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segunda-feira, 10 de abril de 2017

FILMES QUE EU VI - ESPECIAL: "A PAIXÃO DE CRISTO"

Estamos na semana [chamada] santa e, embora faz algum tempo que escrevi este artigo, deixei propositadamente para postá-lo agora. Vou começar avisando. Esse resenha está cheia de divagações. Se você quiser ler apenas sobre o filme, creio que esta não é a mais indicada para você ler. Leitores avisados, vamos à resenha.

"The Passion of the Christ", (por vezes referido como "The Passion", no Brasil e em Portugal, "A Paixão de Cristo"; em hebraico: הפסיון של ישו‎; em latim: Passio Christi) é um filme bíblico estadunidense de 2004, do gênero drama épico, dirigido por Mel Gibson e estrelado por Jim Caviezel como Jesus Cristo.

Ele retrata a chamada "Paixão de Jesus", em grande medida de acordo com os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João do Novo Testamento. Inspira-se também sobre a chamada "Sexta-Feira das Dores", juntamente com outros escritos devocionais, como os atribuídos a mística e visionária Anna Catarina Emmerich (✩1774-✟1824), beata da Igreja Católica. Parte do filme foi inspirado no livro "A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo" (de autoria da já referida beata, Editora Novaterra, 240 páginas) que teve sua primeira edição em 1883.

O "filme assassino"


Esse foi o "apelido carinhoso" dado por mim a esse filme enquanto esperava na fila para comprar ingressos (onde passei longos cinqüenta minutos, um absurdo). Para quem não sabe, dizem que duas pessoas morreram assistindo a ele. Uma nos EUA e uma aqui mesmo, no Brasil. Claro que Mel Gibson e equipe nunca se manifestaram a respeito, afinal, os milhões de dólares que estão enfiaram no bolso graças ao filme são muito mais importantes do que as supostas vidas perdidas graças ao seu trabalho.

Polêmicas envolveram o filme desde antes do seu lançamento. Cristãos de um lado, judeus do outro, religião contra religião - e até ateus! -, esquecendo tudo que seus próprios evangelhos ensinam a seus seguidores. Essa é, basicamente, a história da humanidade.
Não podemos negar o impacto que nos causa este filme, as cenas que assistimos são fortes. 

É como sentir o coração esmagado por tanta crueldade imposta a um ser humano, mas se formos estudar este tipo de comportamento, veremos que era uma prática comum feita pelos ditadores romanos da época em que se dá o crucificamento de Jesus Cristo. 

Mas a crueldade a ele imposta, superou as que eram praticadas aos outros prisioneiros, inclusive causando estranheza em muitos deles.


Não nos cabe no momento opinar sobre o fato, mas sim tratar desta obra cinematográfica. Em minha opinião, foi um dos filmes neste tema, mais marcante que eu já assistir. 

E olhe que já assisti a muitos. E como já a li Bíblia mais de uma dezena de vezes, eu posso me sentir à vontade para falar sobre os diversos filmes que assistir sobre a história de Cristo (e/ou o Cristo histórico).
Uma coisa é certa, quando o filme acaba, só sendo muito insensível para não sentir um grande um aperto no coração. Fiquei quietinho um bom tempo, pensando. 

E houve crente que afirmaram "ter-se convertido realmente" ao assistir à obra de Gibson.

Uma obra magnífica


Agora vamos tratar da nossa resenha, este filme teve como local de locação, Roma. Foi tão perfeccionista em detalhes que a cena da crucificação demorou mais de duas semanas para ficar pronta, e do agrado de Mel Gibson.

Muitas são as curiosidades sobre este filme, vejamos:
  • O ator Jim Caviezel na época da filmagem tinha 33 anos, e suas iniciais JC.
  • O filme foi totalmente falado em aramaico e latim, línguas nativas e faladas no ano 33 d.C. A principio o diretor, Mel Gibson queria que o filme não tivesse legendas, apenas que a linguagem corporal contasse a história, no entanto, decidiu posteriormente colocar legendas em algumas cenas.
Gibson, "em cena", durante as filmagens
A intenção de Gibson foi retratar este fato de forma totalmente diferente dos filmes bíblicos das décadas 50 e 60, e que se diga de passagem, o fez muito bem. 

As cenas são tão reais que você fica com o estômago embrulhado no final delas: as chicotadas cortando a carne, os chutes, o peso da cruz, os espinhos ferindo a testa, os pregos furando as mãos e os pés. Juro que ao final, eu disse: "Jesussssss"!!!

E era esta a intenção. Chocar, atordoar, e nos fazer pensar...

Em relação aos outros personagens, uma coisa que me chamou à atenção foram os apóstolos, eram quase mendigos, como era de se prever se pensarmos na realidade da época. 

Mel Gibson segue uma linha católica ultraconservadora, e diz ter se baseado nos Evangelhos.

Antissemitismo?


Muitas foram as polêmicas geradas na ocasião do lançamento, principalmente, por parte de muitos Judeus que se sentiram como se sua raça tivesse sido a culpada pelo sacrifício de Jesus. 

Mas, não há como negar. É fato histórico. O nazismo existiu, Hitler foi responsável por um extermínio em massa, e nem por isso podemos culpar todos os seus compatriotas. Uma geração não deve ser responsável pelos atos de outra.

A história se passa há mais de dois mil anos depois de Cristo, e ainda assim assistimos, mesmo já sabendo que seu final é conhecido. Por que??? 

A resposta está na forma como essa história é contada. Gibson quis que o seu filme fizesse as pessoas lembrar o real sentido do sofrimento de Jesus Cristo, que não veio ao mundo apenas para falar de amor, da paz, mas sim pela redenção através do seu sacrifício e dor, e isto ele deixa desde o começo muito claro.
Jim Caviezel, que dispensou dublê,
se preparando para a cena da crucificação

Vamos fazer alguns questionamentos para pensarmos juntos sobre o que pretendia o nosso diretor.

Como ele começa o filme?


Cristo suando sangue, no Getsêmane, sabendo que será traído. Então nós nos perguntamos,

Qual o elemento central do enredo?


O sangue de Jesus! Por isso reparem que este elemento é enaltecido em muitos detalhes de cenas. Para deixar claro o que penso, vamos lá, quando é retirada a coroa de espinhos da sua cabeça, o que notamos logo??? 

A quantidade de sangue. E isto já nos faz pensar em todas as torturas que lhE foram impostas. Nesta imagem vemos o efeito especial utilizado.

Agora vamos nos questionar sobre as 14 estações. O seu início é na condenação por Pôncio Pilatos, e seu término é com Cristo em sua tumba, após a crucificação. Então, a nossa pergunta.

O que são as 14 estações e o que realmente você constata?


Bem, elas são uma manifestação da devoção cristã, mas a constatação maior é a mensagem que Gibson passou tão claramente, Jesus Cristo não era qualquer ser humano, e sim um Homem muito especial, e que foi capaz de suportar tamanho sofrimento em silêncio, em oração, em fé.

Mas, o que levou a Gibson, que é um católico ultraconservador fazer um filme tão esmagador?


Acho que ele deve ter considerado os tempos atuais, em que a fé é algo light, sem sacrifícios reais, tão questionada, tão menosprezada. Por isso acho que optou pelas últimas doze horas, as horas de maior sofrimento na vida terrena de Jesus Cristo.

E o papel de Maria?


Bem, Gibson explorou também o papel da mãe que chora e lamenta o sofrimento do filho com grande intensidade que nada pode fazer para aplacar a dor do filho.

Aliás, um dos pontos que controversos segundo o entendimento de muitos cristãos protestantes (não preciso nem dizer porque)

Quanto ao anti-semitismo (ódio aos judeus) questionado sobre a obra?


O que podemos entender e pensar é que não é o primeiro filme e muito menos será o último que causará esta polêmica. Como já disse antes, apenas fato é fato. História é história. Não nos cabe julgar, apenas analisar um fato histórico, por que assim o é.

A mensagem é esta:


Jesus venceu, enquanto viveu, quando morreu, quando ressuscitou e ascendeu, mas principalmente Ele venceu, quando aparece a figura peculiar do diabo, a tentação, em dois momentos de muita vulnerabilidade: nos Jardins das Oliveiras e na Gólgota.

O que observamos foi que Mel Gibson utilizou uma figura meio andrógena (na verdade, uma atriz) para este papel.

Os prós


Porque acho que o filme deu muito certo?Primeiramente, Gibson foi extremamente inteligente ao optar por atores desconhecidos, o que nos fez os encarar como se assim fossem em seus papeis, sem nos fazer lembrar sobre os trabalhos anteriores de algum deles.

As línguas optadas, aramaico e latim nos dá a sensação que estamos entrando no túnel do tempo. Os recursos visuais, o impacto das cenas foi outro fator determinante para a qualidade superior em relação às outras montagens cinematográficas com o mesmo tema.

Os contras


Gibson "em cena", durante as filmagens
O filme foi muito criticado na ocasião por conta da violência extrema que segundo alguns críticos "obscurece a sua mensagem", no entanto, foi um grande sucesso comercial, arrecadando em excesso de $600 milhões apenas durante seu lançamento. "A Paixão de Cristo" é a maior bilheteria de um filme não feito em inglês de maior bilheteria de todos os tempos.

Claro, todos conhecem a história de Jesus como a ponta dos dedos, mas o filme realmente não se preocupa em explicar nada. Por que Ele foi crucificado? Por que tanto ódio? Quem são os "coadjuvantes"? Se você quer saber, não assista ao filme de Mel Gibson, leia a Bíblia. Posso dizer que, se não tivesse lido em algum lugar que Monica Belucci representaria Maria Madalena, não teria percebido isso pelo filme, pois poucos nomes são relatados.

Era provável de eu acabar perguntando para alguém: "Mas por que ficaram mostrando aquela chorona o filme inteiro?". Pilatos também é outro que, quem não conhece a história, pode não perceber de quem se trata (apesar de sua célebre frase de efeito, a famosa de lavar as mãos).

Flashbacks de Jesus como uma criança e como um jovem com sua mãe Maria, dando o Sermão da Montanha, ensinando os doze Apóstolos, e na Última Ceia são algumas das imagens retratadas. O diálogo é inteiramente reconstruído em Aramaico e latim com legendas em vernáculo.

Também tenho minhas dúvidas em relação à fidelidade à Bíblia. Nunca soube da presença do diabo assistindo à via-crucis enquanto carrega um nenê no colo (De onde Gibson "tirou" aquilo? "Damien"? "O Bebê de Rosemary"? Anton LaVey?). 

Isso se é se o tal personagem andrógino é o diabo, pois na verdade, não é explicado e pode ter sido um erro de interpretação. Aliás, na primeira cena em que este personagem aparece, conversando com Jesus, achei que era Maria (como eu já disse, trata-se de uma atriz).
Até pensei: "Puxa, que Maria assustadora". Claro que mudei de opinião quando foi mostrada uma minhoca passeando pelo nariz do encapuzado personagem.

Outro motivo para os meus contras está na total ausência de acontecimentos. Após a condenação de Jesus, o filme se resume à tortura dEste. 

A cena do açoitamento, em especial, é chocante. Enquanto vemos Jesus sendo submetido a flagelos dos mais diversos objetos, os carrascos exibem expressões de gozo, além de gargalharem como amigos em uma mesa de bar.

Não sei se achei mais impressionante a hora em que uma das armas arranca a carne de Jesus expondo suas costelas ou as expressões (faciais e corporais) dos soldados romanos que parecem estar sentindo um prazer literalmente sexual ao torturar o prisioneiro. Isso, ao meu ver, simboliza toda a maldade da humanidade com a qual, infelizmente, convivemos até o dia de hoje. Essa cena é de tirar lágrimas.

É realmente difícil de acreditar que, em algum momento de nossa história, pudessem existir pessoas tão cruéis. E pior ainda é sabermos que coisas como essas ainda acontecem diariamente. A maldade da humanidade (rima involuntária) está presente desde a criança que tira sarro do colega na escola até o policial que tortura um prisioneiro. São dois exemplos de atitudes selvagens que não trazem nenhum bem a não ser o prazer para aqueles que a executam (e não entendo como podem ter prazer em fazer alguém sofrer).

Curiosamente, a cena do açoitamento é mais violenta que a da crucificação. Ela é tão horrível que me fez pensar em sair do cinema com medo do que viria no clímax do filme.

Outro ponto negativo: a legendagem. Apesar de o filme depender bem mais das vísceras arrancadas de Jesus do que dos diálogos, creio que ao menos 25% das falas do filme não são legendadas. Como já foi amplamente divulgado, o filme é falado em aramaico e latim.

Admito que não conheço nenhum dos dois profundamente e que nem sou capaz de diferenciá-los, porém imagino que a falta de legendas em algumas cenas se deve ao fato de que o tradutor escolheu apenas uma delas para legendar e decidiu que a outra ia permanecer sem as "letrinhas prestativas". Isso não chega a prejudicar o entendimento, já que a história do filme é muito conhecida, mas é no mínimo sacal ter cenas com diálogos completamente incompreensíveis.

Conclusão


Com tantos pontos negativos, o filme também tem suas glórias. As interpretações são fenomenais. Todos os personagens estão muito bem representados e o figurino também está bem legal. 

O fato de o filme causar os sentimentos que causa também é digno de elogios. Outra vantagem é ele ter me inspirado (há tempos, mas só agora, doze anos depois, de - ou do - fato) a escrever essa resenha e se, com ela, fizer ao menos uma pessoa pensar sobre o que escrevi (apesar da polêmica que tenho certeza que este texto vai gerar), já terá valido a pena.

Ficha técnica


  • Gênero: Drama
Título: The Passion of the Christ (Original)

Estreia: 25 de Fevereiro de 2004 (Mundial)
  • Duração: 127 minutos

  • Classificação:14 - Não recomendado para menores de 14 anos

  • Países de Origem: Estados Unidos da América

  • Direção: Mel Gibson

  • Roteiro: Benedict Fitzgerald, Mel Gibson

  • Elenco: Jim Caviezel (Jesus Cristo), Maia Morgenstern (Maria), Monica Bellucci (Maria Madalena), Hristo Jivkov (João), Hristo Shopov (Pôncio Pilatos), Francesco DeVito Saint (Simão Pedro), Mattia Sbragia Yosef (Caifás), Luca Lionello (Judas Iscariotes), Claudia Gerini Claúdia (Prócula), Fabio Sartor (Abenader), Rosalinda Celentano (Satanás), Giacinto Ferro (José de Arimateia), Luca De Dominicis (Herodes Antipas), Chokri Ben Zagden (Tiago), Pietro "Pedro" Sarubbi (Barrabás), Francesco Cabras (Gesmas), Sabrina Impacciatore (Verônica), Sergio Rubini (Dimas), Jarreth Merz (Simão Cireneu), Danilo Maria Valli (Lázaro).
A Deus toda a glória.
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