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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

CONHECENDO JESUS NA HISTÓRIA

O ator Jim Caviezel interpretou Jesus no filme "A Paixão de Cristo", de 2004, dirigido por Mel Gibson
"E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: ' 
O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.'  
E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: 'Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos'" (Lucas 4:16-21).
Decerto esta é uma das passagens mais significativas nas narrativas do Evangelho de Jesus. Descrita apenas pelo médico Lucas, ela traz uma revelação inequívoca sobre algo muito importante: a identificação espiritual de Jesus no que tange ao seu exercício ministerial.

Já que a Bíblia nos conta histórias tão maravilhosas, você já se perguntou se existem outros documentos históricos do mesmo período do Novo Testamento, que falem sobre Jesus? A resposta é sim e nesse estudo vamos conhecer alguns destes documentos.

A História é uma ciência voltada para entender o passado humano. Para isso, requer documentos para analisar os fatos históricos. No caso de investigar o Jesus Histórico teremos de analisar fontes materiais e imateriais para entender o seu mundo. 

A pesquisa histórica reconstrói Jesus em relação aos seus contemporâneos do primeiro século, enquanto as interpretações teológicas relacionam Jesus com aqueles que se reúnem em seu nome. Assim, o historiador interpretaria o passado enquanto o teólogo interpretaria a tradição cristã.

Este artigo procura discutir brevemente o problema do Jesus Histórico e destacar os elementos que fazem alusão a essa questão

O Jesus histório por Paulo


No seu livro chamado: "Merece Confiança o Novo Testamento?" (Vida Nova, 160 páginas, 2010) F. F. Bruce deixa claro que não há dúvidas de que o Novo Testamento é o documento mais confiável no mundo, historicamente falando.

A identidade do Jesus histórico tem sido objeto de constante estudo e investigação. Ao longo da história, novas descobertas e afirmações foram feitas, algumas no sentido de colaborar e auxiliar com a fé cristã, que professam a Jesus como Senhor e Salvador; outras, entretanto, com o objetivo de desvencilhar o Cristo da fé, apresentado pelos Evangelhos, do Jesus que viveu na história. 

Essa questão é tão antiga que leva teólogos e estudiosos a cavar profundamente em busca de informações, tendo como um dos referenciais o Apóstolo Paulo, autor de muitas cartas compiladas para o Novo Testamento. 

O Apóstolo se destaca, sendo reconhecido, dentre outras coisas, através de seus escritos, como uma das mais notáveis obras sobre a interpretação da vida de Jesus; entretanto, há escassez à menção ao Jesus Histórico. Tal fato é explicado por alguns teólogos pelo pré-conhecimento que os destinatários paulinos possuíam a respeito de Jesus. 

Sendo assim, Paulo não pretendeu exaurir a questão, visto que já existiam outras obras fazendo referências sobre o assunto, como os evangelhos, sendo que seus objetivos são outros; no entanto, alguns elementos são destacados em Paulo, como a paixão, crucificação e ressurreição de Cristo.

Mas mesmo o Novo Testamento sendo tão confiável como um documento histórico, não precisamos de evidências para crer. Simplesmente confiamos nele porque cremos que é a Palavra de Deus, inerrante e infalível.

Nesse artigo, portanto, não olharemos para a história procurando validar o que está escrito na Bíblia, mas apenas para mostrar evidências de que a história e a Bíblia estão em perfeita harmonia.

Evidência em Cornélio Tácito (✩56 d.C./✞117d.C.)


Vamos começar nossa pesquisa com um texto que o historiador Edwin Yamauchi disse ser 
"provavelmente a referência mais importante a Jesus fora do Novo Testamento".
Relatando a decisão do imperador Nero, de culpar os cristãos pelo fogo que destruiu Roma no ano 64, o historiador romano Cornélio Tácito escreveu nesse mesmo ano 64 DC:
"Nero colocou a culpa […] em uma classe odiada por suas abominações, chamados cristãos pela população. Christus, de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade extrema durante o reinado de Tibério nas mãos de […] Pôncio Pilatos, e uma superstição malígna, como tem sido verificada até o momento, se desenvolveu não só na Judéia, a primeira fonte do mal, mas até mesmo em Roma […]"
O que podemos aprender aqui? Em primeiro lugar, vemos que Tácito era contrário ao cristianismo. Ele reconhece que os cristãos eram "odiados" por adorarem a um homem chamado Cristo, que sofreu a "penalidade extrema", referindo-se à sua morte na cruz.

Ele também diz que uma "superstição" se desenvolveu na Judéia. Que superstição é essa? Possivelmente a crença de que as pessoas agora se consideravam "crucificadas com Cristo", mortas e ressuscitadas com Ele. Para os Romanos isso era apenas uma superstição, mas para a população, por algum motivo, parecia ser uma boa notícia.

O evangelho havia chegado até Roma. Paulo diz em Romanos:
"...em todo o mundo, é proclamada a vossa fé" (1:8).
O fato de que o evangelho havia chegado em Roma era assunto no mundo inteiro, não apenas nas altas cúpulas de Roma, frequentadas por Cornélio Tácito.

Mas em Atos 25, durante seu julgamento, Paulo faz sua famosa declaração:
"Apelo para César"
à qual Festo, o governador, respondeu: 
"Para César apelaste, para César irás". 
Isso significa que o próprio Paulo iria para roma e é lá que ele passaria a maior parte dos seus últimos anos. Uma vez em Roma, foi permitido a Paulo morar por sua conta, tendo em sua companhia o soldado que o guardava (Atos 28:16).

Essa era uma prática comum. Um prisioneiro romano poderia aguardar o julgamento em prisão domiciliar, mas deveria ser guardado por um ou mais soldados. O problema é que Roma achava que Paulo estava preso ao soldado que o guardava, mas na verdade, o soldado é que estava preso a Paulo.
"As minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais. (...) Todos os santos vos saúdam, especialmente os que são da casa de César" (Filipenses 1:13; 4:22).
Paulo não era um prisioneiro de Roma, ele era um embaixador em cadeias (Efésios 6:20). Por meio da sua pregação, o evangelho alcançou tanto soldados, quanto a própria família do imperador.

Evidência em Plínio, o Jovem (✩61 d.C./✞114 d.C.)


Outra fonte importante pode ser encontrada nas cartas de Plínio, o Jovem ao imperador Trajano. Plínio foi o governador romano da Bitínia, na Ásia Menor.

Em uma de suas cartas, aproximadamente no ano 112 d.C, ele pede o conselho de Trajano sobre qual a forma legalmente apropriada de conduzir em juízo aqueles acusados de serem cristãos. Plínio diz que ele precisa consultar o imperador sobre isso porque uma grande multidão de todas as idades, classes e sexos permaneciam sendo acusados de cristianismo.

Em um momento de sua carta, ele fala de alguns hábitos que ele aprendeu sobre os Cristãos:
"Eles têm o hábito de se reunir num certo dia fixo antes do amanhecer, então, cantam em versos alternados para Cristo, como a um deus. Eles se comprometem a um juramento solene de não cometerem ações perversas, nunca cometer qualquer fraude, roubo ou adultério, nunca mentir, nem negar a confiança que tem quando eles forem chamados a entregarem-se; depois disso, é costume deles separarem-se e depois juntarem-se novamente para partilhar comida — mas comida de um tipo comum e inocente."
Esse texto nos dá muitas informações interessantes sobre a vida da Igreja primitiva. Primeiro, aprendemos que eles se reuniam regularmente para adorar. Segundo, sua adoração era dirigida a Cristo! Isso mostra que eles estavam certos da divindade de Jesus.

Plínio não conseguia compreender isso. Ele disse: 
"...cantam para Cristo, como a um Deus".
Para Plínio, Cristo era apenas um homem, um personagem da história. Para aquela igreja perseguida, Ele era sim totalmente homem, mas Ele também era totalmente divino! Que testemunho!

Em terceiro lugar, aprendemos que a Igreja primitiva era conhecida pela sua forma de viver. Eles estavam comprometidos uns com os outros a viver em santidade, de acordo com os princípios ensinados por Jesus.

Jesus disse 
"...não jureis nem pelos céus, nem pela terra" (Mateus 5:34), 
mas para Plínio, aquele compromisso entre os cristãos era tão forte, que ele chamou de "juramento solene".

Por fim, aprendemos que eles se encontravam também "para partilhar comida". Aqui podemos ver que essa não é uma refeição comum. Plínio fala disso como uma parte do culto daquelas pessoas. Se olharmos com cuidado, veremos que essa é uma referência clara ao partir do Pão instituído por Jesus:
"Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: 'Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim'" (1 Coríntios 11:23-24).

 

Evidência em Flávio Josefo (✩37 d.C./✞100 d.C.)


Talvez uma das referências mais famosas a Jesus fora da Bíblia pode ser achada nas obras de Flávio Josefo, um historiador judeu do primeiro século. Duas vezes em sua obra Antiguidades Judaicas ele menciona Jesus.

Na primeira menção, ele fala sobre a condenação de um homem chamado "Tiago", pelo sinédrio. Esse Tiago, segundo Josefo, era:
"o irmão do tão chamado Cristo."
O historiador F. F. Bruce comenta o quanto esse texto está de acordo com a descrição de Tiago feita por Paulo em Gálatas 1:19:
"...o irmão de Jesus."
Mas a referência mais famosa de Josefo sobre Jesus é a seguinte:
"Nesse tempo viveu Jesus, um homem sábio, se, de fato, alguém pode chamá-lo de homem, porque ele relizou feitos surpreendentes. Ele era o Cristo. 
Quando Pilatos o condenou a ser crucificado, aqueles que vieram a amá-lo não abandonaram sua afeição por ele. No terceiro dia ele apareceu restaurado, em vida, e a tribo dos cristãos não desapareceu até hoje."
Embora os historiadores tenham alguns questionamentos sobre a validade dessa porção do livro "Antiguidades", é consenso que o coração da passagem é fiel ao original. Seja como for, vemos que até mesmo para um historiador Judeu não cristão, Jesus era um homem surpreendente.

Evidência no Talmude Babilônico


Existem algumas referências claras sobre Jesus também no Talmude Babilônico, que é uma coleção de ensinos rabínicos compilados, aproximadamente, do ano 70 ao 500.
Em uma das porçoões mais antigas do Talmude, está escrito:
"Na véspera da Páscoa, Yeshu foi pendurado. Por quarenta dias antes da execução, um arauto gritou: 'Ele vai ser apedrejado porque praticou feitiçaria e seduziu Israel à apostasia'".
Essa é um passagem interessante. Vemos que ela é extremamente hostil, mas precisamos lembrar que a sua fonte é um documento escrito por autoridades religiosas entre os judeus, o mesmo grupo que perseguiu a Jesus nos evangelhos, mentindo para o condenar.

O nome Yeshu, ou Yeshua, significa Jesus em hebraico e o texto diz que ele 
"praticou feitiçaria e seduziu Israel à apostasia".
Interessante notarmos que ambas as acusações são as mesmas relatadas nos evangelhos como sendo feitas pelas autoridades religiosas.
Mas os fariseus, ouvindo isto, murmuravam: 'Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios'. (...) Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: 'Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!'" (Mateus 12:24; 26:65).
Esse texto, portanto, mostra que as autoridades religiosas da época, dentro e fora do Novo Testamento, estavam preocupadas em achar uma explicação para os milagres de Jesus.

Evidência em Luciano de Samósata (✩120 d.C./✞192 d.C.)


Luciano de Samósata foi um escritor grego do segundo século que escreveu:
"Os cristãos adoram até hoje a um homem - um personagem distinto que introduziu novos ritos, e foi crucificado por causa disso. Foi marcado neles por seu legislador original que eles são todos irmãos, desde o momento em que são convertidos, e negam os deuses da Grécia, e adoram o sábio crucificado, e vivem de acordo com suas leis."
Mesmo que Luciano esteja fazendo uma sátira dos cristãos, sem saber, estava fornecendo um relato precioso sobre o próprio Cristo.

O que era tão revoltante nos cristãos para ele? O fato de que eles se consideravam todos os irmãos desde sua conversão e negavam os deuses da grécia.

Como podem? Abandonar tudo que os deuses gregos tinham a oferecer, para adorar a um "sábio crucificado"? Isso era inconcebível para Luciano.

Poderíamos citar mais evidências, mas essas são suficientes para vermos que Jesus deixou uma marca bem clara na história, para as autoridades da sua época. 

O que podemos retirar de todos estes documentos históricos?

  • Primeiro  tanto Josefo quanto Luciano indicam que Jesus era considerado sábio. 
  • Segundo  Plínio, o Talmude e Luciano implicam que Ele era um professor poderoso e reverenciado.
  • Terceiro — tanto Josefo quanto o Talmude indicam que Ele realizou feitos miraculosos.
  • Quarto — Tácito, Josefo, o Talmude e Luciano mencionam que Ele foi crucificado. Tácito e Josefo dizem que isso ocorreu sob Pôncio Pilatos. O Talmude declara que aconteceu na véspera da Páscoa.
  • Quinto — existem referências à crença na ressurreição de Jesus tanto em Tácito quanto em Josefo. Sexto, Josefo registra que os seguidores de Jesus acreditavam que Ele era o Cristo, ou Messias. 
  • E finalmente — tanto Plínio quanto Luciano indicam que os cristãos adoravam a Jesus como Deus!
Que essas referências sirvam para nos lembrar que nosso Senhor Jesus viveu na história. Ele, que habita na eternidade, entrou no tempo para nos resgatar. Mais do que isso: Ele entrou na nossa história e deixou as suas marcas. Que esse testemunho, que já tem mais de dois mil anos, continue sendo mantido ainda hoje pela Igreja que Jesus está edificando!

Conclusão


Jesus de Nazaré continua sendo uma presença inelutável na consciência cultural do Ocidente e do mundo inteiro. Mesmo quem Lhe recusa assentimento religioso, não escapa ao fascínio exercido, se não por sua pessoa, então pelo menos pelo lugar que Ele ocupa na história e a importância que, de bom ou de mau grado, Lhe é reconhecida. 

Esse fascínio se traduz no desejo de saber o que Jesus de fato andou fazendo, prescindindo daquilo que seus seguidores fizeram dEle. Que é que Jesus de fato andou fazendo? — essa é a questão do Jesus histórico. 

Para responder a essa pergunta, lança-se mão dos recursos que a historiografia desenvolveu através dos séculos e que nos tempos modernos se chamam "a crítica histórica". A imagem de Jesus que resulta dessa investigação chama-se "o Jesus histórico". 

A figura histórica de Jesus deve ser distinguida do "Cristo da fé". Essa distinção não é a mesma que a distinção entre o Jesus terrestre e o Cristo ressuscitado, elevado na glória de Deus. O Cristo da fé, o Jesus proclamado messias e Filho de Deus pela fé de seus seguidores, inclui ambas as figuras do Jesus terrestre e do Senhor da glória. 

Os evangelhos não nos apresentam o Jesus procurado pelos historiadores críticos, mas o Jesus da "narrativa da fé", um Jesus apresentado de modo que creiamos que Ele é o messias e Filho de Deus e, nesta fé, acedamos à vida eterna (Marcos 1:1; João 20:31).

[Fonte: Cristianismo Ativo, por: Filipe Merker; Reveleteo]

A Deus toda glória.
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