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sábado, 27 de maio de 2023

GRAMOFONE — "PRECISO DE TI", DIANTE DO TRONO — 4

Em mais um capítulo da minha série especial de artigos Gramofone, vou falar sobre um dos discos do segmento musical gospel que eu mais gosto, especificamente, na discografia do Diante do Trono: o sensacional "Preciso de Ti".

É sensacional por que...


Numa época em que o gospel brasileiro estava começando a crescer, nós vemos uma qualidade impressionante de arranjos — já visto desde 1998 —, de cenografia, mixagem, produção, entre outros pontos. Isso tudo fez com que o Diante do Trono fosse eleito em 2002 como Grupo do Ano de 2001, pelo extinto Troféu Talento, oferecido pela também extinta Line Records, braço fonográfico da Igreja Universal do Reino de Deus, que premiava os destaques da música gospel nacional — além de ter a Música do Ano, 'Preciso de Tí'. E até hoje se colhe frutos deste trabalho — o mais vendido da história da música brasileira, com valores acima dos dois milhões de cópias, sendo 400 mil só na primeira semana de lançamento.

Histórico

Gravado em 14 de julho de 2001, num palco de 42 metros, 210 mil pessoas compareceram ao ajuntamento do Ministério, em meio à época de apagão no País, sendo o maior público já registrado na história do Estádio Magalhaes Pinto, mais conhecido como Mineirão, localizado aqui no centro da capital mineira, Belo Horizonte. 

Todas as 11 faixas que compõem o disco são de autoria de Ana Paula Valadão. Porém, foi a faixa que leva o nome do disco que ganhou força em todo o Brasil.

Com produção do Pr. Márcio Valadão, o então lider da Igreja Batista da Lagoinha, cuja sede também está localizada aqui em Belo Horizonte, "Preciso de Ti" é o quarto álbum do Ministério Diante do Trono. Conforme já dito acima, este foi o evento que teve a maior lotação da história do Estádio  — cerca de 210 mil pessoas, vindas de todas as partes do país, e de outros países.

Cenografia


A primeira imagem é de um palco lindo, com um formato de um globo. Predominam as cores vermelho e bordô, não só nas vestimentas, como também na iluminação. O coral é lindo e está muito bem posicionado. O palco, bem mais amplo que no CD anterior, o também maravilhoso e antológico "Águas Purificadoras", gravado e lançado em 2000 —
  • Escrevi sobre esse disco ➫ aqui.
— permite uma maior disposição de músicos e da própria Ana Paula, que então era a principal vocalista e líder do minestério, que estava no auge. Embora não sejam muitas as imagens do público, mais ainda numa panorâmica, podemos ver o tamanho da multidão — quem ver a página central do encarte do CD tem uma real noção.

Faixa a Faixa


Sem introdução e apresentação, começamos direto com o belíssimo cântico de entrega [01] 'Quero Subir'. Uma das mais suaves canções de toda a carreira foca-se apenas nas teclas e no peso das vozes. Também acho linda a ministração com dança ao longo da música, mesmo sendo apenas um solo da excepcional bailarina Isabel Coimbra. 

Ao longo da música, a participação dos metais, bem como o aumento do tom, tornam-na uma excelente pedida para iniciar um álbum — prova de que não é necessário começar com músicas rápidas.

A imagem de helicóptero, feita do estádio, antes de [02] 'Em Teus Átrios', aliado ao extasiante solo de guitarra de Elias Fernandes, a fazem como uma das melhores músicas de júbilo da carreira do DT. 

Tudo é pontual na música: guitarras, o peso da percussão, os metais em vários momentos, e mais os vocais. Ao longo da música, pode perceber-se a habilidade de Ana Paula em "comandar" o momento. Excelente pedida para dançar e pular na presença de Deus.

Ana Paula antecede outra faixa que para mim é simplesmente maravilhosa: [03] 'Insaciável'. Com uma breve mensagem sobre a importância e necessidade de convivermos e estarmos com Deus, nos alimentando da sua palavra. E isso não pode ter fim. 

Assim como a qualidade dos arranjos, que a cada música parece melhorar ainda mais. O solo de Elias ao violão, junto dos metais brilhantemente conduzidos pelo maestro Sérgio Gomes, introduzem, pra mim, a melhor canção de júbilo do álbum. 

Aliás, as coreografias do Mudança — o ministério de dança —, assim como a pausa no meio da canção para um ritmo semelhante ao techno, é fenomenal, o que torna essa música tão gostosa de se ouvir, mesmo não tendo sido ela um dos sucessos do CD! Inclusive, não lembro-me de ver nenhuma igreja a incluindo em suas clássicas listas de hinos a serem ministrados durante os cultos coletivos.

Nosso desejo de conhecer o Senhor é retratado em [04] 'Conhecerei', a mais leve das músicas rápidas. Ela fica basicamente na boa apresentação dos metais, junto das teclas de Paulo Abucater e Gustavo Soares. É uma música mais simples, cujo coro tem um grande peso dos metais — algo que não era tão visto em canções do Hillsong. Gosto muito da letra da canção, que baseada em Oséias 6:3.

As bases de [05] 'Mais do Que Tudo' são os famosos Salmos 27 e 84. Solada por André Valadão, a canção traz um coro bem empolgante: 
"Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei, que eu possa habitar em sua presença pra sempre..."
com direito ao bailado dos metais e uma bela pegada na guitarra. 

O jogo feito pelo backing é muito legal, e complementado pela excelente voz de André (apesar dos questinamentos em relação às controvérsias posturais dele, não podemos negar o seu talento musical), temos uma animadíssima canção — mesmo usando praticamente 100% dos referidos salmos em sua letra, o que a torna ainda mais bela e teologicamente plausível.

'Ouve, Senhor'



Essa, sem dúvida, é, ao menos na minha opinião, a música mais forte do álbum. e por isso, merece um tópico mais específico. Neste momento, temos uma pausa nas canções, uma transição das músicas de júbilo para as de adoração. 

Aqui, Ana Paula traz uma bela palavra, que é a base da próxima canção. A história do Rei Ezequias, que fez um governo que agradou ao Senhor. Mas, em certo momento, o diabo veio intentar contra os bons atos de Ezequias, por meio do rei da Síria, Senaqueribe. 

Mas neste momento, Ezequias, sendo afrontado, abandonou suas altas vestes, e se vestiu de humildade pra pedir ao Senhor auxílio ante as afrontas de Senaqueribe. Essa história nos mostra que Deus, quando está no controle, é capaz de humilhar a todos que queiram afrontar os filhos de Deus.

[06] 'Ouve, Senhor', é uma canção cantada em primeira pessoa, como se fosse Ezequias cantando. Um solo que inclui violão, guitarra e metais mais graves, desencadeam em uma música que não aparece tanto os backings

Depois, mais forte, a música volta cantada em segunda pessoa, como se fosse Deus respondendo. Devido a sua pessoal contextualidade, devo confessar que não é das minhas favoritas, principalmente quanto a letra. Mas a mensagem que quer passar-nos, sem dúvida, é maravilhosa.

Continuando...


Gosto bastante de [07] 'Deus de Milagres', que possui uma letra lindíssima. O início mais suave, apenas com o teclado no fundo e a voz de Ana, juntando a segunda parte um pouco mais pesada, dão um toque providencial à música. 

Os backings são mais suaves, mas aparecem de forma muito notável. Como diz a canção, 
"...O maior milagre já operou em mim, e o maior milagre quer operar em ti...".

  • Ministração

Antes de prosseguirmos, nós vemos pela primeira vez uma participação do Pr. Gustavo Bessa, esposo de Ana Paula, em gravações do DT, trazendo uma mensagem. E eu amo a mensagem dessa gravação, onde ele fala sobre os milagres que Jesus fazia, como em Betsaia, Corazim, Cafarnaum. 

Mas, no fundo, Jesus não realizou esses milagres — como até hoje faz — só para mostrar que Ele é poderoso pra fazer, e para que as pessoas possam se admirar. Ele fez isso, sim, para ser um sinal messiânico que aponta para Deus — não podemos busca-lO pelos milagres, mas sim porque o nosso alvo é chegar a Deus.
Maximiliano Moraes conduz, sem dúvida, uma das melhores canções da música gospel nacional. A também confessional e confrontadora 'Coração Igual ao Teu' — outra que tem lugar especial na minha playlist de músicas sacras — é uma oração em primeira pessoa, pedindo a Deus que ele possa nos dar um novo coração, disposto a cumprir e obedecer ao que Deus quer. 

As vozes durante a música são divinas, excepcionais. E os arranjos não pesados, sem os metais, são perfeitos. Apenas uma besteirinha: não gosto do aumento do tom, acho que a música em Fá estava excelente. Nota 10!

'Preciso de Ti'


Chegamos ao ponto máximo do álbum: a faixa-título, [08] 'Preciso de Ti'. Se você já se espantou com os mais de 16 minutos da faixa no CD, prepare-se para os mais edificantes 25 minutos do DVD

Começamos com o violão excelente de Sérgio Gomes no início da música. Depois, conforme a música vai passando, os metais vão aparecendo mais ainda. Além do trio Ana, Helena Tannure e João Lúcio Tannure, temos a notável presença do Espírito Santo no meio dos louvores. 

Isso se torna claro pela palavra de Ezenete Rodrigues, do Ministério de Intercessão da IBL. É uma clara revelação de que Deus estava, naquela noite, instalando seu trono no meio dos louvores que nasceriam de nosso país!

Na mesma faixa, André Valadão assume o microfone para nos citar o famoso texto de 2 Crônicas 7:14: 
"Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra."
Em seguida, João Lúcio vem para nos dizer Jeremias 29:11-14: 
"Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. 
Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte."
Por fim, temos Helena nos citando Tiago 4:8-10: 
"Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará."
Para continuar, Ana Paula faz um espontâneo maravilhoso, que nos mostra que não nos vale nada termos carros, casas, riquezas, dinheiro... O nosso único desejo é e sempre deverá ser o Senhor! Precisamos apenas dEle!

Para encerrar, uma única palavra sobre esses momentos e o porque desse cântico ter se obtido o sucesso que teve e ainda tem — inclusive, ele já foi interpretado por vários outros cantores da música cristã, como: Gabriela Rocha e Casa Worship, por exempo   —  : SOBRENATURAL. A canção recebeu uma nova versão que foi faixa do álbum "Tua Visão", o DT—12, mas, eu, particularmente, não gostei dessa regravação e prefiro a versão original.

Prosseguimos com [10] 'Leva-me', cantada pelo lindo, perfeito e harmônico dueto de Ana Paula e Nívea Soares. A música é bem suave, e as vozes delas combinam perfeitamente, não só com a letra, como também com a música. Ela é simples, ficando só nas teclas e cordas, sem metais. É uma das minhas favoritas, em todos os sentidos. Destaque para as danças, que foram muito bonitas.

Na versão em DVD, antes do encerramento, temos uma breve narrativa, com imagens, sobre as pessoas que não conhecem o evangelho — principalmente sobre à Índia, um dos países com a população mais miserável do mundo. 

Quem ouve a narrativa, se emociona, ao ver que meninas pequenas tornam-se prostitutas, por causa de seus pais. Para tanto, entendemos o porquê do lindo trabalho do DT, então, se destinar a trabalhos missionários naquele país.

Fechando o álbum, temos o belíssimo trabalho refletido em uma canção muito legal e diferente: A missionária [11] 'Em Toda a Terra', com uma parceria de sopro e percussão, bem ao estilo da cultura indiana, traz essa canção, cujo coro é: 
"Queremos cantar teus louvores em toda a Terra".
A apresentação da dança, inclusive com jovens indianas, é emocionante, mas divino. Para fechar com chave de ouro!

Conclusão


Graças ao "Preciso de Ti", o Ministério se tornou referência no segmento gospel brasileiro e regravou a canção várias vezes em discos posteriores, ganhando também versões em inglês e finlandês. 

O disco vendeu 2 milhões de cópias (vendagem registrada até 2012, podendo, certamente, ter crescido até os dias atuais, mais de duas décadas passadas de seu lançamento) e se tornou o primeiro álbum do gênero gospel a estar entre os mais vendidos da história do Brasil. 

Anos depois, eles assinariam um polêmico, controverso e contrato fatídico com a extinta gravadora Som Livre, do Grupo Globo, onde, por um breve período de cinco anos (de 2009 a 2014), pertenceram ao casting da gravadora. A desastrosa e equivocada parceria foi o pontapé que degringolou ladeira abaixo a carreira do Diante do Trono, que a partir dali, nunca mais voltou a ser como antes.

Há dois anos, além de celebrar as duas décadas do marcante álbum nas redes sociais do grupo, o pastor Gustavo Bessa, lançou uma série especial no podcast "Vida Diante do Trono", nas plataformas digitais, onde comentou cada faixa do álbum Preciso de Ti sob a perspectiva da Bíblia.

Por fim, dou, sem qualquer dúvida, o meu seleto carimbo de recomendação a esse álbum ímpar, singular atual pouco promissor mercado da música cristã nacional:
                                                
[Fonte: Super Gospel, por Jonatha Cardoso; JC, por Robson Gomes]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.

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E nem 1% religioso.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

A HUMANIDADE E O FATAL ATALHO DO EGO, NA CAMINHADA RUMO AO INFERNO

O texto deste artigo surgiu como resultado das reflexões que têm povoado minha mente sobre como as questões referentes ao ego têm sido cada vez mais potencializadas no atual contexto ao qual se encontra a humanidade. É tanta gente com um desespero, uma aflição descontroloda por sempre estar no destaque. E para tanto, muitos não medem absolutamente nada para conseguir um lugar bem lá no alto do pináculo do templo. 

Nunca as pessoas tiveram tanto desejo em atrair sobre e/ou para si a luminosidade dos holofotes. E com o alcance midiático, proporcionado pelo advento da popularação da internet e suas redes/mídias sociais/digitais, o que podemos ver é um desfile apoteótico, em muitas vezes bizarro, de indivíduos sem um mínimo senso de razoabilidade, sempre em busca de querer aparecer, não importa as funestas consequências do que fazem para obtenção desse doentio afã.

O que sabemos sobre o conceito de ego


As atuais visões sobre o "ego" são, no mínimo, confusas. O mundo tem uma série delas. Todas ensinam a importância de uma pessoa ter uma visão positiva sobre si mesma. A Bíblia, por outro lado, não tem nada de bom para falar sobre o ego. Não obstante, a igreja, particularmente nos últimos cem anos, tem refletido cada vez mais o que o mundo prega, em vez de pregar o que as Escrituras ensinam. 

Embora não possamos definir o ego mais do que podemos definir alma, ser ou beleza, podemos ver claramente quando o ego primeiro se manifestou, como isso aconteceu e quais foram os resultados eternos. Também podemos ver que o ego não apenas define uma pessoa como distinta de todas as outras, mas que também define o homem como distinto de Deus. 
O que a Bíblia parece sugerir como ego é o homem separado de Deus, agindo e possuindo [coisas] com independência. Foi por isso que Cristo fez da negação do ego uma condição para que alguém seja Seu discípulo, e por isso há uma falha fatal na teologia da auto-estima ("Escapando da Sedução", p.166, de Dave Hunt).

Quais as formas de manifestação do ego


O ego se manifesta de muitas maneiras e, se mete em todas as coisas. Ele pode interferir em nosso trabalho espiritual, em nossa jornada espiritual. Quando abraçamos uma vida religiosa, não perdemos o ego. Não perdemos o ego, nem mesmo quando começamos a orar. Existem determinados sinais da atividade do ego, dos quais nos tornamos mais conscientes, à medida em que nos tornamos mais simples.

O primeiro sinal do ego, é o desejo de ser grande, por exemplo, o desejo de ser o número um, o desejo de dominar. Há, então, o desejo de tomar; o ego quer tomar, mais do que dar, ou mais do que largar. 

O ego deseja manter, segurar, agarrar, possuir, não largar. O ego deseja avançar, conseguir mais, ser mais, conhecer mais, possuir mais. O ego deseja agarrar-se a tudo, mesmo que seja em prejuízo dos outros, em outras palavras, colocando-nos a nós mesmos acima dos outros. 

Essas características do egoísmo, são características de todas as atividades, sejam elas espirituais, físicas ou mentais, nas quais possamos estar envolvidos. Assim, existe um perigo real, especialmente para o religioso, de uma espiritualidade egoísta. Uma espiritualidade que deseja a grandeza, que deseja tomar uma experiência de Deus, ou da santidade, mantê-la, ganhar mais e, agarrar-se a ela, mesmo que seja em prejuízo de outros.

É claro, que o ego é um estágio natural do desenvolvimento de nossa humanidade. O ego se desenvolve numa criança em determinada idade e, o ego é uma força, ou ferramenta, instrumento da consciência, útil e necessário. 

Sem um ego, não nos seria possível a comunicação de uns com os outros. Não é que o ego seja mau, em si mesmo. Na natureza humana não existe nada que seja mau de per si. Assim, Jesus, que era completamente humano, deve ter tido um ego. Não obstante, Jesus não pecou: um homem como nós, em todas as coisas, exceto no pecado.

Conceito bíblico do ego


A Palavra de Deus revela que o ego primeiramente ergueu sua feia cabeça no Céu. Havia um certo anjo ungido que se tornou adversário (satanás) de Deus, exaltando a si mesmo: 
"Tu dizias no teu coração: 'Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo'" (Isaías 14:13-14). 
Assim, a vontade própria (ego) desse querubim ungido, isto é, suas afirmações: "subirei, exaltarei, assentarei, serei", suplantaram a submissão a Deus e à Sua vontade e as consequências não foram boas: 
"Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti" (Ezequiel 28:15). 
"Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo" (Is 14:15).
Satanás trouxe seu conceito de "ego" rebelde para a terra e, com ele, seduziu Eva. Sua estratégia começou com a semeadura de ideias confusas sobre o que Deus havia dito (distorção da verdade, uma das principais atividades de satanás), e depois alimentando Eva com mentiras auto-orientadas: 
"Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (Gênesis 3:5). 
Isso deu início à mentira da autodeificação e do conceito de divindade para a humanidade, mentira na qual o engano da serpente encontrou solo fértil. 
"Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu" (3:6). 
O ato de desobediência de Adão e Eva contra a única ordem proibitiva dada a eles por Deus estabeleceu o pecado e o ego em seu caminho destrutivo. Consequentemente, toda a humanidade ficou separada de Deus e em busca de satisfazer seu ego.

Porque minha, por mim e para mim são todas as coisas!

O ego, de acordo com as religiões


O foco do mundo é valorizar muito o ego. Por quê? Porque há somente duas opções com relação a qualquer esperança em potencial para a humanidade: o ego e Deus (a saber, o Deus da Bíblia). O ego é a escolha do mundo: a vontade e a maneira do homem em oposição à vontade e à maneira de Deus. 

O ego é a única opção que resta para todos os que rejeitam o Deus da Bíblia. Embora pareça que existem outras opções, inclusive as religiosas, todas são variações da obstinada "salvação pelas obras" e da justiça própria, com algumas sendo mais óbvias que as outras. Vejamos:
  • O islamismo, por exemplo, ensina justiça pelas obras. No Dia do Julgamento, Alá pesará as boas obras da pessoa em comparação com as ofensas que a pessoa cometeu, e o peso das primeiras contra o peso das últimas determinará se a pessoa será salva ou não, isto é, se a pessoa poderá ou não entrar no paraíso.
  • O catolicismo emprega uma abordagem semelhante. A entrada no céu é dependente das boas obras da pessoa e da aderência aos sacramentos, bem como da expiação dos pecados através de sofrimentos temporais aqui ou no purgatório. Fazer boas obras a fim de alcançar a salvação é prática denunciada nas Escrituras: a salvação não vem das obras, para que ninguém se glorie:
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2:8,9).
Somente o cristianismo bíblico ensina que negar o eu e se voltar somente para Jesus para obter a salvação é que são aceitáveis a Deus.

Todas as religiões, desde as mais legalistas às mais liberais e até as místicas, têm o ego como o núcleo para se alcançar uma consequência positiva com respeito à vida após a morte. Somente o cristianismo bíblico ensina que negar o eu e se voltar somente para Jesus para obter a salvação é que são aceitáveis a Deus. 

A Bíblia indica que a mentira de satanás de que a humanidade pode alcançar a divindade finalmente se manifestará nos últimos dias através do Anticristo, 
"o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus" (2 Tessalonicenses 2:4). 
A mentira de satanás não é apenas prevalecente nas seitas, tais como o mormonismo, pois a Igreja Católica Romana ensina a união mística com Deus em seu catecismo oficial:
Pois o Filho de Deus tornou-se homem para que nós pudéssemos nos tornar Deus. (...) O Unigênito Filho de Deus, querendo nos tornar participantes da Sua divindade, assumiu nossa natureza, para que, feito homem, pudesse fazer que os homens fossem deuses (Catechism of the Catholic Church [Catecismo da Igreja Católica], Parágrafo 460).
A autodeificação obtida através de rituais sagrados é encontrada em todas as religiões do Oriente. O budismo tibetano do Dalai Lama ensina rituais de iniciação para capacitar a pessoa a se tornar um "bodhisattva", ou seja, uma deidade iluminada. 

O xintoísmo, que é a principal religião do Japão, envolve inúmeras cerimônias de auto-purificação que abrem caminho para os seguidores se tornarem "kami", ou seja, deuses ancestrais. 

A deificação do ego, como é observada em Gênesis 3:5, é evidente nas formas do hinduísmo que ensinam métodos de auto-realização, a saber, técnicas para se alcançar a divindade. Ensinam que o ego individual é um deus cujo objetivo é se fundir com o Tudo, Brahman, a deidade suprema do hinduísmo. É disso que a yoga trata.

O ego nos impede da obediência a um dos principais mandamentos do Senhor Jesus: o de amar ao próximo!


A Palavra de Deus exorta os crentes a que sejam voltados para os outros. Considere as seguintes passagens: 
"Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co 5:14,15). 
"Nada façais por partidarismo ou vanglória [ambição egoísta], mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros" (Filipenses 2:3-4). 
Isto é altruísmo bíblico.

A Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, em seus capítulos 10 e 13 (o capítulo que fala sobre o "amor"), nos fornece uma exortação adicional. Nossa mente fica perplexa quando consideramos como as doutrinas pérfidas e não-bíblicas de amor ao ego e da autoestima têm sido tão amplamente pregadas e promovidas em meio à cristandade. 

Se não fosse pelas Escrituras profetizando que isto aconteceria nos últimos dias (2 Tm 3:1-5), a invasão da psicologia do ego na igreja, através da chamada psicologia cristã, pareceria incrível. Mas estamos vivendo nesses dias!

Jesus, que é completamente Deus e completamente Homem, nos mostra em Sua própria vida o perfeito altruísmo: 
"Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mateus 20:28). 
"O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos" (Jo 15:12,13). 
Além disso, Ele demonstra para nós Sua submissão à vontade de Deus, o Pai. Como Homem, Ele é o perfeito ego sem pecado. Ele, mesmo sendo parte da Trindade, sujeitou Sua vontade ao Seu Pai. 
"E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: 'Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres'" (Mc 14:35,36).

Como podemos nos precaver contra os males advindos com a exaltação do ego?


Sabemos que o ego é o veículo chefe do pecado. E o que a Bíblia diz sobre a maneira pela qual uma pessoa deve tratar com o ego? A fim de entendermos isso, é necessário compreendermos a perspectiva bíblica relativa ao ego. 

"Ego" é sinônimo de pecado. Todos os seres humanos (exceto Cristo, o único Deus-Homem sem pecado) nascem com uma natureza pecaminosa. Nenhuma parte da Escritura deixa isso tão claro quanto o Salmo 51:1-5: 
"Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar. Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe".
O ego também envolve a vontade – que é autônoma – e aí está o problema. A vontade do homem, por causa de sua natureza pecaminosa, é natural e continuamente disposta em direção ao próprio homem. Este é o campo fértil da rebeldia: 
"Não se faça a Tua vontade, mas a minha".
O ego não é dado à submissão a ninguém, exceto a si mesmo. Filipenses 2:21 confirma que 
"...todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus". 
Entretanto, Deus tem a solução para o dilema da auto-orientação da vontade própria da humanidade. Deve começar com um novo nascimento – um nascimento espiritual, vindo do alto.

Quando a pessoa recebe o Evangelho simples somente pela fé, está se submetendo, de coração, a Deus e se comprometendo a obedecer aos Seus ensinamentos encontrados nas Escrituras. 

Embora seja, então, nascido de novo espiritualmente e tenha se tornado uma nova criatura em Cristo, o homem ainda retém sua velha natureza pecaminosa, mas foi liberto do controle que essa natureza exercia sobre ele. 

Não obstante, uma batalha espiritual segue entre fazer sua própria vontade ou fazer a vontade de Deus. Deus deu a todo crente o Espírito Santo para ajudá-lo a vencer cada batalha em favor da vontade de Deus. Sobretudo, Ele também deu aos cristãos nascidos de novo instruções para a batalha espiritual de Sua vontade versus a vontade e o ego do homem.

A submissão a Deus é essencial: 
"Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me" (Lucas 9:23). 
Esse compromisso se refere não apenas a determinadas questões, mas a toda a vida do indivíduo. 
"Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará" (9:24). 
Jesus apresenta uma ilustração sobre aquilo que a salvação deve implicar na vida de um crente: 
"Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna" (João 12:24,25).
O apóstolo Paulo escreveu: 
"Dia após dia, morro!" (1 Coríntios 15:31). 
E: 
"Se já morremos com ele, também viveremos com ele" (2 Timóteo 2:11). 
Em Colossenses 3:3, ele declara: 
"Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus".
O que ele quis dizer? Em Gálatas 2:19,20, ele explica: 
"Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim". 
Depois de listar algumas de suas contínuas tribulações, Paulo escreve: 
"Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" (2 Co 4:10,11). 
A "morte" neste contexto é a morte da vida autônoma da vontade própria; e a "vida" é uma vida entregue totalmente à vontade de Deus.

Conclusão


Penso que isto se constitua num grande desafio para a cultura moderna, nossa sociedade contemporânea, pois o ego se encontra tão hiperativado em nossa sociedade. 
 
O ego é a grande força de uma sociedade de consumo, tecnológica, uma sociedade tecnológica que quer controlar tudo e, uma sociedade de consumo dominada pelo desejo.

Nessa cultura, precisamos ter especial cuidado com a criação de uma espiritualidade de consumo, ou de uma espiritualidade tecnológica, uma espiritualidade que, por exemplo, se identifique com técnicas psicológicas. Ou mesmo, uma espiritualidade que se identifique apenas com as festanças espirituais, os prazeres espirituais. 

Esse é o papel do ascetismo em uma sociedade como a nossa. Trata-se da compreensão de que o ascetismo e, a ascese essencial da vida cristã, é a oração. O ascetismo é o caminho, dentro do qual, recobramos a vontade primordial na pessoa humana. A vontade primordial é mais profunda do que os desejos de nosso ego. 

A vontade primordial é a nossa inclinação, tendência, natural na direção de Deus, aquilo que os primeiros padres cisterciences denominavam o pondus, a gravidade natural na alma, que nos leva em direção a Deus. 

O objetivo do ascetismo, não é o de esmagar a vontade, ou de punir, mas, de superar as dificuldades, de tirar as pedras do caminho, de desenvolver a mente e, de revelar essa bondade essencial do núcleo da pessoa humana, de modo que o que façamos seja certo e, o que desejemos fazer seja certo. E, nesta via da prece, na simples ascese da palavra única, nós atingimos a raíz de nosso ego.

O que Jesus demonstrou, no que se refere ao altruísmo, seria impossível para qualquer crente, exceto pelo fato de que todo verdadeiro seguidor de Cristo foi selado com o Espírito Santo, que o capacita a viver as instruções de Cristo: 
"Para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior" (Ef 3:16). 
"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder" (6:10). 
Que a oração encontrada em Hebreus seja nosso contínuo clamor ao Senhor e nosso encorajamento na batalha contra nosso ego: 
"Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!" (13:20-21). E Amém!

Ao Único e Todo-Poderoso Deus, seja toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blogue https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso!

domingo, 7 de maio de 2023

PAPO RETO — O CRISTÃO E O VÍCIO EM PORNOGRAFIA


"Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. Dessarte, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo" (1 Tessalonicenses 4:3-8 — grifos meus).
Pornografia. Não seja um "pornôgrafomano" anônimo — O falar sobre o problema torna possível dizer NÃO e evitar o primeiro clique.
A triste verdade é que existem milhares e milhares de pessoas acorrentadas pelas cadeias da pornografia, zoofilia, sadomasoquismo, sexo bizarro e todo tipo de deturpação do sexo criado por Deus.

Aqui, em mais um capítulo da minha série especial de artigos "Papo Reto", quero usar uma palavra para definir quem é dependente de pornografia, "pornôgrafomano". Se tal palavra já existe eu não sei, o que sei é que existe muitas pessoas cativas pela pornografia.

Guardadas as devidas proporções, parto do principio que, assim como um toxicômano é um indivíduo dado ao vicio, ao uso de entorpecentes, um "pornôgrafomano" é alguém viciado em pornografia.

São os "pornôgrafomanos anônimos", pessoas acima de quaisquer suspeitas, são anônimas pelo fato de que quando estão a sós dão vazão ao vicio, e depois caem em profundo sentimento de culpa.

Muitos são pastores, padres, leigos, religiosos, advogados, médicos, professores, homens, mulheres, solteiros e casados, idosos, crianças, adolescentes e jovens. A Igreja parece não saber lidar com isso e faz de conta que o problema não existe.

E assim muitos clérigos e leigos seguem cativos, mantendo uma vida oculta, carregada de culpas, máscaras, escapadas, altas madrugadas, infidelidade online que mais cedo ou mais tarde se concretiza na vida real.

O que diz a Psicanálise

Freud explica?


A psicanálise e a psicologia não reconhecem oficialmente a existência do vício em pornografia, mas muitas pessoas dizem sofrer disso. É real? Se você pesquisar no Google por "vício em pornografia", será apresentado a centenas de artigos aparentemente respeitáveis sobre como lidar com o problema.

Publicados em sites como MedScape, Medical News Today e Healthline, eles explicam o problema, aconselham como obter ajuda e asseguram que você não está sozinho.

Além disso, há muitos sites voltados exclusivamente a apoiar pessoas aflitas com esse chamado vício, como NoFap e Your Brain on Porn.
É notável que, de acordo com todos os manuais de classificação psicológica, uma pessoa não pode ser clinicamente viciada em pornografia.
Nem o vício sexual nem o vício pornográfico fazem parte do DSM, um sistema de classificação para distúrbios mentais da Associação Psiquiátrica Americana, ou do CDI, um sistema similar para doenças de todos os tipos, mantido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas, se você mesmo já experimentou isso ou viu isso ocorrer com seu parceiro, você sabe. O consumo de pornografia pode sair de controle, ao ponto de prejudicar seu relacionamento.

Embora possa ser difícil dizer que uma pessoa pode ser "viciada" em pornografia da forma como uma pessoa pode ser viciada em heroína, se ela estiver vendo pornografia 18 horas por dia, ou com frequência suficiente para não passar mais tempo com seu parceiro, provavelmente há algum tipo de problema psicológico acontecendo que deve ser abordado — independentemente de como você queira definir isso.

Sim, Freud explica!


A sexualidade, segundo [Sigmund] Freud (✩1886/✞1939), não é algo que se inicia na puberdade, mas bem antes dela, na mais tenra infância, quando estamos iniciando as nossas vidas e o primeiro movimento que aprendemos é o de sucção do leite materno. Portanto, a sexualidade não é somente a relação sexual e o gozo. A sexualidade está na nossa forma de nos relacionarmos com o mundo e com nós mesmos.

O desenvolvimento sexual, para a psicanálise, possui alguns estágios, como a fase oral, anal, fálica, latência e genital. Então, é um conjunto de momentos e experiências do corpo e da mente, que conduzem ao desenvolvimento sexual e contribuem para a compreensão dos desejos, dos fetiches e das intenções sexuais.

A obra de Freud, "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade", foi e é muito importante para o debate sobre o sexo por mais que ela tenha sido lançada há mais de um século e por mais que muito já se tenha compreendido, o que Freud inaugurou quebrou paradigmas, criou novos e nos permitiu nos entendermos sexualmente.

A pornografia e a sexualidade


E onde está a relação entre pornografia e a nossa sexualidade? Ela se inicia no poder das imagens sobre o nosso imaginário. As imagens que assistimos, vemos, desejamos, queremos e não queremos. 

Todas elas habitam a nossa imaginação e exercem influência sobre nós. Isto ocorre desde a infância, ou você já teve um sonho tão original que não tem relação com nada que viu antes em filmes, livros ou te contaram antes de dormir?

Logo, as imagens exercem poder sobre nós e nos ensinam o que reproduzir no mundo real. E não seria diferente com a nossa sexualidade. A pornografia nos ensina o que é interessante e o que não é interessante, desde os corpos esculturais, até o gozo volumoso, com gemidos além do comum.

A pornografia nos seduz e ilude, ela vai te dizer, enquanto você a assiste e depois, que tal corpo não é qualificado para gozar junto ao seu. Ela engana e diz 
"goze comigo, afinal, eu sou o momento de sexo perfeito, eu sou a imagem perfeita que habita a sua imaginação."
Então, perceba que há dois elementos importantes sobre a pornografia, primeiro que geralmente é tabu falar dela abertamente, por mais que quase todos os adultos já tenham assistido ou se deparado, ainda que eventualmente, com ela. Então, há uma questão social de não debate sobre a pornografia, por mais que ele seja necessário.

E segundo, o totem em que a pornografia foi erguida, pois ela é o símbolo do encontro da sexualidade, ela é a busca da satisfação, como um local em que as pessoas se destinam para se encontrarem com o prazer sexual.

A dependência e o crescimento do mercado pornográfico 


O mercado pornográfico com o advento da internet leva o produto ao quarto do dependente, basta um clique, o primeiro clique, o qual é seguido por outro, outro, outro, e assim vai, horas, tardes, madrugadas... Basta estar só, longe do olhar dos pais, do cônjuge, ou ao lado de um cúmplice.

A pornografia reina na grande rede, está ao acesso de quem busca, de quem deseja, de quem quer mais um clique que lhe proporcione prazer vendo o prazer de outros. Prazer que já não permanece prazer, pois virou dependência, doença, mania patológica por parte de quem consome e fonte de lucro por parte de quem prática o sexo para ser exposto, vendido, consumido.

Tem para todos os gostos e taras, a vitrine pornográfica é sortida, nela está disponível de tudo, para saciar ou cativar a todas taras, desde, sexo convencional, homossexualidades, pedófila (esta, na chamada Deep web — nome dado para uma zona da internet que não pode ser detectada facilmente pelos tradicionais motores de busca, garantindo privacidade e anonimato para os seus navegantes), zoofilia, riparofilia, necrofilia, gerontofilia e todas as parafilias imagináveis ou inimagináveis.

Alguns ainda lutam contra o desejo, outros já não lutam mais. Até mesmo entre casais cristãos a pornografia penetrou, ocorre que, quando não os dois, as vezes um dos cônjuges já não consegue se relacionar sexualmente sem antes se estimular com vídeos e fotos pornográficas. Atualmente com a onda gospel, onde tudo vira gospel, principalmente se der lucro, surgiu também a pornografia gospel.

O cristão e a pornografia


Ao refletir sobre a pornografia e a forma como ela tem afetado os cristãos, uma pergunta me veio à mente: o que leva um cristão a consumir pornografia? De imediato fui ao Google e fiz uma pesquisa sobre os motivos que levam a esse comportamento, porém para meu espanto não encontrei uma pesquisa sequer que tivesse essa preocupação. 
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, dados apontam que nos Estados Unidos mais de 60% dos cristãos casados assumem que veem pornografia.
Então resolvi aprofundar nessa reflexão mais um pouco e de maneira não exaustiva levantar alguns motivos que podem conduzir cristãos a essa prática. Esse assunto é bastante amplo e nem de longe esgotarei as possibilidades. Quero trazer à tona aspectos espirituais que contribuem para esse tipo de comportamento.

Meu pedido a você que lê esse texto é que não o leia de forma mecânica, mas que invista tempo em autoavaliação! Reflita sobre cada ponto colocado e qual o seu real estado nessas áreas. Faça desse texto uma oportunidade sincera de reflexão e de mudança. 

Se você não sofre com esse problema, graças a Deus por isso! Espero que esse texto sirva para aumentar o seu conhecimento e lhe ajude não a acusar, mas a aconselhar aqueles que estão lutando contra essa prática. 

Obviamente não estou falando que essa luta é simples e muito menos fácil, mas sim que é possível vencê-la a partir de ajustes em sua vida espiritual.

A santidade como objetivo do cristão


O cristão tem como um dos seus objetivos de vida o de viver em santidade e sabemos que essa realidade se dá através de um processo que ocorre ao longo de nossas vidas. Em Hebreus 12:14 
"Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor"
temos claramente que a santificação, ou seja, o processo pelo qual passamos visando alcançar a santidade, é indispensável para que possamos ver o nosso Senhor Jesus Cristo. 

Definitivamente consumir pornografia não está na lista de atributos de um cristão que vive em santidade e podemos ver isso em 1 João 2:6 
"...aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou". 
Jesus Cristo nunca pecou, e consequentemente nunca se contaminou com pecados de natureza sexual, portanto é necessário que andemos assim como Ele andou!

Mas o que fazer? Como deve um cristão agir ao encontrar-se enlaçado pela pornografia?


Antes de mais nada, devemos buscar orientação na Palavra, oração, aconselhamento. Sobretudo tomando posse do que a Bíblia nos diz. E ela nos assegura no Evangelho de Cristo: 
"...se pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:36). 
Sabendo que somos livres, entendemos que podemos escolher, e escolher é poder dizer, sim ou não. Liberdade aponta para responsabilidade e Paulo em Romanos 6:10-13 nos chama a ela deixando bem claro que na luta contra o pecado devemos fazer a nossa parte: 
"Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus. Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos. 
Não ofereçam os membros dos seus corpos ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros dos seus corpos a ele, como instrumentos de justiça" (grifos meus).
A orientação bíblica é para fugir do perigo, não brincar com aquilo que nos atrai, que oferece prazer, mas produz escravidão, conforme a parte A do versículo 16 do mesmo capítulo:
"Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem". 
Tudo que oferece prazer, mas após si traz culpa, dependência, vazio, não é prazer, mas sim uma propaganda enganosa oferecendo uma falsa felicidade.

Como evidenciado acima, o processo de santificação nos leva a lutar contra as nossas fraquezas com todas as nossas forças e com o auxílio sempre presente do Espírito Santo. 

Amor ao invés de desejo lascivo


Apenas para resgatar as palavras de Jesus em Marcos 12:30,31: 
"Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo.' Não há outro mandamento maior do que estes".
Inicialmente pode parecer que amor ao próximo e pornografia não estejam relacionados, mas se analisarmos com um pouco mais de cuidado veremos que existem diversos impactos ao nosso próximo. 

Veremos agora apenas dois desses impactos: Falta amor para com todos os envolvidos na realização de conteúdos pornográficos, mesmo que para eles esse não seja um aspecto moral considerado. 

O cristão que consome pornografia é um cúmplice e ao mesmo tempo um incentivador do conteúdo produzido. Nós sabemos que esse tipo de conteúdo não agrada a Deus e, portanto, existe um incentivo para que pessoas cometam mais pecados simplesmente para satisfazer os seus desejos pecaminosos. 

Em outras palavras, diversas pessoas precisam pecar para que o material esteja disponível para consumo. Agora ficou claro a falta de amor?

Caso você esteja envolvido com outra pessoa (namoro, noivado ou casamento) o consumo de pornografia caracteriza traição (Mt 5:28). Creio que esse ponto seja autoexplicativo.

Caso você seja solteiro e tenha intenção de se casar, saiba que essa prática não será abandonada simplesmente pelo fato de você possuir um cônjuge com quem possa ter relações sexuais. 

Naturalmente essa prática será levada para dentro do casamento e normalmente o impedirá de ter uma vida sexual saudável com seu cônjuge, ou seja, você não estará amando devidamente o seu cônjuge. Isso sem contar o padrão de beleza e expectativas sexuais irreais. Resumindo a pornografia é devastadora!

Ocupando-se corretamente


Outro aspecto que acaba sendo negligenciado por aqueles cristãos que consomem pornografia é a mordomia do tempo. Todos nós possuímos a mesma quantidade de horas por dia, mas a diferença está no uso que é feito de cada segundo dado por Deus a cada um. 

A mordomia do tempo, consiste no uso sábio desse recurso tão valioso que nos é dado. Para nos auxiliar nessa questão temos as palavras do apóstolo Paulo em Efésios 5:15,16:
"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus".
Precisamos então entender o que Paulo quer nos dizer com "remindo o tempo".

Segundo o teólogo Harold K. Moulton o verbo remir (ἐξαγοράζω) significa 
"salvar da perdição ou abuso"
ou seja, não devemos deixar que práticas pecaminosas roubem o nosso tempo. 

Quando um cristão usa o seu tempo consumindo pornografia, ele está deixando de fazer um bom uso de tempo em áreas essenciais da vida (vida espiritual, profissional, eclesiástica, estudos, descanso, lazer, relacionamentos pessoais, entre outros) e o desperdiça em pecado.

Buscando intimidade com Deus para resistir a tentação


O último aspecto que tratarei nesse texto é a vida devocional, mas para isso preciso definir o termo visando evitar uma má interpretação do que está sendo dito. 

O que quero dizer com vida devocional é a prática disciplinada de leitura bíblica, meditação e oração, ou seja, uma vida de intimidade com Deus. Ao deixar de lado a vida devocional, o cristão naturalmente se distancia de Deus, dos valores cristãos e da obediência aos ensinos bíblicos.

Em Filipenses 4:6-9 temos uma exortação muito prática que Paulo faz à igreja em Filipos e normalmente os cristãos que consomem pornografia as negligenciam. Ele os exorta a orarem, a ocuparem a mente com coisas boas e a praticarem todos os valores cristãos que aprenderam. Das exortações apresentadas por Paulo, quero destacar o versículo 8,
"Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento".
A pornografia basicamente é o oposto de tudo o que Paulo orienta os cristãos a fazerem. 

Nada há de verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, boa fama, virtude na imoralidade sexual, prática tantas vezes condenada na Bíblia (1 Ts 4:3; 1 Coríntios 6:18; Gálatas 5:19-21). 

Ao praticar a vida devocional, o cristão naturalmente começará a se aproximar de Deus, a ocupar a sua mente com os pensamentos adequados e praticar os ensinamentos bíblicos.

Próximos passos e esperança


Aqueles que lutam contra o consumo da pornografia devem refletir sobre os aspectos levantados e principalmente devem agir para corrigir os seus erros em cada um desses pontos. 

Tenha certeza que cada um dos envolvidos nas produções desses conteúdos é seu próximo, por isso devem ser alvo do seu amor e não de seus desejos pecaminosos. Administre bem o seu tempo, faça um cronograma, organize as suas atividades, inclua tempo para Deus e você verá a diferença.

Viva remindo o seu tempo! Busque intimidade com Deus, mesmo que comece com pouco tempo e com dificuldades, se esforce, peça auxílio ao Espírito Santo para que a sua vida seja santificada (1 Co 6:11; Hb 12:14; 1 Pedro  1:14-16). Tenha certeza que de que 1 João 1:9 é mais uma das belas verdades bíblicas
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça."

Conclusão


Quem é dependente de qualquer vício, sejam pornografia, entorpecentes, ou quaisquer outras substancias; situação ou prática, e porventura tenha caído não se deixe vencer pelo desespero, não desista de continuar lutando, recomece a luta, persevere, mire-se na misericórdia e na graça de Deus. 

Pois há esperança para o caído, pois assim diz a Palavra: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1 Jo 1:9). Sim, o perdão existe para o culpado, assim como a graça de Deus existe para quem caiu em desgraça, mas arrependido, confessa e deixa, pois deseja se levantar.

Sim. Em Cristo Jesus temos o perdão para o pecado, e pelo poder do Espírito Santo a graça nos possibilita dizer não, eu sou livre e por hoje não vou mais clicar. Sim, nós podemos, pois Cristo Jesus já nos libertou; agora nos cabe dia a dia, um dia por vez vivermos livres, reconhecendo nossa fraqueza e fugindo sempre da aparência do mal aparentado de prazer.

O pecado é o único inimigo o qual não se vence enfrentando, mas fugindo dele. Enfrentar o pecado é colher o mesmo resultado obtido por alguém que se lança no fogo. O primeiro passo para vencer o pecado é reconhecer que somos sujeitos a queda, saber o que nos atrai e fugirmos. 

Você conhece a parábola do Joãozinho? Não? Então vamos lá, vou partilhá-la contigo. Certa manhã enquanto tomava café, Joãozinho disse para sua mãe. 
- Mãe noite passada eu cai da cama. 
Ao que sua mãe reagindo perguntou: 
- Mas por qual motivo você caiu da cama?
Joãozinho respondeu: 
- Eu deitei muito na beirada, aceitei correr o risco e por isso cai. 
Entendestes a parábola do Joãozinho? Então, não brinque com aquilo que te atrai, não trilhe ou se deite a beira do abismo e assim poderá evitar a queda.

Faça sua parte, não se isole. Não seja um pornôgrafomano anônimo, procure o seu pastor, seu líder, o seu superior. Só a abertura do coração, pode abrir tais algemas. 

Só uma corrente de misericórdia e ajuda mútua pode romper os elos da escravidão. Refletindo sobre o nosso tema e o seu papel chegamos a elementos que a constroem, e como ela nos influencia. Logo, analise: você consome a pornografia ou é ela quem te consome? Pornografia. Evite o primeiro clique.
[Fonte: IPB Pinheiros, por Leonardo Campanha Seminarista e diácono da IPB Pinheiros, graduado em Ciência da Computação pela UFSCar. MBA Executivo pelo Insper; Igreja Metodista, por Rev. José do Carmo da Silva; Uol, por Clare Roth]

Ao Único e Todo-Poderoso Deus, seja toda glória.
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sábado, 6 de maio de 2023

PERSONAGENS BÍBLICOS — AGAR (OU HAGAR)

Atendendo a pedidos dos leitores e seguidores do blogue, retorno com minha série especial de artigos Personagens Bíblicos, onde trago o perfil de alguns personagens registrados nas Escrituras Sagradas. 

Neste capítulo de retorno da série, escolhi uma personagem feminina, muito emblemática e que, embora sua história nos traga muitos ensinamentos relevantes e bastantes contextuais, não é muito explorada pela maioria dos pregadores em suas ministrações.

Quem foi Agar?


A história de Agar está diretamente relacionada com a história de Abraão e Sara — estes sim, protagonistas nas ministrações e abordagens teólogicas — e ela é contada no Antigo Testamento do cânon bíblico, no livro das origens, o Gênesis. O nome "Agar"  tem origem hebraica e seu significado é incerto. 

Não se sabe muito bem a origem de Agar. Embora sua vida tenha sido marcada por dificuldades e sofrimentos, ela encontrou forças para continuar seguindo em frente confiando em Deus. Sua história é uma fonte de ensinamentos valiosos que podem nos ajudar a enfrentar nossos próprios desafios e dificuldades.

A história de Agar também tem um significado simbólico e teológico. Ela representa a escravidão e a opressão que as mulheres podem sofrer em uma sociedade patriarcal, bem como a ideia de que Deus cuida daqueles que são marginalizados e oprimidos.

A história de Agar é frequentemente usada como uma analogia entre a lei e a graça em Cristo. Conforme mencionado na Bíblia, Agar representa a antiga aliança baseada na lei, enquanto Sara representa a nova aliança baseada na graça.

Essa analogia é para mostrar como a graça de Cristo é superior à lei e como podemos ser libertos da escravidão do pecado por meio dela.

O que a Bíblia diz sobre Agar?


Segundo a Bíblia, Agar foi uma mulher egípcia e serva de Sara, esposa de Abraão. De acordo com a história registrada no livro de Gênesis (capítulo 16). Resumindo a história, Sara não podia ter filhos e por este motivo ela ofereceu Agar a Abraão, de 85 anos, como concubina, para que ela pudesse gerar a criança.
  • Válido enfatizar que, tal prática, comum ao contexto social e cultural da época,  embora tolerada por Deus, não era direcionada por Ele.
Um dia a Sara propôs a Abraão, seu marido, que se deitasse com Agar para que ela gerasse um filho e Abraão atendeu ao seu pedido. E assim, depois de dez anos em que Abraão habitava na terra de Canaã, sua esposa tomou Agar e a entregou como mulher ao seu marido.

Agar engravidou e, quando soube que estava grávida, começou a desprezar Sara. Isso levou a conflitos e discussões entre as duas mulheres. Eventualmente, Sara reclamou com Abraão e pediu que ele resolvesse a situação — situação essa, que, como vimos, foi causada pela própria Sara, em seu afã de "dar uma mãozinha pra Deus". Abraão permitiu que Sara fizesse o que quisesse com Agar.

Sara então tratou Agar tão mal que ela decidiu fugir para o deserto. Enquanto estava lá, um anjo do Senhor apareceu para ela e disse-lhe para retornar a Sara e se submeter a ela. O anjo também prometeu que sua descendência seria tão grande que não poderia ser contada.

Agar voltou para Sara e deu a luz ao seu filho, a quem chamou de Ismael. Anos mais tarde — aí sim, em cumprimento à promessa e como consequência do agir de Deus —, Sara finalmente deu à luz seu próprio filho, Isaque. Assim que Isaque cresceu e foi desmamado, Sara pediu a Abraão que expulsasse Agar e Ismael de sua casa.

Novamente, Abraão acatou a decisão de Sara — da pra ver o poder de manipulação da matriarca sobre seu marido, né? —, mas ficou relutante em enviar Agar e seu filho para o deserto sem recursos. Então, ele deu a eles água e pão e os despediu para o deserto.

Quando estavam caminhando errante pelo deserto de Berseba, acabou-se a água e, temendo a morte de seu filho, Agar colocou Ismael debaixo de um arbusto, levantou a sua voz e chorou.

Então, Deus ouviu o choro de Agar e enviou um anjo para atender as suas necessidades e firmar uma promessa, que faria de Ismael uma grande nação. Agar e Ismael sobreviveram no deserto e Ismael cresceu e teve filhos.

Deus esteve com o menino, ele cresceu, habitou no deserto, e tornou-se um flecheiro. Ele viveu no deserto de Parã e sua mãe, Agar, conseguiu lhe uma esposa da terra do Egito.

Os netos de Agar


Agar foi avó de doze filhos de Ismael: Nebaiote, Quedar, Adbeel, Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Temá, Jetur, Nafis e Quedemá (Gn 25:13-16).

Foram estes os doze filhos de Ismael, que se tornaram lideres de suas tribos. Seus povoados e acampamentos passaram a ser chamados por seus próprios nomes. Ismael viveu cento e trinta e sete anos (v. 17).

Seus descendentes estabeleceram-se na região que vai de Havilá a Sur, perto da fronteira com o Egito, na direção de quem vai para Assur. E viveram em hostilidade contra todos os seus irmãos, cumprindo o que o Senhor tinha dito quando Agar foi “visitada” pelo anjo do Senhor enquanto fugia de Sara (16:9-12).

Características positivas de Agar

  • Coragem

Agar mostrou coragem quando fugiu para o deserto com seu filho Ismael, mesmo quando ela não sabia o que o futuro reservava para eles. Ela enfrentou muitos desafios e confrontos, mas nunca desistiu. Sua coragem inspira outras pessoas a enfrentarem seus próprios medos e desafios.

  • Resiliência

Agar mostrou uma grande resiliência quando foi maltratada por Sara e teve que fugir para o deserto. Ela também provocou muitos outros desafios em sua vida, mas nunca perdeu a esperança. Sua resiliência é um exemplo para todos nós de como superar as adversidades.

  • Lealdade

Agar era leal a Abraão e Sara, mesmo quando eles a trataram mal. Ela cuidou do filho de Abraão e Sara, Ismael, com grande dedicação e amor. Sua lealdade é uma qualidade admirável que inspira outras pessoas a serem mais dedicadas e comprometidas em seus relacionamentos.

Características negativas de Agar

  • Orgulho

Quando Agar engravidou de Abraão, ela começou a desprezar Sara e agir com orgulho. Ela pensava que por ter um filho com Abraão, era superior a Sara. Esse orgulho causa conflitos e sofrimento, mostrando como o orgulho pode levar a problemas em nossos relacionamentos.

  • Falta de humildade

Agar também mostrou uma falta de humildade quando ela agiu com orgulho em relação a Sara. Ela pensava que merecia mais respeito e consideração do que Sara, o que a levou a desprezá-la. A falta de humildade é uma qualidade negativa que pode nos cegar para nossos próprios erros e limitações.

  • Falta de perdão

Quando Agar fugiu para o deserto, ela estava relutante com Sara por ter tratado mal. Ela levou algum tempo para perceber que ela também tinha responsabilidade no conflito. A falta de perdão é uma qualidade negativa que pode nos manter presos ao passado e nos impedir de seguir em frente.

Lições que podemos aprender com Agar


O que podemos aprender com Agar são lições valiosas, pois mesmo em meio ao deserto com a morte batendo em sua porta, Agar ouviu e atendeu a voz de Deus.

  • 1. A importância da paciência e confiança em Deus

Agar esperou por anos para ter um filho e sofreu muito por causa disso. Mas ela nunca perdeu a esperança e a confiança em Deus, mesmo quando ela se encontrou no deserto sozinha. Isso nos ensina a importância de sermos pacientes e confiantes em Deus, mesmo quando as coisas parecem difíceis ou impossíveis.

  • 2. O perigo da desobediência

Agar foi dada a Abraão como uma esposa secundária por sua esposa, Sara. Quando Agar engravidou, ela começou a desprezar Sara, o que levou a conflitos e sofrimento. Isso nos ensina que a desobediência às leis e às regras pode causar muitos problemas e conflitos.

  • 3. A necessidade de assumir responsabilidade por nossas ações

Quando Agar começou a desprezar Sara, ela estava assumindo uma atitude errada. Ela acabou tendo que assumir a responsabilidade por suas ações e sofreu por isso. Isso nos ensina que precisamos assumir a responsabilidade por nossas ações e comportamentos, mesmo quando as consequências são difíceis.

  • 4. O poder do arrependimento e do perdão

Agar fugiu para o deserto depois de ser maltratada por Sara. Mas Deus falou com ela e a guiou de volta para Abraão e Sara. Isso mostra o poder do arrependimento e do perdão, tanto de Deus quanto dos outros. O arrependimento pode nos levar a uma maior compreensão de nós mesmos e dos outros, enquanto o perdão pode curar relações quebradas.

  • 5. A importância de reconhecer nossa posição social

Agar era uma serva egípcia em uma cultura patriarcal. Ela não tinha muito controle sobre sua própria vida e estava em uma posição de servidão. Isso nos ensina a importância de reconhecer nossa posição social e como isso afeta nossas vidas e nossas escolhas.

  • 6. A necessidade de cuidar dos mais independentes

Quando Agar fugiu para o deserto, Deus a guiou de volta e o protegeu. Ele também cuidou de seu filho Ismael, que era vulnerável e dependente dela. Isso nos ensina a importância de cuidar dos mais dependentes em nossa sociedade, especialmente aqueles que não têm ninguém para cuidar deles.

  • 7. A força de vontade e a resiliência em momentos difíceis

Agar enfrentou muitos desafios em sua vida, incluindo ser uma serva, ser dada como esposa secundária, sofrer nas mãos de Sara e ter que fugir para o deserto com seu filho. Mas ela mostrou uma força de vontade e uma resiliência incrível, o que nos ensina que podemos ser fortes e resistentes, mesmo em momentos difíceis.

  • 8. A importância de ter fé em Deus

A história de Agar é um testemunho de sua fé em Deus. Ela confiava em Deus mesmo quando coisas pareciam impossíveis e incertas, e Deus a guiou e protegeu ao longo do caminho. O que eu aprendo com a vida de Agar é que a fé em Deus pode nos ajudar a superar os momentos difíceis e nos guiar em direção a um futuro melhor.

O trágico resultado da confusão gerada pelas decisões equivocadas de Abraão, Sara e Agar


O mundo assiste, atônito, ao conflito entre Israel e Palestina. Alguns criticam o governo de Israel pelos ataques, outros o governo palestino, liderado pelo Hamas. No entanto, é preciso conhecer a história de ambos, desde o princípio dos tempos. A história judaica começou há cerca de 4.000 anos, com Abraão, Isaque e Jacó. 

Documentos encontrados na Mesopotâmia, que datam de 2000-1500 a.C., confirmam aspectos da vida nômade desses patriarcas, tal como a Bíblia descreve. Após 400 anos de servidão, os israelitas foram conduzidos à liberdade por Moisés que, segundo a Bíblia, foi escolhido por Deus para tirar seu povo do Egito e levá-los à terra de Israel, prometida aos seus antepassados.

Após a 2ª Guerra Mundial, as Nações Unidas cederam uma porção da terra de Israel para o povo judeu, que era habitada por árabes, cuja maioria protestou, veementemente, contra o fato de a nação de Israel ocupar aquela terra. 

As nações árabes, inimigas entre si, resolveram se unir para atacar Israel, numa tentativa de exterminá-lo, mas foram derrotadas. Aí nasceu toda essa hostilidade entre Israel e seus vizinhos árabes. 

O território israelense é pequeno e está cercado por nações árabes como a Jordânia, a Síria, a Arábia Saudita, o Iraque e o Egito. Israel é, portanto, a terra que o Senhor deu aos descendentes de Jacó, neto de Abraão.

Mas, qual a diferença entre judeus e árabes? Os judeus são descendentes de Isaque, filho da promessa de Deus a Abraão. Os judeus são monoteístas, creem em um único Deus (Javé ou Jeová). Também é o povo escolhido por Deus para que, deles, nascesse o Salvador Jesus Cristo.

Os árabes são descendentes de Ismael, também filho de Abraão. Sendo Ismael filho de uma mulher escrava e Isaque o filho prometido que herdaria as promessas feitas a Abraão, obviamente haveria alguma animosidade entre os dois filhos. 

Como resultado das provocações de Ismael contra Isaque, Sara pediu para Abraão mandar embora Agar e Ismael. Isso causou no coração de Ismael ainda mais contenda contra Isaque.

Ismael não desapareceu das páginas da história sagrada e muito menos ficou sem bênção, meramente por não pertencer à linhagem de Israel. Deus tinha um lugar e um destino reservados para ele. 

O Messias, da linhagem de Isaque, também seria o Salvador dos demais descendentes de Abraão e de todas as famílias da terra. Entretanto, os descendentes de Ismael se tornaram inimigos ferrenhos de Israel, descendentes de Isaque (Salmo 83:1-18). E permanecem assim até os dias de hoje.

Que Deus abençoe a todos e que haja paz em Israel e na Palestina.

Conclusão

A morte de Agar


Por fim, para além do livro de Gênesis, alguns estudiosos identificam Agar com Quetura, a mulher com quem Abraão se casou após a morte de Sara e com quem teve seis filhos: Zinran, Jokshan, Medan, Midian, Ishbak e Shuah. 

Ademais, o Alcorão, bem como alguns judeus, acreditam que Agar foi uma princesa. Por outro lado, Agar é frequentemente admirada como o símbolo das mulheres submissas que perseveram e lutam contra a opressão. Não há registro da morte de Agar.

A história de Agar é um exemplo inspirador de perseverança, fé em Deus e superação de adversidades.

Ao longo deste estudo bíblico, exploramos algumas das lições que podemos aprender com a história de vida de Agar, incluindo a importância da obediência a Deus, a necessidade de confiar em sua providência e a compreensão da diferença entre a lei e a graça.

Enfim, espero que essa história possa inspirar todos aqueles que buscam compreender melhor a Bíblia e a importância de personagens como Agar para nossa vida e fé.

[Fonte: Projeto GospelJornal O Tempo, por pastor Jorge Linhares]

Ao Único e Todo-Poderoso Deus, seja toda glória.
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