"Quando o justo governa, o povo se alegra" (Provérbios 29:2).
Embora a Bíblia afirme isso, entretanto, muitos cristãos ainda dizem:
"Quando o justo governa... se corrompe."
Sei que este é um assunto polêmico, espinhoso, controverso e cheio de equívocos, mas gostaria de analisar alguns dos principais argumentos contrários ao envolvimento do cristão na política, a luz da Palavra de Deus.
A realidade política vs. os princípios cristãos
É grande, profunda e crônica a decepção com os políticos. Uma onda de descrédito com os políticos varre a nação. Somos herdeiros de uma cultura estrativista.
Nossos colonizadores vieram para o Brasil com a intenção de tirar proveito. Rui Barbosa (☆1849/♰1923) alertou para o perigo das ratazanas que mordiam sem piedade o erário público, perdendo a capacidade de se envergonhar com isso.
A maioria dos políticos se capitulam a um esquema de corrupção, de vantagens fáceis, de fisiologismo, nepotismo, enriquecimento ilícito, drenando as riquezas da nação, assaltando os cofres públicos e deixando um rombo criminoso nas verbas destinadas a atender às necessidades sociais. As campanhas milionárias já acenam e pavimentam o caminho da corrupção.
O resultado da corrupção, da má administração, do ganância insaciável pelo poder é que somos a oitava economia do mundo, mas temos um povo pobre, com mais de 50 milhões vivendo na pobreza extrema.
Diante desse quadro, muitos evangélicos ficam também desencantados com a política e cometem vários erros, como por exemplo:
"Política é pecado".
"Política é coisa do diabo".
"O cristão não deve participar de política".
"O cristão deve ser apolítico".
"Toda pessoa que se envolve com política é corrupta".
"Todo crente que se envolve com política acaba se corrompendo".
"A política é mundana e não serve para os crentes".
"Não adianta fazer coisa alguma; devemos pregar o evangelho e aguardar o retorno do Senhor".
Outros erros são cometidos:
"Irmão sempre vota em irmão".
"Todo crente é um bom político".
"Político evangélico deve lutar apenas pelas causas evangélicas"
"O púlpito transforma-se em palanque político".
"A igreja troca voto por favores".
Alguns dizem:
" - A política é muito suja e o cristão não deve se envolver."
A Bíblia diz:
"Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (Mateus 5:14-16).
Os cristãos são a luz do mundo e o sal da terra, devemos nos envolver sim, aliás, o fato de haver tantos escândalos no meio político é justamente devido à ausência de mais pessoas honestas e íntegras. Se nós aplicássemos os princípios cristãos na política, com certeza ela não teria chegado ao nível em que se encontra hoje.
" - A política é um meio muito corrupto, é impossível não se corromper."
Será que o ambiente político da babilônia ou no reino medo-persa, onde Daniel estava, não era corrupto? Com certeza não era muito diferente do que vemos hoje. A ponto dos presidentes e príncipes armarem uma cilada para Daniel fazendo o rei Dario assinar um decreto de que ninguém poderia adorar outro deus a não ser o imperador (6: 6-9).
Entretanto, Daniel se manteve íntegro e fiel, por uma simples razão:
"E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia" (1:8).
O problema de muitos "evangélicos" que se envolvem com a política, não está no grau de corrupção ou degradação em que o ambiente se encontra, mas sim no comprometimento que eles têm com o seu Deus.
Caso contrário, não poderíamos ter cristãos autênticos como advogados, policiais, empresários, ou até mesmo contadores..., como é meu caso, como é o caso de muitos outros cristãos atuantes nos mais diversos exercícios profissionais. Pois em todos os segmentos da sociedade existe o risco de nos corrompermos, depende unicamente da posição que tomamos.
O cristão e seus deveres cidadãos
"Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Filipenses 3:20).
Quando olhamos para as páginas do Novo Testamento, principalmente para as cartas de Paulo, percebemos que ele tinha por hábito endereçá-las mais ou menos assim:
"À igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos de toda a Acaia" (2 Coríntios 1:1).
Essa introdução variava de carta para carta, mas, direta ou indiretamente, três expressões principais nunca faltavam: "santos", "fiéis em Cristo" e "que estão (ou vivem)" em tal lugar (Romanos 1:7; 2 Co 1.1; Fl 1:1; Efésios 1:1; Colossenses 1:2).
As saudações apostólicas, especialmente as paulinas, nunca foram mera formalidade. Elas sempre revelaram grandes e profundas verdades espirituais. Além de "santo" e "fiel" em Cristo, o crente é parte da "igreja de Deus que está em Corinto" (2 Co 1:1), capital da Acaia, por exemplo.
Com isso, Paulo nos ensina que temos dupla cidadania: somos "santos e fiéis em Cristo", somos do céu, mas, por ora, vivemos neste mundo. Somos apenas peregrinos nesta terra.
Nossa pátria não é aqui. E todos devem ver e saber que somos cidadãos do novo céu e da nova terra; estamos apenas de passagem pela terra. Não somos extraterrestres, mas "santos e fiéis em Cristo", vivendo neste mundo para a glória de Deus.
Contudo, enquanto peregrinos aqui, temos também nossos deveres enquanto aqui estivermos (Mt 22:15-22).
" - Um vereador, deputado, prefeito ou até presidente cristão não vai fazer diferença nenhuma."
Será que José não fez diferença no Egito? A Bíblia diz:
"Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra para vos preservar a vida por um grande livramento" (Gn 45:7).
O que dizer então da história de Israel? Quando o Rei temia ao Senhor todo o povo era abençoado, mas quando ele virava as costas para o Senhor, muitos se desviavam também.
Temos muito exemplos de servos de Deus que ocuparam importantes cargos de autoridade e literalmente mudaram a história. É claro que para influenciar a nossa geração não é necessário desempenhar um cargo político, o fato é que precisamos de homens de Deus em todos as esferas da sociedade, e a política não deve ser exceção.
" - O Senhor é quem remove os reis e os estabelece".
Quanto a isso eu concordo plenamente, pois a própria Bíblia assim o afirma em Dn 2:21. Sem dúvida nenhuma foi o Senhor que escolheu José para ser administrador no Egito (Gn 45:7,8) e também Davi para ser rei de Israel (1 Samuel 16:12), assim como muitos outros servos ao longo da história.
Usar este versículo para dizer que não precisamos fazer nada, pois Deus já decidiu quem vai governar, não faz o menor sentido. Deus procura pessoas que estejam dispostas a servi-lo e fazer a sua vontade aonde Ele o desejar. Seja cuidando de ovelhas, ou administrando um reino; tanto na prisão, como no palácio de Faraó.
Só há uma coisa que a Bíblia ordena que o cristão deve literalmente fugir: da carne (1 Coríntios 6:18), quanto ao mais, até mesmo o diabo ela diz para resistirmos (Tiago 4:7). Não podemos nos acovardar, temos de encarar de frente esta questão, se há muita sujeira no meio político, precisamos limpá-lo, se há trevas, precisamos ser luz. Pois, se nós não o fizermos quem o fará?
Conclusão
Em síntese, para que façamos uma análise profícua desse assunto, é preciso fazer também algumas considerações:
- 1) Como votar? — Devemos escolher um candidato pela sua vocação, preparo, caráter, compromisso com o povo e propostas: Há coisas básicas: saúde, educação, emprego, segurança, moradia, progresso. Se temos pessoas evangélicas com esse perfil, demos a elas prioridade em nosso voto. Mas seria irresponsabilidade votar numa pessoa apenas por ser evangélica se ela não tem essas credenciais.
- 2) Como fiscalizar? — A igreja é a consciência do Estado. Ela exerce voz profética. Ela precisa votar e acompanhar e cobrar dos seus representantes posturas dignas, sobretudo nos assuntos de ordem moral e social: "casamentos gays", legalização do uso de drogas, do aborto, etc.
- 3) Como encorajar? — A Bíblia nos ensina a interceder, honrar e obedecer as autoridades constituídas (1 Timóteo 2:1,2).
Que Deus nos abençoe nesta difícil tarefa e não permita que nos omitamos quanto aos deveres que nos são cabíveis!
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.
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