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sábado, 11 de março de 2017

ÉTICA CRISTÃ - RELACIONAMENTO NO CONTEXTO CONGREGACIONAL


"E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo" (Filipenses 1:9,10).
Iniciamos este artigo com Provérbios 26:18-20: 
"Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz por brincadeira. Sem lenha, o fogo se apaga; e, não ha­vendo maldizente, cessa a contenda".
Conheçamos os passos para chegar à excelência da vida cristã sem "mur­murações" nem "contendas". Paulo começa a seção ética de sua carta aos Ro­manos com a excelência do "culto racional" e da diversidade dos dons espirituais que devem estar a serviço da igreja. 

Entre os dons espirituais e os degraus do comportamento cristão, exatamente no começo de Romanos 12:9, ele coloca a pedra angular da ética cristã: 

"O amor seja sem hipocrisia". 


O amor, que é realmente o princípio governante da vida cristã, é mais do que uma emoção, e é de natu­reza mais firme do que mero sentimentalismo ou pura filantropia. Salomão poetiza esse amor sem hipocrisia, dizendo: 
"Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes laba­redas. As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado" (Cantares 8:6,7 - grifos meus). 
A partir do "amor sem hipocrisia", vêm os degraus da ética do comportamento cristão, que vamos estudar nos tópicos seguintes. Neste capítulo da série Ética Cristã trataremos de seis desses degraus.

  • I – Detestai o mal

Detestar o mal é o mesmo que odiá-lo. Paulo usa várias vezes a palavra "fugir" para significar a re­pulsa que o cristão deve ter das coisas que são más (1 Coríntios 6:18; 10:14; 1 Timóteo 6:11):
"Tu, po­rém, ó homem de Deus, foge destas coisas". 
[Thomas] Carlyle (1795-1881), escritor cristão, comentando esse texto, diz com muita propriedade: 
"O que necessitamos é ver a infinita beleza da santidade, e a infinita maldição e o horror do pecado". 
O apóstolo João, em sua primeira epístola, coloca esse "detestai o mal" da seguinte maneira: 
"Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (2:15).

  • II – Apegai-vos ao bem

O verbo "apegar" sugere um desejo intenso de apropriar-se de alguma coisa. O salmista assim se expressa: 
"Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água" (Salmo 63:1).
O comportamento ético do cristão é uma busca constante e intensa do que é bom. As palavras usadas por Paulo são firmes: "detestai" e "apegai". Elas podem ser ilustradas com dois versos de Colossenses, como veremos a seguir.

1. Detestai
"Agora, porém, despojai-vos, igual­mente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos des­pistes do velho homem" (3:8,9 - grifos meus).
2. Apegai-vos
"Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longani­midade" (3:12 -  grifos meus).
Tudo isso nada mais é do que empurrar para longe de nós o mal e abraçar de corpo e alma o que é bom, o que edifica.

  • III – Amai-vos cordialmente uns aos outros

Devemos ser afetuosos uns com os outros em amor fraternal. A palavra "cordialmente" é que qualifica esse amor.
"Seja constante o amor fraternal. Não negli­gencieis a hospitalidade, pois alguns, pra­ticando-a, sem o saber acolheram anjos" (Hebreus 13:1,2). 
Esse degrau do com­portamento ético do cristão é um dos muitos mandamentos da mutualidade. O amor cordial é recíproco: "uns aos outros". Dentro da igreja não somos estranhos; muito menos unidades isoladas. Somos irmãos, porque te­mos o mesmo Pai. A igreja não é um clube onde as pessoas se associam; nem simplesmente uma reunião de amigos. A igreja é a família de Deus. A reciprocidade no amor é a marca mais visível no Corpo de Cristo.

  • IV – No zelo, não sejais remissos

O descuido da vida cristã acarreta sérios problemas. O cristão não pode tomar as coisas de qualquer maneira. O nosso cotidiano é sempre uma alternativa entre a vida e a morte. O tempo é curto e a vida terrena é uma preparação para a eternidade. O profeta Jeremias exorta-nos: 
"Mal­dito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente!" (48:10). 
Costuma-se dizer que o cristão pode abrasar-se, porém nunca oxidar-se. Jesus, em carta à igreja de Laodicéia, exorta:
"Eu repre­endo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te" (Apocalipse 3:19).

  • V – Sede fervorosos de espírito

William Barclay (1907-1978), comentando esse degrau da ética do comportamento cristão, diz: 
"Devemos manter nosso es­pírito sempre em alta. Espírito fervoroso é espírito que transborda em amor por Deus e pelo próximo. Ilustra-se esse fervor com uma vasilha de água fervendo no fogo." 
Foi exatamente nessa dimensão que Jesus advertiu a igreja de Laodicéia: 
"Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem deras fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca" (Ap 3:15,16). 
O que se requer do verdadeiro cristão é que ele seja "fervoroso de espírito". Isto é, uma pessoa entusiasmada e apaixonada pela salvação das almas e pela santificação da Igreja.

  • VI – Servindo ao Senhor

Quem serve ao Senhor, está servindo ao seu próximo, e quem serve ao seu próximo está servindo ao Senhor. Jesus coloca esse assunto da seguinte manei­ra: 
"Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes" (Mateus 25:40). 
O salmista, no hino de ingresso ao templo, declara: 
"Servi ao Senhor com alegria". 
Esse sentimento deve ser constante no serviço cristão. O crente deve ter prazer no que faz servindo ao Reino de Deus. Por isso mesmo, aconselha o apóstolo: 
"Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportuni­dades" (Cl 4:5 - grifo meu). 
"Quem não vive para servir, não serve para viver". Gandhi

Conclusão


Elizabeth Gomes, em seu livro "Ética nas pequenas coisas", diz: 
"Deus espera de Seus filhos pecadores e redimidos pelo sangue de Jesus um padrão de excelência em tudo. Deste lado da glória não atingiremos perfeição no sentido de não pecarmos, mas somos aperfeiçoados a cada dia, à medida que nos achegamos Àquele que cumpre em nós o querer e o realizar" (ênfase minha).
Na carta aos Romanos, Paulo diz: 
"Fo­mos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida" (6:4).

Novo Testamento "completa" o Velho


A ética do Novo Testamento não contrasta com a do Antigo, mas nele se fundamenta. Jesus e os Apóstolos desenvolvem e aprofundam princípios e temas que já estavam presentes nas Escrituras Hebraicas, dando também algumas ênfases novas.

Ética de Jesus


A ética de Jesus está contida nos seus ensinos e é ilustrada pela sua vida. O tema central da mensagem de Jesus é o conceito do "reino de Deus". Esse reino expressa uma nova realidade em que a vontade de Deus é reconhecida e aceita em todas as áreas. Jesus não apenas ensinou os valores do reino, mas os exemplificou com a vida e o seu exemplo.

A vida cristã é uma experiência que se re­nova a cada dia em nosso relacionamen­to com Deus e com o nosso próximo.

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