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sábado, 30 de janeiro de 2021

LIVROS QUE EU LI — "DEUS NO BANCO DOS RÉUS", C. S. LEWIS

"Porque o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso legislador; o Senhor é o nosso rei, ele nos salvará. [...] Porquanto, todos nós deveremos comparecer diante do tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba o que merece em retribuição pelas obras praticadas por meio do corpo, quer seja o bem, quer seja o mal" (Isaías 33:22; 2 Coríntios 5:10).
Nunca gostei de livros óbvios. Não que eu já não tenha lido alguns, claro, li sim, mas, não gosto. Prefiro sempre livros cuja leitura me confronte, me faça pensar, me faça questionar, me deixe aquela "pulguinha atrás da orelha" e me faça lê-lo outras vezes. 

Foi assim com mais um clássico do mestre C. S. Lewis, uma obra que já impacta no título. Quando o li, eu exercitei minha imaginação e fiquei pensando como seria se levássemos Deus ao tribunal. Heresia? De maneira alguma! Deus é o justo juiz e isso para mim está claro e indubitável. 

Sei que Ele é quem nos irá levar diante de seu tribunal. Como disse, apenas exercitei minha imaginação. E o veredito a que cheguei, obviamente, não poderia ser outro: Deus é inocente e toda a humanidade, culpada!

Sobre o autor


Clive Staples Lewis nasceu na Irlanda, em 1898. Em 1954, tornou-se professor de Literatura Medieval e Renascentista em Cambridge. Foi ateu durante muitos anos e se converteu em 1929. Essa experiência o ajudou a entender não somente a indiferença como também a indisposição de aceitar a religião. 

Suas obras são conhecidas por milhões de pessoas no mundo inteiro. "A Abolição do Homem", "Cartas de um Diabo a seu Aprendiz", "Cristianismo Puro e Simples" (escrevi artigo sobre este livro ➫ aqui)  e "Os quatro amores" são apenas alguns de seus bestsellers

Escreveu também livros de ficção científica, de crítica literária e para crianças. Entre estes estão "As Crônicas de Nárnia", sucesso mundial absoluto. C. S. Lewis morreu em 1963, em sua casa em Oxford.
"Lewis me dava a sensação de ser o homem mais convertido que já conheci"
observa Walter Hooper (1931/2020) — editor e conselheiro literário das obras de C. S. Lewis — no prefácio desta coletânea de ensaios. 
"Em sua perspectiva geral da vida, o natural e o sobrenatural pareciam ser indissoluvelmente unidos."
É precisamente esse cristianismo difundido que é demonstrado nos ensaios que compõem esta obra. Em "Deus no Banco dos Réus", Lewis se volta tanto para questões teológicas quanto para aquelas que Hooper chama de "semiteológicas" ou éticas com percepções e observações completa e profundamente cristãs. 

Valendo-se de diversas fontes, os ensaios foram projetados para atender a uma série de necessidades e ilustrar as diferentes formas como somos capazes de ver a religião cristã. Eles vão desde textos relativamente populares escritos para jornais até defesas mais eruditas da fé. 

Caracterizados pela honestidade e realismo de Lewis, sua percepção e convicção e, acima de tudo, seus compromissos firmes com o cristianismo, esses ensaios fazem de "Deus no Banco dos Réus" um livro único para o nosso tempo.

Sobre a obra


Publicado em 1970, sete anos após a morte de seu escritor, "Deus no Banco dos Réus" compila vários artigos e textos de Clive Staples Lewis ao longo de 24 anos. Organizado por Walter Hooper, antigo secretário de Lewis, o livro divide-se em quatro partes bem explicadas no prefácio: 
"A Parte I contém ensaios claramente teológicos; a Parte II contém ensaios que chamo de semiteológicos; e a Parte III inclui ensaios cujo tema básico é ética. A Parte IV é composta por cartas de Lewis organizadas na ordem cronológica em que foram publicadas."
Dito isso, o livro compõe-se basicamente dos temas mais abordados por Lewis em sua vida, inclusive os quais para alguns fez livros exclusivos como, por exemplo: "Ética para Viver Melhor" e "Cristianismo Puro e Simples".

Minhas considerações sobre o livro


Como disse no início, o livro não é nada óbvio. Nesse contexto, com 400 páginas, quatro partes, 48 capítulos e 12 cartas, "Deus no Banco dos Réus" entrega um pouco de tudo, desde entrevistas e conversas de Lewis até suas crenças no Deus Altíssimo. 

Além disso, réplicas a contestações de suas obras e opiniões diversas sobre o natal, pena de morte, questões sobre religião e ciência e até uma crítica a um nacionalismo exacerbado (tão presente e assustador nos dias de hoje) encontram-se igualmente presentes.

Por esse motivo, poucos são os capítulos com mais de vinte páginas, menos ainda aqueles os quais se estendem muito nos pensamentos complexos de Lewis. Tal característica não desfaz a bela forma pela qual o autor demonstra sua crença e sustenta seus conteúdos profundos e pertinentes. 

Pelo contrário, apenas tira o peso e o medo da obra ser exageradamente "difícil", tornando-a, mesmo sem ser óbvia, uma leitura leve e acessível para aqueles sem muito tempo os quais desejam ter belos momentos de aprendizado e fé enquanto conhecem um pouco mais o criador de Nárnia.

"Deus no Banco dos Réus" era, antes mesmo de terminar, um dos meus livros favoritos. Com uma diversidade única dos trabalhos do autor, não foram poucas as páginas grifadas e as reflexões tiradas desta obra tão rica em sabedoria a qual foi responsável por transformar C.S Lewis em um dos meus escritores preferidos, inclusive responsável por um conselho inesquecível sobre escrever no qual diz: 
"O caminho para se desenvolver um estilo é: (a) saber exatamente o que deseja dizer; e (b) ter certeza de que está dizendo exatamente isso".
Pertinente, instigante, diverso e sábio, esses são apenas alguns dos elogios possíveis a essa obra tão bela a qual consegue ao mesmo tempo, gerar bons aprendizados e homenagear o Deus a quem Lewis servia.

A contextualidade da obra


Diante da miséria humana, da dor e sofrimento no mundo, as constantes tragédias, as pragas, as doenças incuráveis... como também as catástrofes naturais, e o silencio absurdamente gritante de Deus, como sua ausência constante jamais interrompida, se Deus estivesse nos bancos dos réus, para ser julgado por toda humanidade, Deus seria declarado Culpado ou Inocente? 

Pelo que se vê, "Deus não existe". E mesmo que exista, parece ter esquecido da Terra e do ser humano, porque todo mundo está passando por maus bocados. Não há segurança, paz, amor, e a situação parece que só piora. O mal está vencendo! Se isso já passou por sua cabeça (verdade é que já passou pela cabeça de muitos, só que, muitos não têm a coragem de assumir tal pensamento) ou se é uma conclusão óbvia para você, leia este livro. Ele vai surpreendê-lo. 

O tribunal e seus atores


Deus, o diabo e os seres humanos estão envolvidos nesse grande julgamento! Isso afeta o presente e o futuro de cada um de nós. Como numa conversa pessoal, cheia de análises objetivas, raciocínios claros e embasados nas Escrituras Sagradas, o autor monta um quadro rico em detalhes para você tirar suas conclusões sobre Deus e o que está acontecendo no mundo. "Deus no Banco dos Réus" é um livro que vai cativar sua atenção do começo ao fim e fazer brilhar uma luz em sua mente, que nunca se apagará.

A teodicéia cristã 


Todos os povos criaram narrações da origem e significado do mundo. Geralmente com imagens e exemplos acessíveis às pessoas comuns. Nas grandes religiões multinacionais, este material foi sistematizado pelos sacerdotes e teólogos. C. S. Lewis apresenta  uma versão clara, lúcida e direta, calcada em trechos retirados das Escrituras e exemplos do cotidiano. 

Um empreendimento corajoso e não isento de riscos. Colocamos Deus no banco dos réus a cada vez que nos queixamos das aparentes injustiças que verificamos cotidianamente. Este processo chegou a um ponto que as pessoas se perguntam se Deus não deu as costas ao nosso mundo por desgosto, dando origem a um largo processo de ateísmo contemporâneo. 

Diante deste problema o autor retoma a Teodicéia Cristã, iniciando sua argumentação com o primeiro distúrbio da criação: a rebelião dos anjos e a introdução do Mal no Universo. E segue mapeando as intervenções divinas no sentido da Redenção. 

O risco embutido na minha analogia imaginária está ancorado na escolha da abordagem. A Justiça e o Direito fornecem as imagens, alegorias e argumentos, que nos levam diretamente ao mundo dos processos, dívidas, pagamentos, pendências e julgamentos. Sendo a justiça humana o que é atualmente — sentenças judiciais são compradas e advogados acobertam o crime organizado — a minha analogia, decerto fica prejudicada, já que a justiça de Deus não está passível de falhas (Apocalipse 20:11-15).

Porém, na obra de Lewis não há negociação: há uma escolha individual a ser cumprida na obra de Redenção e isto não é negociável. O autor ataca o problema de forma vigorosa, didática e veemente. A meu ver, seu maior mérito é retomar a exposição de uma velha questão de maneira clara e com um vocabulário contemporâneo, acessível a todos.

Conclusão


E ai, meu caro amigo leitor, conseguiu chegar a uma conclusão final? Qual das alternativas você escolhe? Deus, afinal de contas, partido sempre do ponto de vista humano — até porque, é o único ponto de vista que temos, pois não conhecemos e nem podemos imaginar-nos, olhando do ponto de vista de Deus — é culpado ou inocente?

"Deus no Bancos dos Réus" é uma obra que reúne ensaios, artigos, resenhas e entrevistas sobre temas relacionados ao cristianismo, teologia, moral e até mesmo algumas questões políticas e ideológicas. É uma obra bem interessante para quem gosta dos assuntos citados ou pretende conhecer mais o lado cristão do autor, que ficou conhecido por suas obras de fantasia. É um livro que nos faz refletir, por isso esta aqui nesse capítulo da serie especial de artigos Livros Que Eu Li e por isso eu o

Ficha Técnica

  • Título original: "God in the Dock: Essays on Theology and Ethics" (1ª Ed 2018)
  • Páginas: 416
  • Editora: Thomas Nelson

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

TEMOS QUE DESCER, NA OLARIA DE DEUS!

"A palavra do SENHOR, que veio a Jeremias, dizendo: 'Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.'E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas, como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 'Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel?' diz o Senhor. 'Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel'" (Jeremias 18:1-6).
Aqueles que como eu, já tem ao menos mais de duas décadas no caminho do Senhor, hão de se lembrar de velho corinho muito entoado, principalmente nos círculos pentecostais, que diz:
"Temos que descer, na olaria de Deus
Temos que descer, na olaria de Deus
Temos que descer, na olaria de Deus
Desce como um vaso velho e quebrado
Sobe como um vaso novo (Bis)"
Apesar da simplicidade, a letra desse corinho trás uma confrontadora revelação que é fundamental para o crescimento em graça e conhecimento de todos os que se identificam como discípulos de Cristo. Ele faz referência a uma conhecida passagem bíblica, registrada no Antigo Testamento, no livro do profeta Jeremias, capítulo 18, versos do 1 ao 6.

Entendendo o contexto


O profeta Jeremias criou uma imagem maravilhosa para caracterizar nosso relacionamento com Deus. Cada pessoa é como se fosse um vaso de barro nas mãos de um oleiro.

Deus (o Oleiro) pega cada vaso de barro (cada pessoa) e o molda exatamente como deseja. E assim renova o vaso e corrige suas imperfeições. Transforma o vaso em algo muito melhor e mais útil. 

Mas, mesmo Deus sendo soberano, Sua soberania não nos é imposta, deve ser por nós reconhecida e aceita, portanto, como os seres humanos têm livre arbítrio, isto é, a capacidade de fazer escolhas, é preciso que a pessoa aceite ser moldada e se submeta ao trabalho do oleiro (Deus). Esse, na verdade, é o ponto de partida de tudo.

Quando a pessoa se converte de fato, ela se entrega nas mãos do Oleiro divino e passa a reconhecer a soberania dEle sobre a sua própria vida e acreditar (ter fé) que o Oleiro fará aquilo que virá a ser o melhor para ela (Romanos 12:2). E aí tudo se transforma na vida daquela pessoa, pois o Oleiro divino vai passar a agir, a moldar e a transformar.

Mensagem com ensino atemporal


Essa é a mensagem do Oleiro e do vaso. Independente de nossa origem, do nosso nível intelectual, de nosso status social, da nossa aparência, e menos ainda do nosso passado pecaminoso, o alvo é o mesmo: 
"Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra" (2 Timóteo 2:20,21). 
Esse é o supremo alvo de Deus para nós que O seguimos. Ele deseja que sejamos "úteis ao Dono da casa". Nosso Oleiro Divino cumpre o que promete. Diariamente somos confrontados com tragédias e erros humanos. Não conseguimos entender como alguém pode atirar em inocentes sem motivo algum, como idosos trocam suas esposas por mulheres mais jovens ou porque a criminalidade cresce tanto. 

Mas não esqueçamos nunca que o homem sem Deus é capaz de qualquer coisa! É por isso que Jesus adverte: 
"Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (João 15:5). 
Temos a escolha: amar a Jesus ou não amá-lO. Permanecer em Cristo ou não permanecer. Ficar nas mãos do Oleiro ou rejeitar Seu tratamento conosco. Podemos optar entre ser usados por Deus como vasos úteis ou fugir do compromisso com nosso Senhor. 

Quando tomamos a decisão errada surgem os escândalos no meio cristão, até entre seus líderes. Estagnação é retrocesso. E o perigo de estagnar no discipulado é muito grande.

Tratando o vaso


O tratamento dispensado ao vaso durante sua confecção não é delicado nem suave. No início o barro é amassado e socado até ficar homogêneo e sem impurezas. Depois vem o acabamento, a retirada das sobras e saliências que tiram a beleza do todo. 

A analogia com nossa vida, já que somos vasos que Deus escolheu, torna-se bem evidente: também passamos por um tratamento doloroso até sermos úteis nas mãos do nosso Grande Oleiro. Certamente teremos de enfrentar sofrimentos e dissabores, perseguições e aflições, se quisermos ser aprovados como vasos úteis para nosso Dono. 

Nessa era pós-moderna, a tendência é aceitar tudo e admitir todo e qualquer comportamento. Mas se o discípulo de Cristo abre a boca em oposição às inversões de valores morais e espirituais, é atacado, ridicularizado e chamado de inimigo da democracia. "Fundamentalista religioso" e "pregador do ódio" são dois dos títulos que os cristãos verdadeiros recebem ao pregar a verdade bíblica.

A criminalização do discipulado verdadeiro já está em curso especialmente em países dos continentes europeus e asiáticos. Vemos a democracia sem o temor de Deus desaguando rapidamente em anarquia comunista e anticristianismo.

Na sequência, vamos conhecer as

Características do vaso.

Sete características do vaso


Um vaso de barro tem sete elementos que o caracterizam:
  1. o material de que é feito;
  2. uma abertura para enchê-lo;
  3. o conteúdo para o qual foi fabricado;
  4. uma alça ou cabo para segurá-lo;
  5. seu fundo, sua superfície de contato;
  6. eventuais enfeites em seu exterior;
  7. a etiqueta ou selo do oleiro.
Agora vamos analisar uma a uma.

1) O material do vaso — O vaso é feito de barro, que deve ser mole e maleável.
"Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós" (2 Coríntios 4:7).
Essa é uma declaração importante: o tesouro está em vasos de barro. Os recipientes são frágeis. Precisamos ter isso em mente. Vasos de barro, de argila, de terra, somos nós, homens feitos do pó da terra. E vasos de barro significam conflitos, lutas, fraquezas e limitações humanas. 

Percebemos muito nitidamente essa realidade quando precisamos trabalhar em equipe ou quando nos reunimos em igrejas locais. A convivência expõe toda a nossa fragilidade. Não existem cristãos super-homens ou super-mulheres. Não existe uma experiência com o Espírito Santo que nos transforme em super-cristãos de um momento para o outro (basta ler o sóbrio conselho de Colossenses 3:13). 

As múltiplas exortações e as repetidas admoestações nas cartas do Novo Testamento nos mostram que, enquanto vivermos nesta terra, estaremos na roda do oleiro divino sendo moldados e transformados por Ele (2 Co 3:18). 

Um oleiro trabalha peça por peça. Faz cada vaso individualmente. Um diferente do outro. Um vaso não é tijolo fabricado em série. Tijolos são prensados na mesma forma, todos com a mesma aparência. É o que todas as seitas almejam e o que os ditadores mais querem: fazer todos iguais, sem individualidade e sem personalidade. 

Mas nós somos bem diferentes, temos dons diferentes e capacidades distintas. Somos todos peças originais criadas por nosso Oleiro divino. Nosso Deus é muito criativo!

2) A abertura do vaso — Quando Saulo começou a orar, estava sinalizando sua receptividade e sua fome espiritual, como um filhote de passarinho abrindo o bico e pedindo comida. O Salmo 81:10 nos lembra dessa imagem:
"Abre bem a boca, e a encherei".

 


 

 
O homem é como um recipiente a ser preenchido. Paulo enfatizou aos coríntios de coração estreito: 
"Para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração. Não tendes limites em nós; mas estais limitados em vossos próprios afetos" (2 Co 6:11,12). 
Paulo tornou-se um homem que tinha um imenso coração para com os outros, um cristão de coração alargado e dilatado em seu afeto por seus irmãos e irmãs em Cristo. 

Na medida em que nos abrimos para Deus, tornamo-nos bênção para outros. Jesus disse: 
"Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva" (Jo 7:38). 
Como vasos de Deus devemos estar abertos para receber e abertos para dar.

3) O conteúdo — A responsabilidade é nossa: permitir ou impedir que o Senhor nos encha. Deus não força ninguém. Em relação ao vaso, o que importa é seu conteúdo. O que está em seu interior é sua única razão de ser. E a exortação de Colossenses 3:16 mostra que o processo não é automático, pois a Escritura ordena: 
"Habite, ricamente, em vós, a palavra de Cristo".
Nós somos responsáveis por aquilo que habita em nós e pelo que nos preenche (veja Efésios 5:18).

4) A alça — A facilidade em usar um recipiente torna-o mais usado ou menos usado por seu proprietário. Esse é um pré-requisito importante para que a vasilha seja usada conforme o planejado. Eis uma ilustração que podemos aplicar a nós.
Na vida de Paulo podemos acompanhar sua transformação radical. De furioso e fanático perseguidor de crentes tornou-se um homem bondoso e amável. Essa mudança foi tão profunda e completa que ele nem se envergonhava de usar a imagem de uma mãe amamentando seu filho para ilustrar todo o seu carinho e seu imenso amor pela igreja de Tessalônica (1 Tessalonicenses 2:7,8). 

Em Gálatas 4:19 ele menciona as dores e os sofrimentos de um parto para falar do sofrimento que acompanha o renascer espiritual de alguém a quem pregamos o Evangelho. A sua despedida de Éfeso evidencia o que ele havia semeado através de seu empenho altruísta e de seu trabalho intensivo entre os membros dessa igreja: amor e carinho mútuos: 
"Então, houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam, entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera: que não mais veriam o seu rosto. E acompanharam-no até o navio" (Atos 20:37,38 — veja também o versículo 31).

Expressões como "grande pranto" e "o beijavam" sublinham a grata afeição que esses cristãos tinham por Paulo e o quanto valorizavam seu trabalho. Eles o amavam de todo o seu coração. 

Os efésios haviam encontrado o caminho a Deus através dos ensinos do mensageiro Paulo, que cuidou deles por alguns anos. Juntos eles superaram crises, foram edificados espiritualmente e amadureceram na sua fé em Cristo. 

Paulo frisou que trabalhou pessoalmente com cada um deles. Isso não aconteceu na corrida ou de forma anônima na multidão de uma mega-igreja. E Paulo não se empenhou pelos mais simpáticos ou mais fáceis de lidar. 

Todos foram aceitos na igreja como preciosos filhos de Deus, cuidados e pastoreados com carinho e dedicação. Tudo isso fazia de Paulo um homem vulnerável às frustrações e à dor que os relacionamentos humanos costumam trazer consigo. Ele permitia ser tocado pelos outros. Ele permitia ser usado pelo seu Oleiro.

Hoje em dia temos todos a forte tendência de formar grupinhos. Sentimo-nos confortáveis com aqueles que são como nós, que nos agradam e concordam conosco. Para alguns oferecemos a "alça" onde podem nos tocar. Para outros somos legítimos espinheiros, como vemos no exemplo de Diótrefes (3 Jo 9,10). 
  • Fica a reflexão: somos fáceis de lidar ou pessoas difíceis? Somos complicados ou abertos aos irmãos? Nossa influência é positiva ou negativa? Somos vasos de bênçãos ou cactus espinhentos?
Lemos acerca de Moisés: 
"Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra" (Números 12:3). 
Como Moisés conseguia ser tão manso sem a ajuda da Psicologia ou da Psicoterapia? Em Hebreus 11:24-26 descobrimos Moisés na galeria dos heróis da fé. Moisés tinha de tomar decisões. Uma delas era escolher entre confiar em si mesmo ou confiar exclusivamente em Deus. Ele optou por ser usado por Deus. E foi transformado por Ele! 

Outra decisão sua foi escolher seguir a Deus ao invés de se agarrar aos tesouros e à sabedoria do Egito. Foi uma decisão de grandes conseqüências. E nós, como nos decidimos? Será que preferimos ficar sonhando com um tesouro como aquele encontrado no sepulcro do faraó Tutancâmon? 

Moisés teve essa opção de viver na riqueza, mas sua decisão foi outra. Ele fez a melhor escolha: optou por servir ao povo de Deus.

5) O fundo do vaso — Quanto maior o vaso, mais sua estabilidade dependerá de sua base. Um prato com fundo irregular fica girando na mesa. Parece engraçado, mas a refeição fica complicada. Uma tradução judaica diz em Jeremias 31:22: 
"Por quanto tempo ainda você ficará girando em círculos, ó filha rebelde?"
Girar em círculos define muito bem o ritmo da vida natural, uma vida errante, com seus ciclos monótonos e repetitivos e sua espiral de prazer que nunca tem fim. Paulo apontava para uma direção bem diferente: 
"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (1 Co 15:58).
No Salmo 17:5 vemos o crente movendo-se não em círculos, mas com firmeza, com rumo e direção: 
"Os meus passos se afizeram às tuas veredas, os meus pés não resvalaram".
Rumo e direção tornam-se ainda mais importantes em nossa época, tão destituída de valores e com sua cultura cada vez mais ímpia. Como diz a Escritura, 
"...para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro" (Ef 4:14). 
Com Jesus nossa vida está assentada sobre um fundamento firme. Sem Jesus construímos castelos de areia que a maré carrega.

6) Os adornos — A passagem de 2 Coríntios 11:3 tem muito significado para os que já são "vasos escolhidos":
"Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo". 
Simplicidade e pureza, eis o lema de nossas vidas. Eis o que o Oleiro divino espera de nós. As mulheres do Novo Testamento exemplificam essa verdade quando são instadas a se adornarem com recato, sem exageros, buscando antes de tudo o adorno interior (1 Pedro 3:3,4; veja 1 Tm 2:9).

O contrário de simplicidade e singeleza seria aparência vistosa, enfeites em demasia e cuidados exagerados com a aparência exterior. A ética cristã enaltece os valores verdadeiros e a beleza interior, bem oposta à 
"...concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 Jo 2:16). 
Por isso devemos cuidar para não sermos contagiados pelas falsas avaliações dos meios de comunicação (1 Co 1:26-29). Diante da eternidade, muitos defeitos e fragilidades são completamente irrelevantes. Orelhas de abano, nariz grande demais... todas as coisas exteriores tornam-se simplesmente ridículas diante da grandiosidade da eternidade. Os "enfeites" de um vaso são secundários!

7) O selo de qualidade — Na porcelana nobre, o selo de qualidade e a marca do fabricante ficam discretamente no fundo da peça. Sem chamar a atenção. Bem ao contrário das imensas etiquetas que vemos em certas peças de roupa. 

Para nós, o que importa é o selo divino, a marca de qualidade que Deus nos concede:
"...visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração" (1 Ts 2:4).
"...bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam" (Tiago 1:12). 
"Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna" (1 Tm 1:16).
"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2 Tm 2:15). 
Isso é aprovação divina! Paulo, o vaso escolhido, o instrumento útil nas mãos de Deus, tornou-se exemplo para todos os cristãos por seu andar, seu agir e seu falar aprovado por Deus. Seus sofrimentos desempenharam um papel importante no processo, justamente como o Senhor Jesus profetizara a ele no início de sua carreira de cristão (At 9:15,16).

Conclusão


Os países da Reforma Protestante sentem fortemente o empuxo desse processo negativo. Muitos cristãos sentem-se desconfortáveis com sua fé que colide com a opinião geral. Ficam cansados, sem força e sem poder espiritual e desanimam de lutar contra um sistema podre e degenerado. 

Na prática, isso significa tentar pular fora da roda do oleiro e fugir do processo de confecção do vaso. A tentação é grande. Ninguém gosta de sofrer. Mas Daniel 11:32 nos estimula, dizendo: 
"...o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo".
O braço do Senhor não está encolhido para nos ajudar a enfrentar o que quer que nos sobrevenha nem estará encolhido para ajudar Israel na Grande Tribulação e no confronto com o Anticristo que virá e que já se delineia no horizonte.

O tempo passa, os anos se vão, e se não tomarmos cuidado, um dia seremos fósseis vivos, endurecidos como o barro na época da seca. Restaremos como utensílios imprestáveis e inúteis. 

Precisamos do Oleiro sempre. Precisamos continuamente de Sua ação e do Seu poder dinâmico que gera vida e nos faz úteis em Suas mãos. Precisamos nos manter na roda do Oleiro. 

A idade não importa. Sempre é tempo de sermos moldados pelo Senhor e transformados mais e mais na Sua imagem, para que resplandeçamos 
"...como luzeiros no mundo" (Filipenses 2:15), 
no meio de uma geração pervertida e corrupta. Então seremos vasos úteis, para a glória de Deus! E aí, vai querer descer à casa do Oleiro, ou vai preferir viver de aparência, achando que a mensagem se restringiu apenas à nação de Israel?

Para terminar, relembro a letra de um outro antigo e clássico cântico:
"Eu quero ser, Senhor amado
Como um vaso nas mãos do oleiro
Quebre a minha vida e faça de novo
Eu quero ser, eu quero ser, um vaso novo
Um vaso novo 
Como tu queres, Senhor amado
Tu és o oleiro, e eu o vaso
Quebra a minha vida e faça de novo
Eu quero ser, eu quero ser, um vaso novo 
Eu quero ser Senhor amado
Como um vaso nas mãos do oleiro
Quebre a minha vida e faça de novo
Eu quero ser, eu quero ser, um vaso novo
Eu quero ser Senhor um vaso novo"
[Fonte: A Chamada, por Reinhold Federolf; Desafio de ser Cristão]

A Deus toda glória. 
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O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

PAPO RETO — SE O ANO COMEÇA DEPOIS DO CARNAVAL, 2021 COMEÇARÁ QUANDO?

  • O texto deste artigo é em atendimento à sugestão do meu velho e grande amigo, pastor Alexandre, líder da Rede de Jovens na Igreja Batista da Lagoinha, no bairro Estoril, Belo Horizonte, MG. 

"Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios. 
Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios" (1 Coríntios 10:20,21).
Que essa pandemia veio para fazer com que a humanidade tivesse um choque de realidade é fato. Não a despeito do sofrimento de quem perdeu seus entes queridos em consequência desse vírus maldito, eu sou levado pelos fatos a crer que Deus, em sua infinita soberania e controle sobre todas as coisas, tem usado e/ou esteja aproveitando essa situação para passar em revista a humanidade. 

Para que ela veja o quanto é limitada, vulnerável, frágil e desça do pódio da arrogância. Desde o início de tudo isso eu tenho afirmado que estamos tendo uma imperdível chance de sair melhores ao término dessa crise sem precedentes (uma pena que para muitos, a "ficha ainda não caiu", quiçá, um dia caia...). 

Mas não chegou o carnaval e ninguém não desfilou...


No Brasil, há uma velha máxima de que o ano só começa depois do carnaval. Só que, em 2021, justamente por causa da pandemia do novo coronavírus, as passarelas do samba em todo o Brasil ficarão vazias. Você já pensou neste assunto?

Seja para quem curte a folia de Momo ou para quem aproveita este grande "feriado" não oficial para descansar, é fato que o carnaval é considerado uma das expressões culturais mais festejadas e aguardadas por muitos brasileiros (até mesmo por muitos crentes). Com raríssimas exceções, este é tradicionalmente um período em que o país anda a passos de tartaruga. 

Não é por acaso que todos temos a sensação de que o ano só começa depois do carnaval. O período pode até mudar, mas quase sempre o feriado da folia coincide com férias escolares, recesso político e uma sensação de que janeiro e fevereiro são meses praticamente "parados". Perfeito para dar desculpas para adiar o inevitável: trabalho, estudo e muitas coisas para colocar em dia.

Ficar esperando o "carnaval passar", no entanto, pode não ser a melhor estratégia para quem quer colocar a vida nos trilhos. E mesmo que seja uma questão cultural – na maior parte do país, muitos serviços não funcionam durante o controverso feriado – é preciso manter o foco mesmo durante o recesso. Algumas pessoas também precisam de artifícios para começar o que realmente importa e usam o carnaval como desculpa para adiar seus compromissos. 

Mas há muitos que nem conhecem a verdadeira origem de tão celebrada data, capaz de "roubar" dois preciosos meses do recém nascido ano. 

Sobre a festa do carnaval


Alguns imaginam que o carnaval tem origem brasileira, mas a festa existe desde a Antiguidade. De fato, não se conhece ao certo a origem do carnaval, assim como a origem do nome. Historicamente é uma festa popular coletiva, transmitida através dos séculos como herança de antiquíssimas festas pagãs realizadas entre 17 de dezembro (Saturnais – em honra a deus Saturno, na mitologia grega) e 15 de fevereiro (Lupercais – em honra a deus Pã, na Roma Antiga).

Dentre os pesquisadores, correntes diversas adotam prováveis origens diferentes. Há os que defendem que a comemoração do carnaval tem suas raízes em alguma festa primitiva, de caráter orgíaco, realizada em honra do ressurgimento da primavera. 

Em certos rituais agrários da Antiguidade (10.000 a.C.), homens e mulheres pintavam rostos e corpos e entregavam-se à dança, festa e embriaguez. Outros autores acreditam que o carnaval tenha se iniciado nas alegres festas do Egito em honra à deusa Ísis (2.000 a.C.).

O carnaval pagão começa quando Pisistrato oficializa o culto ao deus Dionísio na Grécia, no século VII a.C.. O primeiro foco de grande concentração carnavalesca de que se conhecem fontes seguras acontecia no Egito: era dança e cantoria em volta de fogueiras. Os foliões usavam máscaras e disfarces simbolizando a inexistência de classes sociais.

Depois, a tradição se espalhou por Grécia e Roma, entre os séculos VII e VI d.C.. Nessa época, sexo e embriaguez já se faziam presentes na festa. Em seguida, o carnaval chega em Veneza para, daí, se espalhar pelo mundo. Diz-se que foi lá que a festa tomou as características atuais: máscaras, fantasias, carros alegóricos, desfiles.

No início da Era Cristã, a Igreja Católica deu uma nova orientação às festividades do carnaval. Entretanto, ao contrário do que se diz, o catolicismo não "adotou" o carnaval, mas deu à festa popular um novo sentido, já que ela foi anexada ao calendário religioso antecedendo a Quaresma. Sob este contexto, a festa agora terminava em penitência, na Quarta-feira de Cinzas.

Contudo, como se vê, lamentavelmente, apesar de a Igreja Católica ter sempre tentado dar um novo sentido à festa da carne, não obteve nisso um grande sucesso. Se formos comparar o que ocorre hoje com as festas que ocorriam na antiguidade pagã, não veremos grandes diferenças. Orgias, embriaguez, brigas, violência... Excessos de todo tipo, enfim.

Graças a Deus, ao menos um ano sem o famigerado carnaval!


Nunca o mantra do "Fique em Casa!" soou como uma verdadeira afronta, não é verdade?

Ano passado, aqui onde moro, em Belo Horizonte (MG), a capital das alterosas, o carnaval de rua tomou uma proporção gigantesca, nada devendo para outras regiões onde todos os dias do ano eram planos de fundo do carnaval, como  a Bahia e o Rio de Janeiro. 

O governo municipal comemorava efusivamente a inserção de Belo Horizonte como referência no circuito nacional da folia. Setores do comércio e do turismo não tiveram absolutamente nada do que reclamar e já alimentavam suas expectativas para 2021, até que..., bem, o resto você já sabe.

De acordo com o calendário oficial, o carnaval deveria começar oficialmente na segunda-feira, dia 15 de fevereiro terminando apenas no domingo da semana seguinte.

Nesse cenário, falar sobre qualquer coisa que não fosse "7 dias de folia" era um atentado a humanização do indivíduo, que lutou durante o ano para ter sua "carta de alforria" e cair na farra, sem medo de ser feliz. 

E, para os foliões profissionais ou eventuais amadores, não há absolutamente nada que pudesse impedi-los de irem atrás dos blocos, afinal, "somos todos filhos de Deus, né?" Assim para muitos (posso dizer que para a maioria?), o ano sempre começava com 54 dias de  atraso.

O ano de ser "mouco"


Certo dia, na cidade dos sapos, acontecia uma corrida cujo ganhador seria o sapo que chegasse em primeiro lugar ao topo de uma montanha bastante alta. A competição, que mobilizou toda a região, contou com a participação de 10 sapos-atletas.

Ao dar a largada, os sapos que estavam assistindo à corrida começaram a gritar palavras de desmotivação para os competidores: 
"desistam", "vocês não vão conseguir", "esta montanha é muita alta, o prêmio não vale o esforço"
E assim, um a um dos sapos-atletas iam desistindo e se juntando à multidão descrente, até que sobrou apenas um que chegou ao alto da colina.

A cidade não acreditava no que via. Um repórter, ao entrevistar o campeão, perguntava por que ele não havia desistido mesmo com toda a "sapaiada" o estimulando a não continuar. Foram várias perguntas e o campeão nada respondia. Moral da história: ele era surdo.

Compartilho esta fábula com você porque em muitos momentos da nossa vida temos que ser surdos para as coisas que irão nos desviar de alcançarmos o nosso objetivo e para pessoas que querem nos fazer perder o foco em nossas metas.

Seja mouco (indivíduo que não ouve bem, surdo) para estas pessoas... E daí que 2021 não terá carnaval? 

Proteja sua visão


No carnaval, muitas pessoas tentam nos desestimular do foco correto. Além de estar surdo para estas pessoas que vão querer tirar sua atenção, você também precisa provocar-se a uma mudança de atitude. 

Aproveite este momento de menor movimento para organizar o seu trabalho, segmentar sua vida devocional, organizar prazos pendentes, fazer uma faxina geral, desintoxicar espírito, corpo e alma.

Momentos de descontração são fundamentais para um bom equilíbrio emocional, quanto a isso não há dúvida. Contudo, é necessário que estejamos conscientes do valor do TEMPO!
"Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus" (Efésios 5:15,16).
  • Quanto vale seu tempo?
  • Quanto vale sua hora?
Horas faturáveis são facilmente calculadas com precificação, horas inestimáveis são impossíveis de calcular, normalmente aquelas que dedicamos a estar onde e com quem amamos. Isso tem um preço, tudo tem um preço...

Conclusão

"Daqui a um ano você vai desejar ter começado hoje"


Em última análise, é importante reforçar que a sua alegria é a força motora das suas atitudes, conserve-a e terá o poder para alcançar o seu objetivo (Neemias 8:10). Às favas para o carnaval e para tudo o que ele representa!

Como cristãos, somos sempre chamados a santidade, e o sentido original da palavra santo é "outro" ou "separado". Santo é aquilo/aquele que está separado do impuro ou do profano para o serviço de Deus. Não podemos, em situação alguma, fazer parte de algo que está em oposição a Deus.

Engana-se quem pensa que o ano, efetivamente, começa depois do carnaval. E para os que se acostumaram a ficar esperando o carnaval passar para arregaçar as mangas  e ir à luta, reflitam, vocês ainda têm alguns dias para estimular novas atitudes.

não existe "momento ideal" para dar um passo na direção do que se quer. Independente do carnaval ou de qualquer feriado. Você é o responsável para construir a realidade que quer para si. 

Quando você se conscientiza disso, não dá vontade de esperar mais nenhum dia passar. Nem o carnaval. Então arregace as mangas, que agora é hora, mesmo que a quarta-feira de cinzas ainda não permita levar as crianças para escola ou mesmo que você tenha de ficar um pouco mais em casa. 
"Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia" (2 Pedro 3:8, cf. Salmo 90:4).
[Fonte: Gazeta do Povo; Jus Brasil, por drª. Thaiza Vitória Gestão Jurídica e Marketing para Advogados]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES — "ME DERRAMAR", VINEYARD

O cântico que trago em mais um capítulo dessa série especial de artigos (uma das preferidas dos seguidores aqui do Circuito Geral), já é bem conhecido pelo círculo cristão protestante. Certamente ele já fez — e ainda faz  parte do louvor entoado em muitas congregações, Brasil afora. 

Na nossa reunião de culto realizada no domingo, 24, em nosso salão congregacional do Ministério Evangélico Gilgal, esse cântico foi extremamente usado como uma ponte que conduziu a Igreja ali reunida a um delicioso ambiente de adoração. Antes de falar sobre o hino, propriamente dito, farei um preâmbulo para conceituar 

a importância da música no culto.


A música é um veículo de comunicação anterior à palavra. O ritmo interfere em nossa estrutura muscular, altera nosso pulso cardíaco, nossa velocidade de marcha, ou nosso sistema respiratório. 

A melodia interfere poderosamente com as emoções humanas e pode levar pessoas da alegria às lágrimas ou da euforia à calma em poucos instantes. A harmonia interfere no esforço intelectual do ouvinte para apreciar a música.

Se o homem fala a Deus através dos cânticos religiosos, também Deus pode falar ao homem por seu intermédio. Música é um bom veículo para o homem falar com Deus, mas também é eficiente meio para Deus falar ao homem.

A música como expressão


Devemos olhar para música não como fim em si mesmo, mas como instrumento, canal para comunicação de uma mensagem. Os textos são bem elaborados e escolhidos para que sua mensagem seja entendida e fixada.

O que despertou certa antipatia nos Reformadores e pais da igreja quanto ao uso de instrumentos na igreja é que a música não estava sendo instrumento para a mensagem, mas substituto dela. Era a música pela música. A música tinha uma função apenas de impressão.

A música deve ser serva do texto e não espetáculo em si mesma. Lutero dizia que a música deve ser sermão em sons.

Na igreja não há espaço para execução da música como espetáculo; na igreja ela é serva da mensagem, veículo da mensagem. A música é uma das formas de expressarmos nossa adoração, mas, para que adoremos, não é especificamente necessário que haja música. Aliás, sobre a adoração, é preciso entendermos que:

1. Não precisamos de um prédio para adorarmos a Deus


Deus não habita em templos feitos por mãos de homens (Atos 17:24). Jesus disse: 
"Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles" (Mateus 18:20).

2. A adoração tem muito muito mais a ver com a essência do que com estilo


Ao redor do mundo, pessoas diferentes adoram a Deus com estilos diferentes. Entretanto, toda adoração precisa ser em espírito e em verdade. Ou seja, precisa ser verdadeira e sincera.

Adoração não é tanto uma questão de estilo de música ou quantidade de instrumentos que usamos, mas uma atitude de coração disposta a glorificar a Deus. Não é show. O show visa a glória do homem, a adoração visa a glória de Deus (Apocalipse 14:7).

3. A adoração é um poderoso testemunho para os não crentes


Uma coisa é a doutrina da onipresença de Deus, outra é a presença manifesta de Deus. O que produz impacto nas pessoas é a presença de Deus perceptível no culto da igreja. Essa presença manifesta derrete os corações e destrói barreiras mentais.

Existe conexão estreita entre adoração e evangelismo. A meta do evangelismo é produzir adoradores para Deus. Evangelismo é a missão de recrutar adoradores para Deus.

4. A adoração precisa produzir em nós um profundo senso de admiração


Isaías quando contemplou o Senhor do seu santo templo ficou extasiado com a glória e a majestade do Altíssimo. Precisamos resgatar segundo essa percepção da majestade de Deus em nossos cultos.

Isaías ficou extasiado com a santidade de Deus, com a pecaminosidade da sua vida, com a grandeza da graça e com a urgência da obra. Essa é a essência máxima da adoração.

Agora vamos conhecer a história da letra dessa belíssima canção do Ministério Vineyard Music Brasil.

"Me Derramar (Pour Out My Heart)"

Vineyard Music Brasil


'Eis-me aqui, outra vez
Diante de ti abro meu coração
Meu clamor, tu escutas
E fazes cair as barreiras em mim
És fiel, senhor!
E dizes palavras de amor e esperança sem fim

Ao sentir teu toque
Por tua bondade libertas meu ser
No calor deste lugar
Eu venho

Me derramar, dizer que te amo
Me derramar, dizer te preciso
Me derramar, dizer que sou grato
Me derramar, dizer que és formoso'

O grupo Vineyard Music Brasil, possui vínculo com a sua igreja. O movimento Vineyard inciou na década de 70, nos Estados Unidos, formando sede em Beverly Hills. Aqui no Brasil, a igreja chegou nos anos 90 nas cidades de Piratininga e Bauru (SP). 

Depois disso, o Vineyard se espalhou em várias partes do país. No início dos anos 2000, a igreja decidiu investir na área musical. A formação do grupo foi feita pela união de vários integrantes das igrejas Vineyard. No álbum de estreia, "Vem, Esta é a Hora", o grupo regravou músicas do Vineyard Internacional. Com certeza, um dos seus maiores sucessos é a canção 'Me Derramar'.

A letra da música “Me Derramar” é uma canção atual de autoria da Vineyard Music Brasil, já foi interpretada por diversos cantores brasileiros do gênero gospel, como Eyshila e David Quinlan

Já no título este cântico reforça a ideia de uma oração de entrega e de total dependência ao Senhor, descrita como um mergulhar voluntário da alma a um Deus provedor. 

Essa mensagem cantada contém semelhanças ao texto bíblico narrado em 1 Samuel 1:15, onde uma mulher por nome Ana, no auge da sua angústia realiza um ato de entrega de alma no altar do Senhor na esperança de ver o seu pedido atendido.

Deus no centro


A canção é quase que toda ela centrada na pessoa de Deus Pai, exceção ao verso 7 
"...Ao sentir o Teu toque..."
que sugere a presença do Espírito Santo na vida de alguém, demonstrado no texto de Romanos 5:5. Igualmente o verso 4 do refrão 
"...Me derramar... dizer que és formoso.."
faz lembrar o Filho de Deus descrito no Salmo 45:2.

Contexto bíblico


Cada verso do cântico tem seu próprio sentido e interpretação que compõe o conjunto da obra, bem como, é possível identificar algumas referências bíblicas associadas ao hino. Vamos analisar verso por verso:

A letra da música começa com o sentido de estar disponível a uma entrega voluntária 
'Eis-me aqui, outra vez...',
em seguida, nos propõe a declarar em ato de confissão ao Senhor expondo o coração quebrantado 
'...Diante de Ti abro meu coração...',
clamando em alta voz aos céus 
'...Meu clamor, Tu escutas...'
para ver e ouvir a resposta de Deus 
'...E fazes cair as barreiras em mim...' 
Além disso, crê que Ele é fiel pra cumprir o que diz
'...És fiel, Senhor!...',
pois o seu Espírito reafirma essa verdade, trazendo conforto à alma 
'...E dizes, palavras de amor e esperança sem fim...'.
Assim, somos alcançados pela sua bondade e misericórdia, nos trazendo alívio às nossas aflições e angústias
'...Ao sentir, o teu toque, por tua bondade libertas meu ser
No calor desse lugar...'
Finaliza afirmando que o Senhor é o socorro sempre presente. Os versos do refrão da canção representam a entrega completa da alma que em aflição busca um alento nos braços do Pai, em declarações de adoração e gratidão a Ele
'...Me derramar, dizer que te amo
Me derramar, dizer te preciso
Me derramar, dizer que sou grato
Me derramar, dizer que és formoso'

Conclusão


De acordo com Ronaldo Bezerra, conhecido e respeitado ministro de louvor e líder da Comunidade da Graça,
"Segundo alguns pesquisadores no assunto, a música afeta o caráter e a sociedade, pois cada pessoa é capaz de trazer para dentro de si a música que acaba influenciando nos pensamentos, nas emoções, na saúde, nos movimentos do corpo, etc. 
Portanto, diziam eles, cabe aos compositores serem morais e construtivos e não imorais e destrutivos em suas músicas. 
A música, como toda manifestação artística, embeleza o mundo e transforma corações e mentes. Assim como as roupas dizem muito a respeito da personalidade das pessoas, a música também tem este papel. 
A música nos lembra de momentos marcantes. Seja a felicidade de um amor correspondido, a tristeza consequente de um fato horrendo, a revolta contra as injustiças sociais, uma paródia cômica sobre um assunto polêmico, entre outras coisas. 
A música aperfeiçoa a capacidade de concentração, a velocidade em que as informações são processadas e principalmente a conservação da memória."
E esse cântico do ministério Vineyard, com sua letra simples, mas muito profunda, sem a menor sombra de dúvida, cumpre essencialmente com todos os requisitos para o que propõe em sua letra: a verdadeira adoração ao Senhor, por isso vai levar o meu carimbo de

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.