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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

DIRETO AO PONTO — O CRISTÃO E AS SUPERSTIÇÕES DA VIRADA DE ANO

Comer lentilha, pular sete ondinhas, usar roupa branca, não comer carne de aves. A virada do ano está chegando e tem gente — inclusive muitos crentes (e a prova disso está nos cultos de virada das grandes denominações, quando se vê um verdadeiro desfile de gente usando roupas brancas, assim como decorações com motivos também na mesma cor) — achando que fazer essas coisas vai tornar o ano nascituro um ano melhor. Para quem é cristão, acreditar nisso tem um nome muito claro: superstição e, em última instância, idolatria, isto é, pôr a confiança não no Deus verdadeiro, mas em qualquer objeto ou prática.

O cristão e as supertições


Evidentemente, há muitos cristãos que estão alertas quanto a isso e reconhecem, por exemplo, que atribuir algum tipo de poder à ingestão de lentilha contraria frontalmente a fé em Deus. É preciso, porém, estar consciente não somente das superstições que cercam datas como a virada do ano, mas do risco que a postura supersticiosa traz para o próprio âmbito da fé cristã.

Quanto mais cresce o neo-paganismo, mais cresce o esoterismo, o ocultismo, as superstições, etc. Foi assim no tempo do paganismo pré-cristão em Roma, Grécia, Egito, Babilônia, Éfeso, etc., e hoje se repete em novas metrópoles modernas.

Quando o homem não encontra o Deus verdadeiro, e não se entrega a Ele, então, "fabrica o seu deus", à sua pequena imagem e semelhança — ou seja, uma escabrosa e desastrosa inversão de valores espirituais —; semelhante á pedra, ao cristal, à magia, etc.

Este deus é um deus "que lhe obedece" mediante algumas práticas rituais um tanto secretas, misteriosas e mágicas. Ele busca neste deus com pés de barro, o conhecimento do futuro ou as revelações do presente, de modo a ser feliz durante o ano que surge.

Sobretudo na festa de Ano Novo os espíritos esotéricos se exaltam em busca das melhores condições para serem agraciados por seus deuses e pelos poderes ocultos do além. Para uns é a exigência de começar o Ano com o pé direito; para outro é estar de roupa branca, mesmo as mais íntimas, ainda que alma não esteja tão clara (há, e, engraçado, aqui, o discurso sobre a discriminação racial, de associar a cor preta com algo ruim, é totalmente ignorada, principalmente pelos próprios negros); para outro é pular as ondinhas do mar… e a pobre miséria humana multiplica as fantasias e suas falsidades.

O homem tem sede de Deus! Ou ele adora e serve ao Deus verdadeiro, "Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis" (Colossenses 1:16), como diz a Escritura, ou passa a adorar e a servir a deuses falsos, mesmo que conscien­temente não se dê conta disso. E assim as seitas se multiplicam a cada dia.

Outros ainda, mais desorientados, correm atrás de horóscopos, de zodíacos, de mapas astrais, de cartomantes, de necromantes, de búzios, de umbanda, de macumba e de todos os tipos de ocultismos, ten­tando encontrar uma forma de satisfazer as suas necessidades.

O cristão no cenário das superstições


Nas grandes e pequenas livrarias, proliferam todos esses tipos de livros, muito bem explorados por alguns escritores e editoras — muitos deles, inclusive, assinados por "gurus" gospel. Lamentavelmente, muitos cristãos, por ignorância religiosa na sua maioria, acabam também seguindo esses caminhos tortuosos e perigosos para a própria vida espiritual.

A doutrina cristã sempre condenou todas essas práticas re­ligiosas. Já no Antigo Testamento, Deus proibiu todos os cultos idolátricos, supersticiosos e ocultos. O livro do Deuteronômio relata a Lei de Deus dada ao povo: 
"Que em teu meio não se encontre alguém que se dê à adivinhação, à astrologia, ao agou­ro, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo ou à evocação dos mortos, porque o Senhor teu Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas" (18:10-12). 
É interes­sante que, logo em seguida, disse Deus ao povo: 
"Serás inteira­mente do Senhor; teu Deus" (18:13).
No livro do Levítico tam­bém encontramos: 
"Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis, para que não sejais contaminados por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (19:31) 
e: 
“Não praticareis a adivinha­ção nem a magia" (19:26b).
A busca dessas práticas ocultistas revela grande falta de fé e confiança em Deus, já que a pessoa está buscando poder ou conhecimento do futuro, fora de Deus e contra a Sua vontade.

O que fazer?


Deliberadamente, o cristão comprometido com as Escrituras se vê diante de muitos dilemas culturais que almeja ler à luz de sua fé. As superstições no fim de ano são um bom exemplo desta realidade, pois, aparentemente, são muitos que estabelecem um apego e crença exagerados (até infundados) em coisas — roupas, alimentos, pessoas, atitudes, simpatias — puramente casuais.

Muito ligado à religiosidade ou à "sabedoria popular", o conceito de superstição aborda as atitudes recorrentes que induzem ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes, seja pelo temor ou pela ignorância, que também pode ser chamado de crendice. 

Por isso, trago aqui uma singela opinião sobre o assunto, a fim de ajudar cristãos que necessitem de mais esclarecimentos e ainda não souberam como lidar com as superstições "obrigatórias" para o êxito na vida. Observe algumas delas:
  • 1. As cores obrigatórias — É sabido que o branco é a cor mais popular no Réveillon, mas as superstições quanto às cores são inúmeras. Muitos julgam que o branco trará paz, o vermelho/rosa guiará a um novo amor ou paixão, o verde/amarelo/laranja atrairá dinheiro e o violeta proporcionará estabilidade, etc.. Todavia, o tom que confere sucesso na vida envolve a matiz do trabalho, caráter e sabedoria, crendo que Deus opera em cada um das nuances.
  • 2. As comidas obrigatórias — Assim como o peru está para o Natal, vários alimentos aparecem na lista de superstições para o novo ano. Na crendice popular, entre animais e frutos, o porco ajudará na prosperidade, o peixe fisgará fertilidade, o carneiro trará vitalidade, as sementes de romã, uvas (comer doze à meia-noite) e maçãs plantarão abundância que, ao lado das lentilhas (também devem ser consumidas à meia-noite), atrairão riquezas. É assim que a ilusão se torna um doce alimento para a alma faminta e ávida por refrigério.
  • 3. Os gestos obrigatórios — Há uma série de gestos supersticiosos que remontam ao novo ano que se inicia. Muitos acreditam que bolsos vazios, guardar uma rolha da garrafa de champanhe ou três sementes de romã na carteira (esse último no dia seis de janeiro, principalmente, jogando em água corrente no final do ano), trarão o tão sonhado e desejado dinheiro. Li que dar três pulinhos com a referida garrafa na mão sem derramar nenhuma gota e, depois, jogar o resto para trás, sem olhar, de uma vez só, é bom para deixar para trás tudo de ruim. Usar roupas novas, jogar moedas da rua para dentro de casa, beber três goles de vinho, acender velas na praia, abraçar alguém do sexo oposto à meia-noite, jogar rosas na água, fazer barulho à meia-noite, enfim, ter pensamento positivo... Inutilmente, todas esses gestos prometem afugentar o mau das pessoas.

Vamos para a Bíblia?


Como já visto acima, biblicamente, o cristão é impelido a evitar superstições, simpatias e crendices mediante a atitude de Deus em relação aos adivinhadores, prognosticadores e agoureiros (Dt 18:9-14; Ezequiel 13:23; Miqueias 5:12), que praticavam abominação ao observar sinais para predizer o futuro e aconselharem os israelitas. 

Estas "mágicas" devem ser abandonadas por amor a Cristo (Atos 19:19). Além disso, confiar em superstições é envolver-se com um engano cultural em detrimento a fé real pela qual nos movemos e vivemos (Habacuque 2:4; Romanos 1:17; Gálatas 3:11).

O mundo é mais carente a cada dia. Promessas para conquistar um novo amor, prosperidade, fortuna e felicidade a partir de superstições são um convite ao engano. O cristão comprometido com a Palavra de Deus sabe que é o Senhor que poderá suprir cada uma de suas necessidades (Filipenses 4:9-20). 

Deus pode fazer-te abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabunde em toda boa obra (2 Coríntios 9:8). Entregue e confie sua vida a Ele, Jesus; não às superstições. Deus é quem te guarda (1 Timóteo 1:12). Coma e beba para a glória de Deus (1 Co 10:31; Cl 3:17), não por causa das superstições.

Superstição ou Fé, eis a questão,

mas, as duas juntas, impossível


A superstição é baseada na fé ignorante de que um objeto tem poderes mágicos. Uma outra palavra para a superstição é "idolatria". A Bíblia não apoia a ideia de coisas que ocorrem por acaso, e nada é feito fora do controle soberano de Deus. Ou Ele faz ou permite tudo de acordo com o Seu plano divino (At 4:28, Efésios 1:10).

Existem muitos tipos de superstições no mundo, estes tipos de práticas são extremamente perigosos porque abrem as mentes dos praticantes à influência do diabo. 1 Pedro 5:8 nos adverte: 
"Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar."
Devemos obter a nossa fé não de objetos ou rituais criados pelos homens, mas a partir do único e verdadeiro Deus que dá a vida eterna (Cl 2:8-10). 

Conclusão


Ao cristão é permitido buscar unicamente em Deus, pela oração, todo consolo, auxílio e força de que necessita — e em nenhum outro meio ou lugar. O Apóstolo Paulo disse: 
"Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças" (Fl 4:6). 
E Paulo ainda advertiu severamente as comunidades cristãs de que fugissem da idolatria (cf. 1 Co 10:14) e mais: 
"As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou queremos provocara ira do Senhor?" (1 Co 10:20-22).
Muitos cristãos, por ignorância, quando não conseguem por suas orações o que pedem a Deus, especialmente nos momentos difíceis da vida, perigosamente vão atrás dessas práticas supersticiosas explícita e contextualmente proibidas pela palavra de Deus, arriscando-­se, como disse Paulo, a prestar culto ao demônio sem o saberem, magoando a Deus.

Quando Deus não atende um pedido nosso, Ele sabe a razão; e, se temos fé e confiança nEle, não vamos atrás de coi­sas proibidas. Toda busca de poder, de realização, de conheci­mento do futuro, etc., fora de Deus, sem que Ele nos tenha dado, é grave ofensa ao Senhor por revelar desconfiança nEle.

O Ano que começa é um grande presente de Deus para cada um de nós; e deve ser colocado inteiramente em Suas mãos para que Ele cuide de cada dia e de nós. Nada alegra tanto a Deus do que vivermos na fé.

O cristão pode comer lentilha, usar roupa branca e deixar de comer ave na virada do ano. Mas porque lentilha é gostoso (e saudável), roupa branca pega bem com esse calor e o frango e o peru já deram o que tinha que dar no natal. 

O cristão pode e deve se reunir em um culto de ação de graças pelo ano que passou e consagrando o novo ano ao Senhor, afinal, existe algo mais profético do que virar o ano cultuando ao Deus Todo Poderoso, celebrando a Ceia do Senhor e com os joelhos dobrados diante dEle? Mas sem acreditar que tudo vai dar errado se ele, por algum motivo, não fizer isso, pois, isso também seria uma superstição.

[Fonte: Ultimato, Rev. Ângelo Vieira da Silva; Canção Nova, por Prof. Felipe Aquino; Gazeta do Povo, por Felipe Koller]

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

SE ENGANA QUEM PENSE QUE O FAMIGERADO MOVIMENTO ANTIVACINA É ALGO NOVO

É provável que seja uma surpresa que sempre tenha havido um movimento antivacina, desde a sua origem. Não é algo novo criado por Jenny McCarthy (renomada atriz americana, roteirista, ativista antivacina e apresentadora de televisão) ou Bob Sears (um pediatra americano de Capistrano Beach, Califórnia, conhecido por suas opiniões pouco ortodoxas e perigosas sobre a vacinação infantil).

O célebre episódio da Revolta da Vacina, de 1904, no Rio, quando um motim popular estourou em decorrência da obrigatoriedade da imunização contra a varíola, é incompatível com a sociedade moderna. 

Desde os anos 1950, com o desenvolvimento da vacina contra a poliomielite, que livrou milhares de pessoas da morte e de viver no horrendo "tanque de aço", aparelho semelhante a um cofre para auxiliar na respiração, os brasileiros saúdam as vacinas. 

Não é diferente agora — seja a vinda da China, como a CoronaVac, seja importada da Europa, como a substância de Oxford em parceria com a inglesa AstraZeneca, aqui testada pela Fiocruz, ou seja qualquer outra que for. O Brasil não pode andar para trás.

A Revolta da Vacina


Foto de bonde virado durante a Revolta da Vacina publicada na revista da semana de 27 de novembro de 1904

No dia 5 de novembro de 1904, instituiu-se a Liga Contra a Vacina Obrigatória, cujo objetivo era organizar uma revolta contra a vacinação que seria imposta pelo governo, através do sanitarista Oswaldo Cruz (☆1872/✞1917), visando erradicar a varíola do Brasil. 

A pergunta que fica é: qual a motivação dessa revolta contra algo benéfico para a população? Historiadores relatam que a simples falta de divulgação e explicação ao povo do que era a campanha gerou toda essa confusão.

Movimento antivacina atual


Acreditava-se que o movimento antivacina atual desdobrava-se sobre pessoas que criam fielmente no mito que as vacinas causam autismo. Isso se deu pelo Dr. Andrew Wakefield, o qual publicou na revista The Lancet o que hoje se chama de fake news, a teoria de que vacina que causa autismo, que nunca foi aceita e mostrou-se fraudulenta. 

O jornalista Brian Deer descobriu que o então médico cientista publicou esse estudo para, posteriormente, lançar sua própria vacina contra o sarampo, a qual seria "mais segura". Para isso, manipulou dados em benefício próprio. Entretanto, ainda, em uma pesquisa feita pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, elencou-se quatro principais grupos de pessoas que apoiam tal movimento:
  • Quem desconfia da ciência e de agências governamentais;
  • Quem teme pela segurança das vacinas;
  • Quem crê em teorias conspiratórias;
  • Quem apoia tratamentos alternativos de doenças.
Hoje, os "antivacina" são conhecidos por "Anti-Vaxxers", nos EUA. O resultado disso, reportado pelo governo de Nova York, é que eles estão vivendo o maior surto de sarampo desde 1990.

A realidade do Brasil é pautada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o qual determina que pais que falham em vacinar possam ser multados ou processados por negligência e maus tratos. Além da carteira de vacinação ser obrigatória na hora de matricular os filhos nas escolas.

Consequências da não vacinação


Das doenças que estão sob cobertura da vacinação, quatro podem acabar reintroduzidas, caso os anti-vaxxers consigam força em seu ideal:
  1. Sarampo;
  2. Poliomielite (paralisia infantil);
  3. Difteria;
  4. Rubéola.
As consequências da não vacinação são inúmeras, tanto para quem não se vacina, quanto para os que convivem com aqueles que não são vacinados, por exemplo, crianças abaixo de 12 meses que não receberam a tríplice viral ainda, podem estar suscetíveis ao sarampo, a caxumba e a rubéola.

O Ministério da Saúde (MS) está em plena luta contra o movimento antivacina, mostrando a consequência que a negligência trouxe a alguns, por exemplo, para Dorcas Moura, de 50 anos, que vive hoje de cadeira de rodas devido à poliomielite contraída na infância.

Benefícios da vacinação


O maior intuito de criar vacinas é para que doenças de alto contágio sejam, senão erradicadas, mas controladas. Com isso, o calendário do Programa Nacional de Imunização busca atuar de forma integral em crianças desde o nascimento, contando com mais de 300 milhões de doses das vacinas inclusas.

Baseado em tudo que foi visto, a última pergunta é: por que eu devo vacinar, então? O nosso organismo é um maquinário incrível contra os microrganismos que tentam nos invadir, porém, não é tão veloz para prevenir o adoecimento.

Dessa forma, a proteção virá tarde e, em alguns casos, podemos chegar à morte antes mesmo de conseguirmos nos livrar da doença. Assim, a vacinação vem como uma alternativa para que possamos criar essa defesa antes do contágio com o microrganismo pleno.

Tendo realizada a imunização, nosso corpo torna-se eficaz no combate ao adoecimento pelo patógeno. Esse simples ato protege nossas crianças e permite a elas um crescimento saudável e longe de complicações das sequelas que possam existir dessas doenças. 
  • Vacinas não são necessariamente, para curar as patologias, mas, sim para nos previnir sobre as possíveis complicações que podem ser causadas por elas.

Conclusão

Mas o que é realmente diferente e mais perigosos hoje?


Embora a grande maioria das pessoas ainda vacine seus filhos, grupos de crianças intencionalmente não vacinadas estão crescendo. E são esses grupos de crianças e adultos não vacinados que estão levando a um aumento de surtos de doenças preveníveis por vacinas que estão ficando mais difíceis de controlar.

O sarampo voltou!

Em pleno 2019, o "inesperado" aconteceu: fomos surpreendidos por um surto de Sarampo. 
Até o fim de outubro, o sarampo foi confirmado em 10.429 dos 49.613 casos suspeitos no Brasil. 
O estado mais acometido foi São Paulo com 90,5% dos casos, seguido do Paraná e do Rio de Janeiro.
Uma coisa que pode ser diferente e nefasta agora é que mais pessoas têm aderido ao novo movimento da chamada "Medicina Natural". De colares âmbar e óleos essenciais a ímãs esportivos e "medicamentos" homeopáticos nas prateleiras das farmácias, essas coisas andam lado a lado com o movimento antivacina moderno.

Além disso, pediatras criaram calendários vacinais de proteção totalmente fora dos padrões internacionais (e não aprovados) para pais. E cada vez mais, grupos de quiropratores, naturopatas, pediatras holísticos e pediatras integrativos aconselham pais a evitar vacinas completamente. 

E com o "Dr. Oz" nas mídias, indicam e vendem um monte desses tipos de "remédios" holísticos nos meios de comunicação todos os dias, isto provavelmente vai parecer a coisa certa a ser feita e pode fazer muitos pais desinformados e assustados não vacinarem seus filhos.

Grandes sites de remédios naturais também empurram tudo e qualquer coisa apelativa "goela abaixo" de todos, desde alimentos orgânicos até teorias de conspiração médica, que também fornecem muita desinformação para pessoas antivacinas. E muitos usam e criam o medo sobre produtos químicos.

Por isso tudo, não é surpreendente que seja fácil assustar os pais sobre vacinas.

Mas, ainda assim, é importante ter em mente que essas coisas não se tornaram comuns naturalmente, o movimento antivacina tornou-se um grande negócio. Desde a venda de vitaminas, suplementos, e-books, e-cursos e tratamentos holísticos duvidosos até a pressão por novas leis garantindo que as crianças possam ficar intencionalmente "desvacinadas" e desprotegidas — elas são um berro assustador que cresce a cada dia.

É claro, berrar e assustar não torna nenhuma dessas informações verdadeiras, mas podem convencer pessoas desinformados ou que sofrem, com o medo e a esperança de cura.

Escrevi mais sobre este tema nos seguintes artigos: 

A Deus toda glória.
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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

ESPECIAL — AFINAL, QUAL A ORIGEM HISTÓRICA DO NATAL E SEUS SÍMBOLOS?

É fundamental que saibamos o verdadeiro significado do Natal para os cristãos, pois é parte fundamental da nossa fé.

Preciso confessar que, embora o Natal não seja especificamente minha época preferida do ano, acho muito válido o clima de harmonia que é sempre comum nessa época. As famílias se aproximam, as casas ficam cheias, as mesas fartas e o mundo fica colorido. 

Mas o mais importante é o significado do Natal que enche o meu coração. Nele uma grande parcela do mundo, comemora o nascimento de Jesus, o Filho de Deus. É fato, que em nossos dias a atenção tem sido dividida com o Papai Noel, suas renas e os gnomos (e, detalhe, até mesmo entre os cristãos). Mas eles são, lenda! Ao contrário de Jesus Cristo, que é completamente real.

Mas, meu intuito com o texto deste artigo, não é de forma alguma demonizar a data e muito menos ainda entrar no já bolorento imbróglio sobre ser ou não legítima a comemoração do Natal pelos cristãos (que chatice isso!), já que, sim, não há na Bíblia, nenhum indicativo de que Jesus tenha nascido no dia 25 de dezembro. 

Mas, entretanto, seja em que dia, mês ou ano que Ele nasceu, o mais importante é que Ele nasceu e como o cumprimento de uma profecia divina (Isaías 9:6), nos dando, assim, muitos motivos para comemoração do Seu nascimento.

O que farei aqui, é um estudo mais com viés histórico, sobre a origem da comemoração do Natal, assim como o significado dos seus principais símbolos.

O começo de tudo


Segundo a tradição cristã, José e Maria viajaram para Belém
pouco antes do nascimento de Jesus
 | Foto: Getty Images
O Natal não foi sempre assim, cheio de coisas legais e coloridas. Ele começou a ser comemorado oficialmente por volta do século IV e foi instituído pela liderança católica para substituir o festival que celebrava o deus Sol, no solstício de inverno. Desde então, que a data celebra o nascimento do Filho de Deus.

O nascimento de Jesus


O Natal — que para os cristãos marca o nascimento de Jesus, o filho de Deus — é celebrado em 25 de dezembro ou 7 de de janeiro, no caso dos cristãos ortodoxos. A natividade é descrita no Novo Testamento da Bíblia, mas os evangelhos de Mateus e Lucas dão versões diferentes para o evento.

Ambas narrativas dizem que Jesus nasceu de Maria, noiva de José, um carpinteiro. Os evangelhos afirmam que Maria era virgem quando engravidou.

No relato de Lucas, Maria foi visitada por um anjo trazendo a mensagem de que ela daria à luz o filho de Deus (Lucas 2:1-20). Já a versão de Mateus afirma que José foi visitado por um anjo que o persuadiu a casar com Maria em vez de dispensá-la ou expor a origem de sua gravidez (Mateus 1:18-25).

Mateus fala também de um grupo de sábios (os reis magos) que seguiram uma estrela até chegar ao local de nascimento de Jesus, para presenteá-lo com ouro, incenso e mirra. Lucas, por sua vez, conta que pastores foram guiados por um anjo até Belém.

O contexto


Segundo a tradição, José e Maria viajaram pouco antes do nascimento de Jesus. José havia sido ordenado a participar de um censo em sua cidade natal, Belém. Todos os judeus tinham de ser contabilizados, para que o Império Romano pudesse determinar o quanto recolheria deles em impostos. Os que haviam se mudado de Belém, como José, tinham de regressar para serem registrados.

José e Maria enfrentaram a longa e árdua viagem de 150 km a partir de Nazaré, pelo vale do rio Jordão, passando por Jerusalém até chegar a Belém. Maria viajou sobre uma mula, para guardar energia para o parto.

Mas, ao chegarem a Belém, souberam que a hospedaria local estava repleta. O dono do local os deixou permanecer em uma caverna rochosa sob a casa, usada como um estábulo. Foi ali, próximo ao barulho e à sujeira dos animais, que Maria deu à luz seu bebê e colocou-o na manjedoura.

O primeiro Natal


Natal começou como uma festividade invernal e continha fortes elementos pagãos | Foto: Getty Images
Os evangelhos não mencionam a data do nascimento de Jesus. Foi só no século 4 que o papa Júlio I estabeleceu o dia 25 de dezembro como o dia de Natal. Era uma tentativa de cristianizar as celebrações pagãs que já eram realizadas nessa época do ano.

No ano de 529, o 25 de dezembro já havia se firmado como um feriado e, em 567, os 12 dias entre o 25 de Dezembro e o Dia de Reis — considerado o dia em que os reis magos chegaram até Jesus — eram feriados públicos.

O Natal não é apenas uma festa cristã. A celebração tem raízes no feriado judaico de Hanuká (festa de luzes celebrada ao longo de oito dias), nos festivais dos gregos antigos, nas crenças dos druidas (sacerdotes celtas) e nos costumes folclóricos europeus.

Celebração invernal e histórica


Diz a lenda que galhos de azevinho foram trançados em uma coroa
e colocados na cabeça de cristo por soldados romanos | Foto: Getty Images
No hemisfério Norte, o Natal é uma festa invernal, próximo ao período do solstício de inverno — depois desse período, a luz do sol aumenta e os dias começam, gradativamente, a serem mais longos. Ao longo da história, essa já era uma época de festividades.

Nossos antepassados caçadores passavam a maior parte do tempo em ambientes externos. Portanto, as estações do ano e o clima tinham uma importância enorme em suas vidas, a ponto de eles reverenciarem o sol. Povos do norte europeu viam o sol como uma roda que mudava as estações, por exemplo.

Os romanos também tinham seu festival para marcar o solstício de inverno: a Saturnália (dedicado ao deus Saturno) durava sete dias, a partir de 17 de dezembro. Era um período em que as regras do cotidiano viravam de ponta-cabeça. Homens se vestiam de mulher, e patrões se fantasiavam de servos. O festival também envolvia procissões, decorações nas casas, velas acesas e distribuição de presentes.

O azevinho, arbusto típico usado hoje nas guirlandas, é um dos símbolos mais associados ao Natal — por ter sido transformado pela Igreja no símbolo da coroa de espinhos de Jesus. Segundo uma lenda, galhos de azevinho foram trançados em uma dolorosa coroa e colocados na cabeça de Cristo por soldados romanos para zombá-lo (Mateus 27:29; João 19:2): 
"Salve o rei dos judeus".
Diz a crença que as frutas do azevinho eram brancas, mas foram tingidas de vermelho permanentemente pelo sangue do messias cristão.

Outra lenda diz respeito a um pequeno órfão que vivia com os pastores quando os anjos vieram anunciar o nascimento de Jesus. O menino trançou uma coroa de azevinhos para a cabeça do bebê recém-nascido. Mas, ao oferecê-la, ficou envergonhado de seu presente e começou a chorar. O bebê Jesus tocou a coroa, que começou a brilhar, fazendo as lágrimas do órfão se transformarem em frutinhas vermelhas.

Mas o significado religioso do azevinho precede o cristianismo: o arbusto era associado inicialmente ao deus Sol e considerado importante nos costumes pagãos. Algumas religiões antigas usavam o azevinho para proteção, e as portas e janelas eram decoradas com suas folhas para proteger as casas de espíritos ruins.

Do ponto de vista histórico, o Natal sempre foi uma curiosa combinação de tradições cristãs, pagãs e folclóricas. Se voltarmos no tempo para 389 d.C., são Gregório Nazianzeno (☆329 d.C./✞390 d.C. — um dos quatro patriarcas da Igreja Grega) advertiu contra 
"os excessos nas festividades, nas danças e decorações nas portas". 
Nessa época, a Igreja já tinha dificuldades em eliminar os traços pagãos dos festivais de inverno.

Na Era Medieval (cerca de 400 d.C a 1400 d.C), o Natal já era conhecido como um período de banquetes e diversões. Era um festival predominantemente secular, mas continha alguns elementos religiosos.

O Natal medieval durava 12 dias, entre o dia 24 de dezembro ao dia 6 de janeiro — dia da "Epifania do Senhor". Epifania vem da palavra grega que significa aparição, em referência ao momento em que Jesus foi revelado ao mundo. Até os anos 1800, a Epifania era uma celebração tão grande quanto a do Natal.

Ao longo da história, a Igreja tentou restringir as celebrações pagãs e dar um sentido cristão a costumes populares. Os cânticos natalinos, por exemplo, eram originalmente músicas para comemorar colheitas ou a metade do verão, até serem incorporadas pelos religiosos. Elas se tornaram uma tradição natalina no final do período medieval.

Proibições ao Natal


Até o século 19, a data não era uma celebração familiar — era comum as pessoas beberam e saírem comemorando pelas ruas. A festa costumava ser tão efusiva que de meados do século 17 até o início do século 18, as puritanos cristãos suprimiram as festas natalinas na Europa e no continente americano.

O movimento puritano havia começado durante o reinado da rainha britânica Elizabeth 1ª (☆1558/✞1603) e se baseava em severos códigos de conduta moral, muita oração e em uma interpretação rígida das escrituras do Novo Testamento.

Como a data do nascimento de Cristo não consta dos evangelhos, os puritanos acreditavam que o Natal era muito relacionado aos festivais pagãos romanos e se opunham a sua celebração, sobretudo ao seu aspecto festivo, regado a comida e bebida, como herança da Saturnália.

A representação da natividade


Corais de Natal eram originalmente músicas para comemorar colheitas ou a
metade do verão, até serem incorporados pelos religiosos | Foto: Whitemay
A contação de histórias se tornou uma parte importante da cristianização do Natal, por exemplo por intermédio do presépio, como uma representação do estábulo onde Jesus nasceu.

A tradição de montar presépios é antiga: já em 400 d.C., o papa Sisto III ordenou que um fosse construído em Roma. No século 18, em muitas partes da Europa, a montagem de presépios era considerada uma forma importante de artesanato.

Peças de natividade também eram apresentadas em igrejas, com a intenção de ilustrar a história natalina contada pela Bíblia.

A Era Vitoriana e o Natal atual


O Natal chegou a ser vetado na Inglaterra, mas voltou com força na Era Vitoriana (☆ 1837-1901), com forte caráter nostálgico.

A obra clássica de Charles Dickens (☆1812/✞1870), "Um Conto de Natal", de 1843, inspirou ideias de como o Natal deveria ser, capturando a imaginação das classes médias britânica e americana - que tinham dinheiro para gastar e vontade de fazer da festa um momento especial para toda a família, dando início ao Natal da forma como o conhecemos hoje.

Ainda que a intenção vitoriana fosse reproduzir práticas natalinas da Inglaterra medieval, muitas das novas tradições eram invenções anglo-americanas. A partir dos anos 1950, os corais de Natal foram estimulados por sacerdotes, sobretudo nos EUA, que incorporaram a cantoria às celebrações natalinas religiosas.

Os ingleses foram os precursores dos cartões de Natal, mas os americanos - muitos deles migrantes — adotaram a prática e a popularizaram, graças a um serviço postal barato e à possibilidade de manter contato com parentes fisicamente distantes.

Já a árvore de Natal era uma tradição germânica, levada à Inglaterra e popularizada pela família real. Em 1834, o príncipe Albert (☆1819/✞1861), marido da rainha Vitória, ganhou uma árvore da rainha da Noruega e exibiu-a na praça Trafalgar, ponto importante de Londres.

Celebração moderna


O Advento é um período de preparação das comemorações do nascimento de Jesus e começa no domingo mais próximo ao dia 30 de novembro. A palavra vem do latim adventus, ou chegada. Tradicionalmente, é uma época de penitência, mas não mais tão rígida quanto a Quaresma, uma vez que os cristãos não fazem mais jejum nesse período.

Guirlandas do Advento são populares na Europa e nos Estados Unidos, sobretudo em igrejas. Elas são feitas com galhos de pinheiros e quatro velas — uma para cada domingo do Advento.

Papai Noel

Imagem do Papai Noel como a conhecemos hoje foi popularizada por
fabricantes de cartões natalinos na Era Vitoriana | Fonte: Getty Images

Uma parte importante do Natal moderno é o mito do Papai Noel ou Pai Natal, cuja origem remonta a tradições cristãs e europeias. Mas a imagem dele como a conhecemos hoje foi popularizada por fabricantes de cartões natalinos americanos no século 19.

Tradicionalmente, o Pai Natal visita as casas à meia-noite da véspera de Natal, descendo pela chaminé para entregar os presentes, colocando-os dentro das meias que as crianças deixam penduradas.

Algumas tradições ao redor do Pai Natal também precedem o cristianismo. Seu trenó, puxado por renas, vem da mitologia escandinava. A prática de deixar tortas e leite ou conhaque para o Papai Noel pode ser remanescente de sacrifícios pagãos que marcavam a chegada da primavera.

Nos EUA, a figura do Santa Claus tem seu nome derivado de São Nicolau, que, segundo a tradição, costumava entregar anonimamente sacos de ouro para um homem que não tinha dinheiro para pagar o dote de casamento de sua filha.

Algumas versões da história afirmam que o santo jogava as sacolas de ouro pela chaminé.

Conclusão


O Dia de Natal é a festa cristã mais celebrada pelas pessoas que não frequentam igrejas, e estas, ao mesmo tempo, costumam ficar repletas para a missa natalina. No entanto, para muitas pessoas, o Natal hoje se tornou uma festa secular, centrada na reunião familiar e na troca de presentes.

Se em séculos passados a Igreja temia a influência pagã sobre a festa cristã, as preocupações atuais são o consumismo e os excessos que marcam as festas de fim de ano.

Em nossos dias, alguns cristãos consideram o Natal uma festa pagã, e não cristã por causa dos símbolos que são utilizados.

Histórica e teologicamente falando, não há argumentos que defendam ou proíbam um cristão de celebrar a data. É algo que está mais relacionado a consciência de cada um.

Sobre assuntos dessa natureza, o apóstolo Paulo nos aconselha em Romanos 14, a agir de acordo com a nossa fé e a sinceridade do nosso culto. Particularmente, eu sigo a sintonia da tradição de que o Natal é uma data cristã que celebra o nascimento de Jesus e é uma oportunidade maravilhosa de compartilhar o conhecimento da revelação de Deus através de Seu Filho, com as pessoas que ainda não o conhecem.

Sendo assim, o sentido do Natal para o cristão pode ser resumido, sem paranóias  e sem forçação de barra espirituais,  em alguns de seus símbolos:
  • A estrela — representa a estrela que guiou os reis magos até Belém;
  • Os presentes — O ouro, o incenso e a mirra entregue a José e Maria como presente para Jesus;
  • O presépio — uma ilustração da manjedoura, do menino da promessa, dos reis e dos pastores;
  • A árvore — Jesus como a videira verdadeira, aquele sobre quem todos os seus irmãos se ajuntam;
  • As luzes — Jesus como a luz do mundo;
  • A ceia — Jesus como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
O Natal terá o sentido que você determinar. É um tema não abordado na Bíblia, no sentido que conhecemos hoje. A data nasceu do desenvolvimento da humanidade e da comunhão da Igreja de Jesus.

Há quem defenda de maneira enérgica, que o significado do Natal é completamente pagão e não glorifica a Deus, pois Jesus não nasceu em 25 de dezembro.

E há quem acredite, assim como eu, que a data é uma celebração do nascimento do Filho de Deus, e a maior dádiva do Senhor aos homens. Dessa forma, fica a seu critério celebrar ou não. Contudo, não julgue quem pensa diferente (repetindo: leia Romanos 14), procure conhecer suas motivações.

Deus abençoe! E que sua vida seja sempre um FELIZ NATAL!

[Fonte: BBC News/Brasil; Jesus e a Bíblia, por Diego Nascimento]

A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

A BÍBLIA COMO ELA É — A EPÍSTOLA DO APÓSTOLO PAULO A FILÉMON

"Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Coríntios 6:20).
Já leu alguma vez a epístola paulina a Filémon? Por incrível que possa parecer, mesmo sendo uma pequena (são apenas 25 versículos) — mas maravilhosa e rica em ensinamentos — carta, ela não é das preferidas e citadas pelos leitores da Bíblia. Dificilmente a podemos chamar "livro" uma vez que se trata de apenas uma única página. Tanto que irei transcrevê-la aqui na íntegra, para que, juntos, a analisemos.
  • 1] Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, nosso cooperador,
  • 2] E à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua casa:
  • 3] Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
  • 4] Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações;
  • 5] Ouvindo do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus Cristo, e para com todos os santos;
  • 6] Para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em vós há por Cristo Jesus.
  • 7] Porque temos grande gozo e consolação do teu amor, porque por ti, ó irmão, as entranhas dos santos foram recreadas.
  • 8] Por isso, ainda que tenha em Cristo grande confiança para te mandar o que te convém,
  • 9] Todavia peço-te antes por amor, sendo eu tal como sou, Paulo o velho, e também agora prisioneiro de Jesus Cristo.
  • 10] Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões;
  • 11] O qual noutro tempo te foi inútil, mas agora a ti e a mim muito útil; eu to tornei a enviar.
  • 12] E tu torna a recebê-lo como às minhas entranhas.
  • 13] Eu bem o quisera conservar comigo, para que por ti me servisse nas prisões do evangelho;
  • 14] Mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício não fosse como por força, mas, voluntário.
  • 15] Porque bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre,
  • 16] Não já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado, particularmente de mim, e quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor?
  • 17] Assim, pois, se me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo.
  • 18] E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta.
  • 19] Eu, Paulo, de minha própria mão o escrevi; eu o pagarei, para te não dizer que ainda mesmo a ti próprio a mim te deves.
  • 20] Sim, irmão, eu me regozijarei de ti no Senhor; recreia as minhas entranhas no Senhor.
  • 21] Escrevi-te confiado na tua obediência, sabendo que ainda farás mais do que digo.
  • 22] E juntamente prepara-me também pousada, porque espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido.
  • 23] Saúdam-te Epafras, meu companheiro de prisão por Cristo Jesus,
  • 24] Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores.
  • 25] A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito. Amém (ACF Almeida Corrigida Fiel).

Análise sistemática


Conteúdo
  • vv. 01-03 —— Saudações
  • vv. 04-07 —— O apreço de Paulo por Filemom
  • vv. 08-21 —— Paulo intercede por Onésimo
  • vv. 22-24 —— Observações finais
  • v. 25 —— Despedida e bênção apostólica
Paulo escreveu esta carta de Roma, na mesma época que escreveu aos Colossenses, por volta do ano 62 d.C. Provavelmente o apóstolo escreveu muitas cartas pessoais a amigos e convertidos, porém esta é a única que nos restou.

Filemom era um cristão rico e membro da igreja em Colossos. Onésimo era um escravo seu que havia escapado, e pelo que parece, também havia roubado algo de valor (v. 18). O fugitivo havia se dirigido para Roma, onde, pela providência de Deus, entrou em contato com Paulo e se converteu.

Uma vez que Onésimo já era cristão, Paulo pensou que o adequado era que regressasse ao seu amo e reparasse os males que havia lhe feito. Por isso, Paulo lhe envia de regresso a Filemom com esta carta. 

Tanto Filemom (v. 19) como Onésimo (v. 10) chegaram à fé sob o ministério de Paulo, de modo que ele era o mais idôneo para atuar como mediador. O apóstolo escreveu esta carta com grande tato para interceder por aquele escravo errante.

Resumo


Paulo não começa esta carta referindo-se a si mesmo como apóstolo, como o faz na maioria das outras. Antes, ele faz referência a si mesmo como prisioneiro de Cristo. Ele o faz várias vezes: no v. 1, vv. 9-10, v. 13 e v. 23. 
"A menção que faz de si mesmo como prisioneiro de Cristo Jesus é muito direta, provavelmente implicando com ela o seguinte: Em comparação com o sacrifício que estou realizando, não é o favor que te pelo um assunto fácil?" (William Hendriksen — ☆1900/✞1982).
Paulo descreve a Filemom como um estimado amigo, e obviamente tem uma opinião muito alta acerca deste homem. Sua reputação de generosidade e bondade para com o povo de Deus era bem conhecida (vv. 4-7). Devido a isto, Paulo se sente confiante ao interceder por Onésimo (v.20).

No passado, Onésimo havia sido inútil para Filemom como escravo, pois prestava um serviço de má vontade, porém agora lhe seria útil (v. 11). O nome Onésimo significa "útil", e Paulo argumenta que aquele homem podia, dali em diante, viver à altura de seu nome, porque era uma nova criatura em Cristo.

Deste modo, a fuga daquele escravo serviu para o bem de Filemom, pela providência de Deus (vv. 15-16). Por conseguinte, Paulo roga que Onésimo não seja recebido asperamente, como eram normalmente recebidos os escravos fugitivos, mas como um irmão em Cristo.

Análise contextual


Esta é a mais curta carta de Paulo e, no verso 10, a seguir aos cumprimentos, ele indica nos a razão pela qual a escreveu. Foi um apelo, implorou, fez um pedido a Filémon por Onésimo. Deduzimos no verso 16 que Onésimo era um escravo de Filémon que fugiu por razão desconhecida do seu mestre. 

Paulo diz: 
"que gerei nas minhas prisões". 
Assim podemos concluir que Onésimo conheceu Paulo na prisão e se tornou um crente. Onésimo estava agora no caminho de volta para o seu mestre e, embora não esteja contextualizado, creio que era ele mesmo quem levava esta carta a Filémon.

Voltando ao que está escrito na carta, o que me arrebatou e o que quero salientar foi a maneira como Paulo geriu uma situação potencialmente difícil: aqui temos um servo que fugiu do seu mestre. Pode mesmo dever-lhe dinheiro também. 

Acontece este mestre ser um cristão maravilhoso. O servo acaba de conhecer Paulo e torna-se crente. Ao mesmo tempo torna-se muito útil ao próprio Paulo sendo um servidor "acorrentado ao evangelho". O que Paulo faz numa situação destas? O que faria você? Coloque-se na posição de Paulo. E depois coloque-se também na posição de Filémon. Eu sei que é exigente, mas respire fundo e coloque-se agora na posição de Onésimo. 

Encarando de frente um grande conflito


Todos são Cristãos e todos tem uma situação por resolver aqui. Não chamaria esta situação uma situação "especial", todos temos de tomar decisões em assuntos da "vida real" e este é uma situação da "vida real". 

Por isso mesmo, é uma oportunidade excelente para ver como Paulo a resolveu. Eu menciono apenas o Paulo porque não sabemos como o Filémon reagiu ao receber a carta. Vamos por isso colocar a atenção no que Paulo fez e creio que vamos aprender muito.

Em primeiro lugar: Quem foi o Paulo? Paulo foi um servidor maravilhoso do Senhor. Durante o primeiro século foi ele quem levou o evangelho aos Gentios (os povos não Judeus) como ninguém mais. As igrejas não conheciam mais ninguém como a Paulo. 

Para a maior parte dos crentes Gentios foi ele o "pai da sua fé", o que os guiou até à verdade. O mesmo aconteceu a Filémon e Onésimo. E agora este irmão está na prisão e Paulo está a discipulá-lo. Onésimo é muito útil para ele. O problema é que ele é um escravo fugitivo. Seu mestre é um irmão da igreja que Paulo plantou.

Como manuseou Paulo a situação deste servidor cristão que por sinal lhe era muito útil? A resposta é: com humildade, bondade, amor e honestidade. Dirigindo se ao Filémon, escreveu de irmão para irmão. Ele diz: 
"… embora podesse ser muito ousado em Cristo para mandar o que é justo, mas por amor eu prefiro apelar a ti" (grifo acrescentado).
Ele teria a capacidade de ordenar mas não o fez. Em vez disso implorou a Filémon. 

Ele apelou, ele pediu em nome do amor. Paulo não exercia autoridade como um superior sobre seus súditos. Nem manipulou. Sim ele tinha a autoridade para mandar, mas se ele a utilizasse não seria em nome do amor e é o AMOR que importa. O que ele faz, por amor, porque é o amor que importa, é apelar — em vez de comandar, exigir ou manipular.

A seguir ele diz uma outra coisa: 
"Estou a mandá-lo (Onésimo) regressar. Recebe-o pois, isto é do coração, que desejaria mante-lo comigo, para que em teu nome ele podesse servir-me nas prisões do evangelho."
Paulo podia ter mantido Onésimo na prisão e ter enviado uma carta a Filémon ordenando que recebesse de volta o seu escravo. Ou podia ter-lhe mandado esquecer o Onésimo porque ele, Paulo, precisava dele. Paulo não fez nada disso. Antes mandou Onésimo voltar para Filémon apelando a que ele o recebesse. 

Seguidamente ele diz a Filémon que gostaria de ficar com Onésimo para ministrar (servir em nome de Filémon) nas "suas prisões do evangelho". Tenha atenção a isto: "em nome de"; Paulo não diz: em vez de Filémon. Onésimo não era um substituto de Filémon. 

Se Onésimo retornasse para Paulo, ele servi-lo-ia em nome de Filémon, como se ao serviço de Filémon. Isto precisa de ser salientado uma vez que algumas vezes foi traduzido como: "em vez de Filémon" o que induz uma compreensão errada. 

A palavra grega para: "em teu nome" é huper (υπέρ) e está 120 vezes mencionada no Novo Testamento (versão KJV). Em apenas duas ocasiões é traduzida como "em vez de" nas restantes 108 vezes como "para". 

E nesta frase também devia ser traduzido desta forma. Caso Onésimo volta-se para Paulo, servindo-o, fá-lo-ia em nome de Filémon e para Filémon. Seria como se Filémon tivesse emprestado o seu servo a Paulo. 

O princípio da voluntariedade


Um dia um irmão deu-me uma ideia interessante acerca de dar e de apoiar. Ele disse que quando apoiamos um ministério em particular, ou um propósito, tornamo-nos acionistas desse ministério e receberemos dividendos dele. Se investir os seus recursos num ministério e este der frutos, então Deus regista uma parte como dividendos para Si, uma vez que foram atingidos com o seu suporte. 

Se Filémon permitir que Onésimo sirva Paulo então será em nome de Filémon e trará dividendos a Filémon dependendo dos frutos que o ministério de Paulo obtiver. Mas quero apontar mais uma coisa aqui: mesmo precisando de Onésimo, Paulo não assumiu a sua autoridade para ficar com ele só por ser, digamos, o apóstolo Paulo. 

Em vez disso, olhem o que ele disse: 
"…mas sem o teu consentimento nada quis fazer, para que o teu benefício não fosse como por força, mas, sim, espontâneo" (grifo acrescentado).
Paulo retraiu-se de obrigar Filémon. Ele mostrou claramente a situação a Filémon: ele estava na prisão e Onésimo era um grande apoio para ele. Mesmo assim não ia ficar com ele, não ia obrigar Filémon. Filémon teria de tomar a decisão sozinho e de forma voluntária. 

Vejam a generosidade de Paulo. Ele fala de irmão para irmão, sem o emprego de superioridade ministerial. Não como um superior (na Fé) a um subordinado (na Fé). Traduzindo:
"...Preciso do Onésimo, irmão Filémon. Será um grande investimento para o ministério que você o dê para me ministrar nas prisões do evangelho. Mas de forma alguma irmão quero que você faça isso por obrigação. Apenas voluntariamente. Pense e faça o que achar melhor."
Paulo continua no seu apelo por Onésimo, dizendo a Filémon que, embora ele o tivesse deixado sendo apenas escravo agora volta como algo mais. Ele volta como um querido irmão no Senhor. Mas é possível que Onésimo devesse dinheiro a Filémon quando fugiu. 

O que vai ser desta dívida? Paulo não ordena a Filémon que "as apague" ou que "as esqueça" porque: "sabe que são agora irmãos!" o que Paulo diz a Filémon não são ordens mas sim apelos. E relativamente às dívidas, é o que ele diz: 
"…se ele te deve alguma coisa, põe isso na minha conta, eu pagar-te-ei" (grifo acrescentado).
Isto é amor entre irmãos. Não seria amor fraternal de obrigar o Filémon a esquecer das dívidas que o seu velho escravo lhe deve. Mas é amor de dizer como fez o Paulo: 
"...irmão recebe-o novamente. Eu tomo conta das suas dívidas. Eu pagar-te-ei. Não te preocupes com isso." 
Isto é amor fraternal. Paulo diz-lhe que ele mesmo lhe deve. Filémon encontrou a fé através do trabalho de Paulo. Mas ele não se refere a isto para não exercer pressão sobre ele. 

É uma verdade mas não a vai usar para resolver assuntos materiais. Ao terminar o seu apelo ele diz: 
"…Tendo confiança na tua obediência, escrevo-te, sabendo que tu farás mais do que eu digo" (grifo acrescentado).
Paulo sabia que Filémon era um verdadeiro irmão em Cristo. No início da carta chama-o "querido irmão trabalhador", e que ouviu do seu amor e da sua fé para com o Senhor Jesus Cristo e com todos os santos. 

Paulo e Filémon não eram estranhos. Eles conheciam-se. O apelo do Paulo não se dirigiu a um estranho mas a um irmão querido e um trabalhador conhecido pela sua fé. Foi um apelo de um irmão de Fé a outro irmão de Fé. E Paulo tem a confiança que Filémon não só vai honrar o seu pedido mas vai fazer muito mais do que isso.

Minhas considerações pessoais


Para mim esta carta é um exemplo como os Cristãos do 1º século se relacionavam entre si. Paulo mandou de volta ao seu mestre, Filémon o escravo Onésimo que tinha fugido dele e muito provavelmente lhe devia dinheiro. Numa dada altura Onésimo conheceu Paulo e tornou-se um crente muito útil para Paulo, ministrando lhe nas "prisões do evangelho". 

Mesmo assim Paulo nunca pensou que isto lhe daria o direito de fazer algo diferente do que seria o certo. Imagino que hoje muitos Cristãos reagissem diferente do que Paulo o fez. Muitos diriam ter (ou tentariam ter) uma revelação divina para obrigar Filémon a fazer o que eles queriam que ele fizesse. 

Na próxima vez que alguém o pressionar fazendo-o sentir-se condenado se não fizer o que ele quer, por favor leia Filémon! Na próxima vez que alguém exija algo de si "para Obra de Deus" obrigando-o a contribuir para seu propósito, por favor leia Filémon! 

Na próxima vez que precise de alguma coisa de um irmão por favor leia Filémon e saiba como proceder. Paulo sabia que não era necessário uma revelação divina para resolver este caso mas senso comum conjugado com honestidade e verdade. 

Vejamos:
  • A quem pertence Onésimo? Ele pertence a Filémon. Por isso devia voltar para Filémon.
  • Onésimo deve dinheiro a Filémon. Alguém o deve pagar. Quem vai pagá-lo? Paulo aceita esse dever.
  • Onésimo é útil a Paulo no trabalho do ministério. No entanto tem Paulo o direito de ficar com ele sem perguntar a Filémon? Não, Onésimo deve voltar primeiro a Filémon e só se Filémon, voluntariamente e não por obrigação, considerar mandá-lo de volta para Paulo, então ele voltará.
  • Paulo não usou de prerrogativas espirituais, para justificar agir contra as prerrogativas legais (o contexto era que Onésimo, por lei — quer certa ou não, quer se concorde ou não — escravo [isso mesmo: ESCRAVO!] de Filémon).
Vejam o respeito que Paulo tem para com Filémon. Observem a forma como ele se relaciona com os irmãos. Aprendam com isso. Certamente, em muitas ocasiões encontramo-nos em encruzilhadas e precisamos de palavras de sabedoria, a intervenção divina para tomar a escolha certa. 

Deus dar-nos-á essa resposta se lhe pedimos com Fé (João 1:5-8). Em todas as outras ocasiões — em vez de exagerada espiritualização — tudo o que precisamos é a aplicação amorosa e honesta da verdade que sabemos.

Conclusão

Uma prefigura de Cristo


Ao observar a carta de Filemon, vemos o apóstolo Paulo e os dois personagens; Onésimo e Filémon, em uma fascinante história que se assemelha ao plano da salvação para a humanidade. Vendo a necessidade de corrigir o mal que Onésimo havia feito, Paulo o enviou de volta a Filémon, pedindo que este recebesse o seu escravo e o perdoasse.

A carta de Paulo à Filémom pode ser considerada uma lição prática do perdão e restauração entre o pecador e Deus. Cada aspecto do perdão divino é visto no perdão que Paulo buscou para Onésimo.

Verdade prática


Devemos nos tornar servos fiéis de Jesus Cristo, deixando de ser inúteis, e sendo muito úteis à Ele, pois Ele nos comprou com o Seu sangue. Servir a Jesus é diferente de ser servido por Ele. Muitos querem só receber de Cristo, mas o cristão fiel serve Àquele que nos livrou do império das trevas para o maravilhoso reino do Filho do Seu amor (Colossenses 1:13).

[Fonte: Segunda Igreja Batista em Goiânia, por Pr. Leandro B. Peixoto; Monergismo, por Felipe Sabino de Araújo Neto]

A Deus toda glória.
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

ACONTECIMENTOS — "CASO CARLI FILHO": UM MARCO NOS CRIMES DE TRÂNSITO NO BRASIL

A mal fadada Operação Lava Jato parecia um ponto fora da curva. Pela primeira vez na história do País, autoridades e empresários poderosos foram parar atrás das grades por crimes de corrupção ativa e passiva. 

Empreiteiros, políticos, diretores da Petrobras não conseguiram fugir da caneta pesada do então juiz Sergio Moro. Mas, a bem da verdade, nem mesmo a Lava Jato conseguiu acabar de vez com uma marca registrada do País: a impunidade. 

Com quatro instâncias de julgamento, pletora de recursos, lentidão do Judiciário, tudo colabora para que se escape das penas da lei. Não faltam exemplos de gente condenada, mas que está livre, leve e solta.

Como escapar da prisão apenas com um bom advogado

  • Quatro instâncias judiciais — Depois de uma condenação em primeiro grau, o réu pode acionar outras três instâncias superiores (o Tribunal de Justiça, o STJ e o STF).
  • Excesso de recursos — Há uma enorme variedade de recursos da qual as defesas podem lançar mão para adiar a execução da pena, o que pode levar anos. Em muitos casos, as penas prescrevem.
  • Lentidão da Justiça — A grande quantidade de ações em tramitação no Poder Judiciário atrasa julgamentos que podem levar os condenados à prisão.
  • Delação premiada — Os acordos de colaboração costumam prever o cumprimento das penas em regimes diferenciados, sobretudo em prisão domiciliar, normalmente mansões que mais parecem clube social.
O caso que vamos relembrar neste capítulo da série especial de artigos, é um dos que ilustram muito bem o porque do Brasil ser considerado até no exterior, como o país da impunidade.

Relembrando o caso


Aos 53 minutos do dia 7 de maio de 2009, a vida de três jovens se cruzaram definitivamente. Foi em Curitiba, Paraná. Ao volante de um Honda Fit prata estava Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, estudante de psicologia e jornalismo, evangélico e com viagem de estudos marcada para a Austrália. 
A seu lado, o amigo Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos. Os dois amigos, vinham de um shopping.

A bordo de um Passat alemão preto estava o então deputado estadual Fernando Carli Filho (PSB), de 26 anos, eleito com 46.686 votos e dono de uma carteira de habilitação suspensa por causa de infrações de trânsito que somavam 130 pontos (uma carteira de habilitação é suspensa automaticamente se o motorista acumular 20 pontos no período de um ano). 
De acordo com a investigação, naquela madrugada Carli Filho provavelmente iria tomar sua 24ª multa por excesso de velocidade — em seu prontuário de motorista já constavam 30 multas. Mas, antes que isso acontecesse, ele encontrou um "obstáculo" em seu caminho: o carro de Gilmar e Murilo.

O "acidente"


O que sobrou do Honda Fit, onde estavam Gilmar Yared e Carlos Murilo

Imagens gravadas pelas câmeras de um posto de gasolina mostram como o Passat de Carli Filho, após uma decolagem, arrancou o teto do Fit, vindo a capotar depois. Gilmar e Murilo, decapitados, morreram na hora. 
"Encontraram a cabeça do meu filho separada do corpo, a 40 metros do lugar do acidente" (grifo acrescentado),
disse Cristiane Yared, mãe de Gilmar
"e os corpos dos dois jovens, tiveram todos os ossos quebrados, até os ossos dos pés do meu filho foram triturados"
continuou.
Carli Filho sofreu traumatismo craniano e fraturas no rosto e teve que passar por várias intervenções cirúrgicas.
"Ainda não temos provas periciais, mas sabemos que o deputado estava com excesso de velocidade e provavelmente alcoolizado"
disse o delegado responsável pela investigação à época dos fatos. Carli Filho não foi submetido a exame de sangue para determinar se estava bêbado na hora do acidente, mas um relatório dos agentes que o socorreram diz que ele apresentava "hálito etílico". Garçons do restaurante em que Carli Filho esteve minutos antes do acidente disseram que o deputado bebeu, sozinho, quatro garrafas de vinho.

Quem é Carli Filho


Carli Filho é herdeiro de uma tradicional família de políticos no Paraná. O pai, Fernando Ribas Carli, foi deputado estadual e federal, além de ter sido chefe da Casa Civil de Jaime Lerner, governador do Paraná entre 1995 e 2002. Na época do acontecimento, Carli pai era prefeito de Guarapuava, no interior do Paraná. 

Um tio de Carli Filho, Plauto Miró, também foi deputado estadual. Conhecido em Curitiba como playboy, com histórico de bebedeiras e confusões, Carli Filho criou, em 2007, um projeto de lei para dar descontos no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores para motoristas que ficam um ano sem infrações de trânsito.

O desdobramento


O desfecho judicial do caso Carli Filho demorou 10 longos anos. Para concluir o inquérito do acidente, foi preciso reunir provas e ouvir testemunhas. Na política, a condenação ou absolvição veio antes. A pedido da família de Gilmar Yared, Carli Filho teve de responder a um pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar.

Condenação de Carli


O julgamento ocorreu em 28/02/2018, após nove anos, uma vez que a defesa do ex-deputado chegou a apresentar 33 recursos, o último deles ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, na tentativa de tirar o júri de Curitiba.

Durante o seu depoimento no primeiro dia de julgamento em Curitiba, em que ele respondeu por homicídio com dolo eventual ele disse estar arrependido.
"Eu sou culpado!"
O próprio Carli Filho desconstruiu a tese da sua defesa ao declarar em seu depoimento, no primeiro dia: 
"Eu quero dizer aqui para quem vai me julgar, para quem está me ouvindo, que eu sou culpado. Eu assumo minha parcela de culpa em tudo o que aconteceu. Mas eu jamais tive a intenção de matar alguém naquela noite", 
afirmou no plenário do tribunal.

Após anos de espera, as famílias das vítimas finalmente viram Fernando Carli passar por um júri popular e ser condenado por duplo homicídio com dolo eventual.

A pena estipulada foi de nove anos e quatro meses de prisão em regime fechado. No entanto, em dezembro do mesmo ano, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) diminuiu a pena para sete anos e quatro meses de prisão em regime semiaberto. Atualmente, ele cumpre pena com tornozeleira eletrônica.

Conclusão

Mensagem de Christiane Yared


Em sua rede social, a deputada federal Christiane Yared (PL/SC), mãe de Gilmar, que desde a morte do filho, entrou em uma incansável campanha pela punição mais célere dos crimes de trânsito, que também é pastora evangélica e que, inclusive, já declarou ter perdoado o ex-deputado, postou uma mensagem sobre os dez anos sem o filho e, segundo ela, sem Justiça. Leia na íntegra:
"Há dez anos, sinto o peso da dor. Sinto saudade do abraço, do cheiro, do sorriso. Há dez anos, também descobri que existe impunidade e a luta é grande. 
No dia 7 de maio de 2009, a vida da minha família mudou para sempre. Daria tudo para ouvir meu Gilmar Rafael me chamar de mãe mais uma vez..."
escreveu em seu perfil numa rede social.

Cumprindo pena em regime aberto por duplo homicídio com dolo eventual, o ex-deputado Fernando Carli Filho solicitou à Vara de Execuções Penais de Guarapuava autorização para viajar à Itália entre os dias 20 de novembro e 30 de janeiro de 2022. Segundo a petição, a viagem seria necessária por compromisso de trabalho.

Por falta de vagas no regime semiaberto (que estabelece o direito a passar o dia fora da prisão e as noites no presídio),— a Justiça determinou que ele fosse monitorado por tornozeleira eletrônica. 

Carli, que hoje é pai de uma garotinha — uma foto do ex-deputado com a filha Maria Olívia, que nasceu no dia 22 de fevereiro de 2020, postada no perfil do pai dele no Facebook, foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais em Guarapuava  ficou apenas 4 dias na Penitenciária Estadual de Guarapuava (PEG). Como dizem, vida que segue... exceto para Gilmar e Carlos.

A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.