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terça-feira, 29 de setembro de 2020

A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO

  • O texto deste artigo é o esboço da palavra que eu ministrei no culto dominical, do dia 27/09/2020, no templo do Ministério Evangélico Gilgal, a congregação onde estou servindo ao Senhor como pastor.
"Então Pedro, aproximando-se dele, disse: 'Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?' Jesus lhe disse: 'Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete'". [...] "Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe. Disseram então os apóstolos ao Senhor: 'Acrescenta-nos a fé'" (Mateus 18:21,22; Lucas 17:3-5).
A questão do perdão é delicada, porém, muito mais que uma doutrina fundamental no alicerce da vida cristã o perdão é um princípio divino. Por isso precisamos entender o quão precioso ele é.

A falta do perdão — tanto na liberação, quanto no pedido — provoca um aprisionamento espiritual que nos encarcera interiormente a sentimentos nocivos, peçonhentos, malignos e mortais. Essa prisão vai além do campo espiritual e desemboca (e/ou se manifesta) no físico.

Falar sobre não é tão simples como pensamos, pois, bem mais do que apenas saber sobre o que o conceitua, praticá-lo é o nosso maior desafio. Lânguidos e eloquentes discursos são apenas subjetivos se cada um de nós não estiver disposto a realmente praticar o perdão. Jesus na clássica e conhecida oração do Pai Nosso — que não é, como muitos pensam, uma "reza" a ser repetida, mas sim um ensino do Mestre sobre como deve ser a estrutura essencial das nossas orações (no Pai Nosso, Jesus no ensina todos os elementos que devem constar em nossa oração) —, Jesus explica a força do perdão (Mt 6:12). Ou seja, em resumo, o perdão não é uma opção, é uma decisão e ele é uma linguagem do Céu na Terra.

O grande equívoco sobre o perdão

Perdoar não significa esquecer


Existem pessoas que resolvem pegar o passado e enterrá-lo. Preste atenção: você não é o senhor do tempo, o seu passado não é para ser enterrado, mas sim redimido no Sangue de Jesus Cristo. Descave o seu passado, o que você precisa é perdoar, é colocá-lo aos pés da cruz, para que ele seja redimido.
  • Primeiro caso equivocado: perdoar esperando recompensa. 
  • Segundo caso: enterrar o passado. 
  • O terceiro caso: não perdoar, porque essa pessoa lhe fez mal. 
Só quem já conseguiu perdoar verdadeiramente alguém sabe a sensação de leveza e tranquilidade que isso traz. E essa sensação vem, inclusive, acompanhada de outras vantagens para nossa saúde física e mental. Porém, para conquistar tudo isso, é preciso respeitar o processo e se permitir, porque esse ato tem mais a ver com nós mesmos do que com a pessoa que enxergamos como objeto de nosso perdão. 

A noção de perdão em nossa cultura é carregada de uma conotação moral, é considerado um ato de amor que produz uma transformação nas pessoas, que redime e nos torna melhores do que antes. 
"A ideia é bonita, está presente na poesia, mas deixa de lado algo psiquicamente mais importante, que é a ideia de que o verdadeiro perdão envolve reparação",
explica psicólogo e psicanalista Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo). Porém, uma coisa é certa: vale a pena se dedicar a essa empreitada.

É comum imaginarmos o ciclo do perdão completo quase como uma página em branco. Sem mágoas, sem ressentimentos, mas também sem história, algo impossível de alcançar. Então, imagine que o processo do perdão é como olhar para suas dívidas simbólicas. Assim como você tem o banco, que registra o que comprou, gastou, quanto precisa devolver e retribuir, todos temos um passivo com pessoas, situações, lugares, com nossos sonhos, o que se deixou de fazer. Por isso, a inspeção dessa dívida simbólica é importante. 
"Quem fica obcecado com a página em branco é porque não quer ver o extrato bancário, porque está com medo. Esse é o primeiro momento, olhar e ver o real tamanho da dívida simbólica, porque ao mantermos isso fechado, os juros aumentam, o valor se inflaciona e vira um monstro que, na realidade, não existe, mas existe na fantasia"
elucida Dunker. 

Depois é chegada a hora de pensar nos atos reparatórios. Cada pessoa tem um jeito. Como pagar aquela dívida, em que moeda? De que forma? Isso não importa, o que vale é acontecer a reparação da experiência prejudica. 
"Pense com calma em como prefere consertar isso. Existem pessoas que podem ajudar a fazer isso, conversas que ajudam. Muitas vezes em conversas com amigos, pessoas que confiamos e mudamos nosso entendimento, procurando um ângulo em que a história possa ser recontada"
ele reforça.

Entendido isso, vamos ver quatro importantes pontos sobre o perdão.

1 — O perdão é uma vontade de Deus (Mt 18:21, 22)


A pergunta de Pedro soava como se o espírito de perdão fosse uma mercadoria que pudesse ser pesada, medida e contada; como o ato de perdoar pudesse ser parcelado pouco a pouco até um limite bem definido. Se esse limite fosse atingido, então a distribuição do perdão deveria cessar.

Talvez Pedro quisesse parecer bonzinho, piedoso, espiritual e tinha a capa da religião para o amparar, mas os cálculos de Deus transcendem a mesquinhez da matemática humana, pois tudo o que vem de Deus é infinito, eterno e sobrenatural. 

Mas e resposta de Jesus definitivamente acabou com esse tipo de pensamento. Ele até respondeu a pergunta de Pedro usando da mesma lógica quantitativa; mas Jesus fez isso um modo que ficasse clara a qualidade abundante e incontável do perdão. É exatamente disso que se trata a expressão "setenta vezes sete".

70 x 7?


O resultado desse cálculo simples não era ensinar que seus discípulos deveriam perdoar quatrocentos e noventa vezes (que é o resultado de 70×7). Ao contrário disso, o objetivo de Jesus Cristo era ensinar que o verdadeiro perdão jamais poderá ser contabilizado. 

Então ao dizer que seus discípulos deveriam perdoar não apenas sete vezes, mas até setenta vezes sete, basicamente Jesus estava dizendo que seus seguidores deveriam perdoar sem jamais cessar; eles deveriam demonstrar essa atitude compassiva quantas vezes fosse preciso.

O desejo de Deus é que estejamos sempre prontos a pedir e a liberar perdão.

2 — O perdão é condicional (Mt 18:23-35)


Nesta parábola, Jesus ilustra de maneira ampla e objetiva que o perdão do Senhor a nós é condicional e/ou proporcional à nossa disponibilidade em perdoar aos outros. O perdão divino é um dos componentes da graça, no entanto, é, ao mesmo tempo, condicional em que, proporcionalmente, estejamos dispostos a perdoar os outros também. 

Ou seja, o perdão é prático e tem seus efeitos, gera seus frutos. Queremos ser perdoados? Então, pratiquemos o perdão. Aquela frase absurda — que, inclusive é dita por muitos crentes —, "Eu não sou Deus para perdoar", não faz sentido algum.

3 — O perdão é uma decisão (Mt 18:26, 27)


Não existe um "preparo psicológico" para o perdão. Eu não tenho que "sentir" para perdoar. Tudo o que nós precisamos para liberar perdão já nos foi dado através de Jesus (Lc 23:33, 34 cf. Atos 7:54-60).

O perdão não nasce do nosso sentimento, mas sim da nossa decisão, que é uma decisão de amor, uma graça que Deus nos dá. Algumas vezes, perdoamos querendo algo em troca ou falamos: "Perdoei tal pessoa, mas ela não muda"; no entanto, o perdão é nosso. Não podemos esperar mudança nem reconhecimento, o perdão precisa ter gratuidade.

Há pessoas que se decidem a não perdoar, e se você livremente não toma a decisão de perdão, você não entra no rio da misericórdia.

4 — O perdão é uma questão de fé (Mt 18:18, 19)


No texto citado acima, vemos a importância da concordância entre os envolvidos em questões espirituais. É necessário fé para perdoar. A fé e o perdão andam juntos e são inseparáveis, indissociáveis. Por esse motivo, quando foi confrontados sobre a realidade do perdão, os discípulos logo clamaram:
"...Senhor, acrescenta-nos a fé!" (Lc 17:5).
Só através da fé progressiva conseguiremos praticar o perdão. Há um mover sobrenatural no Céu e na Terra quando o perdão entra em ação. Por isso as forças opositoras, criam tanto resistência para exerçamos esse princípio do Senhor.

Como o perdão pode fazer bem para quem perdoa


Uma análise de diversos estudos feita por pesquisadores do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College London, na Inglaterra, mostrou que raiva e a hostilidade podem aumentar a incidência de doenças cardíacas em pessoas saudáveis. Os pesquisadores inclusive sugerem que intervenções voltadas para a administração da raiva e da hostilidade sejam adotadas como parte de programas de prevenção de doenças cardíacas. 
"O perdão é extremamente eficaz no controle da raiva, pois seu objetivo é exatamente esse: libertar a pessoa que perdoa dos efeitos nocivos que surgem quando nos vemos prisioneiros dessas emoções"
conta Flora Victoria, mestre em psicologia positiva aplicada pela Universidade da Pensilvânia. 

Existem também inferências indiretas do perdão. Um processo de perdão abandonado pela metade gera um nível elevado de culpa. Já a culpa é uma variante da angústia. 
"Quanto mais angustiados, mais expostos ficamos para doenças psicosomáticas, desenvolvimento de sintomas psicológicos, dificuldade em ter contato com o outro de forma empática. Nos individualizamos, ficamos solitários conforme não criamos laços"
destaca Dunker.

Outras diversas pesquisas já constataram que a falta do perdão, contribuí e potencializa a ocorrência de graves problemas físicos de saúde, como depressão e até mesmo câncer.

Conclusão


Conseguir se livrar da mágoa pode ajudar principalmente na redução do estresse e na mudança da percepção de perigo em relação às outras pessoas. 
"Quando não perdoamos, o mundo é um lugar mais assustador. É mais provável que você sinta desconfiança e que se ofenda mais facilmente"
diz o psicólogo Luskin.

O perdão é um componente nos relacionamentos, em todos os âmbitos. Ele nos ajuda a entender também que podemos lidar com a nossa dor para que tenhamos maior probabilidade de confiar novamente.

O perdão tem dois extremos, dois polos, não antagônicos, mas de ligação: a liberação e o recebimento. Ou seja, tanto e beneficiado quem libera, quanto quem recebe o perdão. Próximo passo: sem demora pedir ou liberar perdão, seja qual for o caso e fazer isso sem conjecturas, questionamentos, especulações, sem delongas. 


A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

PAPO RETO: PORQUE É MAIS FÁCIL CHORAR COM OS QUE CHORAM...

...do que se alegrar com os que se alegram?

"Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram..." (Romanos 12:15)
Na epístola do apóstolo Paulo, enviado à igreja em Roma, no capítulo 12, do versículo 13 ao 21, vemos o apóstolo dos gentios dando uma interessante e conflitante série de orientações aos irmãos que ali congregavam.

Interessante por se tratar de orientações práticas que deveriam ser aplicadas nos relacionamentos sociais, intersociais, pessoais e interpessoais que caracterizam o estilo de vida não só para aquele grupo, mas para toda a comunidade cristã na face da Terra, sem limitação de tempo e independente de contextos sócio-culturais.

Conflitante no sentido de que, convenhamos, na quase maioria dos casos (quiçá, na maioria deles), o que vemos é justamente o contrário, com muita, mas muita rara exceção mesmo. O que parece é que essas instruções bíblicas só foram válidas para os crentes romanos daquela igreja. Muitas vezes dizemos que esse tipo de conduta é praticamente impossível. 

Mas, será mesmo? E porque as coisas são assim? Porque lemos, pregamos aos outros, cobramos dos outros, entretanto, quando é a hora da gente praticar, consideramos as dificuldades? Este é o cerne da reflexão proposta no texto deste artigo.

"Pimenta nos olhos dos outros é refresco"


Acredito que todos nós conhecemos e já fizemos uso inúmeras vezes desse antigo e clássico dito popular. E ele traduz a mais pura realidade. Você já parou para analisar o quanto as pessoas gostam de compartilhar as desgraças alheias? 

Com o advento das redes/mídias sociais/digitais esse fenômeno se tornou mais evidente. É muito comum as pessoas postarem imagens e vídeos de confusões, brigas, escândalos, de tragédias, de acidentes e de tudo mais que por ventura envolva os outros, quer sejam celebridades ou anônimos, do que as conquistas, os sucessos e as vitórias obtidas. 

Quando alguém é vitimado por algum revez, atingido por algum infortúnio, logo a notícia (e suas variadas versões) se espalham, são compartilhadas e viram pautas de acalorados debates e rodinhas de fofocas. Agora, o mesmo não acontece ao contrário. Quando alguém, por exemplo, fala publicamente sobre uma conquista, sua postagem pode receber até milhares de visualizações, mas quase nenhum comentário ou curtida.

Me lembro que quando o jornalista Ricardo Boechat (☆1952/✟2019) faleceu vítima de um trágico acidente, quando a aeronave na qual ele viajava bateu na parte dianteira de um caminhão, na Rodovia Anhanguera, em São Paulo, no início da tarde de uma segunda-feira, 11/2/2019, enquanto uma moça que testemunhou o acidente, se arriscava na tentativa de resgatar os envolvidos no acidente, outras pessoas estavam de longe, com seus smartphones a postos, na tentativa de conseguir uma melhor imagem para postar em grupos de redes sociais. Eu fiquei chocado tanto com o acidente, quanto com a covardia daqueles caras que ao invés de ir ajudar a corajosa moça, estavam mais preocupados em conseguir um melhor ângulo, uma melhor imagem do acidente e das vítimas.

E essa morbidez medonha não foi uma exclusividade do acidente do jornalista, mas há tempos se tornou uma epidemia social. É impressionante o quanto as pessoas gostam de gravar e fotografar os acidentes e suas vítimas. Se houver pessoas com os corpos mutilados então, aí é que o desejo fica desenfreado. E, quando postadas nas redes sociais, a velocidade com a qual essas imagens grotescas são compartilhadas e se tornam virais é algo assustador.

Uma outra coisa que as pessoas adoram repercutir em redes sociais são os escândalos envolvendo líderes ou personalidades evangélicas. Se as pessoas tivessem o mesmo interesse em compartilhar toda a contribuição social e humana que muitos líderes cristãos fazem diariamente, ajudando na restauração de vidas, através da pregação do Evangelho de Jesus ou mesmo através de serviços sociais, seria uma maravilha. 

Mas, que nada! Isso é do interesse de quem afinal de contas? A pastora acusada de ser a mentora do assassinato do marido pastor ou os cantores gospel que disseram coisas infelizes e desnecessárias dão muito mais ibope. Ou saber sobre aquela pessoa que se dizia evangélica e foi pega em um flagrante de alguma prática imoral ou ilícita, é muito mais interessante compartilhar e repercutir.

O fato é que as pessoas são sempre céleres em compartilhar as desgraças alheias do que o sucesso de alguém. As desgraças alimentam a alma dos invejosos, já o sucesso faz com que eles morram de inanição.

O que temos anunciado?

"Como são maravilhosos, sobre as colinas, os pés do mensageiro que anuncia as Boas Novas, que comunica a todos a Paz, que traz boas notícias, que proclama a Salvação, que declara a Sião: 'O teu Deus reina!'" (Isaías 52:7; cf. Rm 10:15).
Paulo faz uma citação do Antigo Testamento aplicando a mensagem de Deus através de Isaías, ao contexto da pregação do Evangelho pelo mundo. A expressão 
"Quão formosos são os pés dos que anunciam boas novas"
 é uma forma poética para indicar o quão bem vindos eram essas pessoas portadoras de boas notícias. No contexto da Carta aos Romanos, essas boas notícias são as novidades de salvação, ou seja, o Evangelho de Cristo.

Vimos que quando Isaías escreve 
"Quão formosos são, sobre os montes, os pés daqueles que anunciam as boas novas...",
basicamente ele diz que a mensagem que os profetas anunciavam é muito animadora e maravilhosa. Por isso os pés desses arautos eram formosos; eles levavam pelos montes aqueles que eram portadores das boas notícias de Deus para a restauração de Israel. Através daqueles mensageiros os israelitas ouviram que, pelo favor divino, poderiam novamente retornar a sua pátria.

Então o apóstolo Paulo usou a declaração do profeta Isaías justamente em referência àqueles que pregam o Evangelho de Cristo. O Evangelho é a boa notícia de Deus para a libertação do pecador e para a restauração de seu relacionamento com Ele.

De fato faz todo o sentido dizer que são formosos os pés dos que anunciam o Evangelho. Se noutro tempo a mensagem de restauração do cativeiro era uma boa notícia, que dirá então a mensagem que proclama a libertação do homem do cativeiro do pecado. Numa expressão poética, sem dúvida são também formosos os pés daqueles que anunciam o Evangelho de Cristo. Sim, os arautos do Evangelho são mais do que bem vindos!

Quando um mensageiro percorria grandes distâncias para levar as boas notícias à cidade, frequentemente seus pés chegavam machucados e empoeirados pela longa viagem. Mas ainda assim eram pés formosos, pois eles traziam as boas notícias tão esperadas. Assim também é o ministério dos que anunciam o Evangelho — e, não tenha dúvida, assim também eram os pés do peregrino Jesus, aqueles que foram lavados com as lágrimas e enxutos com os cabelos da mulher na casa de Simão (Lucas 7:36-38)

Há muito desgaste, e nem todos ouvem verdadeiramente a mensagem proclamada. Mas apesar de tudo, nada tira a formosura do privilégio de ser embaixador do reino de Deus, proclamando as boas novas de Cristo. Por isso 
"quão formosos são os pés dos que anunciam o Evangelho".
 Ou seja, mesmo que a ministração da Palavra não atraia os holofotes, todos os que receberam o desafio de anunciá-la, devem se sentir privilegiados e diferenciados.

Alegria ou tristeza, qual a sua opção?


Depois de ter demonstrado aos cristãos de Roma os grandes presentes que Deus deu à humanidade com a pessoa de Jesus e o dom do Espírito Santo, o apóstolo Paulo dá indicações sobre o modo de responder à graça recebida, especialmente nas relações entre os próprios cristãos e deles com todos os outros.

Paulo convida a passar do amor para com aqueles que partilham a mesma fé ao amor evangélico, isto é, ao amor para com todos os seres humanos, uma vez que, para quem tem fé, o amor não conhece fronteiras, nem pode ser restrito apenas a alguns.

Um detalhe interessante: a frase
"Alegrai-vos com que se alegram..."
apresenta em primeiro lugar a partilha da alegria com os irmãos. Realmente, a inveja torna muito mais difícil alegrar-se com a alegria dos outros do que sofrer com suas aflições.

Pode até parecer que viver dessa maneira seja como querer escalar uma montanha inacessível demais, um cume impossível de atingir. No entanto, isso se torna possível porque as pessoas de fé são sustentadas pelo amor de Cristo, do qual nada nem criatura alguma poderá jamais separá-las (cf. Rm 8:35-39).

Ou seja, Paulo disse aos cristãos que eles devem cultivar a empatia. Empatia não é coisa fácil. Mais do que simpatia, que é sentir com o outro, empatia é sentir como que dentro do outro.

Por alguma razão estranha, parece que mais facilmente choramos com o que chora. Nem sempre ficamos contentes com a alegria do outro. Será que a vitória do outro me incomoda, porque eu não venci como ele? Será que o elogio que deram a ele deveria ter sido dado a mim? Será que o que eu tenho sentido por ele não é bem amor, mas um sentimento mascarado de competição? Afinal, ninguém se alegra com a vitória do inimigo.

Na descrição que Paulo faz do amor, aprendemos que o amor 
"...não inveja..." 
"...se alegra com a verdade..." (1 Coríntios 13:4b, 6b). 
Somente alegra-se com a alegria do outro aquele que, realmente ama o outro. Faça o teste da empatia. Procure alegrar-se com a alegria do outro.
"...Chorai com os que choram"
no contexto do que diz a Palavra de Deus, nos ensina que sim, haverá um tempo em que as pessoas enfrentarão dificuldades, situações que podem trazê-las aflição e lágrimas. O que fazer então? Não devemos ser insensíveis. Devemos ter compaixão e compreensão. Isso, em absoluto, quer dizer que devemos ficar na torcida para que os outros se deem mal.

Quando os três amigos de Jó foram vê-lo, eles rasgaram suas vestes e choraram com ele (Jó 2:11-13). Quando Jesus foi visitar a família de Lázaro, Ele chorou, já que amava àquela família e dor de Marta e Maria pela perda do irmão, era também a dor dEle (João 11:35). Como lemos em 1 Coríntios 12:24-26: 
"Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela; Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele."
Haverá um tempo que um membro do corpo será honrado. Alegremo-nos. E haverá tempo em que um membro sofrerá. Soframos com ele. 

Conclusão


A síntese é: se um irmão está em dificuldades? Não o evite. Sofra com ele. Há um tempo para chorar e um tempo para sorrir, diz a Palavra de Deus (Eclesiastes 3:4). Isto não é apenas para alguns, mas para todos. Se, portanto, é um tempo de choro para um irmão, nãos sejamos indiferentes, mas soframos com ele. E de modo contrário, se for um tempo de júbilo e alegria, não sejamos ciumentos, invejosos, mas alegremo-nos com ele.

A Deus toda glória. 
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sábado, 19 de setembro de 2020

FILMES QUE EU VI — ESPECIAL: "O DILEMA DAS REDES", ORIGINAL NETFLIX

Você é um ciberviciado, ou seja, um viciado em Internet? Você conseguiria ficar um dia inteiro sem o celular? Não responda antes de terminar de ler esse artigo.

Cada vez mais jovens se interessam pelo mundo virtual, deixando o real de escanteio. Internet em excesso, assim como álcool e drogas, pode viciar, causa abstinência, mas tem tratamento. 

Você chega da escola ao meio dia. A primeira coisa que faz é entrar no Zap para checar suas notificações de mensagens. Em seguida, almoça, com o celular à mesa, claro, conectado a alguma rede social: manda recados para os amigos, vê os vídeos recebidos, envia aquela selfie e, em casos mais extremos, até joga os games oferecidos. E a refeição? Hã, ah, depois você faz.

Como se não bastasse todo o tempo que já passou online (há os que ficam conectados praticamente 24 horas por dia ininterruptamente), decide pesquisar na rede o tema do trabalho que terá em classe na semana que vem (ou pelo menos é o que diz para os seus pais que fará).

No finalzinho da tarde, já com a vista cansada, liga o videogame na internet e joga com os amigos, conversando com eles por meio de um fone de ouvido. Chega a hora do jantar, faz (quando faz) rapidamente as atividades escolares e/ou outras e volta correndo para o smartphone, até a hora de dormir, depois de muita insistência dos seus pais, lógico. Mas o dispositivo está lá, à postos, na cabeceira da cama e, às vezes, até mesmo debaixo do travesseiro, como se ele fosse uma parte integrante do seu ser.

Se a cena acima retrata o seu cotidiano, você precisa entender mais sobre o vício na rede, problema que tem se tornado mais comum do que se imagina. Especialistas no mundo inteiro estimam que 10% dos usuários da rede mundial de computadores já tenham se tornado dependentes. Ainda de acordo com eles, desses, 3% são jovens de até 16 anos. O problema ficou ainda mais latente durante a quarentena e o isolamento social. Já que as pessoas não podiam sair de casa, encontraram na Internet não só uma janela, mas uma porta para o mundo.

Mas, afinal, qual é a linha entre o normal e a doença quando o assunto é Internet? Quais são os sintomas que identificam a dependência? Como tratar? Confira a seguir as dicas dos especialistas:

16 sintomas do vício em Internet

  1. Ter mais de cinco amigos virtuais, que você simplesmente não conhece pessoalmente;
  2. Exclusão. Antes, vários amigos ligavam para você querendo conversar. Agora, isso é bem raro; 
  3. Ficar irritado quando está há mais de uma hora sem Internet;
  4. Evitar sair de casa se for para ir a lugares sem Wifi (ou qualquer outro meio de acesso à Internet);
  5. Só falar e saber de games da web, redes sociais e "pessoas virtuais";
  6. Mentir a respeito do tempo que costuma passar conectado;
  7. Ir mal na escola (ou no exercício de qualquer outra atividade) por conta do computador ou de qualquer outro dispositivo eletrônico que te conecte à rede;
  8. Desobedecer os pais — patrões, gestores ou qualquer outra pessoa que exerça autoridade sobre você — quando eles o mandam sair do computador — "geralmente meus pais enchem o meu saco para eu sair do computador e a cada dia insistem mais";
  9. Não ter motivação para fazer nada que não tenha a ver com o computador ou com a internet;
  10. Estar com a autoestima bem baixa;
  11. Ter se tornado um indivíduo caseiro, antissocial e solitário;
  12. Sempre se negar a fazer as coisas que antes lhe davam muito prazer;
  13. Se sentir triste, ansioso ou deprimido na maior parte do tempo;
  14. Querer sempre gastar muito dinheiro com aparelhos e tecnologias digitais;
  15. Já ter passado mais de 10 horas online em um único dia.
  16. Já deu prejuízo para os seus pais — ou a outrem — ou já comprometeu mais do que ganha para garantir o celular que acabou de ser lançado no mercado.

O Dilema das Redes


Nós tuitamos, gostamos e partilhamos… mas quais são as consequências da nossa crescente dependência das redes sociais? Polêmico, perturbador, assustador e preocupante, assim classifico o filme em formato de documentário, "O Dilema das Redes" disponível na plataforma de streaming Netflix. 

O longa entrou em catálogo no dia 9 de setembro, mas, apesar de sua seriedade e até mesmo urgência, pela tratativa que enfoca, ele ainda não consta nas primeiras indicações da plataforma.

Cuidado, você está sendo manipulado


O documentário nos proporciona uma visão corajosa e quase que revolucionária ao "desmascarar" a outra moeda sobre as tecnologias. 

As questões das redes sociais são bastante adotadas na obra pela manipulação que nos impulsiona, principalmente nos dados em que as empresas têm dos indivíduos e os quais mapeiam os interesses desses.

Desbastando o emaranhado tecnológico das redes


"O Dilema das Redes" nos revela o lado negativo do espaço virtual e como verdadeiros "peixes", somos atraídos e fisgados por essa viciante rede de tecnologia digital.

O mais importante, é que os depoimentos no filme documentário não são feitos por um bando de "cientistas da achiologia" — cuja academia de formação, são justamente as redes sociais —, mas de especialistas com robustos e inquestionáveis argumentos, muitos deles, aliás, participantes no desenvolvimento dessas mídias digitais que tanto nos assediam e nos viciam, gradual, sistemática e cronicamente. 

Dessa forma, temas como a psicologia humana e manipulação são enfatizados no enredo, além de trazer especialistas da área tecnológica e diretamente do Vale do Silício, o polo da tecnologia norte-americana.

Argumentos alicerçados em fatos


A importância de entender os algoritmos também é algo repetido pelos especialistas, compreender que o seu caminho na Internet está, na verdade, sendo guiado e não livremente aberto para explorar dar um novo sentido no ciberespaço.
"É exatamente o tipo de coisa que um hacker como eu criaria, porque estamos explorando uma vulnerabilidade da psicologia humana"
Revela Sean Parker, Empreendedor norte-americsmo, co-fundador do Napster, Causes e Plaxo e que participou do projeto de criação do Facebook.

As plataformas digitais tornam-se cada vez mais essenciais para nos mantermos ligados uns aos outros, e figuras de Silicon Valley revelam-nos como as redes sociais estão a reprogramar a civilização, expondo o que se encontra do outro lado dos nossos ecrãs.

Mr. Robot: a influência das mídias digitais nas eleições


As eleições, como as do Brasil e Estados Unidos, foram um dos temas de destaque. 

A influência das redes sociais diante das eleições presidenciais foram de suma importância para que líderes como Donald Trump e Jair Bolsonaro subissem ao poder nos países americanos. 

O documentário explora a importância desses meios de comunicação para fortalecer as campanhas desses políticos, mas também chama a atenção para o fenômeno das fake news, muito utilizadas para denegrir adversários, confundir e manipular a decisão dos eleitores.

Uma outra abordagem de importância e relevância para a saúde pública, é a referente a enorme enxurrada de boatos quando foi deflagrada a operação contra a pandemia mundial do novo coronavírus. Mentiras sobre a origem do vírus, sobre o tratamento e absurdas teorias conspiratórias, foram disseminadas e compartilhadas à exaustão, como ervas daninhas no universo online.

Conclusão

De quem é a responsabilidade?


Trailer oficial do documentário

Além disso, a obra se atenta a uma tentativa de solucionar todas as consequências negativas da Internet para o mundo.

Os especialistas apontam para a responsabilidade humana sobre os seus atos, até porque são os humanos que detém do poder dos softwares e máquinas para que toda a rede funcione.

Dessa maneira, a perspectiva da humanidade deve se atentar ao fato de que cada um tem uma parcela de responsabilidade, tanto para os benefícios quanto para os malefícios proporcionados pelas redes sociais e os demais espaços do ciberespaço.

Por tudo isso, esse documentário é FUNDAMENTAL para pais, filhos, educadores, estudantes, líderes religiosos, gestores de RH, empresários... enfim, para todos nós, "vítimas" em potencial do vício cibernético, que como já foi comprovado cientificamente, é tão nocivo quanto o vício em álcool ou drogas.

Se você ainda não assistiu, não deixe de assistir URGENTEMENTE!

Ficha Técnica


  • Trailer Fonte: YouTube.
  • Sinopse disponibilizada pela Netflix
  • Título original: "The Social Dilemma"
  • Direção: Jeff Orlowski
  • Duração: 94 minutos
  • Gênero: Documentário, científico
  • Classificação: 12 anos
[Fonte: Fala! Universidades, por Amanda Marques, visitado em 19/9/2020] 
A Deus toda glória. 
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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

LIVROS QUE EU LI — "GIGANTE" (QUE DEU ORIGEM AO CLÁSSICO FILME "ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE"), DE EDNA FERBER

Uma obra de ficção (ou talvez não) sobre texanos que perpetuam preconceitos contra os mexicanos, que trabalham para eles. Além do mais, tratam as mulheres como acessórios lindos e brilhantes. Uma sociedade tão diferente e completamente alienada dos Estados Unidos que habita, o Texas sempre foi tão grande quanto complexo. E a autora Edna Ferber (☆1885/✟1968) parecia entender muito bem isso.

Polêmica contextualizada

Das páginas do livro para as telas do cinema


Apesar do choque inicial, principalmente na época do lançamento de "Gigante" ("Giant") em 1952, ao saber-se que sua autora era uma mulher que havia nascido em Michigan, nos Estados Unidos e nunca havia sequer visitado o Texas, o livro foi um sucesso estrondoso. 

Alguns anos depois, em 1956, seu livro tomou forma em um filme estrelado por Elizabeth Taylor (☆1932/✟2011, "The Flintstones, o Filme", 1994), Rock Hudson (☆1925/✟1985, "O Embrião", 1976) e James Dean (☆1931/✟1955, "Juventude Transviada", 1955) chamado "Assim Caminha a Humanidade" ("Giant", 1956), lançado depois da morte de Dean que foi em 30 de setembro de 1955 e se tornou um grande clássico das telas. 

Sobre a autora


Mas ao contrário do que se pensa, Edna Ferber era uma mulher de fibra e não se intimidava nem com suas críticas e nem com os estúdios de Hollywood: 
"Eu escrevi o livro 'Gigante'. Eu escrevi como queria escrever. Não foi escrita com a ideia de ser lançada como um filme. Eu nunca a escrevi desse modo."
Apesar disso, inúmeras das histórias de Edna chegaram às telonas como "ShowBoat" (1926), "Cimarron  — A Jornada da Vida" (1920), a peça "No Teatro da Vida", além de "Saratonga Trunk" ("Mulher Exótica") que foi estrelado por Ingrid Bergman (☆1915/✟1982, "Anastácia", 1956) e Gary Cooper (☆1901/✟1961, "Matar ou Morrer", 1952).

Edna Ferber nasceu em 15 de agosto de 1885 e assim que se formou do colégio já começou a trabalhar para jornais em Wisconsin, nos Estados Unidos. Seu primeiro livro foi publicado em 1911, aos 26 anos de idade, chamado "Dawn O'Hara". E, apesar de uma longa lista de histórias em seu currículo, o seu trabalho mais famoso hoje em dia é justamente "Gigante" por unir as três das maiores estrelas do cinema da época em um filme só. 

Sinopse do livro

(E, consequentemente, spoiler do filme)


"Gigante" de Edna Ferber conta a história de Leslie Lyntton, no filme vivida por Taylor, uma garota de sociedade dos EUA que pode não ser uma beldade, mas tem inteligência, elegância e astúcia de sobra. Assim ela chama atenção de Bick Benedict, no filme interpretado por Rock Hudson, um grande e forte fazendeiro do Texas que com seu jeito macho (tipo eternizado na carreira do galã, em contraponto com sua homossexualidade enrustida na época, mas que veio à tona pouco antes de sua morte, na década de 1980, em decorrência de complicações da AIDS),e simples de ver o mundo, acaba atraindo Leslie, principalmente do modo apaixonado que ele fala de sua terra.

O casamento acontece rapidamente e logo Leslie descobre que a vida no Texas, nos Estados Unidos é feito de distâncias e distâncias sem fim. A distância dos ricos com os mexicanos, de quem a terra foi roubada, a distância entre os empregados, em especial Jett Rinker (no filme, vivido brilhantemente por Dean, em uma de suas melhores atuações da curta carreira), um faz-tudo que se apaixona por Leslie e de quem sua infelicidade e ganância o corrói.

Vale lembrar que essa é uma história bem diferente do que os texanos estavam acostumados a verem sobre si nas telonas, afinal John Wayne (☆1907/✟1979, "O Último Pistoleiro", 1976) os representava de modo durão e justo, sempre enaltecendo seu estilo de vida. 

Incompreensão ou imbecilidade?

A arte imitando a vida?


Após o lançamento de "Gigante", Edna recebia ameaças de mortes constantes de pessoas certas de que ela ameaçava o estilo de vida da população. Até a Warner Bros, produtora do filme, ficou preocupada pelas similaridades representadas com a realidade de diversas pessoas que o livro retratava.  De acordo com o livro "Edna Ferber's Hollywood: American Fictions of Gender, Race, and History" de J. E. Smyth (sem tradução no português), a família Benedict foi inspirada pela família Kleberg, uma das mais influentes do Texas.

A família construiu o grande hotel King Ranch, conhecido como Reata no livro de Ferber, e o fez crescer e chegar ao número de mais de 2,400 km² de extensão. A família também foi responsável por colocar uma estação de trem no sul do Texas. Já a figura de Jett Rink foi baseada no milionário do petróleo Glenn McCarthy, que já com 26 anos de idade tinha duas perfurações de petróleo no Texas e como a personagem do livro, ele sonhava muito querendo construir um grande hotel na sua cidade, um sonho que ele alcançou, mas não sem consequências.

Mas em entrevista para o The Mike Wallace Interview em 1957, Glenn ficou um pouco relutante em concordar com as semelhanças do livro e sua vida pessoal: 
"É um pouco como minhas experiências...bem, não é minha opinião de que Ferber escreveu minha vida no livro, mas é a opinião de vários amigos meus em Hollywood. Eu não gostei do livro, achei que foi oportunista."
O livro, no entanto, era sim inspirado em Glenn McCarthy. A autora, conhecida por escrever livros que descreviam ou tratavam de pessoas marginalizadas ou com uma história mais ficcionalizada, estava de olho na relação de amor e ódio que as pessoas tinham com o Texas.

Assim quando Glenn McCarthy, que ao nascer pobre, achou petróleo e construiu com todo seu dinheiro um hotel no Texas, o Shamrock, chamando várias estrelas como Carmen Miranda (☆1909/✟1955, "Entre a Loura e a Morena", 1943) e Errol Flynn (☆1909/✟1959, "O Gosto Amargo da Glória", 1958) para inauguração e fazendo uma festança; inclusive mostrando um filme que havia produzido; a oportunidade e o debate era bom demais para Edna Ferber deixar passar.

Afinal: o Texas era uma gigante contradição — produzia cowboys justiceiros e machistas, que queriam que tudo permanecesse igual, e homens do petróleo que desperdiçavam e muito seu dinheiro, sem pensar em consequências.

Minhas impressões sobre o livro

Há prós e contras na medida certa


A linguagem do livro de Edna não é nada informal. A escritora gasta muito tempo falando sobre o clima do Texas, que como sabe-se é quente e seco, e é nisso que ela peca. Talvez tenha sido uma tática para demonstrar como a vida no Texas é árdua e um tanto monótona, mas para o leitor isso mais parece uma tática de preencher algumas páginas a mais sem muito esforço. 

O romance de Leslie e Bick não parece convincente. Os dois não tem nada em comum e, apesar de algumas surpresas no meio do caminho da vida a dois, parecia que a noiva tinha muito mais química com o tio de seu marido, apesar dele ser anos mais velho do que ela. Leslie e Bick discutem por tudo, o tempo todo e não concordam em nada ao que diz respeito ao Texas — se ela quer ajudar os mexicanos a terem uma melhor condição de vida, ele manda para que ela não se meta, se ela quer transformar a casa, ele também não deixa.

Mas, apesar de todas as contradições entre os relacionamentos amorosos em "Gigante", o forte do livro é como ele lida com o preconceito. Desde o filho mais velho de Bick, o franzino Jordan apaixonando-se e casando com uma mexicana, até Judy, uma jovem independente que quer desvendar o mundo e proteger àqueles com menos oportunidades do que ela, a família Benedict tinha tudo para dar errado, mas deu certo.

É isso que torna o livro "Gigante" de Ferber tão especial. A família Benedict representa, no livro de Edna, portanto, o Texas, um estado tão grande com inúmeros conflitos, que tinha tudo para dar errado, mas deu muito certo. Já Jett Rink representa a ambição do Estado e como ela, em grandes quantidades, sem um âncora, pode levar à destruição. Os Benedicts são o exemplo do modo de vida texano antigo e Jett Rink, o novo, o excitante e o destrutivo, por fim.

O melhor do livro de Edna Ferber é que ela não mostra os Benedict ou Jett Rink como certo ou errado e vice/versa. Os dois têm suas falhas extremas, como o racismo, a ganância e a superioridade texana. Todos fazem parte de uma sociedade patriarcal que tenta reprimir a mente curiosa e pensante de Leslie, ingênua na vida, mas sagaz nos livros.

Conclusão


Embora o filme "Assim Caminha a Humanidade" seja de fato um dos grandes clássicos da sétima arte, eu só me interessei em assisti-lo depois de ler o livro que o originou. Isto porque, "Gigante", livro de Edna Ferber é uma daquelas histórias que fica com você bem depois de sua leitura. Seja amando ou odiando o livro, a verdade é que Edna teve a coragem de retratar o Texas e o preconceito dos EUA contra os imigrantes antes de muitos outros. Infelizmente, essa é uma pauta que continua mais atual do que nunca e a obra da escritora merece ser mencionada nesta discussão.

Um livro denso, com inúmeras contradições e ensinamentos, "Gigante" é uma história para ser digerida aos poucos, mas ah, é um dos melhores livros para começar discussões e debates sobre raça e privilégio, algo de extrema importância, hoje e sempre. Por isso vai receber meu carimbo de 
  • Livro: "Gigante" ("Giant")
  • Autora: Edna Ferber
  • Páginas: 290 
  • Editora : Torres de Papel; 1ª Edição (20 fevereiro 2015)
[Fonte: Caixa de Sucessos]

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domingo, 13 de setembro de 2020

VOCÊ CONVIDOU JESUS PARA SUA FESTA?

Passe segurar, um, vazio, copo vinho, taktsang, rastro, vale paro, paro,  butão | Foto Premium
O texto deste artigo é baseado na mensagem que ministrei ontem (13/9), no culto de celebração da Ceia do Senhor, realizado na congregação onde sirvo como pastor. A mensagem teve como base o conhecido texto que está registrado no evangelho escrito pelo apóstolo João, no capítulo 2, versos do 1 ao 11.

As bodas em Caná da Galileia não só registram o primeiro milagre de Jesus, onde Ele transforma água em vinho, mas tratam de um evento histórico e com uma profunda essência profética, que sinaliza o caráter messiânico no ministério de Jesus Cristo.

No texto deste artigo, não entrarei nos meandros teológicos da narrativa bíblica, pois, acredito que isso já foi feito inúmeras vezes e por ministros bem mais teologicamente capacitados do que eu.

Jesus, mais do que um convidado


Na ocasião das bodas de Caná, Jesus não era conhecido publicamente como Messias ainda. As pessoas o conheciam por uma função bem mais humilde: Jesus de Nazaré, o carpinteiro.

Nada de multidões e alvoroço. Apenas almoço aos domingos com a família. Orações no Templo e na sinagoga, festas de casamento, e só. Jesus era uma pessoa comum. Até aquele dia.

Dias antes Jesus havia sido batizado por João Batista. Logo após encontrou Felipe e Natanael, João, Pedro e André. O convite provavelmente chegou a Ele por intermédio de Maria (2:1,2). Veja que o texto diz que 
"Maria estava ali, e que Jesus e seus discípulos também foram convidados".
 Isso nos leva a pensar que o convite foi primeiramente dirigido a ela  e que, portanto, ela tinha intimidade com as famílias dos noivos.

Acabou o vinho, e agora?


O vinho nos dias do ministério de Jesus representava a alegria. Dessa forma, acabando o vinho, acabaria a alegria. Então, educadamente Maria diz a Jesus: 
"Eles não têm mais vinho" (2:3). 
Ou seja, acabando a bebida, acabaria a festa e sobraria a vergonha, o vexame... Depois de todo os preparativos para aquela cerimônia — as festas de casamentos dos dias de Jesus duravam de 3 a 7 dias — quando estava chegando o momento crucial, o momento da confirmação dos votos matrimoniais, o ponto mais importante daquela cerimônia, eis que acaba o vinho. E agora? Imagine a tensão na qual ficou o noivo diante daquela situação. Quando ele pensava que tudo tinha sido feito perfeitamente organizado, tudo de acordo com as convenções ritualísticas da religião judaica, algo deu errado. 

Todo o foco daquele noivo, toda a expectativa dele em relação à noiva, em relação a tão esperada noite de núpcias em que eles se entregariam um ao outro na plenitude física do amor, agora, podia ter ido tudo por água abaixo e ele, ao invés de sair dali triunfante, corria o risco de sair dali envergonhado, taxado de incompetente, corria o risco de levar sobre si o peso insuportável da humilhação, do opróbrio público e todos o conheceriam por aquela mancha em sua vida.

Mas não, Jesus estava lá e onde Ele está, nunca falta absolutamente nada!

Mais que um milagre...


Não deixa de ser estranho que o Evangelho de João, que conta apenas sete milagres do Senhor, dê tanta atenção a este milagre que, à primeira vista, parece ter até muito pouco valor. Faltava vinho num casamento e Jesus fê-lo aparecer, transformando em vinho a água destinada às lavagens religiosas. 

Também conhecidas como "talhas", esses potes de pedra eram uma espécie de tanque de água que comportavam de 80 a 120 litros (metretas) de água. Era nessas talhas que os judeus faziam seus rituais de purificação.

Jesus ordena aos serviçais das bodas de Caná que encham os recipientes com água. O que eles obedientemente fazem. A Bíblia não diz se eles questionaram ou não, mas encheram, apesar de parecer uma ordem estranha — afinal, eles eram os cerimonialistas, os responsáveis pelos detalhes, portanto, obviamente, a ordem do Mestre, a princípio, pareceu-lhes sim estranhas e fugia completamente do natural: o que tinha a ver a água com o vinho? O que tinha faltado era o vinho e não a água. E mais, o que tinha a ver o vinho puro com aquelas talhas preparadas justamente para absorver as impurezas (2:6-8)?

  • 1. Uma história, dois sentidos


Mas há um ponto que não podemos ignorar: é que no Evangelho de João as histórias contadas têm sempre dois sentidos. O primeiro é o dos fatos em si. Neste caso, houve mesmo um casamento e Jesus, sua mãe e seus discípulos estavam lá, como convidados. Nesse casamento Jesus fez a transformação da água em vinho. Estes são os "fatos simples" e em si mesmos de "pouco valor". Se Jesus tivesse vindo à Terra apenas para fazer estes prodígios não lucraríamos muito com isso — apesar de, nos dias atuais, muitos priorizarem os sinais e as atividades ministeriais em detrimento da soberania da Palavra.

Mas há também nas narrativas de João um segundo sentido. É o sentido secreto, espiritual, se assim o quisermos chamar. E esse é infinitamente mais importante. Alguém disse que o Evangelho de João é como um abacaxi. É um fruto com uma aparência interessante, embora estranha. Mas o importante não é a parte de fora. É preciso tirar-lhe a casca e depois então é que descobrimos um fruto de sabor delicioso.

Lembremo-nos que na Bíblia o casamento humano serve várias vezes para ilustrar a relação que há entre Deus e o Seu povo. O livro Cântico dos Cânticos  — ou Cantares — é um poema muito belo sobre o amor de um homem e uma mulher, mas foi colocado na Bíblia como livro canônico porque ele, esse amor, é também uma parábola sobre o amor de Deus por Israel, a sua amada, e do amor que Deus quer receber da sua amada. Há muitas passagens do Antigo Testamento que nos falam de Deus como o marido de Israel, mas citarei apenas um texto, muito poético de Ezequiel. Diz Deus através do profeta: 
"Passando por ti, vi-te, e eis que o teu tempo era de amores: e estendi sobre ti a auréola do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em concerto contigo, diz o Senhor Jeová, e tu ficaste sendo minha" (16:8).
Deus quer que Israel — e o mesmo podemos dizer da Nova Israel, que é a Igreja —, quer que o Seu povo viva numa perfeita união e fidelidade com Ele, como idealmente uma esposa vive unida ao seu marido. Se quisermos dizer isto em termos individuais, diremos: Deus quer que eu viva a minha vida, num relacionamento de comunhão e fidelidade a Ele, nessa unidade feliz que um casamento puro deve ser. A religião que Deus quer que tenhamos, ou melhor: a vida que Deus quer que tenhamos, se for vivida nessa união com Ele, será algo além de uma religião, será uma vida plena, de alegria.

  • 2. A palavra-chave


A palavra-chave de uma vida de autêntica união com Deus é a alegria. E a alegria, na Bíblia, sabe como é representada? É pelo vinho!

A Bíblia não propõe, obviamente, o alcoolismo — antes pelo contrário! — mas é um fato fácil de constatar é que se há alguma coisa que possa servir bem para ilustrar a alegria é o vinho. 

Sob este entendimento já podemos perceber o que é que a mãe de Jesus quer dizer nesta passagem quando, olhando para aquele banquete, disse ao Filho: 
"...Não têm vinho..."
A simples observação constata que falta alegria neste estilo de vida que os homens criaram, afastados de Deus.

Diretamente, esta história denuncia a religião judaica, tal como Jesus a encontrou nos seus dias. Era um casamento em que não havia alegria, não havia vinho. Naqueles dias e naquele país vinícola não havia forma mais grave de retratar o Judaísmo que dizer dele que era como um casamento em que não houvesse vinho.

  • 3. Um fardo pesado


O Judaísmo daqueles dias era uma religião de rituais, de leis e mais leis. Um fardo pesado, como o Senhor o designou por várias vezes. Uma religião que os homens cumpriam como um carregador que leva sobre os seus ombros um fardo pesado, que o esmaga, que gera cansaço, enfado.

Os judeus viviam oprimidos com a ideia do pecado. Tudo era pecado e os rabinos e todos os chefes religiosos pareciam apostados em tornar as coisas cada vez mais complicadas. Inventavam ritos e regras para explorarem os sentimentos de culpabilidade das pessoas. 

As lavagens de purificação são disso um exemplo. Purificavam continuamente as mãos, as louças, as roupas, a sua cama, a sua casa. Não lhe chamavam de "água benta", mas usavam aquela água como se ela tivesse algum poder divino (qualquer semelhança com os dias atuais, não é mera coincidência).

Quando lemos esta passagem com atenção não podemos deixar de ficar admirados com a quantidade de talhas que estavam naquela casa e a quantidade de água que elas levavam. Água para as purificações, não para beber. Se fosse para beber, vá lá que fosse, mas para purificação, é muita água. Seiscentos litros de água que foram depois transformados em seiscentos litros do melhor vinho.

Mas não falemos dos judeus antigos porque são passado. Nem falemos dos atuais. Falemos de nós, cristãos, e do modo como estamos vivendo a nossa relação com Deus. Não é ela também, para muitos, um fardo pesado? Não há tantos para quem há também a opressão do pecado, o sentimento de que acabam por nunca agradar a Deus?

Não será a vida de muitos homens e mulheres do nosso tempo também um casamento onde falta o vinho? Ou seja, onde falta a alegria? Essa agonia em que viveu o frade Martinho Lutero, que o levava a desesperar e a perguntar-se o que deveria fazer para encontrar a paz espiritual, não é ainda hoje o drama de muitas vidas? Ou então não há tantas vidas que vivem de um modo insípido, de que a água das talhas é bom símbolo? Não há vidas de muitos ditos cristãos que estão sendo vividas como se fossem um casamento sem vinho?

Jesus sempre tem o melhor, é Ele o nosso melhor

Mas como sair dessa situação?


É preciso convidar Jesus para a nossa vida, como aquela família O convidou para o casamento. Mas não basta dizer-lhe: "Entra, Senhor. A partir de agora tu estás em minha casa (vida)". No livro de Apocalipse, Jesus diz: 
"Eis que estou á porta e bato: se alguém ouve a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei e ele comigo" (3:20). 
Ele entra se Lhe abrirmos a porta, mas há mais a fazer, e é Maria quem dá o conselho fundamental. Sua mãe disse aos serviçais: 
"Fazei tudo o que ele vos mandar" (Jo 2:5). 
É preciso aceitar aquilo que Ele diz, que Ele manda fazer, que Ele promete.

Há uma história engraçada, com que vou terminar, e que ilustra bem porque é que muitos são membros de igrejas e não sentem aquela alegria que a história de Caná promete. Era um homem que ia por uma estrada afora com um fardo às costas. Ia muito cansado, e ofegante por causa do peso do fardo e pela marcha. Nisto parou um carrinho junto dele e o motorista perguntou pela vidro: 
"O senhor vai para a cidade? Quer uma carona?"
 O caminhante rejubilou: 
"Oh, sim, senhor. Agradeço muito!".
Como não havia lugar ao lado do motorista este disse ao caminhante para entrar pela porta de trás. O homem entrou, fechou a porta e sentou-se feliz num caixote que ali estava. Uns quilômetros depois, o motorista pelo retrovisor viu que o homem a quem dava boleia ainda estava com o fardo às costas e disse-lhe: 
"Ó senhor, ponha o fardo no chão, não vá carregado!".
 Mas o homem respondeu: 
"Ora, já basta o favor que faz de me levar a mim, quanto mais levar também o meu fardo!"
Nós rimos deste homem. Mas quantos levam ainda sobre eles o fardo da religião e dos pecados em lugar de o deixar nas mãos de Jesus, que disse: 
"Vinde a mim, vós todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mateus 11:28)!

Conclusão


Foi nas Bodas de Caná da Galileia que Jesus Cristo começou a operar seus milagres. O seu primeiro milagre promoveu a continuidade da alegria em uma festa de casamento, na celebração da família como Deus a criou: homem e mulher. Ele está sempre pronto a trazer alegria aos nossos lares, casas, famílias, filhos. Aquilo que é feito por Jesus em nossas casas é com certeza, sempre, o melhor!

A presença de Jesus em nossos lares, famílias, negócios..., enfim, em nossa vida nos traz segurança. Ao estar presente nas bodas de Caná da Galileia, ele conferiu sua aprovação ao casamento entre um homem e a mulher e mostrou o quanto ama a família conforme Deus instituiu (Marcos 10:6-8).

A minha oração é para que Jesus esteja continuamente em nossas vidas. Trazendo alegria. Nos surpreendendo. Nos dando sempre o melhor. Irmãos e irmãs, entreguemos tudo na nossa vida a Cristo e teremos o cumprimento da abundância prometida por Ele.

A Deus toda glória. 
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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

PERSONAGENS BÍBLICOS — AFINAL, QUEM FOI ZAQUEU?

"Como Zaqueu, eu quero subir o mais alto que eu puder só pra Te ver, olhar para Ti e chamar Sua atenção para mim. Eu preciso de Ti Senhor, eu preciso de Ti, oh Pai. Sou pequeno demais, me dá Tua paz, largo tudo pra Te seguir. Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha estrutura, sara todas as feridas. Me ensina a ter santidade, quero amar somente a Ti porque o Senhor é meu bem maior. Faz um milagre em mim".
Essa é a letra da famosa música 'Faz Um Milagre em Mim' — que foi faixa do CD "Compromisso" (2008) e deu título a outro álbum gravado ao vivo (2009) — , do cantor e compositor Regis Danese. A canção, da autoria de Joselito e Kelly Danese, fez grande sucesso, ganhando prêmios (Troféu Talento: Música do Ano, 2009; Prêmio Música Digital: Categoria Música Religiosa mais Vendida, 2009), e chegou a ser gravada até mesmo por cantores (Gusttavo Lima, Mc Marcinho), duplas (Simone & Simária) e grupos seculares (Pique Novo), ganhando novas versões, por exemplo, pagode e até funk. Ela também foi gravada pelo padre Marcelo Rossi).

Pois é, que a tal música foi um mega hit, não se discute. Esta música foi inspirada numa passagem bíblica, na história de Zaqueu. Entretanto, muita gente andou cantando ela sem saber absolutamente do que se tratava. Eu, particularmente, não gosto dessa música. Escrevi um artigo específico sobre ela ➫ aqui. Pois bem, mas, vamos deixar essa música pra lá e vamos conhecer um pouco sobre a história desse famoso personagem bíblico.

Zaqueu, na Bíblia


Ao iniciar o estudo sobre Zaqueu, logo algumas palavras me chamaram a atenção. O texto de Lucas 19 descreve que Zaqueu queria ver quem era Jesus, mas não podia por causa da multidão, e porque ele era de pequena estatura. Na verdade, não se tem muito o que dizer sobre esse cara, a não ser o que a Bíblia já nos indica.

Zaqueu era um homem rico e tinha um bom cargo, ele era chefe dos publicanos de Jericó. Publicanos eram cobradores de impostos do Império Romano. Os Judeus não gostavam deles pois eles eram corruptos e roubavam dinheiro do povo.

Quem eram os publicanos?


Eles pagavam um certo montante de dinheiro à Roma, e passavam a ter o direito de cobrar impostos, mas faziam isso geralmente com práticas extorsivas, enriquecendo às custas da miséria dos Israelitas, pondo um fardo pesado sobre o povo.

Os publicanos também eram responsáveis por supervisionar as construções e as obras públicas, e muitas vezes forneciam suplementos às legiões do exército que era inimigo de Israel, o exército Romano.

Por isso, eles eram considerados traidores do povo de Deus, e eram contados com os impuros e pecadores. Não eram mais considerados Judeus, ou seja, não eram mais vistos como filhos de Abraão.

Jericó fora um eixo comercial importante visto que era uma interseção de várias rotas (entroncamento). Era uma cidade abastarda por seu mercado de bálsamo. Essas eram razões para Zaqueu, um coletor de impostos, viver ali.

O encontro entre Jesus e Zaqueu


Jesus estava a caminho de Jerusalém, mas antes decidiu passar em Jericó. Todos ficaram sabendo e foram correndo para ver Jesus, alguns subiam em pedras outros em bancos e cadeiras, mas como Zaqueu era muito baixo ele não enxergava Jesus. Zaqueu correu na frente da multidão e subiu em uma árvore para conseguir ver Jesus.

Zaqueu era odiado por seus compatriotas, e poderia ser espancado, ou apedrejado. Por isso ele temia a multidão. Ele não possuía um porte físico de um guerreiro, e ficaria em uma situação de fragilidade.

Zaqueu morava e trabalhava no distrito de Jericó. Importantes rotas comerciais passavam naquela região, que também contava com um palácio herodiano. Aliás, Herodes o Grande e seu filho Arquelau, realizaram obras significativas naquela região.

Segundo o historiador Flávio Josefo, Jericó também possuía um importante polo de produção de palmeiras e bosques de bálsamo. O unguento derivado do bálsamo de Jericó era muito desejado na época. Tudo isso significa que aquela área era uma fonte de impostos muito significativa. Jericó era uma das três principais coletorias de impostos da Palestina, e Zaqueu era um dos principais responsáveis por essa arrecadação.

Como foi dito, a Bíblia diz que ele era um "chefe dos publicanos". Essa designação traduz o grego architelones indica que ele era um subcontratante de outros coletores. Portanto, Zaqueu tinha sob sua supervisão alguns coletores responsáveis por arrecadar os impostos indiretos para o governo romano. Isso significa que Zaqueu era um homem importante, uma pessoa proeminente em sua região. Por isso o texto bíblico completa a informação dizendo que ele era um homem rico.

Jesus foi até a árvore que Zaqueu estava, chamou-lhe pelo nome e mandou ele descer, pois naquela noite Jesus queria se hospedar em sua casa. Zaqueu desceu o mais rápido possível, ficou muito feliz com a notícia e levou Jesus até sua casa. A multidão não gostou e nunca imaginaram que Jesus iria se hospedar na casa de um homem que roubava, de um corrupto.

Chegando em sua casa, Zaqueu e Jesus conversaram. Zaqueu se arrependeu, confessou seus pecados e disse a Jesus que iria dar metade de seus bens aos pobres e que iria devolver quatro vezes mais o valor que havia roubado das pessoas. Jesus ficou muito feliz e declarou que a salvação chegou naquele lar.

Porque Jesus passou em Jericó?


A rota mais difícil, de quem vinhada Galileia para a cidade de Jerusalém, descia pelo vale do Jordão, seguindo o rio Jordão até chegar em Jericó. Esse território era conhecido por Jesus. Anos antes, ele esteve com João Batista nessa região.

Fora dali, no deserto de Judá, que Ele subiu numa montanha no episódio da tentação, por 40 dias e noites. Assim, Jesus conhecia bem a região de Jericó. Talvez essa seja a razão de que, quando Ele chegou na cidade, uma multidão o recebeu prontamente.

Zaqueu, o puro, impuro


Zaqueu, portanto, era assim considerado impuro, se bem que o seu nome em Hebraico é זַכַּי — Zacai, que vem da raiz זָכַך — Zachar, que significa limpo, puro. Esse nome era muito usado na época do Segundo Templo (logo após o retorno dos Judeus do Exílio Babilônico), como vemos no livro de Esdras:
"Estes são os filhos da província, que subiram do cativeiro, dentre os exilados, que Nabucodonosor, rei de babilônia, tinha transportado a babilônia, e tornaram a Jerusalém e a Judá, cada um para a sua cidade" (2:1).
"Os filhos de Zacai, setecentos e sessenta" (2:9).
No encontro com Jesus, Zaqueu demonstrou realmente a natureza de seu arrependimento genuíno. Esse arrependimento não ficou apenas na teoria, ou se limitou a palavras vazias. Ele revelou esse arrependimento na prática ao declarar estar doando, naquela mesma hora, metade de suas possessões aos pobres. Ao contrário do que interpretam os espíritas, ele não estava tentando obter a salvação através de boas obras, mas estava entregando diante de Jesus simplesmente sua oferta de ação de graças.

Mas Zaqueu não parou nesse ponto. Ele se comprometeu a devolver quadruplicada qualquer quantia que tivesse defraudado de alguém. Normalmente a Lei Mosaica exigia que numa restituição fosse acrescentado um quinto do valor a ser restituído como um tipo de juros (Levítico 6:1-5; Números 5:7). Zaqueu, no entanto, decidiu fazer ainda mais do que isso. Ele não ofereceu um quinto de acréscimo em sua restituição, mas quatro vezes mais.

Considerando o fato de ele ter doado metade de suas posses aos pobres, e declarado na presença de todos uma restituição tão generosa, parece claro que Zaqueu tinha sido desonesto ao longo de sua vida. Direta ou indiretamente, o chefe dos cobradores de impostos havia permitido uma cobrança excessiva.

Porque "Filho de Abraão"?

"Jesus lhe disse: 'Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão'" (Lc 19:9).
Tem muita gente que acredita equivocadamente, que essa fala de Jesus sobre Zaqueu, significa que ele era um tipo de "crente desviado" da época. Mas, não é absolutamente nada disso.

Obviamente o objetivo de Jesus não era dizer que o publicano Zaqueu era um descendente físico do grande patriarca Abraão. Mas ao dizer que ele também era um filho de Abraão, Jesus estava se referindo ao sentido espiritual. Naquele dia Zaqueu estava se juntando pela fé no Filho de Deus à verdadeira descendência de Abraão (cf. Gálatas 3:9,29).

Conclusão

Ensinamentos dessa história


Muitas pessoas se esforçam para tentar provar que Zaqueu não teria sido um extorquidor, um ladrão, como se Cristo não pudesse, jamais, ter olhado para um corrupto. Todavia, todo o contexto da história de Zaqueu aponta para outra direção. 

Naquele dia Jesus mostrou compaixão para com alguém que certamente não merecia. Sim, Jesus entrou numa casa que ninguém mais dentre o povo gostaria de entrar. 

Podemos levar para nossas vidas alguns aprendizados com a história de Zaqueu:
  • A humildade que ele teve ao descer daquela árvore para receber Jesus até sua casa.
  • Podemos ver que Jesus ama a todos e que Ele veio para salvar, mesmo Zaqueu sendo um homem odiado por todos, Jesus o amava, se hospedou em sua casa e levou o arrependimento e salvação.
  • Vimos que a multidão julgava os pecados de Zaqueu, mas não viam que eles também eram pecadores.
  • A vida com Jesus é diferente, quando Jesus chega em nossas vidas, ele trás transformação de atitude, Ele pode mudar a pessoa mais odiada.
  • Quem encontra Jesus verdadeiramente em seu coração, passa por transformação profunda no seu caráter.
  • É impossível alguém ter um encontro com Jesus e permanecer o mesmo, porque Ele tem o poder de transformar o mais impuro pecador em uma árvore frutífera, que dão frutos para a vida eterna.
Esse foi o mérito de Zaqueu, o mérito de ter sido encontrado por Deus. Ele olhou pra Deus, e Deus o encontrou. Essa é a história de Zaqueu contada pela Bíblia, é preciso saber mais alguma coisa? Para mim, não!

A Deus, toda glória. 
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