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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES — "HOW CAN I GO ON?", FREDDIE MERCURY & MONTSERRAT CABALLÉ

Recentemente com o sucesso do filme "Bohemian Rhapsody", Freddie Mercury e o Queen voltaram ainda mais fortes ao imaginário público e aos holofotes mundo afora. O que pouca gente sabe ou lembra, é que o grande Freddie Mercury também faz parte da história olímpica.

O single 'Barcelona' foi composto por Mike Morane e Freddie Mercury e lançada em outubro de 1987, após convite feito ao vocalista do Queen para compor o hino oficial do evento olímpico que aconteceria na cidade de mesmo nome, em 1992. 

No ano seguinte ao lançamento da música (1988), Freddie Mercury lançou o álbum com o mesmo título, o segundo disco do cantor como solista, em que contava com a participação da cantora lírica Montserrat Caballé.

Porém, é sabido por todos que o grande hit, música mais conhecida do álbum foi 'How Can I Go On?', que ganhou as paradas de sucesso e acabou sendo o carro chefe do icônico, inusitado e histórico álbum.

A história da música


Foto: Universal Music | Polydor Records / The Music Journal

Um dos grandes sucessos da década de 1990, a canção 'How Can I Go On?', que contou com a colaboração de dois ícones de gêneros musicais diferentes, Freddie Mercury e Montserrat Caballé, se tornou parte de uma importante campanha para que a bela cidade espanhola de Barcelona sediasse as olímpiadas de 1992.

Um trabalho de Freddie Mercury (1946/1991) jamais seria totalmente ruim. Tudo o que ele produziu sempre teve alto capricho e acabamento. E suas qualidades vocais e afinação são um milagre. Mas neste álbum "Barcelona" (1988), sua ego trip com Montserrat Caballé (1933/2018) não vai muito além de duas ou três boas faixas, como 'Barcelona', 'How can I Go On?' e Overture Piccante. 

Se o Queen já era operístico, aqui Mercury aparece livre da influência roqueira de May, Deacon e Taylor. Uma pena, porque as coisas pioram bastante quando ele decididamente se coloca no crossover. A presença de Caballét é perfeita, só que o ego de Mercury tira-lhe espaço. O disco não é um fiasco e aprecio bastante de sua perfeição técnica e a atuação de todo mundo, apesar da música ser só mais ou menos.

Monserrat Caballé, uma das mais notáveis sopranos do mundo, ficou sabendo da admiração de Freddie Mercury pela TV, onde ele declarou que a soprano era a melhor cantora do mundo, e que ele adoraria cantar com ela. O encontro dos dois acabou acontecendo e um álbum foi gravado "Barcelona"

Uma mistura inusitada — considerada pelos mais, digamos, ácidos, bizarra (sim, há que não goste da música) —, uma soprano com um cantor de Rock. Mas eram extramente talentosos naquilo que faziam e eram dotados de uma técnica incrivel ao cantar, o que acabou tornando o álbum uma das melhores apresentações vocais dos dois. 

A música 'Barcelona' se tornou tema das Olímpiadas de 1992, que foram na cidade catalã. E em outubro de 1988, no teatro La Nit em Barcelona, um show iniciando a contagem para a Olímpiada, Freddie Mercury e Monserrat cantam 'How I Can Go On?', na última apresentação "ao vivo" de Freddie Mercury, já que os shows com o Queen pararam em 1987, devido a sua saúde que se agravava com o passar do tempo por causa de Freddie Mercury estar com Aids. 

O ao vivo entre aspas é porque Freddie e Caballé cantaram em playback e Freddie declarou que seria impossível fazer um número ao vivo com a magnitude que o dueto com Caballé permitiria. 

A música tema das olímpiadas foi cantada na abertura em um dueto virtual com Monserrat e Mercury em um telão, causando muita comoção entre todos os presentes. A parceria virtual foi repetida antes do jogo da final da Champions League de 1999 entre Bayern de Munique e Manchester United, no estádio Camp Nou.

Foto: Reprodução | Universal Music | Polydor Records / The Music Journal

Na verdade, 'How Can I Go On?' foi composta em 1987 e contava, em sua gravação seminal, com o baixista John Deacon, amigo de Freddie Mercury e companheiro no Queen. O frontman da lendária banda britânica era um fã assumido de Montserrat Caballé e ela, por sua vez, admirava muito o trabalho de Mercury.

A partir daí, eles decidiram gravar um álbum juntos, que recebeu o nome de 'Barcelona', que contou com a liderança criativa de Freddie Mercury e Mike Moran na concepção do disco e em suas composições. 

As sessões de gravação tiveram que seguir com Mercury e Caballé em locais diferentes, pois não encontravam tempo para trabalhar juntos. O disco foi lançado em 10 de outubro de 1988 pela PolyGram (atual Universal Music), via Polydor Records.

Barcelona, cidade natal de Montserrat Caballé, venceria a disputa por uma oportunidade de sediar a 25ª edição dos Jogos Olímpicos de Verão, que aconteceram entre os dias 25 de julho e 9 de agosto de 1992.

O clipe (abaixo), que entrou no YouTube em 2006, já soma mais de 23 milhões de views na plataforma e registra o histórico encontro de Freddie Mercury e Montserrat Caballé que ficou eternizado não apenas como um tema olímpico, mas também como um dos grandes sucessos de todos os tempos. 

Além dos EUA e da Europa, por aqui também, a canção fez enorme sucesso, tanto que foi trilha sonora da novela "Que Rei Sou Eu?", exibida em 1989, às 19h, pela Rede Globo. 

A letra

'How Can I Go On?' (Freddie Mercury e Mike Morane)

Freddie Mercury & Montserrat Caballé

When all the salt is taken from the sea
I stand dethroned
I'm naked and I bleed
But when your finger points so savagely
Is anybody there to believe in me
To hear my plea and take care of me?

How can I go on?
From day to day
Who can make me strong in every way
Where can I be safe?
Where can I belong?
In this great big world of sadness
How can I forget?
Those beautiful dreams that we shared
They're lost and they're no where to be found
How can I go on?

Sometimes I tremble in the dark
I cannot see
When people frighten me
I try to hide myself so far from the crowd
Is anybody there to comfort me
Lord...take care of me

How can I go on?
From day to day
Who can make me strong in every way
Where can I be safe?
Where can I belong?
In this great big world of sadness
How can I forget?
Those beautiful dreams that we shared
They're lost and they're no where to be found
How can I go on?

A tradução

'Como posso continuar?'

Quando todo o sal é retirado do mar
Eu permaneço destronado, estou nu e sangrando
Mas quando seu dedo apontar tão selvagemente
Terá alguém para acreditar em mim?
Para ouvir meu apelo e tomar conta de mim

Como posso continuar?
Dia após dia
Quem pode me fortalecer em todos os caminhos?
Onde posso estar seguro?
Onde posso pertencer?
Neste grande mundo de tristeza
Como posso esquecer
Aqueles lindos sonhos que compartilhamos
Eles estão perdidos e não sei onde ser encontrados
Como posso continuar?

Às vezes eu começo a estremecer no escuro
Eu não consigo ver quando as pessoas me assustam
Eu tento me esconder longe da multidão
Terá alguém lá para me amparar?
(De novo e de novo, e de novo, e de novo, meu precioso Senhor, ouça meu apelo)
Senhor, tome conta de mim

Como posso continuar? (como posso continuar?)
Dia após dia? (dia após dia?)
Quem pode me fortalecer? (quem pode me fazer mais forte?)
De todas as maneiras? (todas as maneiras?)
Onde posso estar seguro? (onde posso estar seguro?)
Onde posso pertencer? (onde posso pertencer?)
Neste grande mundo de tristeza (neste grande mundo de tristeza)
Como posso esquecer (como posso esquecer)
Aqueles lindos sonhos que dividimos (aqueles lindos sonhos que dividimos)
Eles estão perdidos em lugar nenhum
Como posso continuar?

Conclusão


Freddie Mercury é sem dúvida uma das estrelas do rock mais inesquecíveis de todos os tempos. Sua contribuição para a cultura e história do rock é inegável. Seu alcance vocal de quatro oitavas ainda surpreende seus ouvintes (ele era um barítono). Além disso, Freddie é a pessoa que alterou as convenções de um frontman do rock com seus trajes e persona extravagantes.

Apesar do músico ter falecido em 1991 aos 45 anos, ele ainda tem um fã-clube dedicado que mantém sua memória viva. Perceptivelmente, a letra de 'How Can I Go On?', trazia implícito (ou não?) um melâncolico grito de socorro de uma aflita, em busca de respostas que talvez, infelizmente, tenha morrido sem encontrar.
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

CUIDADO: OU VOCÊ DOMINA SUA CARNE, OU ELA DERRUBA VOCÊ!

"Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências" (Romanos 13:14).
Quando se fala de concupiscências o mais comum é que as pessoas pensem em coisas como vícios, prostituições, desonestidade e outros comportamentos semelhantes. 

Obviamente, pensar assim está correto, mas neste texto eu desejo ir um pouco além dos comportamentos mais aparentes no tema das concupiscência e falar sobre algumas que não são tão evidentes quanto as citadas acima, mas que são tão ou mais aceitas, praticadas e cultivadas normalmente e naturalmente pelas multidões tanto no mundo como em algumas congregações.

Porém, antes de falar sobre elas deixe-me clarear nosso entendimento dando uma definição simples, básica e específica do que são as concupiscências.

E o que elas são?


O desejo é a força que move o ser humano. Como escreve o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry (✰1900/✞1944): 
"se quiseres construir um navio, não comeces por dizer aos operários para juntar madeira ou preparar as ferramentas; não comeces por distribuir tarefas ou por organizar a atividade. Em vez disso, detém-te a acordar neles o desejo do mar distante e sem fim. Quando estiver viva esta sede meter-se-ão ao trabalho para construir o navio". 
Há no coração humano um desejo insaciável, e quiçá o nosso grande mal seja o de querermos "saciar nossa sede" tão somente no prazer carnal e material, pois assim acabamos por matar o desejo e esgotar o mistério de amor presente no coração humano.

A luxúria como sinônimo de desejo, concupiscência, prazer carnal, gozo etc. é um dos "pecados capitais" mais visado. Se por um lado há os que tentam negar, condenar, "lançar ao inferno" todo tipo de prazer. Há, por outro lado, aqueles que só querem curtir, gozar, embriagar-se de prazer, sem se perguntar pela vida e a felicidade do outro. Em ambos os casos parece não levar a sério o mistério de amor presente no coração humano que o faz transcender sua própria finitude para abrir-se ao infinito que inabita em nós.

O pecado da luxúria ganha a cada época e cultura um colorido diferente. Na era do erotismo, como a nossa, tende-se a exaltar a luxúria como a única fonte de felicidade e realização humana. Porém, reduzir o desejo humano ao prazer carnal seria limitar ou mesmo matar a alma desejante presente em cada ser humano. 

Somos liberdade corpórea. Mas este corpo de carne é afetado pelo acontecimento encarnação-redenção. 
"Acaso ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebeste de Deus" (2 Coríntios 6:19). 
Nessa perspectiva paulina, o corpo é santuário (shekinah) do Espírito. Essa habitacão do Espírito modifica profundamente a relação da pessoa com seu próprio corpo, pois somos convidados a cuidar do nosso corpo como dom de Deus, templo do Espírito. O corpo não só recebe sentido na relação com o outro, mas o cristão é convidado a desapropriar-se dele mesmo, para se dar a outrem como dom, como dádiva.

A concupiscência no contexto da sexualidade


A sexualidade humana não se reduz a uma necessidade biológica, como 
"...os alimentos são para o estômago..." (1 Coríntios 6:13), 
mas como doação do corpo, como símbolo do homem todo, supõe a oferenda de toda a pessoa, que não se realiza na luxúria, na prostituição. A realização sexual autêntica não consiste em utilizar o outro para alimentar uma urgência de prazer ou vazio psicológico, mas para viver uma comunhão a níveis mais profundos, no cuidado e na responsabilidade pelo outro. 

Como afirmava o filósofo Xavier Lacroix (✰1947/✞2021): 
"...na relação com as coisas, certamente, a dimensão consumidora predomina: nesse sentido o gozo é alimentação, ou exploração. Mas quando se trata do corpo do outro, na volúpia erótica, tomar e dar, egoísmo e altruísmo são indissociáveis. 

A alteridade do corpo do outro é sem cessar lembrada a mim, e é dessa alteridade que gozo, ao mesmo tempo gozando da proximidade. A volúpia é experiência ao mesmo tempo da alteridade e da 'mesmidade' da carne, no outro como em mim, em mim como no outro" ("O corpo de carne — As dimensões éticas, estéticas e espirituais do amor", 1992, p. 64, Edições Loyola).
Neste sentido, a sexualidade humana alcança um novo paradigma que podemos chamar de realidade teologal, no qual o sujeito, com seu corpo sexuado, é visto não só como carne, mas como corpo espiritual chamado a realizar livremente sua vocação de se orientar a Deus, no cuidado com o outro. 

Tal realidade está envolvida num dinamismo de abertura à relação concreta com o outro que também é assumido como outro corpo espiritual. É o homem inteiro que ama, corpo e espírito. Lacroix é enfático ao afirmar: 
"...eros sem ágape, ágape sem eros são duas maneiras simétricas de negar a encarnação. Ora, sucede que a recusa da encarnação é também a recusa do dinamismo espiritual" (idem, p. 174). 
Desta forma, o sujeito é capaz de assumir livremente a transformação de seu desejo em amor, sob a promessa de "vir-a-ser" na sua semelhança divina na encarnação, pela qual Deus toca o corpo e faz dele lugar de relação, de dom e de decisão guiada pelo amor responsável.

O corpo é lugar da relação, do dom e da decisão. No contexto espiritual, o corpo humano não é um instrumento de prazer, mas o local do nosso chamado ao amor, e no amor autêntico não há espaço para a luxúria e para a sua superficialidade. Os homens e mulheres merecem mais!

Para nós cristãos, o simbolismo do corpo é enriquecido e ampliado. Pois nos relacionamos com Cristo, em seu corpo que a Igreja, entendida de modo realista, a partir da comunhão. Como afirma Cirilo de Alexandria (✰376 d.C./✞444 d.C.):
"Por seus sacramentos, meu corpo é enxertado sobre o corpo de Cristo, Deus me atinge na minha corporeidade".

A Concupiscência em um contexto mais amplo


Concupiscências são toda e qualquer coisa dentro de nós, em nossa mente e coração, que esteja sem controle.

Portanto, absolutamente todos os desejos, vontades, expectativas, interesses, ambições, vaidades, objetivos, metas e sonhos que estejam dentro de nós sem que tenhamos domínio sobre eles constituem-se como concupiscências, e como tal, serão vastamente usadas pelo espírito do mundo como fonte de tentações que nos enganarão, influenciarão e produzirão pensamentos, mentalidades, crenças, palavras e ações completamente equivocadas, ainda que pareçam corretas para nós, e que nos desviarão da direção que Deus traçou para nossa vida, nos afastando de criar e solidificar um relacionamento puro, íntimo e firme com o Senhor; por isso está escrito: 
"Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado..." (Tiago 1:14,15).
Ou seja, nossos desejos, vontades, expectativas, interesses, ambições, vaidades, objetivos, metas e sonhos, excessivos e sem controle, vão certamente nos atrair, seduzir, cegar e cativar ou escravizar de uma forma tal que passaremos a ocupar toda a nossa atenção e intenção para criar um estilo de vida de exageros e descontroles segundo a imagem e semelhança de nossas concupiscências, sempre cuidando em tentar satisfazê-las a todo custo.

Estes cuidados sem sentido, aleatórios, baseados nas nossas concupiscências vão nos ferir intensamente, diversas vezes, tanto na mente quanto no coração; como espinhos que crescerão cada vez mais, sufocando nossa fé e nos impedindo de frutificar adequadamente, como Deus deseja que façamos; como foi escrito: 
"E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera" (Mateus 13:22).
E como é que nós podemos agir para não perdermos o controle e sermos influenciados, dominados e dirigidos por nossos próprios desejos, vontades, expectativas, interesses, ambições, vaidades, objetivos, metas e sonhos?

A Bíblia responde


Devemos fazer o que está escrito na primeira parte de Romanos 13:14, que diz:
"Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne" (grifo acrescentado). 
E como fazer isso?

Conscientemente retomando e assumindo total controle de nossa vida, não deixando que nossos próprios desejos, vontades, expectativas, interesses, ambições, vaidades, objetivos, metas e sonhos se sobreponham àquilo que sabemos que é a vontade e os interesses de Deus para nós. 

Precisamos entender, que nos é lícito sim ter desejos, vontades, sonhos..., entretanto, é fundamental entender que Deus não tem absolutamente nenhum compromisso com nossas vontades, pois, a única com a qual se compromete, com a dEle, a única descrita como "boa, agradável e perfeita" (Rm 12:2)

Devemos fazer uma análise interna, profunda e detalhada, para, com clareza, determinarmos limites razoáveis e prudentes para absolutamente tudo o que está dentro de nós; limites esses os quais jamais nos permitiremos ultrapassar, por mais que o espírito do mundo através da sociedade ou mesmo das congregações afirme que devemos fazê-lo, ou tente nos convencer. 

Devemos limitar tudo o que está dentro de nós, mesmo sendo coisas lícitas, pois assim elas jamais terão controle sobre nós; como o apóstolo Paulo fazia e ensinou certa vez quando disse: 
"...Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma" (1 Co 6.12b). 
Este é o pensamento de uma pessoa que não tem cuidado da carne em suas concupiscências; este é o pensamento de um legítimo cristão.

Esses limites internos, conscientemente estabelecidos por nós, tendo os conceitos, princípios, valores, virtudes e exemplos de Jesus Cristo como padrão e modelo, são o que nos manterão afastados dos cuidados mundanos, que são justamente aquelas paixões internas sem controle citadas anteriormente que chamamos de concupiscências. 

Limitar a ação delas em nosso interior é o que vai evitar que exista excesso de desejos, excesso de vontades, excesso de expectativas, excesso de interesses, excesso de ambições, excesso de vaidades, excesso de objetivos, excesso de metas, excesso de sonhos, etc; e, sem estes excessos nós teremos a capacidade e condições, de cada vez mais, simplificar nossas expectativas e interesses, equilibrar nossos desejos e vontades genuínas; descobrir nossos verdadeiros sonhos, que são aqueles gerados pelo Altíssimo em nós e não aqueles criados ou inseridos em nosso interior pela sociedade ou pelas congregações; reduzir e eliminar vaidades e ambições; e alinhar definitivamente nossas metas e objetivos com aquelas que Deus traçou para nós; ou seja, estaremos neutralizando todas as nossas inclinações mundanas e entrando em plena harmonia com a direção que o Criador determinou para nós. 

Conclusão


Este é, também, o processo que a Bíblia chama de crucificar a própria carne, como foi dito em: 
"E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências" (Gálatas 5:24).
Permitir que existam desejos, vontades, expectativas, interesses, ambições, vaidades, objetivos, metas e sonhos descontrolados dentro de nós pode até fazer com que consigamos vitórias que a sociedade mundana julga importantes e invejáveis, mas ao mesmo tempo gera uma quantidade massiva e absurda de insatisfações, frustrações, peso e uma gama gigantesca de todo tipo de dores e angústias internas e externas, totalmente desnecessárias para qualquer indivíduo.

Por outro lado, manter os cuidados mundanos de nossas concupiscências sob controle, com intensa e constante vigilância disciplinada, levando-os completamente cativos à obediência de Cristo, permitirá que sejamos verdadeiramente inspirados pelo Espírito de Deus, e isso nos dará maior poder e domínio sobre todas as paixões da nossa própria carne (mente e coração); e, consequentemente nos fará produzir pensamentos, sentimentos, emoções, mentalidades, crenças, palavras e ações de equilíbrio, retidão e justiça, totalmente alinhadas com nossa verdadeira vocação e natureza em Cristo, e, plenamente dirigidas pela boa, perfeita e agradável Vontade do Criador. 

Esta forma de agir é extremamente empoderadora (usando aqui um termo atualmente tão peculiar, mas, um tanto quanto controverso e paradoxal), e também é o que Gálatas 5:16 se refere quando diz: 
"...Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne."
A sexualidade e todos os demais desejos carnais, portanto, assumidos como dom, ternura, cuidado e doação é caminho de maturidade humana no qual a pessoa se compreende como ser separado e ser relacional, chamada ao compromisso e ao cuidado com o outro, num amor sem ambiguidade (Rm 13).

A Deus toda glória.
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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

ACONTECIMENTOS — OS DEZ ANOS DO ASSASSINATO DA JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI

Foto: Reprodução arquivo pessoal
Em agosto de 2011, o assassinato da juíza Patrícia Acioli, 44 anos, escandalizou a sociedade brasileira. Na época, a autoridade foi brutalmente assassinada por milicianos da quadrilha do coronel Claudio Luiz de Oliveira.

Conforme noticiou a revista Veja, a juíza foi alvejada por 21 tiros, enquanto chegava em sua residência, localizada em Niterói. O caso foi amplamente noticiado pela imprensa nacional, revelando crimes cometidos por policiais, sendo a grande maioria do 7º BPM (São Gonçalo).

Juíza "linha dura"


Patrícia Acioli durante uma entrevista / Crédito: Divulgação / Youtube / tvbrasil
Em 2010, uma série de crimes cometidos por policiais foram descobertos, após uma força tarefa do Ministério Público (MP) e da Polícia Civil (PC) encontrar diversas irregularidades no 7º BPM, que, até então, atuava no município de São Gonçalo, RJ.

As investigações revelaram que entre 2004 e 2010, diversos registros de casos foram forjados. Segundo a revista Veja, de 60 casos analisados, apenas seis eram verídicos. Os demais foram adulterados pelas autoridades.

A magistrada drª. Acioli, por sua vez, passou a julgar o caso e, logo em seguida, decretou a prisão dos oficiais envolvidos neste esquema. Contudo, a titular da 4ª Vara Criminal da cidade, tornou-se a inimiga número um da quadrilha fardada do coronel Cláudio Luiz de Oliveira.

Ainda de acordo com as informações da Veja, a juíza tinha certeza de que o comandante do 7º BPM tinha conhecimento dos crimes. A partir disso, sem nenhum receio, ela passou a investigar o coronel Cláudio e, na época, chegou a anunciar, ainda, que o prenderia.

A represália


Pouco tempo depois, como represália, três policiais do 7º BPM foram transferidos para outras unidades. Tal medida foi tomada para deixar Patrícia Acioli ainda mais desprotegida, uma vez que, os oficiais faziam sua segurança pessoal de forma informal.

Mesmo com sua aguerrida demanda em julgar os casos de crimes cometidos por integrantes da corporação da Polícia Militar (PM), a juíza não possuía escolta oficial do Tribunal de Justiça (TJ), portanto, o batalhão da cidade disponibilizava segurança particular.

Contudo, os policiais Marcelo Poubel Araújo, namorado da vítima, foi enviado para a Linha Vermelha; Eduardo Fernando Pasqual de Oliveira, foi encaminhado para o 12º BPM (Niterói); e Rimel Teixeira de Siqueira transferido para o 4º BPM (São Cristóvão).

Segundo a Veja, a juíza tentou argumentar com o coronel Claudio. No entanto, o oficial foi irredutível e apenas teria dito que seguia ordens superiores. A partir disso, a vítima passou a se sentir perseguida constantemente. Além disso, chegou a relatar que familiares e amigos próximos também haviam se tornado alvos.

Embora Patrícia tenha comentado sobre as recorrentes ameaças de morte, isso não a impediu de ser executada por dois homens. Em agosto de 2011, foi morta na frente de sua residência, localizada em Niterói. Segundo as investigações da época, a juíza foi alvo de 21 disparos de uma arma de fogo.

Em abril de 2014, todos os 11 policiais apontados no envolvimento do crime foram condenados pela Justiça. Conforme divulgou a Agência Brasil, o crime foi uma represália pela prisão de policiais envolvidos com milícias e grupos de extermínio no estado do Rio de Janeiro.

Crime premeditado

Conheça como foi a dinâmica da execução do crime, de acordo com o depoimento de um dos condenados


O cabo da Polícia Militar Sérgio Costa Júnior, primeiro réu do julgamento da morte da juíza Patrícia Acioli, ocorrida em agosto de 2011, disse que o assassinato da magistrada foi tramado após a prisão dele e de mais três policiais que faziam parte do Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º Batalhão da PM, em São Gonçalo. 

O julgamento ocorreu na 3ª Vara Criminal de Niterói, na região metropolitana da capital fluminense. Em junho de 2011, o cabo e outros policiais militares (PMs) participaram de uma ação no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo, que resultou na morte do adolescente Diego Belini. 

O crime foi registrado pelos policiais como auto de resistência, ou seja, morto ao enfrentar os PMs. A juíza, porém, decretou a prisão de todos os envolvidos no episódio, considerando que houve execução.

Sérgio Costa Júnior disse que estava na viatura, quando ocorreu o confronto, e que não participou da morte de Belini. Mas, por ter sido preso por ordem da magistrada, o "episódio lhe causou desconforto e insatisfação".

Segundo o policial militar, foi o tenente Daniel Benitez que apresentou a ideia de matar a juíza, e que nem todos os integrantes do grupo concordaram. Segundo ele, como consta nos altos do seu depoimento, inicialmente 
"Benitez pensava em contratar alguns milicianos para executar o plano, mas como não obteve sucesso, sugeriu que a própria equipe matasse a magistrada".
Em seu relato sobre o crime, o cabo declarou que no dia da execução de Patrícia Aciolio, Benitez e ele seguiram, de moto, a magistrada desde a saída do fórum (conforme imagens que foram divulgadas pela imprensa, veja ➫ aqui), e, continuando seu depoimento, 
"quando se certificaram que ela estava indo para casa, ultrapassaram o carro da juíza, e a aguardaram a cerca de 50 metros do portão da residência, em Niterói. Depois descemos e ficamos esperando a juíza próximo à entrada da casa".
Segundo o policial, foram cerca de 15 tiros na direção do carro, porque eles não tinham a visão do interior do veículo devido aos vidros escuros. Costa Júnior foi o único dos réus a fazer acordo na Justiça para receber o benefício da delação premiada.

Punição?


Organograma mostra os PMs participantes do assassinato da juíza Patrícia Acioli — Crédito/reprodução: Folha.com

Conheça abaixo a quadrilha formada por membros da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ), lotados no município de São Gonçalo, que foram os acusados por tramar a excução da juíza Patrícia Acioli e veja qual foi a participação de cada um deles no crime:

  • 1) Tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira — Ex-comandante do 7º Batalhão da PM em São Gonçalo, onde atuava a magistrada. É acusado de prestar "auxílio moral" ao crime e de ter se omitido ao não dissuadir seus comandados do assassinato.
  • 2) Tenente Daniel Santos Benitez Lopez — Chefiava o GAT (Grupo de Ações Táticas) do 7º Batalhão da PM. É acusado de ser o mentor do crime e de sugerir o assassinato aos colegas do GAT (Grupo de Ações Tática). Esperou a saída da juíza do fórum e a seguiu de moto, junto com o cabo Sérgio, até sua casa. Ali, disparou contra a magistrada.
  • 3) Cabo Sérgio Costa Junior — PM que atuava no GAT do 7º Batalhão. Esperou a saída da juíza do fórum e a seguiu de moto, junto com o tenente Benitez, até sua casa. Ali, disparou contra a magistrada. Reconheceu o crime e será beneficiado pela delação premiada.
  • 4) PM Jovanis Falcão Junior — PM que atuava no GAT do 7º Batalhão. Esperou a saída da juíza do fórum e iniciou a perseguição do carro até determinado ponto do trajeto para a casa dela.
  • 5) Cabo Jeferson de Araújo Miranda — PM que atuava no GAT do 7º Batalhão. Participou do reconhecimento do bairro onde morava a juíza, um mês antes do crime, a fim de planejá-lo. Reconheceu o crime e será beneficiado pela DELAÇÃO PREMIADA
  • 6) PMs Charles Azevedi Tavares, 7) Alex Ribeiro Pereira, 8) Junior Cezar de Medeiros, 9) Carlos Adílio Maciel Santos e 10) Sammy dos Santos Quintanilha — PMs que atuavam no GAT do 7º Batalhão. São acusados de concordar com o plano de matar a juíza, oferecendo usar parte do arrecadado ilegalmente em apreensões para pagar eventuais executores do crime.
  • 11) PM Handerson Lents Henriques da Silva — lotado no 12º Batalhão da PM, de Niterói. É acusado de saber do planejamento do crime e mostrar o local da casa da juíza ao cabo Jeferson. 
Três desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) reuniram-se no dia 04/10/2016 e decidiram manter as penas por crime de homicídio qualificado de seis ex-policiais militares envolvidos na morte da juíza.

As defesas de Claudio Luiz Silva de Oliveira, de Daniel Santos Benitez Lopez, de Charles Azevedo Tavares, de Alex Ribeiro Pereira, de Sammy dos Santos Quintanilha Cardoso e de Handerson Lents Henriques da Silva tinham entrado com recurso para a redução das penas.

Claudio e Daniel receberam a condenação de 36 anos em regime inicial fechado, enquanto Charles, Alex e Sammy por 25 anos também em regime inicial fechado. Já Handerson foi condenado a 4 anos e 6 meses e, regime inicial semiaberto.

As investigações na época do crime apontaram que o motivo da emboscada seria a atuação da magistrada, responsável pela prisão de policiais envolvidos com milícias e grupos de extermínio.

No processo foram denunciados 11 policiais militares, entre eles, o ex-comandante do Batalhão de Polícia Militar de São Gonçalo, o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira e o tenente Daniel Santos Benitez Lopez, apontados como mentores do crime.

In memorian


Quatro anos depois do ocorrido (carece de fontes) a prefeitura de Niterói, no Rio de Janeiro, inaugurou um memorial em homenagem à juíza Patrícia Acioli, na praia de Icaraí.

O memorial fica localizado na mesma árvore usada para homenagear a juíza, na época do assassinato, e ficou conhecida como "Árvore da Patrícia”. O local ganhou uma placa nova, vasos, plantas e flores.

A mensagem da placa traz os seguintes dizeres:
"Em memória de uma corajosa brasileira que, em dias de menosprezo à vida e impunidade, combateu com autonomia o crime organizado no estado do Rio de Janeiro."
O prefeito de Niterói na época, Rodrigo Neves, participou da homenagem e destacou que a magistrada cumpriu sua missão, sua responsabilidade com a sociedade até o momento final de sua vida.

O local escolhido para o memorial é simbólico já que Patrícia foi criada em Icaraí e passou muito tempo de sua infância na praia do bairro. Os três filhos da juíza — Mike Chagas, Ana Clara e Maria Eduarda —, o viúvo, Wilson Chagas, parentes e amigos participaram da cerimônia.

O Fórum Juíza Patrícia Lourival Acioli, em homenagem à magistradaassassinada em agosto de 2011, foi inaugurado em Alcântara, São Gonçalo, em solenidade realizada nesta terça-feira, dia 25 de março de 2014.

Formada em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Patrícia Acioli fez pós-graduação em Segurança Pública na Universidade Federal Fluminense (UFF) e foi Defensora Pública do Estado do Rio de Janeiro de 1988 a 1992, ano em que ingressou na magistratura estadual como juíza substituta.

Atuou na Vara da Infância e Juventude em Volta Redonda, na 2ª Vara de Itaboraí, com competência de tribunal do júri, e, em 1998, tornou-se titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo.

Conclusão


Após dez anos da morte da juíza, a família de Patrícia Acioli ainda luta para que os dois oficiais sejam expulsos da PM. O ex-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, acusado de ser o mandante do crime, e o tenente Daniel Benitez, um dos executores da magistrada, ainda estão na corporação e continuam recebendo os salários em dia.

Ambos estão presos e já foram condenados em 2ª Instância. o ex-coronel Cláudio ganha por mês cerca de R$ 40 mil, enquanto o tenente Daniel está recebendo mais de R$ 10 mil mensais.

Além dos dois oficiais, nove praças também foram condenados pelo homicídio da juíza. As penas variam entre 20 e 36 anos de prisão. Todos os praças condenados pelo crime foram expulsos da corporação. Familiares da magistrada ainda lutam para que os oficiais também sejam expulsos.

Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que os trâmites administrativos para a expulsão deles já foram encerrados. Já o Tribunal de Justiça do Rio disse que a expulsão dos oficiais depende apenas da assinatura do governador do estado.

A magistrada foi assassinada, mas deixou um legado de luta aguerrida pela justiça. As perguntas a se fazer são: passados 10 anos, algo mudou? Terá sido a luta de Patrícia Alvarenga Acioli inglória?

[Fonte: Aventura na História, acesso em 21/9/21; Agência Brasil, original por repórteres Douglas Correia e Cristina índio do Brasil]

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terça-feira, 21 de setembro de 2021

FILMES QUE EU VI 66 — "MAD MAX — ALÉM DA CÚPULA DO TROVÃO"

Quando "Mad Max" (1979) estreou nos cinemas, o choque — positivo — foi grande. Diretamente importado da Austrália, nascia ali um herói legítimo, sedento de justiça, mas que sofria na carne os males desse desejo, algo bem diferente da tradição, digamos, daquele personagem intocável que até então era mais comum nas telas. 

O sucesso foi uma consequência natural, assim como a criação de sequências, "Mad Max 2: A Caçada Continua" (1981) e esse "Mad Max: Além da Cúpula do Trovão". Se no primeiro, o cenário que se descortinava era o da sociedade sem futuro caminhando para a destruição, o segundo já era apocalíptico, enquanto que o terceiro apresentava mensagens paralelas, como a luta pelo poder e um toque um tanto quanto messiânico. 

O terceiro Mad Max, produzido quando o protagonista da franquia Mel Gibson já começava a firmar sua carreira de ator, é um filme estranho. E não no sentido bom. Mas, vou deixar a acidez de minha opinião pessoal mais para o final.

A sinopse


Após ser expulso de onde vivia e deixado no deserto para morrer, o ex-policial Max (Gibson) está sozinho e sem seus suprimentos, que foram todos roubados. 

Com todas as formas de tecnologia que ainda funcionam sendo roubadas por barbários, Max precisa lutar para sobreviver e, agora, resgatar um grupo de crianças que encontrou em seu caminho.

Após ter seu veículo roubado, Max acaba conhecendo uma cidade dividida entre dois líderes, a Titia (Tina Turner, surpreendente!) que determina as leis locais, e Master Blaster, que controla a geração de energia para todos. Determinado a recuperar seus bens, ele aceita participar de uma luta sem regras na tal Cúpula do Trovão, espécie de gaiola onde "dois homens entram, um sai". 

Os problemas começam quando ele, mesmo vencedor, se recusa a matar seu oponente, quebrando as regras e fazendo com que seja lançado ao deserto para morrer. 

Para sua surpresa, ele acaba salvo por um grupo de crianças, que o consideram um enviado, capaz de guiá-los para a "terra prometida". Ciente de sua total falta de vocação, Max recusa o papel, mas o destino os coloca diante da temível Titia, dando início a uma nova cruzada pela vida.

Assim, as sequências poeirentas em estradas movimentadas por veículos fora de série continuam. A diferença são as piadas (até aqui) presentes, como revela o vilão Ironbar (que tem uma cabeça presa nas costas), alvo de vários momentos divertidos. 

Dotado do mesmo estilo de figurino e ambientação interessantes, na parte sonora, o australiano Brian May (não confunda com o guitarrista do Queen) da boa trilha dos primeiros filmes cede espaço para o veterano e multipremiado Maurice Jarre, que também compõe bons momentos. 

Entre as curiosidades, o uso do gás metano como fonte de energia alternativa, além do retorno do piloto voador (sem qualquer ligação com o filme anterior), que ainda faz lembrar o eterno Professor Aéreo do desenho animado Corrida Maluca. No elenco, a cantora Tina Turner não compromete em sua terceira vez como atriz.

A direção


Escrito por George Miller (diretor de toda a saga) e Terry Hayes, seu parceiro também no segundo, o roteiro de "Mad Max — Além da Cúpula do Trovão" parece investir mais no clima de aventura, carregando no humor (bandidos levam paneladas na cara) e suavizando a dose de violência, mais evidente nos títulos anteriores. Max ainda gosta de animais, agora tem um macaquinho (que some e aparece), mas já não tem mais aquele vigor do passado. 

Visualmente, a produção continua impactante, parece flertar com o clássico "O Planeta dos Macacos" (1968) ao mostrar um avião coberto pela duna, porém sua maior fraqueza foi essa divisão e fusão de núcleos, quebrando totalmente o ritmo e clima de tensão existentes no DNA da franquia. 

Afinal, os pequenos remetem ao mundo imaginário de "Peter Pan", e a Austrália de Max está anos luz distante de qualquer fantasia do escocês J. M. Barrie, paizão da Terra do Nunca.

George Miller tenta apresentar algo novo, diferente, no lugar de repetir a mesma fórmula dos filmes anteriores, mas o resultado final é, no mínimo cambaleante e isso para usar um eufemismo apenas. Não que um certo frescor na estrutura das aventuras de Max não fosse bem-vinda e aqui eu saúdo Miller e Terry Hayes pelo roteiro que tenta fugir do óbvio. Acontece que, ao justamente tentarem apresentar uma história diferente, um pouco da alma do personagem acaba ficando para trás.

O elenco


Alguns anos se passaram desde os eventos de "Mad Max 2". Não fica claro quanto tempo exatamente, mas é comumente aceito que são 15 anos. 

Com isso, temos um Max (Mel Gibson) marcadamente mais velho, mais sábio e ainda mais silencioso, efetivamente vestindo o manto do Homem Sem Nome, que marcou a carreira de Clint Eastwood (ele é inclusive chamado de Homem Sem Nome ao entrar na Cúpula do Trovão). 

A ação começa quando um avião faz um voo raso sobre o carro de Max, puxado por seis dromedários e todos os seus pertences são roubados pelo piloto Jedediah, vivido por Bruce Spence, o mesmo ator que fez o piloto do girocóptero no filme anterior. 

Eu poderia entrar na discussão eterna se o personagem de Spence é o mesmo que o anterior, mas ela é infrutífera, pois não influencia em nada a narrativa. 

O fato é que Max acaba chegando, a pé, a Bartertown, cidade que, como o nome indica, vive de trocas. Sem nada para oferecer, Max acaba sendo usado pela dirigente do local, Aunty Entity (Tina Turner com toda sua presença de palco) em um plano para tirar os poderes de Master (Angelo Rossitto), anão que comanda o submundo do local graças ao seu controle sobre a produção de metano a partir de fezes de porcos.

Toda a trama em Bartertown é muito interessante e funciona, com personagens memoráveis como o de Tina Turner e também Master que, junto com Blaster (Paul Larsson), gigante que o carrega nas costas, forma o poderoso MasterBlaster. É particularmente interessante como Miller troca as vastidões desérticas que vemos em Mad Max 2 por um vislumbre de civilização densamente povoado. 

O trabalho com extras e a coreografia das ações que vemos desenrolar ao longo desses 45 minutos iniciais espelham o balé automobilístico de Miller no filme anterior e a luta entre Max e Blaster na Cúpula de Trovão e uma das mais bem coreografadas lutas que já testemunhei na Sétima Arte. 

Nada de movimentos artificiais. Tudo parece estar acontecendo de verdade, criando tensão e nervosismo na medida certa, mesmo que qualquer espectador saiba que Max não morrerá.

A técnica


Mas esse fantásticos clímax acontece cedo demais e, em uma espécie de reviravolta, o filme muda a estrutura narrativa completamente após a luta, com Max exilado no deserto inclemente do outback australiano. 

George Miller traz, então, aquela aura messiânica para Max que ele já usara no filme anterior, mas que, agora, não tem o mesmo efeito. 

O encontro do protagonista com uma tribo de crianças vivendo em um oásis no meio do nada tem aspectos interessantes, mas a tentativa de misturar conceitos dos Garotos Perdidos de Peter Pan com um lado de sobrevivência do clássico "O Senhor das Moscas" acaba resultado em um segundo ato estranho e desconexo demais com toda a mitologia de Mad Max. 

Além disso, Miller emprega muito tempo na relação desse segundo grupo de personagens com Max e com a introdução de uma “lenda” que é forçada demais, conveniente demais.

Quando essas duas linhas narrativas finalmente se juntam, no terceiro ato, faltam apenas 20 minutos de filme e, então, Miller é obrigado a correr para evitar que seu filme se prolongue por tempo demais. O problema é que o que vemos é bem menos excitante do que a luta na Cúpula do Trovão e parece um final mal pensado.

Conclusão


Talvez o maior pecado tenha sido a "hollywoodização" de Mad Max. Enquanto os dois primeiros capítulos não poupavam o espectador da violência de um mundo pós-apocalíptico, esse atenua tudo. 

A violência passa a ser cartunesca e simplesmente não há mortes, com a exceção de duas, sendo que uma delas acidental. 

Não que as mortes sejam essenciais para a narrativa, mas Miller e seu co-diretor George Ogilvie simplesmente fazem malabarismos para mostrar que determinado acidente ou que aquela explosão não matou os envolvidos. A sobriedade do que vimos antes é substituída por um tom de pastelão que simplesmente não combina com a mitologia estabelecida.

No final das contas, "Mad Max — Além da Cúpula do Trovão", apesar de ser uma bela produção, com figurinos, set designs e fotografia dignos da franquia, além de introduzir novos e interessantes personagens, desaponta tremendamente. 

Não chega a ser uma obra intragável, mas provavelmente deixará 0 espectador perplexo com as escolhas feitas. Talvez a música tema, de Tina Turner — a belíssima "We Don't Need Another Hero" (AAAAAAMO!)  —, estivesse certa e nós não precisássemos mesmo mais de um herói.

Créditos

  • "Mad Max — Além da Cúpula do Trovão" (Mad Max Beyond Thunderdome, Austrália — 1985)
  • Direção: George Miller, George Ogilvie
  • Roteiro: Terry Hayes, George Miller
  • Elenco: Mel Gibson, Bruce Spence, Adam Cockburn, Tina Turner, Frank Thring, Angelo Rossitto, Paul Larsson, Angry Anderson, Robert Grubb, George Spartels, Edwin Hodgeman, Bob Hornery, Andrew Oh, Ollie Hall, Helen Buday, Mark Spain, Mark Kounnas, Rod Zuanic, Justine Clarke
  • Duração: 107 min.
[Fonte: Plano Crítico, original por Ritter Fan, 2015; Papo de Cinema, original por Roberto Cunha]

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sábado, 18 de setembro de 2021

DIRETO AO PONTO — LUZES, CÂMERAS, AÇÃO: QUE ENTREM OS NOIVOS

Qualquer que seja a religião, todos concordam em descrever o casamento como uma ideia divina. Aqui explicarei sua importância! Apesar de, infelizmente, na contemporaneidade e contextualidade ocidental, o significado desse momento tão fundamental para a instituição familiar estar perdendo seu verdadeiro valor, significado e tão relativisado, o casamento é ainda um momento muito importante e o sonho de muitas moças. É o que veremos no texto deste artigo, abrindo a nova série especial Direto ao Ponto.

O casamento no cristianismo


Incialmente abordarei uma das principais etapas de um casamento, com foco e atenção à cerimônia religiosa.

Em primeiro lugar, é importante mencionar que o catolicismo não é a única religião que realiza cerimônias para celebrar a união entre um homem e uma mulher; O Judaísmo, por exemplo, tem seus próprios rituais ancestrais e a Igreja Ortodoxa, por sua vez, preserva seus rituais cheios de formas litúrgicas e uma solenidade especial.

Da mesma forma, o protestantismo é outro dos ritos praticados entre a comunidade, entre muitos outros. Até mesmo as religiões de raízes africanas têm sua forma característica de realizar as cerimônias matrimoniais. Qualquer que seja a religião, todos concordam em descrever o casamento como uma ideia divina.

Na fé cristã o matrimônio é um sacramento sendo considerado na teologia da Igreja Católica como um sinal sensível e eficaz da graça de Deus e por meio do qual se concede a vida divina. No protestantismo, o casamento é uma analogia profética da união de Cristo — o Noivo — com a Sua igreja — a noiva: são uma simbologia das Bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:7).

Os desafios matrimoniais


A humanidade sabe o quanto é difícil para um homem e uma mulher conviver dia após dia, com os inevitáveis ​​erros e defeitos de sua personalidade. O mais difícil de superar é o próprio egoísmo de colocar sempre o cônjuge antes e em tudo assim, o casamento se torna uma oportunidade, para receber a inspiração divina e a força necessária para a realização dos propósitos familiares: amar-se, respeitar-se, promover-se como pessoa, procriar e educar os filhos.

Por isso, para o cristianismo, é fundamental a celebração do matrimônio, no qual os cônjuges recebem a bênção e se comprometem a construir um relacionamento e fundar uma família baseada nos princípios bíblicos, na qual alcancem a felicidade.

No momento em que os noivos prometem ao sacerdote a mútua dedicação de suas pessoas e de suas vidas, eles passarão, por meio de suas palavras, a graça sobrenatural que transformará seu amor humano em amor divino.

Hoje em dia, os noivados e, portanto, os casamentos, entre pessoas de religiões diferentes — mesmo a Bíblia advertindo sobre isso — são cada vez mais frequentes. Para isso, é necessário informar-se sobre os requisitos de cada "cerimônia" e o que tornará o "seu contrato" algo formal.

Entendendo o tão falado "jugo desigual" (1 Co 6:14-17)


A frase "jugo desigual" vem de 2 Coríntios 6:14:
"Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?"
Um jugo é uma barra de madeira que une dois bois um ao outro e à carga que puxam. Uma junta em "jugo desigual" tem um boi mais forte e um mais fraco, ou um mais alto e um mais baixo. O boi mais fraco ou mais baixo anda mais lentamente do que o mais alto ou mais forte, fazendo com que a carga se mova em círculos. Quando os bois estão em jugo desigual, eles não podem executar a tarefa que está diante deles. Em vez de trabalhar juntos, estão em desacordo um com o outro.

A admoestação de Paulo em 2 Coríntios 6:14 faz parte de um discurso maior à igreja de Corinto sobre a vida cristã. Ele desencorajou-os de estar em uma parceria desigual com os infiéis porque os crentes e descrentes são opostos, assim como a luz e as trevas são opostos. Eles simplesmente não têm nada em comum, assim como Cristo não tem nada em comum com o "Maligno", uma palavra hebraica que significa "inutilidade" (v. 15). 

Aqui Paulo a usa para se referir a satanás. A ideia é que o mundo pagão, mau e descrente é regido pelos princípios de satanás, e que os cristãos devem se separar desse mundo perverso, assim como Cristo era separado de todos os métodos, objetivos e planos de satanás. Ele não teve nenhuma participação neles e nem formou nenhuma união com eles — assim deve ser com os seguidores de um em relação aos seguidores do outro. A tentativa de viver uma vida cristã com um não-cristão como um amigo e aliado próximo só nos fará andar em círculos.

O "jugo desigual" é muitas vezes aplicado a relações comerciais. Para um cristão entrar em uma parceria com um incrédulo é cortejar o desastre. Eles têm cosmovisões e morais opostas, e as decisões de negócios que devem ser feitas diariamente vão refletir um ou o outro. Para a relação funcionar, um ou outro tem de abandonar o seu centro moral e avançar em direção ao do outro. Mais frequentemente do que não, é o crente que se vê pressionado a deixar os seus princípios cristãos para trás por causa do lucro e do crescimento do negócio.

É claro que a aliança mais próxima que uma pessoa pode ter com outra é encontrada no casamento, e é assim que a passagem é geralmente interpretada. O plano de Deus é para que um homem e uma mulher se tornem "uma só carne" (Gênesis 2:24) — uma relação tão íntima que um literal e figurativamente se torna parte do outro. Unir um crente com um incrédulo é, em sua essência, unir opostos, o que contribui para uma relação muito difícil.

Casamento: culto ou show?


Receber um convite de casamento hoje é algo que nos leva a fazer a seguinte pergunta: "Estou recebendo um convite para participar de um show ou de uma cerimônia religiosa?". Muitas cerimônias de casamentos, inclusive no meio evangélico, têm-se transformado num verdadeiro show.

O jornal A Folha de São Paulo, numa de suas edições há anos atrás, trouxe uma reportagem detalhando os sonhos das noivas para a cerimônia de casamento. Uma das entrevistadas sonhava em chegar na igreja de helicóptero.

Outra desejava ser recebida com guitarra. Uma das entrevistadas desejava realizar a cerimônia numa fazenda, onde ela é quem chegaria de cavalo. (Só faltou dizer que seria num cavalo alado!). Numa das revistas evangélicas soube que no casamento de um cantor famoso da música gospel, a noiva chegou no ambiente da cerimônia num elevador subterrâneo em meio à "fumaça" de gelo seco.

Num dia desses li uma reportagem que existe uma empresa que realiza os mais variados sonhos dos seus clientes. Um deles está é a possibilidade de realizar a cerimônia de casamento no fundo do mar! E o que dizer das cerimônias caríssimas, luxuosíssimas realizadas em praias paradisíacas? As celebridades — incluindo-se aqui a do hight society gospel — que o digam nos stories e feeds de suas redes sociais!

Cerimônia de casamento, principalmente de crentes, não é lugar para dar vazão à fantasia.

Deve ser um momento em que os noivos realizam um ato instituído por Deus e não deve ser transformado em espetáculo, de show pirotécnico até diria, circense. Isso sem falar na postura de alguns fotógrafos e cinegrafistas. Muitos deles quase dizem para o pastor o que deve e o que não deve ser feito. Tornam-se os donos do espaço do celebrante. Um absurdo!

Numa cerimônia de casamento há de estar presente o espírito de culto, de adoração, de súplica das bênçãos divinas, de honra à instituição sagrada do matrimônio e de evangelização. Com isso, não quero dizer que não deva existir beleza. Mas o que não posso concordar é com a extravagância do evento.

É muito importante sair de uma cerimônia de casamento louvando a Deus. Louvando a Deus por o pastor pregar um sermão onde parece um aconselhamento de pai para filho. Onde haja ternura e unção em suas palavras. No final de sua mensagem procurar ministrar às famílias ali presentes. As músicas sendo tocadas de forma que nos enleve espiritualmente e não para uma cena de filme de hollywood. 

Pode ter recepção? Sim, claro, mas de forma equilibrada e sem exageros, ainda mais nesses tempos de pandemia, onde ainda temos de manter a prática dos protocolos preventivos à contaminação pelo novo coronavírus que ainda está em circulação.

Ao invés de sonhar com uma cerimônia de casamento luxuriante, os noivos deveriam sonhar e pedir a Deus um cônjuge que cumprisse com os votos conjugais, que honrasse a instituição do matrimonio, que fosse um marido ou uma esposa segundo os desejos de Deus e cumpridores dos deveres conjugais conforme os relatos de Efésios 5:22-33; Colossenses 3:18,19 e de 1 Pedro 3:1-7 e que encarasse o casamento como uma união indissolúvel.

Se a pompa numa cerimônia de casamento ajudasse alguma coisa, o matrimônio da princesa Diane com o príncipe Charles, há muitos anos, teria sido um sucesso. Se queremos honrar o casamento (Hebreus 13:4), devemos fazer da cerimônia, do seu início, um lugar onde Deus esteja presente e não um evento meramente humano.

O significado profético do casamento judaico


A Torá nos ensina que os casamentos são "combinados" nos Céus. Diz o Talmud (no tratado Sotá 2a): 
"Quarenta dias antes da concepção é decretado nos Céus que a filha desta pessoa está prometida ao filho daquela outra" (Edição 29 — Junho de 2000).
Segundo o Zohar, o casamento é a união de duas metades de almas que foram colocadas em corpos separados quando a alma desceu à terra. Nos planos Divinos essas "almas gêmeas" vão ser reunidas através do casamento. Mas não podemos esquecer do livre arbítrio. Por isso, apesar de Deus estar envolvido na predestinação de cada par, a decisão final cabe ao indivíduo, já que cada um de nós pode interferir em seu próprio destino.

O próprio Todo-Poderoso, ao criar o homem, percebeu a necessidade deste ter uma companheira fiel que o acompanhasse ao longo da vida.
"E disse o Eterno: 'Não é bom que o homem esteja só'" (Gn 2:18). 
E Deus criou Eva a partir da costela de Adão, assim ordenando: 
"E é por isso que o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne" (2:24).
As Escrituras ensinam que Adão estava só porque não havia alguém a quem ele pudesse se "dar". Com a criação de Eva, as coisas mudaram. Alguém precisava dele e de seu amor, assim como ele precisava do dela. A palavra hebraica para amor — ahavá — vem da raiz hav, que significa dar, o que já indica quão importante é saber "doar-se" ao "bechirat libó", o(a) eleito(a) de seu coração.

O casamento não é uma instituição criada pelos homens, mas sim um propósito divino. O homem e a mulher foram criados como uma entidade única, por isso seu estado natural é a união e, ao se unirem, realizam plenamente "a imagem de Deus". A Torá afirma: 
"Deus criou o homem à sua imagem. Na imagem de Deus, Ele os criou, homem e mulher. Ele os criou e os abençoou e lhes disse: 'Sejam fecundos, multipliquem-se" (1:27).
Em uma primeira análise, o Shir Hashirim, o Cântico dos Cânticos, um dos mais belos livros da Bíblia, de autoria do rei Salomão, parece ser uma canção de amor entre um homem e uma mulher. Nossos sábios ensinam que, ao ser analisada mais cuidadosamente, a obra pode ser considerada uma alegoria do amor entre Deus e o povo de Israel. O fato de o rei Salomão ter utilizado o amor entre homem e mulher como alegoria mostra o quão poderoso e sagrado deve ser o amor — pois sagrada e indissolúvel é a união entre Deus e Israel.

A união e o amor entre os cônjuges são descritos com insistência nas biografias dos patriarcas (Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, Jacó e Lea e, mais tarde, Jacó e Raquel. Estes dois últimos vivem uma das mais bonitas histórias de amor em toda a literatura, uma relação repleta de devoção e ternura).

Com Isaque e Rebeca o texto bíblico relata o primeiro casamento conhecido na história da humanidade. Descreve Rebeca entrando na tenda de Sara, a falecida mãe de seu futuro marido. O Midrash indica que os milagres que se realizavam através de Sara e que haviam cessado com a sua morte, reaparecem através de Rebeca.

O matrimônio


O matrimônio recebe o nome hebraico de kidushin (consagração, santificação ou dedicação), pois o casamento é uma ocasião sagrada no judaísmo. É um mandamento divino, a criação de um laço sagrado. O casamento entre dois judeus é visto como o início de uma nova vida para ambos. O casal passa a ter uma relação exclusiva, e isto implica em uma dedicação total entre o noivo e a noiva para que possam tornar-se o que a Cabalá descreve como "uma única alma em dois corpos diferentes".

O Talmud, ao ser redigido, codificou os hábitos que haviam sido estabelecidos ao longo das gerações. A lei talmúdica estabelece que quando um homem e uma mulher decidem casar-se, ele precisa dizer-lhe que ela passa a ser sua esposa. Ela, por sua vez, deve aceitar de livre e espontânea vontade. Tal ato deve ser realizado diante de duas testemunhas válidas, mediante uma das formas aceitas pelo judaísmo para se contrair matrimônio, entre as quais, a entrega simbólica de uma soma em dinheiro, uma garantia escrita ou através do Kidushei Biá, ou Matrimônio por Cohabitação. Neste último caso, a cerimônia terminava com a mulher entrando na tenda do marido, ato que marcava o início de uma vida em comum. As duas últimas formas de contratar casamento não são mais usadas.

Na época talmúdica o casamento era feito em duas etapas. A primeira era a promessa ou "noivado" — em hebraico, erussin ou kidushin. Era de fato um compromisso moral, que podia ser revogado por uma das partes. Possuía praticamente a validade do matrimônio, mas não concedia direitos aos envolvidos. Era também chamado de kidushin (consagração ou dedicação) pois era, de fato, quando a noiva era "prometida" ao noivo.

No ato do noivado, o homem entregava à futura esposa um presente cujo valor devia ser maior do que uma moeda. A partir do século VII o presente foi substituído por um anel sem pedras preciosas. Este era colocado pelo noivo no dedo indicador direito da noiva, depois da prece recitada por um oficiante, dizendo: 
"Harei at mekudeshet li, betabaat zu kedat Moshe ve-Israel" (Eis que me és consagrada por esse anel, segundo a lei de Moisés e Israel). 
Ao colocar o anel no dedo da noiva, o rapaz efetivava seu vínculo com ela.

Algum tempo após o noivado, a cerimônia de casamento, propriamente dita, em hebraico nissuin, era oficiada sob a chupá, na presença de duas testemunhas competentes com a recitação das sete bênçãos tradicionais — Sheva Brachot. A cerimônia era realizada sob a chupá, o pálio nupcial, simbolizando o lar do novo casal e "cobrindo" ou protegendo-o nesta fase abençoada e sagrada de sua vida. Este "lar" simbólico, a chupá, é o que permite que a cerimônia seja realizada em qualquer lugar.

Desde o século XVI, as duas etapas do matrimônio — erussin / kidushin e o nissuin — são realizadas sucessivamente, durante a celebração do casamento, como conhecemos hoje, apesar de continuarem sendo dois atos distintos. A ketubá, o contrato de casamento, é mencionado ou lido entre as duas etapas da cerimônia.

A cerimônia


A primeira parte do casamento judaico — o kidushin — inicia-se com uma bênção sobre um copo de vinho. É uma bênção de agradecimento e louvor ao Criador, que proporcionou a santidade do matrimônio. E ao pronunciá-la, atrai-se as bençãos Divinas sobre essa união. Tanto o noivo como a noiva bebem deste vinho. Todas as bênçãos durante o casamento são feitas sobre o vinho, pois este simboliza a vida.

A entrega da aliança pelo noivo e a sua aceitação pela noiva constitui o ato central do kidushin, efetivando o vínculo entre os dois. O noivo recita a frase que legitima o casamento —
"Com este anel te consagro a mim, conforme a lei de Moisés e de Israel" —, 
que vimos acima, em hebraico. Em seguida, diante de duas testemunhas, coloca uma simples aliança de ouro no dedo indicador direito da noiva. Depois é feita a leitura ou menção da ketubá, conforme os hábitos de cada comunidade.

O próximo passo da cerimônia é Nissuin, quando são novamente recitadas as sete bênçãos sobre um cálice de vinho, enaltecendo e agradecendo a Deus por Suas obras: a criação do ser humano e por ter criado o homem como uma criatura composta de duas partes — homem e mulher. 

Abençoa-se o casal para que juntos possam ter alegrias, assim como o tiveram Adão e Eva no Jardim do Éden. As berachot santificam os noivos para que o amor entre eles seja tão permanente e indestrutível quanto o amor de Deus para com Israel. Após as bênçãos, o noivo e, em seguida, a noiva, bebem outro cálice de vinho.

Na conclusão da cerimônia é costume o noivo quebrar um copo envolto em um pano. Este gesto serve para recordar a destruição do Templo de Israel. Em algumas comunidades é também interpretado como um sinal de bom augúrio. É o momento em que a solenidade e santidade do ato parecem aliviadas, com as manifestações dos presentes, alegremente fazendo votos de mazaltov, e que descontrai a natural tensão dos noivos, ao chegar o tão ansiado momento de consolidarem o seu amor, "consagrando-se um ao outro" diante de Deus e de sua comunidade.

Ketubá


A ketubá é um contrato matrimonial que confirma legalmente o casamento e especifica as responsabilidades do marido pela esposa. Foi idealizada há mais de 2500 anos por nossos sábios para, através de uma legislação específica, proteger a mulher e seus direitos em uma época na qual ela era considerada, entre outros povos, "propriedade do marido", ou "um ser sem direitos".

Na ketubá podem ser encontradas dez prescrições da Halachá. Três estão escritas na Torá: o marido deve alimentar sua mulher, vesti-la e unir-se a ela conjugalmente. As outras dizem que ele tem o dever de tratar sua mulher quando ela estiver doente, comprá-la de seus seqüestradores se mantida em cativeiro, enterrá-la se vier a morrer, dar-lhe uma moradia decente, assegurar sua subsistência, assim como de suas filhas, e se o marido vier a morrer, ter previsto uma reserva para seu futuro. São citadas algumas obrigações específicas entre os esposos e seus pais, assim como a soma que ele deve dar à sua mulher em caso de divórcio. A mulher deve guardar este documento por toda a vida.

Antigamente existia uma verdadeira arte em torno da confecção de uma ketubá e famílias mais abastadas usavam documentos belíssimos, com lindas ilustrações e bênçãos. Foram assim conservadas ketubot magníficas, de grande valor artístico, que hoje são peças de museus.
"Eu te consagro a Mim para sempre. Eu te consagro a Mim em misericórdia e em julgamento, e em amor, e em retidão. Eu te consagro a Mim em fidelidade, e tu conhecerás Deus" (Oséias 2:21,22).

Sete expressões de noivado entre Deus - o noivo e Israel - a noiva

(Ela)
"Noite após noite, busquei aquele que minha alma adora!..."
"O seu falar é cheio de meiguice e tudo nele me deslumbra e encanta!
Exatamente assim é meu amado e meu amigo..."
"Eu pertenço ao meu amado e meu amado é meu!"...

(Ele)
"Ó, como és bela, amiga minha, e como és mimosa!...
És toda bela, amiga minha, e em ti mancha nenhuma existe...
Esposa minha e minha irmã, roubaste, sim, meu coração, apenas
com um de teus olhares..."
"Quem é esta que surge como a aurora,
tão bela como a lua e tão brilhante como o sol ?..."
"Ó, como és bela, como és graciosa,
minha amada, delícia de minha alma!..." 
(trechos extraídos do livro de Cantares de Salomão)

Conclusão


Apesar dos pesares, dadas as devidas proporções e realidades contextuais e culturais, o cristianimos busca dignificar o casamento. Embora os tempos tenham mudado e os casais desistam mais facilmente, a ideia da Igreja é que cada casal se comprometa a amar incondicionalmente e a se sacrificar um pelo outro e por sua família até o fim. 

Este é o verdadeiro sentido do matrimônio que não precisa em absoluto ser um mega evento cheio de pompa, circunstância e regado a iguarias de comes e bebes, mas sim regado por amor, fé e com indispensável presença de Deus. Só não faltará o melhor vinho (a alegria do Espírito) e o milagre da transformação (a manifestação do poder do Altíssimo).


A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.