esse pode até não parecer um assunto difícil, mas tenho certeza que você já ouviu várias ministrações sobre o encontro da mulher samaritana com Jesus, certamente, esse é um dos célebres textos mais usados em ministrações sobre adoração. Também é um texto recorrente para pregação sobre a quebra do preconceito religioso. Outra ministração muito comum é sobre a questão da figura de linguagem da água no texto.

Mas um detalhe — que nem sempre é enfatizado — que sempre me chamou a atenção, foi o que diz respeito aos "maridos da samaritana", sobre os quais Jesus falou. Creio ainda que você já tenha ouvido em muitas pregações que esses maridos eram literais e até mesmo que a mulher samaritana era uma devassa, uma prostituta. Mas será que é isto mesmo que a Bíblia diz?

Análise contextual


Infelizmente, muitos pregadores e expositores da Palavra de Deus têm usado esse texto para criar doutrinas e heresias, nesse pequeno artigo, após uma pesquisa exegética e hermenêutica, eu quero mostrar qual é a melhor interpretação para esse texto. Lembrando que existem várias interpretações, eu quero nesse pequeno estudo mostrar a mais coerente com base bíblica.

Nesse artigo vamos conversar sobre os seguintes temas:
  • Um pouco sobre Samaria;
  • Quem eram os cinco maridos da mulher samaritana;
  • Quem era o sexto marido da mulher samaritana;
  • Aplicação espiritual.
Para entendermos quem é a mulher samaritana e quem eram seus cinco esposos, precisamos entender o contexto que essa historia foi narrada. Os maridos dessa mulher é um enigma, além de entender o contexto que a historia foi narrada, precisamos entender porque o povo samaritano não eram tão amigos assim do povo de Israel (judeus).

Os samaritanos 

Um pouco sobre Samaria


Uma breve história sobre o povo samaritano, não é minha intenção prolongar o assunto, mas para entendermos essa passagem de João 4, precisamos entender um pouco mais sobre Samaria.

A palavra "samaria" em hebraico é: שֹׁמְרוֹן, na Bíblia transliterada você encontrará com nome de: "shomëron", que pode ser traduzido como: Cidade guardada, cidade protegida, ser guardada.

Samaria é o nome histórico e bíblico de uma região montanhosa do Oriente Médio, constituída pelo antigo reino de Israel, situado em torno de sua antiga capital, Samaria, e rival do vizinho reino do sul, o reino de Judá. Atualmente situa-se entre os territórios da Cisjordânia e de Israel.

Nascimento dos samaritanos


O nascimento dos samaritanos deu-se depois da morte de Salomão, o reino de israel foi dividido em Reino do Norte (também conhecido como Israel), cuja a capital era Samaria, e Reino do Sul, com sede em Jerusalém, conhecido como Reino de Judá.

O Reino do Norte era composto por 9 tribos e abrangia a maior parte do território de Israel. Cada um dos reinos seguiu uma história diferente.

Cerca de 700 anos antes de Cristo, o Reino do Norte acabou, sendo tomado pela Assíria e seus habitantes foram deportados. Alguns habitantes ficaram na terra. Provavelmente eram agricultores, gente mais pobre.

Do ponto de vista dos habitantes de Jerusalém, esses habitantes que ficaram na Samaria começaram a perder a própria identidade religiosa, misturando-se com os pagãos, perdendo as características que os ligavam ao Deus único de Israel.

Porque os judeus não se comunicavam (ou não se davam) com os samaritanos


Em João capitulo 4:9 mostra que os judeus não se comunicavam com os samaritanos. Mas o que levou os judeus não conversarem com os samaritanos? Existem vários itens que contribuíram para que isso acontecesse. Aqui, vou destacar apenas os principais deles:

  • 1 — O povo de Israel adorava apenas a um Deus (YHWH), já os samaritanos adoravam há vários deuses (por um motivo que veremos já já);
  • 2 — Eles não concordavam com praticamente nenhuma informação, discordavam em quase tudo, um dos pontos que eles discordavam é o lugar onde se deve adorar —
"Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar" (4:20);
  • 3 — Quase sempre estavam brigando por territórios, por exemplo, pela "propriedade" do famoso poço de Jacó, cenário onde se deu o encontro entre Jesus e a mulher (ou você alguma vez pensou que o local foi apenas uma coincidência?).
Esses são apenas alguns dos motivos que fizeram os judeus não conversarem com os samaritanos e os samaritanos também não conversarem com os judeus.

Existem vários outros motivos que ficam claros num estudo mais detalhado sobre a divisão dos reinos em Israel (que não é o nosso foco aqui, mas quem sabe posteriormente em um outro artigo?).

Samaria, adoração mesclada


Agora que já entendemos um pouco mais sobre Samaria, é importante ressaltar que a adoração em Samaria estava mesclada entre cinco culturas.

Em 2 Reis capítulo 17 do versículo 24 até o 33, narra a historia do rei da Assíria que trouxe cinco nações para habitar em Samaria, cada uma dessas cinco nações trouxeram consigo os seus deuses. Sendo assim, Samaria ficou com adoração mesclada. Os samaritanos além de adorar ao Deus vivo também passaram a adorar aos deuses dessas nações.

As nações que o rei da Assíria trouxe para Samaria foram:

1) Babilônia; 2) Cuta; 3) Ava; 4) Hamate e 5) Sefarvaim.
"E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e eles tomaram a Samaria em herança, e habitaram nas suas cidades" (2 Reis 17:24).
E cada uma dessas nações trouxeram seus deuses, segue:
  • Babilônia — cultuavam uma deusa chamada Sucote-Benote;
  • Cuta — cultuavam o deus Nergal;
  • Ava — cultuavam deuses Nibaz e Tartaque;
  • Hamate — cultuavam a deusa Asima;
  • Sefarvaim — cultuavam os deuses Adrameleque e Anameleque.

Conhecendo os deuses de Samaria


Vamos conhecer agora os deuses de cada uma dessas nações que invadiram Samaria. A adoração em Samaria estava mesclada entre esses deuses, segue:

  • Babilônia (ou Babel) — Eles fizeram uma deusa chamada Sucote-Benote. Ela operava nas tendas, na religiosidade e nas esferas sexuais. É a representação da Rainha dos Céus.
  • Cuta — Eles fizeram o deus Nergal, que significa grande homem, originalmente o deus do abismo. Em Apocalipse 11 há um anjo do abismo chamado de Apoliom, o destruidor. Ele opera na murmuração, julgamentos e fofocas (1 Coríntios 10:10).
  • Hemate — Eles fizeram o deus Asima. Era uma deusa que operava no ocultismo, adivinhação, feitiçaria, manipulação. Representa a Jezabel.
  • Ava — Eles fizeram os deuses Nibaz e Tartaque. Nibaz está relacionado com a incredulidade, o humanismo, o gnosticismo. Relacionado ao Espírito da Grécia. Tartaque significa preso em cadeias, trevas, corrupção. Representa o principado de Belial.
  • Sefarvaim — Eles fizeram os deuses Adrameleque e Anameleque. Adrameleque significa esplendor do rei, está relacionado ao principado de Moloque e Baal. Anameleque denota pobreza do rei. Este é figura de Mamom.

Mas, vamos então ao grande enigma: Quem são os cinco maridos da mulher samaritana?

Agora que já sabemos que Samaria estava com adoração – que, diga-se de passagem, é a principal base de todo o contexto — mesclada entre cinco deuses, fica mais fácil interpretar a célebre passagem. Ora, se a base de todo o contexto fala sobre adoração (e sobre isso, acredito, todos concordamos — 4:20-23), sendo assim, os maridos da mulher samaritana não tinham tão importância no contexto carnal, mas sim por sua simbologia no espiritual.

Jesus fez em seu diálogo com a samaritana, o uso de um recurso do qual, como Mestre que é, Ele fez na maioria de seus discursos: a figura de linguagem. Vamos entender isso?

Jesus fala no verso 10 que se ela conhecesse o dom de Deus e quem Ele era, ela O pediria água e Ele daria água viva. Daí ela responde descrendo em Jesus. Porém, Jesus insiste, sendo mais enfático em Suas colocações falando de forma figurada a alegria de receber à vida que Ele oferecia e que isto seria algo que resultaria em eternidade.

O fato curioso se dá então no versículo 15 quando ao ouvir Jesus falar figuradamente sobre a vida no Espírito, que traz alegria e gozo interior, como fontes de águas vivas jorrando do interior de quem recebe, ela, a samaritana, interpreta de forma literal. 

Ela pede a Jesus que a dê desta água, pois ela não queria ter mais o trabalho de ter que andar com aqueles potes em sua cabeça durante o meio-dia (horário ao qual ela teria acesso ao poço), quilômetros a fio, em uma repetição quase que diária.

Na verdade ela não entendeu nada do que Jesus estava dizendo em termos espirituais, em Sua linguagem figurada. Ela em sua ânsia de resolver o seu problema terreno, tomou o figurado e o interpretou literalmente. 

Que tremendo erro que ela cometeu! Porém, a sua interpretação errada não mudou o que Jesus havia falado, ou seja, a água que Ele oferecia continuou sendo uma água figurada, uma água invisível, uma água que não existia de fato, mas apenas como uma forma de expressão para ilustrar uma verdade espiritual. Jesus não mudou o que Ele pensava ao dizer em Suas palavras, para ajustar as Suas palavras à interpretação equivocada da samaritana. O mesmo se deu quando Ele falou acerca dos seus maridos:
"Disse-lhe Jesus: 'Vai, chama o teu marido, e vem cá'. A mulher respondeu, e disse: 'Não tenho marido'. Disse-lhe Jesus: 'Disseste bem: Não tenho marido'; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido [ou seja, o 'sexto marido']; isto disseste com verdade. Disse-lhe a mulher: 'Senhor, vejo que és profeta'" (João 4:16-19, grifo e [acréscimo] meus).
Ora, como assim? Afinal, ela tinha ou não tinha os tais maridos? E, se não os tinha, porque Jesus disse a ela:
"Disseste bem: 'não tenho marido'" (17b)?
E o sexto marido? O que Ele afirma agora ela ter e não ser dela (18)? Jesus estava ficando "doido"? E mais, se Ele estivesse "delirando", porque então mulher reconheceria ser Ele um profeta? Simples (ou não, né?!): Os cinco maridos da mulher samaritana são os deuses das cinco nações que estavam em Samaria, a mulher samaritana adorava a esses deuses, são eles:
  • Sucote-Benote — Toda pornografia e sensualidade;
  • Nergal — Murmuração, fofoca contra o próximo, levantar falsos testemunhos;
  • Asima — Adivinhação, feitiçaria, manipulação e jogos de azar;
  • Nibaz — Incredulidade, humanismo [Aqui trata-se também de idolatria, muitas pessoas idolatram a família sem perceber, deixa de ir para um culto porque estão com alguma visita, ou algo no gênero, muitas vezes as mães idolatram seus filhos, esposas idolatram seus maridos, namoradas idolatram suas namoradas (e vice-versa). Tome muito cuidado com isso.];
  • Tartaque — Trevas, corrupção [não negocie seus princípios e nem sua unção].
Essas são a simbologia espiritual dos cinco maridos da mulher samaritana, quando Jesus disse para ela que ela tinha cinco maridos e o que ela tinha agora não era dela, era exatamente isso. Ela adorava a cinco deuses (mencionados acima) e o sexto (que é o Deus de Israel) NÃO era dela.

Adorar a Deus em Espírito e Verdade


Agora já sabemos quem "são os cinco maridos" da mulher samaritana, depois de Jesus ter conversado com essa mulher ele diz:
"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade" (4:23).
Para adorarmos a Deus em Espirito e Verdade é necessário "divorciarmos desses maridos" e adorar apenas a Ele.

Conclusão


Jesus disse que foi necessário passar por Samaria Sempre onde há pecado, adoração mesclada, é necessário que Jesus entre e liberte, a mulher samaritana precisava divorciar desses 5 deuses para ter uma vida plena e agradável diante de Deus. 

Todos os dias Jesus nos chama para divorciarmos de tudo aquilo que não O agrada. Para sermos verdadeiros adoradores que adoram em espirito e em verdade é necessário termos apenas um marido, Jesus Cristo o Justo.
  • Em tempo: lembre que antes de Jesus falar sobre os maridos para a samaritana, Ele falou sobre a água e o que isso significa? Entenda:
"Vós já estais limpos, pela Palavra que Eu vos tenho transmitido" (15:3). 
"E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: 'Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. 'E isto disse Ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado" (João 7:37-39).
Por isso, só após a ministração sobre a água, a mulher conseguiu entender a ministração sobre o marido e reconhecer que Jesus era O profeta.

Que venhamos a saber que a eternidade é mais importante que o temporal. Que o povo de Deus realmente se converta à simplicidade do Evangelho e que rejeite toda forma de modismo que só serve para enlouquecer e dividir.

Que a exemplo da mulher samaritana ao descobrir o verdadeiro Jesus, entenda que o que realmente importa é O adorar em espírito e verdade, e que isto é o suficiente. Que procure a paz que somente o Evangelho pode dar.

A Deus seja toda a glória!
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.

A BÍBLIA DIZ QUE NÃO PODEMOS CONFIAR NOS OUTROS?

"Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem..." (Jeremias 17:5a).  
Com base nesse versículo acima muitos cristãos afirmam que não podemos ter confiança em outras pessoas. Eis mais uma equivocada interpretação feita por causa do isolamento e fragmentação de um versículo de seu contexto.

Vejamos o texto inserido dentro de todo o seu contexto:
"Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, e não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. 
Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o SenhorPorque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto. 
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações. Como a perdiz, que choca ovos que não pôs, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no meio de seus dias as deixará, e no seu fim será um insensato. Um trono de glória, posto bem alto desde o princípio, é o lugar do nosso santuário. Ó Senhor, esperança de Israel, todos aqueles que te deixam serão envergonhados; os que se apartam de mim serão escritos sobre a terra; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas" (Jeremias 17:5-13, ACF, grifos meus).

Agora o que seria este "confiar" que a Bíblia se refere? A continuação do verso nos explica, mas vamos por partes. Se não existir da nossa parte "certa" confiança com as pessoas nenhuma relação subsistiria, por exemplo: Se não houver nenhuma confiança do marido para com a esposa ou vice-versa, você acha que essa relação vai muito longe? Não!
Se não houver "certa" confiança entre o patrão e o empregado você acha que essa parceria vai dar certo? Não! Você que se não houver confiança entre os irmãos, pode haver algum tipo de relacionamento cristão? Não!

O que Deus nos adverte nesse verso em linha com todo o contexto da passagem é a respeito de fazer da carne mortal o nosso braço, a nossa força, a nossa fonte de recursos, por que quando isto acontece automaticamente a pessoa aparta o seu coração do Senhor.


A dura tarefa do auto-exame


E hoje eu te convido a ver este verso por outra ótica pois sempre que lemos tendemos a interpreta-lo  somente com relação aos outros seres humanos (homens) e parece que nos esquecemos que o somos e quem somos. Para isso, eu busco outros versos que muito falam conosco e têm tudo a ver com a reflexão proposta neste artigo:

"Examine-se pois o homem a si mesmo" (1 Corintios 11:28 ). "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos" (2 Corintios 13:5).

A palavra não precisa nos exortar a examinarmos os outros, porque a natureza humana possui uma inclinação natural para fazer isso. É fácil para nós encontrarmos erros nos outros. O difícil é encontrarmos em nós mesmos.

Os navios usam os faróis costais como referências para definirem seus trajetos e para se orientarem em meio à tempestades. O melhor momento de verificar essas referências e essas bússolas é em tempos de bonança, tempos de tranquilidade.

Por que como o outro está sujeito ao erro eu também estou, como o outro pode pecar eu também posso, e neste aspecto podemos dizer que estamos todos no mesmo nível, quer dizer, todos na condição de seres humanos.

Por isso Paulo nos exorta a revermos a nossa fé. Por isso somos incentivados a avaliarmos o caminho que temos percorrido, para que não tenha sido em vão.

Paulo escreve a Filemon (1:24) e aos Colossenses (4:14) descrevendo Demas como seu cooperador e colaborador na obra. Já na carta a Timóteo (2 Timóteo 4:10) Paulo lamenta a vida de Demas afirmando que ele "amou o presente século". O que pode ter levado um homem envolvido com a obra a amar o presente século e abandonar a fé?

Paulo exorta Timóteo a "conservar a fé e a boa consciência"(1 Tm 1:19). Existem algumas traduções na linguagem de hoje que dizem: "proteja a fé e escute o que a sua consciência diz". O apóstolo afirma nos versos seguintes que alguns, rejeitando a boa consciência, rejeitando uma consciência limpa, naufragaram na fé, abandonando o que criam. Entre esses, Paulo menciona Himeneu e Alexandre que foram entregues a satanás depois de terem caído da fé; depois de perderem o rumo da vida.

E o que dizer de Judas Iscariotes que andou com o Mestre durante três anos e meio de sua vida e depois de ter presenciado todas as obras, os milagres, as repreensões, as palavras de carinho, mesmo assim, traiu o Senhor por causa de lucros mundanos?

A segurança não é essencial à fé. Qualquer um, por mais seguro que esteja, pode ser um crente nominal e não um discípulo verdadeiro. Apenas o auto-exame nos revelará a necessidade de revermos a nossa bússola.

Então poderíamos dizer: Maldito o homem que confia em si mesmo, e faz da carne mortal o seu braço... 

A realidade é que devemos ter um "pé atrás" com nós mesmos, afinal veja o que diz Jeremias 17:9: 
"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" 
Este coração não é o órgão que bombeia o sangue para o nosso corpo, mas sim o nosso pensamento, a vontade humana, os sentimentos... Então como confiar plenamente em si mesmo? Não dá! 

Não sou eu que devo guiar, direcionar por mim mesmo a minha vida, mas permitir que Deus o faça!

Quantos pensam ser auto-suficientes e no seu orgulho estão se afundando cada vez mais, quantos pensam que Deus é opcional e não essencial. Perdem completamente a noção da indispensável e vital dependência de Deus. São os que eu chamo de "super crentes".
"Assim, por ti mesmo te privarás da tua herança que te dei, e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces; porque o fogo que acendeste na minha ira arderá para sempre" (Jm 17:4). 
"Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável" (17:6).
O homem destrói a si mesmo pelo seu comportamento, suas escolhas. A semente por si só não chega a lugar nenhum, mas se plantada na terra, e regada adequadamente, brota, nasce, cresce, e dá seu devido fruto. Ou seja, ela precisa disso, e o ser humano precisa de Deus!


Conclusão


"Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto." (17:7-8).

Todos os recursos que precisamos vem de Deus e não de nós mesmos. Reconheçamos que não podemos fazer da carne mortal nosso braço, nem em relação a nós e nem em relação aos outros! Nunca aparte seu coração de Deus pois só Ele é digno de toda confiança. Aquele que é onipresente, onipotente e onisciente!

A Bíblia é recheada de relatos de homens que foram enganados pela segurança carnal e iludidos por acharem que estavam à caminho do alvo enquanto já o tinham perdido há muito tempo. Eleja esse dia como uma oportunidade de rever a sua fé. Sente para avaliar a sua vida. Reveja o caminho que você tem percorrido. Veja de longe o alvo para o qual você está caminhando e defina o percurso. Veja se existem faróis costeiros lhe auxiliando na caminhada. Procure suas referências e veja as encontra. Pondere seus pensamentos, suas atitudes, suas motivações. Sobrevirão tempos difíceis (2 Tm 3:1) e você terá que estar pronto para não naufragar.
"Examina-me, Senhor, e prova-me; sonda-me o coração e os pensamentos" (Salmos 26:2). "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos" (139:23). "Esquadrinhemos os nossos caminhos" (Lamentações 3:40).

Fique sempre atualizado!
Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos, sempre com um viés cristão, porém sem religiosidade.