"Não remova os marcos antigos que os seus pais colocaram" (Provérbios 22:28).
Legado é um termo normalmente usado na área jurídica. É o conjunto de ações que alguém deixa por escrito para uma ou várias pessoas. Esta ação é colocada em prática através de um documento ou testamento pelo qual são estabelecidos os bens e pertences deixados para uma pessoa, no caso o legatário juridicamente falando.
A ideia de legado vai além da esfera jurídica. Na verdade, utiliza-se também para indicar tradições, instituições, ideais ou valores que tenham sido herdados por parte de uma comunidade.
Cada população tem seu próprio legado histórico e cultural. É transmitido de geração em geração e não é necessariamente algo material, uma vez que a mentalidade e certos costumes fazem parte do legado recebido.
Se tomarmos como referência o mundo ocidental, seu legado tem uma origem precisa. Por um lado, o Direito Romano já mencionado, embora também haja o pensamento grego (mais particularmente através da filosofia, da arte e da cultura em geral), assim como os valores do cristianismo, da liberdade política e dos direitos sociais.
O legado em seu sentido histórico nos permite entender que o presente é a consequência lógica do passado e que nossa realidade tem raízes profundas. Inclusive nossos ideais não são normalmente próprios, pois a maiorias das avaliações pessoais fazem parte do legado compartilhado.
Legado Espíritual
Na Bíblia existem versículos que tratam sobre transmitir à próxima geração, anunciar à próxima geração, os feitos do Senhor, o caráter do nosso Deus. Em Deuteronômio repete-se muito sobre encucar a Palavra de Deus nos filhos, na casa.
A Igreja tem uma missão, mas também é uma missão dos pais, não é só da Igreja, a Igreja não pode fazer só, a família também não pode fazer só e podemos dizer que uma mão ajuda a outra. Para que? Para manter os nossos filhos no caminho do Senhor.
Paulo, além de escrever e ter zelo com várias igrejas, ele também teve o cuidado individual sobre vidas. Ele tinha quatro "pupilos", quatro jovens que ele investiu pesadamente: Timóteo, Tito, Filemon e Onésimo. Foram homens para os quais Paulo transmitiu coisas do coração dele e, isso fez com que eles pudessem retransmitir aspectos que Paulo tinha na sua própria vida — como homem e ministro de Deus que exercia uma paternidade espiritual.
Entendido o conceito de legado, prossigamos.
Mergulhar na Bíblia ou em uma banheira de creme de avelã?
Como nos distanciamos daquele padrão excelente do cristianismo nascedouro. Quão empobrecido tornou-se o zelo e fervor pelo avanço do Reino de Deus pela pregação do evangelho. Quando vou aos livros de história da Igreja, sou levado a um profundo entristecimento e extrema vergonha, pelo fato de que, através deles, descubro que faço parte da pior geração de Cristãos que já pisou este solo.
Os registros dos três primeiros séculos da era cristã me consomem ao ponto de às vezes questionar-me se realmente posso ser chamado cristão. Partindo dos discípulos e apóstolos do senhor Jesus Cristo, há uma extensa lista de homens que selaram com sangue as verdades que lhes foram confiadas por Cristo, pelo seu santo evangelho.
Vale lembrar que Saulo, antes de sua conversão, era um vil assassino de crentes . Entrava nas casas e arrastava os crentes para a prisão e morte . Era impiedoso e mal, não poupava ninguém, antes incitava que maltratassem os que decidiram servir a Cristo (Atos 8:3, 22:4; 1 Timóteo 1:13,13). Ele que segurou as roupas daqueles que apedrejaram Estevão, o primeiro mártir (At 7:58).
Quando teve o encontro com Cristo, Saulo estava com cartas nas mãos que o autorizavam a barbarizar os que fossem do "Caminho" (At 9). Depois de convertido, as coisas não ficaram melhores para o, agora, Paulo. Ele foi preso por diversas vezes, levou chicotadas, foi apedrejado e teve de se fingir de morto. O perseguidor agora era perseguido e glorificava a Deus por isso!
O legado da Igreja Primitiva
Quem já estudou, ainda que superficialmente, a história da Igreja, sabe o que nossos irmãos passaram para terem o privilégio de servir a Deus. O livro de Atos ilustra em detalhes o que os primeiros cristãos sofreram para que a Igreja tivesse continuidade. Vejamos:
- Estevão — foi expulso da cidade e apedrejado até à morte.
- Tiago, filho de Zebedeu — foi morto quando Herodes Agripa chegou como governador da Judeia.
- Filipe — foi açoitado, lançado na prisão e depois crucificado (cerca de 54 d.C.).
- Mateus — sofreu o martírio pela espada (cerca de 60 d.C.).
- Matias — foi apedrejado em Jerusalém e decapitado.
- André — ao chegar a Edessa, foi preso e crucificado numa cruz, duas extremidades da qual foram fixadas transversalmente no chão.
- Marcos — foi arrastado aos pedaços pelo povo de Alexandria, diante de Serapis, ídolo dos pagãos.
- Pedro — foi condenado à morte e crucificado em Roma.
- Paulo — foi levado a um lugar privado fora da cidade onde foi decapitado pela espada.
- Judas — foi crucificado em Edessa cerca de 72 d.C.
- Bartolomeu — foi cruelmente espancado e crucificado pelos idólatras de lá.
- Tomé — foi morto por sacerdotes pagãos com uma lança que lhe atravessou o corpo.
- Lucas — foi supostamente enforcado numa oliveira pelos sacerdotes idólatras da Grécia.
O legado apostólico
Os apóstolos foram mortos pelos seus perseguidores e não negaram o nome de Cristo. Quase todos provaram de uma morte violenta e dolorosa (com exceção de João que foi enviado para uma prisão perpétua na Ilha de Patmos), mas consideraram isso um ganho, visto que agora herdaram a Vida. A morte para eles era a ida para a Casa. O reencontro com Cristo, agora glorificado!
Já no segundo século Inácio de Antioquia foi lançado às feras do Coliseu, Policarpo foi queimado vivo, Justino Mártir e tantos outros milhares de crentes em Cristo foram decapitados, devorados pelas feras na arena, queimados vivos, apedrejados e outras inúmeras outras formas de martírios sofridos por homens que entenderam a mensagem do evangelho de Cristo e por ela deram suas vidas, a maioria, jamais saberemos seus nomes.
Homens e mulheres que ardiam pelo testemunho fiel do evangelho que receberam e não tiveram suas vidas por mais importante que esse testemunho. Homens que a terra não era digna. Viviam para glória de Deus.
Muita coisa mudou no percurso da história cristã. Conquistamos muitas coisas supérfluas, frívolas e perdemos por demais as vitais. Queria estar equivocado, mas meus olhos e ouvidos atestam a triste realidade do que nos tornamos. Falo principalmente pela realidade eclesiástica brasileira, que não sofre nem a casquinha da perseguição que a igreja dos primeiros séculos sofreu, e ainda assim se vende aos baldes.
Não suportam correção, são amantes de prazeres, viciadas em si, desprovidas de amor pelas almas, rebeldes e arrogantes. Ainda existe alguns boçais dizendo que isso é anacronismo, que não posso interpretar um tempo pelo outro, que isso ficou lá e estamos em outro tempo. Me pergunto o que essas pessoas ainda fazem dentro da igreja. Essa mensagem moderna gerada pela mente desses fariseus modernizados só podem produzir frutos podres, iguais ou piores que eles mesmo.
Jesus nos deu o modelo da sã doutrina pela qual devemos empenhar toda nossa vida em cumpri-la. Se não olharmos para o bom fruto da igreja primitiva e para os que dentro de seus contextos ao longo da história, procuraram viver piedosamente aos moldes daquele padrão, para onde olharemos? Quais serão nossos modelos? Essa geração confusa? Creio que não!
Os apóstolos cumpriram seu legado guardando esse modelo, e morreram por isso. Seus discípulos fizeram o mesmo e morreram. Os que amaram esse evangelho, provaram do mesmo cálice e andaram pelo mesmo caminho. Como eu posso desejar ser diferente do modelo que o meu senhor me deixou apenas para ser agradável e poupar minha vida ou para ser bem visto pela cultura eclesiástica prostituída atual?
Seria estranho para mim se fosse amado pela tal. Chamaram Paulo de tagarela, chamaram os apóstolos de idiotas sem instruções. Chamaram meu Jesus de louco, o que posso esperar sendo servo dEle? Se me chamam de fundamentalista, fico imensamente feliz em saber que não estou em consonância com essa geração creme de avelã que aí está. Tínhamos tudo para ser a igreja mais forte de todos os tempos, contudo, somos a mais fraca e mimada.
Legado?
Somos uma geração que tem envergonhado de forma recorrente o Evangelho. No Brasil somos mais de 50 milhões de Evangélicos e isso não representa absolutamente nenhuma mudança no país. Pelo contrário, nossa nação vai de mal a pior!
Uma geração que não crê na Bíblia
Há quem pense que eu exagero nesse ponto, mas prefiro ir aos fatos. A maior prova de que os cristãos da nossa geração não crêem na Bíblia é que ela tem sido desprezada.
A grande maioria dos crentes não tem o hábito de leitura, claro que isso se reflete na sua meditação bíblica. Preferimos caixinhas de promessas à Bíblia; culto da vitória com a irmã Doquinha, aquela que revela o RG à escola dominical ou ao discipulado; eventos à pregação. A Bíblia, que deveria ser, a nossa única regra de fé e prática foi renegada do meio dos crentes.
Existe crentes que defendam que estudar a Bíblia mata a fé, porque a letra mata. Me pergunto como essas pessoas conhecem a Jesus, se não pela palavra de Deus (João 5:39)?!
Somos uma geração mimada
Enquanto há poucas décadas a preocupação dos cristãos era viver uma vida digna do chamado de Cristo e, pela graça de Deus, alcançar os perdidos, demonstrando o amor de Cristo por eles, atualmente queremos mostrar para os perdidos que somos abençoados e que Deus dá carro zero, casa em condomínio fechado e empresas.
O conceito de benção agora é quase que unicamente material. Se está passando por dificuldades, sejam quais forem, é porque Deus não está abençoando. A igreja primitiva pensava exatamente o contrário, que as dificuldades aperfeiçoaram a fé e davam a oportunidade de testemunhar a Cristo com seu sangue.
Temos medo da morte!
"Ave Maria dos Crentes!" Deus me livre de morrer! Infelizmente esse é o pensamento de muitos crentes. É óbvio que ninguém deve desejar a morte, a não ser que ela seja e meio para estar com Cristo pela eternidade. O problema é que a maioria tem medo de morrer porque sua família ficará desamparada ou porque não tem certeza de sua salvação. Em ambos os casos, isso pode ser resumido como falta de fé!
- No primeiro caso, do medo de sua família passar necessidade — o sujeito crê que quem promove o sustento de sua família é ele e não Deus. Se realmente tivesse fé que é Deus quem o sustenta, não se preocuparia com sua falta, porque Deus continua com sua família, mesmo após sua partida.
- No caso da incerteza da salvação — a falta de fé no sangue purificador de Cristo e sua graça. Como ensinado em muitas igrejas, o sacrifício de Cristo não foi suficiente e é você quem se salva, por suas boas obras. Alguém que se diz salvo e vive como um ímpio tem fortes indícios de nunca ter sido salvo.
Conclusão
A menos que consideremos nosso passado e voltemos as bases de onde nunca deveríamos ter saído, não poderemos progredir de forma segura se nos apegarmos aos conceitos modernos de cristianismo e desconsiderarmos nossas bases estruturais.
Não posso ter essa geração atual como modelo, tendo conhecimento da geração de Estêvão, Paulo, Pedro, Inácio, Policarpo e outros tantos… Há uma necessidade de reconsiderarmos nossa atual concepção de cristianismo, pois, cristianismo sem Cristo é paganismo!
[Fonte: Profes, por Fernando M. — Professor de Teologia Sistemática Reformada; Pregando a Verdade; Conceitos.com]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. Não confuda avanço na vacinação e flexibilização com o fim da pandemia
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