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sábado, 25 de março de 2023

PAPO RETO — O CRISTÃO E O DESAFIO NO USO DAS MÍDIAS DIGITAIS

"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai... 
...'Tudo me é permitido', mas nem tudo convém. 'Tudo me é permitido', mas eu não deixarei que nada me domine" (Filipenses 4:8; 1 Coríntios 6:12).
Os jovens da atualidade fazem parte da chamada "geração ponto-com". Nascidos após o surgimento da web, eles têm uma intensa relação com a internet, e mais especialmente com as redes/mídias sociais/digitais. Vivem plugados e conectados a todo instante e gostam de interagir com outras pessoas através dos novos aplicativos de compartilhamento de textos, imagens e vídeos. 

Em face a esse contexto, que, certamente, é um fato irreversível e com propensão de ser cada vez mais potencializado, o educador cristão possui a nobre — e ao mesmo tempo difícil — responsabilidade de preparar seus aprendizes para que encontrem o equilíbrio comportamental adequado, de modo a usufruir dessa cultura digital, sem confrontar os limites bíblicos. 

Em meio a tantas informações que se multiplicam velozmente nas redes sociais, o povo de Deus é chamado a ter discernimento, a fim de usar sabiamente essas novas ferramentas e rejeitar, quando necessário, tudo aquilo que prejudica a vida cristã. É sobre isso, o texto deste artigo, mais um capítulo da série especial "Papo Reto".

I – O FENÔMENO DAS REDES SOCIAIS E SEUS BENEFÍCIOS


Inegavelmente, as novas plataformas de comunicação e interação online são o ponto alto da cultural digital neste Século XXI, alterando até mesmo a forma como interagimos. Pesquisas indicam que pelo menos 70% dos usuários da internet usam algum tipo de rede social. 

Mas, como ocorre com os demais tipos de mídia, os sites de mídia social também podem ser usados para o bem ou para o mal; estão cheios de perigos, mas também podem servir como oportunidade pelos crentes para glorificar o nome do Senhor. Vejamos.

1. A explosão das redes sociais


Nos últimos anos, as redes sociais se transformaram na principal forma de comunicação e troca de informações entre as pessoas. Sites e aplicativos (apps) como Facebook, Twitter, Instagran, WhatsApp Tik Tok (citando aqui os mais populares) e outros, por exemplo, são usados para conectar pessoas e compartilhar informações, ideias e imagens na web. Em nossos dias, elas são tão utilizadas que em alguns círculos é quase incompreensível uma pessoa não possuir uma conta em pelo menos um desses canais. Quem não têm WhatsApp, então, é quase considerado um ser de outro planeta!

2. Os benefícios das redes sociais


Usadas de maneira correta e com sabedoria, as redes/mídias sociais/digitais podem proporcionar vários benefícios. Manter contato com amigos e parentes; criar uma rede de contato profissional; atualizar- se com informações e notícias do dia a dia; adquirir conhecimento; produzir conteúdo e divulgar as ideias para outras pessoas são alguns exemplos de como tais plataformas digitais podem servir como bênção para a vida das pessoas.
Pense! Quando a rede é lançada na direção determinada pelo Mestre, o resultado sempre é positivo. Ponto Importante: usadas de maneira correta e com sabedoria, as mídias sociais podem proporcionar vários benefícios.

II – OS PERIGOS DAS REDES SOCIAIS


Se por um lado as redes sociais apresentam vários fatores positivos, por outro também podem ser nocivas, a depender da forma como são administradas. Vejamos alguns dos seus perigos:

1. Vício digital


Várias pesquisas sérias sobre o tema, são unânimes em afirmar que o vício no uso das redes sociais é uma realidade e tem prejudicado a vida de milhares de jovens e adolescentes da "geração ponto-com". A utilização por horas ininterruptas da internet é um claro sinal de tal compulsão digital. 

Rapazes e moças dependentes que desenvolveram dependência das atividades online não conseguem vencer a tentação de acessar seus dispositivos para acompanhar as publicações de seus contatos. Suas vidas tornam-se dependentes das quantidades de seguidores, de visualizações e compartilhamentos dos conteúdos que postam quase que de forma insana em seus perfis nas plataformas de mídias digitais.

Normalmente, demonstram, como sintomas, desinteresse pelas demais atividades da vida real e sensação de ansiedade e angústia quando não estão conectadas, em momento de abstinência. 
Isso se chama nomofobia! Caso esteja acontecendo com você, é hora de buscar ajuda para libertar-se desse vício (Já escrevi artigo específico sobre esse assunto, aqui ➫ "Nomofóbico: Tavez Você Seja Um e Não Sabe")!
A vigilância e a oração são hábitos espirituais essenciais para o crente vencer a dependência cibernética (Marcos 14:38). Entretanto, afora ajuda espiritual, não é descartada a necessidade de uma ajuda médica.

2. Uso inadequado do tempo


Graças ao poder de interatividade das mídias sociais, há quem passe horas e mais horas conectadas aos seus equipamentos digitais consumindo tempo nas atividades do mundo virtual, seja no decorrer do dia, da noite e até mesmo durante as madrugadas. 

Isso resulta em ociosidade, atrasos e pouco (ou quase nenhum) tempo para estudo, leitura das Escrituras, interação com as pessoas do mundo real e para outras atividades importantes. Já dizia, com a sabedoria do alto, o proverbista Salomão
"Há tempo para todas as coisas debaixo do céu..." (Eclesiastes 3:1) 
e, contextualizando, podemos presumir que há tempo de estar conectado e tempo de estar desconectado das mídias sociais. 

Afinal, somos aconselhados a aproveitar o tempo pois os dias são maus (Efésios 5:15,16). Se você não tem mais tempo para orar e desfrutar de períodos devocionais com o Senhor, em virtude do tempo gasto na internet, então, parafraseando Marcos 1:18, é necessário deixar as redes sociais para estar com Jesus!

3. Pornografia na rede


As mídias sociais também abrem várias possibilidades de acesso à pornografia e conteúdos imorais que aguçam a concupiscência da carne e a concupiscência dos olhos. Pesquisa realizada pelo Instituto Barna apontou que a nova realidade tecnológica dos smartphones e da internet de alta velocidade mudaram fundamentalmente a paisagem da pornografia e a introduziram na cultura atual, passando a ser cada vez mais aceita. Davi caiu em um momento de descuido em sua vida, que o levou ao adultério (2 Samuel 11:1,2).
Tome cuidado com as páginas que você acessa na internet; um clique errado pode ser fatal para sua integridade moral e espiritual.
A recomendação bíblica em 1 Coríntios 6:12, também se aplica aos bate-papos virtuais e às conversas eletrônicas, que às vezes podem conduzir para a troca de conteúdos inadequados. Seja fiel a Deus, ainda que as pessoas não estejam vendo o que você faz!

4. Perigo da superexposição


A exposição exagerada é outro perigo real na utilização das mídias sociais. O compartilhamento indiscriminado e impulsivo de opiniões, imagens e acontecimentos da vida particular expõe indevidamente a imagem de alguém. 

Em muitos casos, essa busca de "curtidas" representa certa fuga da realidade e desejo de aprovação social. Seguindo o exemplo de Cristo, devemos nos afastar da cultura de fama e celebridade instantânea, com modéstia e singeleza de coração. 

A melhor maneira de exposição do crente na sociedade é por meio do brilho de Cristo, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual precisamos resplandecer como astros no mundo (Fp 2:15).

5. Amizades instantâneas e descartáveis


Na maior parte das vezes, os "amigos" das redes sociais não são verdadeiros amigos. Não raro, as amizades são instantâneas e descartáveis. O amigo real é aquele que é mais chegado que irmão (Provérbios 18:24).
Pense! Desconecte-se do mundo virtual e redescubra a alegria de estar fisicamente com amigos e familiares. Ponto Importante: Se você não tem mais tempo para orar e desfrutar de períodos devocionais com o Senhor, em virtude do tempo gasto na internet, então, de novo, parafraseando Marcos 1:18, é necessário deixar as redes sociais para estar com Jesus!

III – USANDO AS REDES SOCIAIS PARA A GLÓRIA DE DEUS


Seja como for, podemos aproveitar as plataformas sociais como uma grande oportunidade para glorificar o nome do Senhor.

1. Glorificando a Deus em tudo


Consideremos o que está escrito em 1 Coríntios 10.31: 
"Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus".
Todas as nossas ações, inclusive aquelas que consideramos mais simples, como acessar a internet, devem glorificar ao Criador. Quando o nosso coração está voltado para a majestade divina, não existem coisas ordinárias; tudo é extraordinário, pois se voltam para a glória de Deus. Reflita se você está usando as redes sociais com o propósito de glorificar a Deus ou simplesmente como passatempo e entretenimento.

O filtro ideal para saber se você tem usado as redes sociais de modo a engrandecer a Cristo está registrado em Filipenses 4:8. Assim, para saber se está usando adequadamente tais mídias pergunte a si mesmo: 
O que estou fazendo é verdadeiro? É honesto? É justo? É puro? É amável? É de boa fama? Há alguma virtude? Deus está sendo louvado? Se as respostas forem positivas, então não há com o que se preocupar.

2. Testemunho no mundo virtual


As Escrituras afirmam que as pessoas davam bom testemunho de Timóteo (Atos 16:1,2). Ou seja, enxergavam nele as evidências, as marcas de um verdadeiro cristão. Igualmente, ao imitarem o proceder de Paulo, os tessalonicenses foram exemplos dos fiéis na Macedônia e Acaia (1 Tessalonicenses 1:6-8). 

Lembre-se, jovem (e também os não tão jovens assim...) de que, no ambiente virtual, você também é avaliado, seja por meio das palavras ou imagens que posta, e pelo modo como interage com os outros. 

Evitar discussões inúteis, proceder com respeito e cordialidade com aqueles que pensam diferente e produzir conteúdo de qualidade são algumas boas maneiras de salgar e iluminar as redes sociais.

Evangelização nas redes


As redes sociais são ambientes propícios para a pregação do evangelho (Mc 16:15), ante a grande quantidade de pessoas que acessam tais plataformas. Nesse ambiente, é importante ter criatividade e usar pontos de contato para atrair a atenção dos descrentes, assim como Paulo fez no Areópago (At 17:23). 

Para tanto, não devemos confundir evangelismo com proselitismo religioso. Enquanto o proselitismo dá ênfase excessiva à religiosidade e à denominação eclesiástica, de forma altiva e às vezes autoritária, o evangelismo genuíno é realizado com amor e humildade, a fim de oferecer a salvação proporcionada por Cristo.

As redes sociais estão influenciando nossa sociedade e nossa família. Concordam?


Eu que sou de uma geração [bem] mais velha [com muito orgulho, diga-se], tipo oldschool saca? (risos), pude notar essa mudança claramente. Quantos de vocês usaram a "internet discada" (e aquele barulhinho estridente, à época, irritante e que hoje me soa como um delicioso saudosismo)? O saudoso e inesquecível Orkut? ICQ?... Antes você se conectava, agora você já está conectado 24h. 

Temos a facilidade de acessibilidade e tecnologia na palma de nossas mãos. Vejam só os celulares. O máximo que os celulares tinham na minha época — isso se alguém tinha condição de comprar um celular — era o jogo da cobrinha. Hoje os celulares são melhores (e, em muitos casos, substitutos) até que muitos computadores.

E qual o impacto das mídias sócias hoje? Observe as pessoas nas ruas, a maioria delas não se olham mais, estão sempre de cabeças baixas mexendo em seus celulares. E as famílias? Não se interagem mais. Nem mesmo os ambientes de cultos estão isentos do frenesi pelo acesso aos celulares.

Li certa vez (e não me lembro onde...) a seguinte frase: 
"As redes sociais unem os de longe e afastam os de perto" [Anônimo]. 
Na mosca. Simples, mas, sem dúvida alguma, acertiva!

As redes sociais são uma realidade, não tem como fugirmos delas, a pergunta que nos resta fazer é: Como cristãos, como podemos lidar com ela?

Compartilho com vocês uma postagem do reverendo dr. Augustus Nicodemus Lopes, da Igreja Presbiteriana, sobre os 7 desafios das redes sociais para os cristãos. O desafio maior é manter estas posturas:
• Domínio próprio — para não desperdiçar tempo demais com as mídias sociais.
• Uma mente pura — para não se deleitar e nem compartilhar notícias, vídeos, postagens, e fotos que promovem a impureza.
• Sensatez — para não dar crédito a tudo que lê e vê – há muita desinformação e notícias falsas propositadamente plantados nestas redes de relacionamentos.
• Sobriedade  para não desnudar sua vida e de sua família em público, trazendo online para dentro de sua casa e de sua intimidade pessoas que você não conhece.
• Paciência — para lidar com comentários, opiniões e críticas de pessoas que não têm educação, bom senso, semancômetro ou qualquer condição de manter um diálogo ou participar de um debate de forma inteligente e cortês. 
• Sabedoria — para não se precipitar em responder e reagir à provocações. Não há fim pacífico para brigas compradas com insensatos e contenciosos.
• Humildade — para entender que apesar do livre acesso à internet permitir que todos escrevam textos e comentem o que quiserem, que isto não faz de você um teólogo, um bom escritor ou um sábio em seus pronunciamentos.

Conclusão


Pense!
"Considerando que Deus é o Ser mais criativo do universo, os cristãos deveriam estar na vanguarda da criatividade que explora as novas tecnologias de comunicação como meios de propagar ideias, elaborar mensagens e comunicar a verdade" (Terrence Lindvall e Matthew Melton).
• Ponto Importante — Não devemos confundir evangelismo com proselitismo religioso. Enquanto o proselitismo dá ênfase excessiva à religiosidade e à denominação eclesiástica, de forma altiva e às vezes autoritária, o evangelismo genuíno é realizado com amor e humildade, a fim de oferecer a salvação proporcionada por Cristo.
A tecnologia impõe uma nova cultura da competição, da performance, da simulação, do imediatismo, culto ao corpo e a crise de identidade. Dentre as muitas faces da tecnologia, o Mundo Virtual tem sido o mais nocivo, em especial aos jovens. 

O conceito básico do Mundo Virtual fundamenta-se em algo que não é físico, que ainda não é realizado, não concreto e não palpável, tornando-o extremamente prejudicial e perigoso. 

Como sabemos, existem coisas que não são boas e nem ruins, pois são simplesmente coisas, isto é, seus efeitos são determinados pela forma como são usadas, determinada ela disposição do coração da pessoa que as utiliza, e o Mundo Virtual é uma delas. É possível identificar quando o Mundo Virtual está sendo benéfico ou maléfico aos seus usuários, especialmente (mas, não especificamente) aos jovens. O Mundo Virtual tem que ser visto como prejudicial quando:

• O tempo na rede é demasiado;
• Estar na rede é mais atraente do que estar com amigos e familiares;
• Para usá-lo é preciso usar de engano;
• O que é essencial é substituído pelo Mundo Virtual.

Gostaria de finalizar este artigo dizendo que nós cristãos, tementes a Deus, precisamos nos policiar e nos esforçar para usar as redes sociais para glória de Deus. Uma pergunta que podemos sempre nos fazer é: Isso que estou postando, curtindo, vendo e fazendo nas redes sociais glorifica a Deus?

Você precisa ser honesto consigo mesmo (caso queira honrar a Deus), e para isso duas perguntas em síntese são necessárias: 
Temos  usado o Mundo Virtual com quem, para quê e de que forma?

Você se considera uma pessoa dependente das redes/mídias sociais/digitais? 

Dicas de sobrevivência na internet

Não use o computador depois que o resto da família estiver na cama. Assim como as ruas da cidade, a Internet é mais perigosa quando atravessada no escuro.

Seja sábio. Isso é particularmente verdade na Internet: Não fale com estranhos.

Proteja a privacidade de sua família. Nunca divulgue o seu nome, endereço, número de telefone ou qualquer outra informação pessoal na Web.

Nunca vá conhecer alguém pessoalmente sozinho. Se você descobrir alguém na rede com quem queira se encontrar no mundo real, tenha certeza de que seus pais estão com você e certifique-se que o encontro aconteça em local público.

Nunca acesse sites pornográficos. Satanás tentará lhe falar o contrário, especialmente no calor do momento, mas tais sites são perigosos para a sua alma e seu futuro matrimônio.

Ouça sua mãe e seu pai. Quando eles lhe pedirem para se desconectar, faça-o.

Socialize-se. Faça pelo menos uma atividade social não relacionada com computador com pessoas reais
A suma do que estudamos neste artigo é a seguinte: 
Use a internet para glorificar a Deus! Isso ocorrerá se você mantiver a sua identidade cristã no mundo virtual, sem desprezar as atividades da vida real. Usemos as mídias sociais com sabedoria e equilíbrio!

• Escrevi mais sobre este tema nos seguintes artigos:  


Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.

sábado, 18 de março de 2023

CONTÉM SPOILERS — "PSICOSE", DE ALFRED HITCHCOCK

O objetivo dessa série especial de artigos, é falar de filmes aos quais assisti, que mesmo quem não assistiu já ouviu falar de alguma forma, e, que possuem significados por trás de tudo, até mesmo nos pequenos detalhes. 

Hoje, como graduando em Psicanálise, é praticamente impossível de ver algum filme, sem que também tente "encontrar" as técnicas utilizadas pelo diretor para evidenciar o comportamento de seus personagens, bem como expor que a psicanálise quase sempre será conduzida de maneira simplificada pelo cinema.

Acabei de rever este filme e vou aqui, com base no que tenho estudado, fazer um leitura mais analítica desse filme, considerado um clássico do terror da sétima arte e, na minha opinião, sem dúvida o melhor de todos na cinebiografia do espetacular cineasta Alfred Hitchcock (1899/1980).

Quero dizer quem fazendo juz ao título da série, esse artigo contém mesmo alguns spoilers, mas creio que você irá assistir ou pesquisar sobre o filme antes mesmo de terminar de ler esse texto, então se prepare! Não vou entrar em detalhes, pois assim como o título, pretendo focar no personagem Norman Bates. Afinal, poucos desconhecem a história do filme, o que faria disso só mais uma resenha como as inúmeras já postadas na internet (basta você "dar um google" e verá).

Detalhes sobre o filme


Bom, já viu aquela famosa cena de uma loira sendo esfaqueada no chuveiro com aquela trilha sonora marcante — que você já ouviu pelo menos uma vez na vida? 

Não é à toa que o filme "Psicose ('Phycho')", de 1960, entrou para a história do cinema como uma obra de suspense audacioso e revolucionário para sua época. 

Baseado na novela do americano Robert Alfred Bloch (✩1917/✞1994) e dirigido pelo majestoso Hitchcock, um dos maiores diretores da categoria, todo o custo de produção do filme foi financiado, inclusive o salários dos atores principais, pois a distribuidora Paramount recusou o projeto, totalizado em US$ 800 mil dólares.

Marion Crane (Janet Leight — ✩1927/✞2004) trabalha como secretária em uma imobiliária, onde possui a tarefa de depositar uma alta quantia na conta de um cliente. 

Crane, ao deparar-se com tanto dinheiro, cai em tentação e foge com todo o dinheiro. Começa a dirigir sem destino e vários acontecimentos atrapalham seu percurso, o que acaba levantando algumas suspeitas. 
Cansada e enfrentando uma enorme tempestade, Marion se hospeda no Bates Motel, único lugar disponível e aberto tarde da noite. O lugar era decadente e solitário, quase à falência pela criação da autoestrada e pelo baixo movimento.

Com o desaparecimento de Marion, sua irmã Lila (Vera Miles) começa uma busca para encontrá-la. Sam (John Gavin —  ✩1931/✞2018), namorado de Marion, e o detetive contratado, Arbogast (Martin Balsam — ✩1919/✞1996) começam a procura. 

A busca é iniciada e logo o Bates Motel é cogitado como um possível esconderijo. O detetive começa uma inspeção no local e considera Norman muito suspeito. Por sua vez, Arbogast informa Lila por telefone de suas suspeitas, e sua intenção de interrogar a mãe de Bates. De repente, o detetive também acaba assassinado por alguém que aparentemente é a mãe de Bates.

A morte de Marion Crane


Essa sequência é, claro, a famosa sequência do assassinato de Marion Crane no chuveiro, a coisa mais chocante e memorável do livro de Bloch, na minha opinião medíocre, por assumir uma situação totalmente inesperada que causa grande impacto no leitor. Ao ser levada para as telas pelo brilhantismo preciso da claquete de Hichcock, faz com a intensidade do que se lê se torne ainda mais pertubador.

Em torno dessa sequência, Hitchcock compôs o que ele mesmo considerou seu maior jogo com o público. Um filme que custou R$ 4.076.720,00 e acabou se tornando seu maior sucesso, bem como o filme mais lembrado de sua extensa filmografia.
Vejam só: O bonachão e debochado Hitchcock afirmou mais de uma vez que as motivações dos personagens, suas ações, não importavam nada para ele, o que importava para ele era conseguir algo através da técnica, que inclusive ele conseguiu fazer. O tiro de Hitchock, ainda bem, saiu pela culatra.
Ademais, o jogo de câmera termina com aquele olhar no final de Perkins para o espectador e então para a foto do carro de Marion sendo resgatado do pântano.

Do suspense ao terror


E esse filme faz um joguinho com o espectador, que consiste em enganá-los com base nas mudanças de rumo da trama. Aliás, a princípio, "Psicose" foi posado como uma comédia.

Na verdade, o primeiro terço do filme é construído sobre a premissa de que o espectador conhece e o personagem não sabe. Sendo assim, indo do suspense ao terror.

Uma análise de Norman Bates


Quando assisti "Psicose" pela primeira vez, em uma fita de VHS, num aparelho de videocasste
(sim, querido(a), sou da época do icônico e hoje já extinto aparelho doméstico de exibição de vídeos, que, então, era um luxo para poucos privilegiados...)
tive uma incrível curiosidade (como sempre) em conhecer mais sobre a história e o contexto que existe atrás da história dos personagens e descobri algumas coisas interessantes, principalmente sobre Norman.

Não tinha conhecimento, mas o caso real de um tal de Ed Gein (✩1906/✞1984) foi inspiração para a criação do personagem. 

Gein foi um homicida americano, condenado pelo assassinato de duas pessoas e o desaparecimento de outras cinco. Seus crimes ganharam destaque, pois costumava exumar cadáveres de cemitérios, fazendo uma espécie de troféu com eles. 

Considerado mentalmente incapaz não foi condenado, devido a sua insanidade. Talvez sua condenação também seja uma relação com os desfechos do filme.

No caso do personagem Norman, é visível a semelhança com Ed Gein. Por sua vez, Bates também assassinou pessoas, incluindo Marion, e transformou uma de suas vítimas  — sua própria mãe  — em "troféu".

Outro fator desencadeador para a personalidade conturbada do personagem é a relação com a mãe. A figura materna, por vezes, é insensata ao ponto de interferir na percepção de mundo do filho, influenciando-o de forma negativa.

O complexo de Édipo é determinante para que a psicose se alastre, nesse caso. Norman era fixado por sua mãe, uma mulher dominadora e fanaticamente religiosa. O fascínio era tanto que Bates assumia a personalidade da mãe, chegando até a vestir-se igual a ela, mas logo sofria de um surto de amnésia. 

Ele acreditava que sua mãe era uma velha e que precisava de amor, sendo sua obrigação cuidar dela. As falas da mãe também insinuam o ódio por todas as mulheres que possam a vir se relacionar com Norman.

Outro importante detalhe é o fato de que o quarto de Norman foi decorado com brinquedos e artefatos infantis, mostrando que não possuía maturidade suficiente para levar a vida por si só, além de sua personalidade quieta e estranha. 

Nota-se também sua solidão, Bates vivia com uma única aparente companhia, a mãe. Seu motel, cada vez mais pacato, não lhe dava outra escolha senão realizar hobbies exóticos como a taxidermia (empalhar animais), sendo esse, aliás, o ponto máximo de sua psicose.

Apesar de todos esses fatores que causariam estranheza a qualquer um que os notasse em um gerente de motel, Bates não parecia suspeito. Mantinha aparências de um jovem correto e visualmente apresentável, estratégia do diretor para causar espanto ainda maior no público. Como o próprio Bates disse no final do filme, 
"Eu não poderia fazer mal a uma mosca".
A partir do momento que se tomou conhecimento do estudo do inconsciente pela psicanálise, essa tornou-se parte primordial para a crítica literária e artística. 

Ao analisar o filme "Psicose", com base na teoria freudiana do complexo de Édipo, é possível mais do que explicar o comportamento de Norman Bates como resultado de um diálogo com sua infância, mas como a fixação materna dele serviu de combustível para sua psicose.

A Psicanálise segundo Hitchcock

Hitchcock e a criação do seu filme


O que imagino sobre "Psicose", não é uma mensagem que intrigou o público, que comoveu, não é um romance de prestígio que cativou o público. O que anima o público é o cinema puro.

Essa é a frase do Hitchcock, que estava muito convicto do que disse a François Truffaut (✩1932/✞1984), na famosa entrevista recolhida em forma de livro quando se refere ao seu filme mais famoso, "Psicose".

Nasceu do interesse do realizador britânico em fazer um pequeno filme, quase uma série. O livro de Robert Bloch foi lido por Hitchcock quando ele viajava, e uma cena foi decisiva para a decisão de fazer a adaptação.

Minha análise psicanalítica despretenciosa sobre "Psicose"


Neste filme podemos ver vários princípios freudianos que se destacam. Por exemplo, podemos diferenciar os níveis da psicanálise de Freud (✩1856/✞1939) simbolizados pela casa em que Norman Bates mora.

Observamos que o primeiro andar, onde se encontrava sua mãe, equivaleria ao superego que são os valores da sociedade, no filme são as normas parentais. O andar térreo seria o Self, o lugar onde Norman vive como uma pessoa aparentemente normal.

Finalmente, o porão corresponde ao Elo, local ao qual Norman decide confinar sua mãe, e que, ao mesmo tempo, é a conexão entre os outros níveis.

Novamente esta mesma teoria é representada na cena em que Norman aparece vestido como sua mãe, seu perfil psicopático finalmente vindo à tona e o cadáver de sua mãe é descoberto. A luta do id e do self pode ser apreciada aqui.

O id (ou princípio do prazer) não aceita as normas sociais e a realidade imposta pelo self. Aplicado ao personagem, vemos como Norman não aceita a morte de sua mãe, por isso se recusa a se desfazer do cadáver, mantendo assim diálogos com ele.

Outra visão é que a mãe de Norman toma um lugar psíquico muito grande dentro dele e o faz ficar/viver dentro de seus próprios delírios, que o faz se tornar uma pessoa delirante.

"Psicose" e o Complexo de Édipo


Por outro lado, outra teoria freudiana que se destaca claramente neste filme é o complexo de Édipo. Freud descreveu sua teoria como o desejo inconsciente de ter um relacionamento com a mãe.

O complexo de Édipo ocorre em bebês do sexo masculino e o complexo de Electra em mulheres. Para eliminar o complexo de Édipo é preciso que uma série de eventos aconteçam na infância da criança mediante o carinho excessivo do filho pela mãe.

Por exemplo, no nascimento de um irmão mais novo, pois com isso a criança aprende a aceitar que sua mãe deve ser compartilhada, também quando a ela começa a reconhecer que o pai é o "dono" da mãe e que ele deve procurar uma substituta.

Relacionando este estudo de Freud a Norman, percebe-se que o jovem nunca teve com quem compartilhar sua mãe, pois ele não tinha irmãos.

Por não enfrentar adequadamente o complexo de Édipo, Norman Bates se encarregará de tudo conforme o seu gosto e dará origem a uma série de acontecimentos que surpreenderão todos os espectadores.

Conclusão


Em suma, Hitchcock fez o filme "Psicose", que de acordo com a visão psicanalista, está diretamente relacionado com o Complexo de Édipo e Id, o princípio do prazer no indivíduo.

Análise psicanalítica a parte, no entanto, Hitchcock foi surpreendentemente capaz de capturar fotos muito boas que chamaram nossa atenção. Além disso, as voltas e reviravoltas inesperadas do filme trouxeram sentimento de frustração e intriga à superfície

Acho melhor parar por aqui. Para quem não assistiu, repito, garanto que esse é um dos melhores filmes do Hitchock. Mais um pouco e eu teria contado o final do filme (eu até queria fazer isso). Contudo, deixo para vocês tirarem suas próprias conclusões quando assistirem. 

Como disse, não queria fazer apenas uma resenha, e sim uma análise diferente de Norman Bates, justamente pelo fato de que o filme já possui sua grandiosidade e reconhecimento.
  • O longa de 1960 teve uma refilmagem homônima, em 1998, sob a direção de  Gus Van Sant. Na minha opinião, foi um remake tão medíocre, que nem merece ser mencionado. Também teve uma série de streaming, baseada no filme de Hitchcock, chamada de "Motel Bates", exibida originalmente, entre 2013 e 2017, pela GloboPlay, da qual não posso nem falar, pois, nunca assisti a uma temporada sequer (não sou chegado à séries, mas, quem sabe agora eu até veja à tal série...). A única coisa que sei sobre ela, é que foi estrelada pelo mesmo ator que protagoniza outra produção famosa, também da GloboPlay, "O Bom Doutor ('The Good Doctor')", Freddie Highmore, que, de acordo com a crítica, esteve excelente no papel do conturbado Norman Bates o que teria garantido a ele o papel do médico autista.
[Fonte: Fapcom, Por Juliana Oliveira; Psicanálise Clínica; Filmov]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

domingo, 5 de março de 2023

POR QUE É IMPORTANTE ANUNCIAR A VOLTA DE JESUS?

"Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem O encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto Ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: 'Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir'" (Atos dos Apóstolos 1:9-11 — grifo meu).
  • O texto deste artigo foi baseado na mensagem que ministrei no domingo, 19/2/2023, no salão congregacional do Ministério Evangélico Gilgal.
Filhos contra pais, pais contra filhos, falta de amor, iniquidades, extinção de espécies, avanço da ciência, fome, tsunamis, guerras. Muitos são os fatos, todos os dias nos noticiários, descritos em profecias bíblicas como sinais da volta de Jesus Cristo à terra.

E isso faz com que muitos teólogos defendam a proximidade do final dos tempos. Um tema que ainda causa dúvidas, mas que deveria estar na ponta da língua dos crentes, pois a mensagem central da Bíblia é o Plano da Salvação de Deus para nossas vidas, o Cristo que virá buscar a Sua noiva.

Fatos sobre a iminente volta de Jesus

"Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre" (1 Tessalonicenses 4:16-17).
A volta de Jesus é mencionado mais de 300 vezes no Novo Testamento, tornando-se a segunda doutrina mais citada em toda a Escritura, depois da Salvação. E muitos são os alertas sobre o fato de que, independentemente do momento, devemos estar preparados. Em Mateus 24:42, Jesus adverte: 
"Vigiai, pois não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor".
Os evangelhos conservam uma promessa: a de que Jesus voltaria. Desde então, essa esperança se faz presente no credo de cristãos e cristãs de todos os tempos. Desde a efervescência do pentecostalismo e do neopentecostalismo, essa pauta está terminantemente presente nas pregações e na expectativa religiosa dos fiéis. 

Para os cristãos da década de 50 do primeiro século, tal questão era também fundamental, basta que olhemos com atenção para a Primeira Carta aos Tessalonicenses e, depois, para a Segunda Carta, por exemplo.

Mas essa preparação extrapola o sentido imediato e serve como um tempo espiritual-pedagógico para todo o cotidiano da existência: estarmos preparados e vigilantes para a segunda vinda do Senhor.

Temos, pois, duas realidades no cristianismo, ligadas à espera pela segunda vinda de Cristo: de um lado, o catolicismo e o protestantismo histórico, com suas ritualidades mais sóbrias e, de outro, o pentecostalismo e o neopentecostalismo, com uma pregação mais apaixonada. 

A pergunta do título que aqui me proponho, partir disso, diz respeito a qual sentido os fiéis cristãos atribuem a essa expectativa. Este espaço, porém, não dedicarei a uma busca por essa resposta, dado a multiplicidade de compreensões teológicas que compõem as doutrinas cristãs na atualidade — muitas delas, inclusive, extremamente equivocadas e outras tantas, verdadeiras heresias. 

Mas, a partir da pergunta, busco estreitar a compreensão do sentido profundo do que significa esperar pela vinda de Cristo e sobre o que é viver o tempo do advento.

O que nos diz a Bíblia?

"Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem. 
Pois nos dias anteriores ao Dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e eles nada perceberam, até que veio o Dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do Filho do homem" (Mateus 24:36-39).
Se voltarmos o olhar para os textos bíblicos, perceberemos que os autores sagrados recorrem a um gênero literário muito específico, o da apocalíptica, para falar sobre a segunda vinda de Cristo. O risco maior é que cristãos e cristãs tomem esses textos de forma literal, fundamentalista. 

Textos apocalípticos são verdadeiros labirintos: é preciso destreza para não se perder em meio às imagens e símbolos. Um fio que nos orienta à compreensão das perspectivas apocalípticas é descobrir que elas se tratam de uma teologia da história, que visam a resistência para os tempos presentes e a esperança para os futuros. 

Na ministração que fiz no culto dominical, no salão congregacional do Ministério Evangélico Gilgal, me ative a falar no que significa esperar pela segunda vinda de Cristo, não trabalhei a literatura apocalíptica em si, justamente por eu não ter domínio dos complexos meandros escatológicos, mas, me propus de forma bem resumida, porém, enfática e com o necessário aprofundamento teológico da história, em textos carregados de afeto e inspiração.

Mas, detalhes e complexidades escatológicos a parte, os sinais apontam mesmo para a proximidade da volta de Jesus? Esse assunto, por certo, ainda é um grande enigma. 

Especialistas em Escatologia, doutrina dos acontecimentos que marcam o fim do mundo, inclusive, abordam que há muitas dúvidas se Jesus sabia ou não qual seria o momento. Em Marcos 13:32, está escrito: 
"Quanto ao dia e a hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai".
Os especilistas explicam que, quando Jesus estava no Seu ministério terreno (corpo humano limitado ao espaço e ao tempo dos homens), agia como homem. Mas, em Apocalipse, Cristo diz ser o dono do tempo, o "alfa e o ômega", o princípio e o fim. O Todo-Poderoso (Ap 22:13). Então, vale concluir que Jesus sabia de todas as coisas: a hora, o segundo e o milésimo de segundo que buscaria a Igreja.

No entanto, ponderam os escatologistas, não é porque o momento exato não foi revelado que Ele deixou de anunciar os sinais de Sua vinda. Quando pegamos os evangelhos do Sermão Profético — passagem bíblica encontrada em Mateus 24:1-31, Marcos 13:1,2 e Lucas 21:5-36 —, encontramos o cenário apocalíptico dos últimos tempos: tsunamis, enchentes, sinais do sol, na lua e nas estrelas, fome, guerra, o falso evangelho e a perseguição ao cristianismo. Todo esse contexto aponta para o Seu retorno

Realmente não sabemos o horário e o momento, mas todos os sinais apontam que Ele pode voltar a cada momento, enfatiza. Então, essa vinda iminente deve estar no coração de todos. Não basta achar que vai demorar, temos também que estar prontos e aguardando a vinda dEle.

Algo além dos sinais...


Os sinais mostram as profecias bíblicas a respeito da volta de Jesus Cristo. Daniel 12:4 relata que a ciência se multiplicaria de forma incrivelmente rápida. Em Mateus 24, está escrito que ouviríamos falar de guerras, fome, terremotos; que haveria ódio dos cristãos, entre outros fatos, com o objetivo de fazer as pessoas se voltarem ao Caminho (Jesus Cristo). 

Está escrito que ainda veremos coisas terríveis nos últimos dias da Igreja de Cristo na terra, mas a promessa do Senhor para nós diz o seguinte: 
"Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo" (Mt 24:13).

A volta é certa


Válido destacar que a tarefa do pregador da Palavra é falar de Jesus e da mensagem da Cruz. Ele foi morto e crucificado, ressurgiu dentre os mortos e virá em breve. 

Os sinais estão acontecendo para todos verem. O próprio Jesus veio falando para os Seus discípulos que tomassem conhecimento e acompanhassem o tempo que estaríamos vivendo. 

Por todos esses relatos (sinais), a vinda de Jesus pode estar muito próxima. Não podemos deixar de pregar a Palavra da maneira sadia e verdadeira para que ela não seja deturpada.

Sobre os falsos profetas, a orientação é 
"...acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores" (Mt 7:15). 
Lembrando esse texto bíblico, Marciano lamentou que esse tipo de prática seja também um sinal que este tempo vivencia.

A mensagem de exortação foi feita pelo apóstolo Paulo a Timóteo (4:3-5). O texto fala acerca dos que não iriam valorizar a Verdade, a Justiça e a Palavra do Senhor.

Hoje muitos líderes de igrejas estão usando o nome do Senhor, intitulando-se cheios de poder, sem nenhum compromisso com a Palavra. Muitas igrejas, em vez de combaterem o pecado, buscam meios que agradem a líderes e não estão preocupadas com a vida eterna. Não podemos deixar de exortar o povo acerca do Evangelho de Cristo, temos que ter compromisso com a sã doutrina.

Existem muitas falas exageradas em relação à vinda de Cristo. O tema dos sinais da vinda total do Reino é muito comum na apocalíptica judaica, e as comunidades cristãs preservaram alguns deles. Por sua vez, a ambiguidade dessas imagens/sinais gerou identificações históricas com exagero.

Expressões apocalípticas (ex: "...guerra e rumores de guerra..." [Mateus 24:6]) ganharam múltiplas indicações e aplicações. Como exemplo, para resolverem problemas exegéticos, alguns agrupam versículos colocando-os em dois grupos: uns ligados à vinda no arrebatamento e outros, ao julgamento final (a segunda parte da volta de Jesus).

Independentemente da perspectiva adotada, a mensagem central anuncia o desconhecimento da data, hora ou situação da volta do Noivo, especialmente porque é muito recorrente no Novo Testamento a ideia de que esse evento precisa ser tratado como certo, ao mesmo tempo em que não pode ser facilmente previsto. 

Isso nos obriga a tornar a parousia uma experiência diária, convocando-nos à vivência da fé como ato de serviço e testemunho, porque "Ele vem sem demora" (Ap 3:11a; 22:12a) Não podemos deixar de exortar o povo de Deus acerca do Evangelho de Cristo, temos que ter compromisso com a sã doutrina.

Tempo de Iniquidade

"E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos" 
(Mateus 24:12). 
Em resposta aos sinais da volta de Jesus, um dos elementos mais visíveis em nossa geração é o aumento da iniquidade. Para a maioria dos estudiosos da escatologia, o que estamos vendo, de forma contundente, é a desconstrução da visão judaico-cristã dos valores espirituais.

Em síntese, eles argumentam que não é só o pecado, mas também é a iniquidade. Trata-se de um nível mais profundo no que diz respeito ao temor de Deus, ao reconhecer a Deus. Jesus disse que os dias que antecederão à Sua volta seriam como em Sodoma e Gomorra, onde havia exatamente a proliferação institucionalizada da imoralidade, do secularismo, da pós-verdade. Esses sinais vão se encaixando numa distorção do nosso Deus.

Os estudiosos citam ainda que os cristãos devem saber avaliar a forma com que a sociedade tenta apresentar Deus. Um caso recente é o filme do grupo humorístico Porta dos Fundos — conhecido por ataques explícitos à fé cristã evangélica em suas peças humorísticas — lançado recentemente pela Netflix, que apresenta uma sátira corrompida, através de uma visão intencional de desconstruir tudo o que diz respeito a Deus e aos valores pertinentes a Ele. 

É a desvalorização do homem e a valorização do prazer. Tudo aquilo que é lei se transforma em tabu. Uma visão distorcida, apresentada de maneira consciente, chegando a um nível mais profundo do que o pecado, a iniquidade.
"O tema dos sinais da vinda total do Reino é muito comum na apocalíptica judaica, e as comunidades cristãs preservaram alguns deles. Por sua vez, a ambiguidade dessas imagens/sinais gerou identificações históricas com exagero"
afirma o pastor Kenner Terra, doutor em Ciência da Religião

Sobre a revelação


O Apocalipse, que revela os fatos do fim do mundo, é um dos livros da Bíblia mais difíceis de ser compreendidos, sendo necessário recorrer a critérios para desvendar sua mensagem. O pastor Kenner Terra, explicou, em entrevista à Revista Comunhão, que o profeta João revela o trono celestial e a verdadeira realidade do mundo de seu tempo. 

Isso seria a "revelação" (apokalypsis) de Jesus (Ap 1:1), cujo conteúdo mostra o funcionamento no céu (capítulos 4 e 5) e a impiedade terrestre escamoteada, neblinada e ocultada especialmente pelo discurso tentador do sistema romano, conhecido como pax romana.
"Enquanto César era proclamado como senhor e garantidor da paz e ordem, João revelou que o Cordeiro imolado, Ele sim, tinha o domínio da história e poderia abrir os sete selos (Ap 5) e na verdade, mesmo que alguns estivessem enganados, o Império era a encarnação, por conta de suas impiedades e maldades, do próprio dragão (12, 13), a imagem maior do caos. 
Quando em Apocalipse 13:2 é dito que o dragão deu o poder para a besta, o mundo e suas tramas são desnudados e vistos como representação da desordem e pecado. Refere-se ao sistema que dominava os setores político, econômico e religioso"
disse.

Essa mensagem de Jesus foi enviada para as sete Igrejas da Ásia, a fim de exortá-las sobre a tentação do sistema do seu tempo e as consequências desastrosas para os que não resistissem, porque isso significaria vender-se às forças, como exortou João, promotoras do antirreino, contra as quais Deus levantar-se-ia.

Conclusão


Nesse sentido, a mensagem é urgente e atual. Quando perdemos de vista essa exortação joanina, podemos confundir sistemas políticos temporais com o próprio Reino de Deus. Além disso, o Apocalipse nos alerta sobre a possibilidade quando somos cooptados por governos humanos, de abraçarmos, inocentemente ou não, projetos que representam o dragão, o caos.

Essa mensagem nos impõe um dos princípios mais caros da tradição protestante: a separação entre Igreja e Estado. Proteger esse valor é preservar nossa função profética. Além disso, o Apocalipse serve de esperança porque anuncia que não há impérios eternos a não ser o Reino de Deus, e que o ponto final não é esse mundo e suas injustiças, mas algo muito maior e melhor (Ap 21:2).

[Fonte: Comunhão, por Heliomara Mulullo; Dom Total, por Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Ele também é autor do livro de poemas "Imprevisto" (Penalux, 2015).]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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