O texto deste artigo é baseado na mensagem que ministrei ontem (13/9), no culto de celebração da Ceia do Senhor, realizado na congregação onde sirvo como pastor. A mensagem teve como base o conhecido texto que está registrado no evangelho escrito pelo apóstolo João, no capítulo 2, versos do 1 ao 11.
As bodas em Caná da Galileia não só registram o primeiro milagre de Jesus, onde Ele transforma água em vinho, mas tratam de um evento histórico e com uma profunda essência profética, que sinaliza o caráter messiânico no ministério de Jesus Cristo.
No texto deste artigo, não entrarei nos meandros teológicos da narrativa bíblica, pois, acredito que isso já foi feito inúmeras vezes e por ministros bem mais teologicamente capacitados do que eu.
As bodas em Caná da Galileia não só registram o primeiro milagre de Jesus, onde Ele transforma água em vinho, mas tratam de um evento histórico e com uma profunda essência profética, que sinaliza o caráter messiânico no ministério de Jesus Cristo.
No texto deste artigo, não entrarei nos meandros teológicos da narrativa bíblica, pois, acredito que isso já foi feito inúmeras vezes e por ministros bem mais teologicamente capacitados do que eu.
Jesus, mais do que um convidado
Na ocasião das bodas de Caná, Jesus não era conhecido publicamente como Messias ainda. As pessoas o conheciam por uma função bem mais humilde: Jesus de Nazaré, o carpinteiro.
Nada de multidões e alvoroço. Apenas almoço aos domingos com a família. Orações no Templo e na sinagoga, festas de casamento, e só. Jesus era uma pessoa comum. Até aquele dia.
Dias antes Jesus havia sido batizado por João Batista. Logo após encontrou Felipe e Natanael, João, Pedro e André. O convite provavelmente chegou a Ele por intermédio de Maria (2:1,2). Veja que o texto diz que
"Maria estava ali, e que Jesus e seus discípulos também foram convidados".Isso nos leva a pensar que o convite foi primeiramente dirigido a ela e que, portanto, ela tinha intimidade com as famílias dos noivos.
Acabou o vinho, e agora?
O vinho nos dias do ministério de Jesus representava a alegria. Dessa forma, acabando o vinho, acabaria a alegria. Então, educadamente Maria diz a Jesus:
"Eles não têm mais vinho" (2:3).
Ou seja, acabando a bebida, acabaria a festa e sobraria a vergonha, o vexame... Depois de todo os preparativos para aquela cerimônia — as festas de casamentos dos dias de Jesus duravam de 3 a 7 dias — quando estava chegando o momento crucial, o momento da confirmação dos votos matrimoniais, o ponto mais importante daquela cerimônia, eis que acaba o vinho. E agora? Imagine a tensão na qual ficou o noivo diante daquela situação. Quando ele pensava que tudo tinha sido feito perfeitamente organizado, tudo de acordo com as convenções ritualísticas da religião judaica, algo deu errado.
Todo o foco daquele noivo, toda a expectativa dele em relação à noiva, em relação a tão esperada noite de núpcias em que eles se entregariam um ao outro na plenitude física do amor, agora, podia ter ido tudo por água abaixo e ele, ao invés de sair dali triunfante, corria o risco de sair dali envergonhado, taxado de incompetente, corria o risco de levar sobre si o peso insuportável da humilhação, do opróbrio público e todos o conheceriam por aquela mancha em sua vida.
Mas não, Jesus estava lá e onde Ele está, nunca falta absolutamente nada!
Mais que um milagre...
Não deixa de ser estranho que o Evangelho de João, que conta apenas sete milagres do Senhor, dê tanta atenção a este milagre que, à primeira vista, parece ter até muito pouco valor. Faltava vinho num casamento e Jesus fê-lo aparecer, transformando em vinho a água destinada às lavagens religiosas.
Também conhecidas como "talhas", esses potes de pedra eram uma espécie de tanque de água que comportavam de 80 a 120 litros (metretas) de água. Era nessas talhas que os judeus faziam seus rituais de purificação.
Jesus ordena aos serviçais das bodas de Caná que encham os recipientes com água. O que eles obedientemente fazem. A Bíblia não diz se eles questionaram ou não, mas encheram, apesar de parecer uma ordem estranha — afinal, eles eram os cerimonialistas, os responsáveis pelos detalhes, portanto, obviamente, a ordem do Mestre, a princípio, pareceu-lhes sim estranhas e fugia completamente do natural: o que tinha a ver a água com o vinho? O que tinha faltado era o vinho e não a água. E mais, o que tinha a ver o vinho puro com aquelas talhas preparadas justamente para absorver as impurezas (2:6-8)?
1. Uma história, dois sentidos
Mas há um ponto que não podemos ignorar: é que no Evangelho de João as histórias contadas têm sempre dois sentidos. O primeiro é o dos fatos em si. Neste caso, houve mesmo um casamento e Jesus, sua mãe e seus discípulos estavam lá, como convidados. Nesse casamento Jesus fez a transformação da água em vinho. Estes são os "fatos simples" e em si mesmos de "pouco valor". Se Jesus tivesse vindo à Terra apenas para fazer estes prodígios não lucraríamos muito com isso — apesar de, nos dias atuais, muitos priorizarem os sinais e as atividades ministeriais em detrimento da soberania da Palavra.
Mas há também nas narrativas de João um segundo sentido. É o sentido secreto, espiritual, se assim o quisermos chamar. E esse é infinitamente mais importante. Alguém disse que o Evangelho de João é como um abacaxi. É um fruto com uma aparência interessante, embora estranha. Mas o importante não é a parte de fora. É preciso tirar-lhe a casca e depois então é que descobrimos um fruto de sabor delicioso.
Lembremo-nos que na Bíblia o casamento humano serve várias vezes para ilustrar a relação que há entre Deus e o Seu povo. O livro Cântico dos Cânticos — ou Cantares — é um poema muito belo sobre o amor de um homem e uma mulher, mas foi colocado na Bíblia como livro canônico porque ele, esse amor, é também uma parábola sobre o amor de Deus por Israel, a sua amada, e do amor que Deus quer receber da sua amada. Há muitas passagens do Antigo Testamento que nos falam de Deus como o marido de Israel, mas citarei apenas um texto, muito poético de Ezequiel. Diz Deus através do profeta:
"Passando por ti, vi-te, e eis que o teu tempo era de amores: e estendi sobre ti a auréola do meu manto, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei em concerto contigo, diz o Senhor Jeová, e tu ficaste sendo minha" (16:8).
Deus quer que Israel — e o mesmo podemos dizer da Nova Israel, que é a Igreja —, quer que o Seu povo viva numa perfeita união e fidelidade com Ele, como idealmente uma esposa vive unida ao seu marido. Se quisermos dizer isto em termos individuais, diremos: Deus quer que eu viva a minha vida, num relacionamento de comunhão e fidelidade a Ele, nessa unidade feliz que um casamento puro deve ser. A religião que Deus quer que tenhamos, ou melhor: a vida que Deus quer que tenhamos, se for vivida nessa união com Ele, será algo além de uma religião, será uma vida plena, de alegria.
2. A palavra-chave
A palavra-chave de uma vida de autêntica união com Deus é a alegria. E a alegria, na Bíblia, sabe como é representada? É pelo vinho!
A Bíblia não propõe, obviamente, o alcoolismo — antes pelo contrário! — mas é um fato fácil de constatar é que se há alguma coisa que possa servir bem para ilustrar a alegria é o vinho.
Sob este entendimento já podemos perceber o que é que a mãe de Jesus quer dizer nesta passagem quando, olhando para aquele banquete, disse ao Filho:
"...Não têm vinho..."
A simples observação constata que falta alegria neste estilo de vida que os homens criaram, afastados de Deus.
Diretamente, esta história denuncia a religião judaica, tal como Jesus a encontrou nos seus dias. Era um casamento em que não havia alegria, não havia vinho. Naqueles dias e naquele país vinícola não havia forma mais grave de retratar o Judaísmo que dizer dele que era como um casamento em que não houvesse vinho.
3. Um fardo pesado
O Judaísmo daqueles dias era uma religião de rituais, de leis e mais leis. Um fardo pesado, como o Senhor o designou por várias vezes. Uma religião que os homens cumpriam como um carregador que leva sobre os seus ombros um fardo pesado, que o esmaga, que gera cansaço, enfado.
Os judeus viviam oprimidos com a ideia do pecado. Tudo era pecado e os rabinos e todos os chefes religiosos pareciam apostados em tornar as coisas cada vez mais complicadas. Inventavam ritos e regras para explorarem os sentimentos de culpabilidade das pessoas.
As lavagens de purificação são disso um exemplo. Purificavam continuamente as mãos, as louças, as roupas, a sua cama, a sua casa. Não lhe chamavam de "água benta", mas usavam aquela água como se ela tivesse algum poder divino (qualquer semelhança com os dias atuais, não é mera coincidência).
Quando lemos esta passagem com atenção não podemos deixar de ficar admirados com a quantidade de talhas que estavam naquela casa e a quantidade de água que elas levavam. Água para as purificações, não para beber. Se fosse para beber, vá lá que fosse, mas para purificação, é muita água. Seiscentos litros de água que foram depois transformados em seiscentos litros do melhor vinho.
Mas não falemos dos judeus antigos porque são passado. Nem falemos dos atuais. Falemos de nós, cristãos, e do modo como estamos vivendo a nossa relação com Deus. Não é ela também, para muitos, um fardo pesado? Não há tantos para quem há também a opressão do pecado, o sentimento de que acabam por nunca agradar a Deus?
Não será a vida de muitos homens e mulheres do nosso tempo também um casamento onde falta o vinho? Ou seja, onde falta a alegria? Essa agonia em que viveu o frade Martinho Lutero, que o levava a desesperar e a perguntar-se o que deveria fazer para encontrar a paz espiritual, não é ainda hoje o drama de muitas vidas? Ou então não há tantas vidas que vivem de um modo insípido, de que a água das talhas é bom símbolo? Não há vidas de muitos ditos cristãos que estão sendo vividas como se fossem um casamento sem vinho?
Não será a vida de muitos homens e mulheres do nosso tempo também um casamento onde falta o vinho? Ou seja, onde falta a alegria? Essa agonia em que viveu o frade Martinho Lutero, que o levava a desesperar e a perguntar-se o que deveria fazer para encontrar a paz espiritual, não é ainda hoje o drama de muitas vidas? Ou então não há tantas vidas que vivem de um modo insípido, de que a água das talhas é bom símbolo? Não há vidas de muitos ditos cristãos que estão sendo vividas como se fossem um casamento sem vinho?
Jesus sempre tem o melhor, é Ele o nosso melhor
Mas como sair dessa situação?
É preciso convidar Jesus para a nossa vida, como aquela família O convidou para o casamento. Mas não basta dizer-lhe: "Entra, Senhor. A partir de agora tu estás em minha casa (vida)". No livro de Apocalipse, Jesus diz:
"Eis que estou á porta e bato: se alguém ouve a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei e ele comigo" (3:20).
Ele entra se Lhe abrirmos a porta, mas há mais a fazer, e é Maria quem dá o conselho fundamental. Sua mãe disse aos serviçais:
"Fazei tudo o que ele vos mandar" (Jo 2:5).
É preciso aceitar aquilo que Ele diz, que Ele manda fazer, que Ele promete.
Há uma história engraçada, com que vou terminar, e que ilustra bem porque é que muitos são membros de igrejas e não sentem aquela alegria que a história de Caná promete. Era um homem que ia por uma estrada afora com um fardo às costas. Ia muito cansado, e ofegante por causa do peso do fardo e pela marcha. Nisto parou um carrinho junto dele e o motorista perguntou pela vidro:
"O senhor vai para a cidade? Quer uma carona?"O caminhante rejubilou:
"Oh, sim, senhor. Agradeço muito!".Como não havia lugar ao lado do motorista este disse ao caminhante para entrar pela porta de trás. O homem entrou, fechou a porta e sentou-se feliz num caixote que ali estava. Uns quilômetros depois, o motorista pelo retrovisor viu que o homem a quem dava boleia ainda estava com o fardo às costas e disse-lhe:
"Ó senhor, ponha o fardo no chão, não vá carregado!".Mas o homem respondeu:
"Ora, já basta o favor que faz de me levar a mim, quanto mais levar também o meu fardo!"
Nós rimos deste homem. Mas quantos levam ainda sobre eles o fardo da religião e dos pecados em lugar de o deixar nas mãos de Jesus, que disse:
"Vinde a mim, vós todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mateus 11:28)!
Conclusão
Foi nas Bodas de Caná da Galileia que Jesus Cristo começou a operar seus milagres. O seu primeiro milagre promoveu a continuidade da alegria em uma festa de casamento, na celebração da família como Deus a criou: homem e mulher. Ele está sempre pronto a trazer alegria aos nossos lares, casas, famílias, filhos. Aquilo que é feito por Jesus em nossas casas é com certeza, sempre, o melhor!
A presença de Jesus em nossos lares, famílias, negócios..., enfim, em nossa vida nos traz segurança. Ao estar presente nas bodas de Caná da Galileia, ele conferiu sua aprovação ao casamento entre um homem e a mulher e mostrou o quanto ama a família conforme Deus instituiu (Marcos 10:6-8).
A minha oração é para que Jesus esteja continuamente em nossas vidas. Trazendo alegria. Nos surpreendendo. Nos dando sempre o melhor. Irmãos e irmãs, entreguemos tudo na nossa vida a Cristo e teremos o cumprimento da abundância prometida por Ele.
A Deus toda glória.
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