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domingo, 23 de abril de 2017

DISCOS QUE EU OUVI - 29: "BREAKFAST IN AMERICA" - SUPERTRAMP


No final dos anos 1970 o rock progressivo dava passos significativos e decididos em direção ao pop, deixando para trás os exageros megalomaníacos que caracterizaram a década em busca de uma nova geração de ouvintes.

Gigantes como o Pink Floyd lançavam álbuns como o multiplatinado The Wall, por exemplo, que, apesar de ser uma obra sensacional, era muito mais acessível que Wish You Were Here (1975), Animals (1977) e o clássico Dark Side of the Moon (1973). O Genesis, já sem Peter Gabriel e com Phil Collins no comando, ensaiava os primeiros passos da sonoridade descaradamente pop que marcaria a sua carreira na década de 1980, fazendo a banda vender milhões de álbuns em todo o mundo.

O Yes atravessava uma fase de transição, não sabendo muito bem para que lado seguir em discos como Tormato (1978) e Drama (1980), enquanto outro ícone do estilo, o ELP, rastejava e arranhava o chão com o incrivelmente ruim Love Beach (1978), posando para a foto do LP como se fossem uma banda cover do Bee Gees.

O Supertramp na formação original, no auge do sucesso
No meio disso tudo, um grupo inglês colocava no mercado o disco que mudaria para sempre a sua carreira. Formado em Londres em 1970, o Supertramp não era propriamente uma banda de rock progressivo, apesar de possuir algumas características do gênero, que sempre foram adornadas por bem encaixados elementos pop. Tanto que, desde o início, a crítica especializada classificou o som dos caras como "progressive pop", um rótulo, convenhamos, um tanto quanto esdrúxulo.


Um disco e a história de uma banda


Supertramp, uma banda que iniciou uma carreira promissora no rock progressivo no início dos anos 70 com o seu auto-intitulado e Indelibly Stamped não obteve um sucesso comercial desejado. A partir do terceiro disco, a banda foi se tornando cada vez mais pop, e 'Breakfast In America' tem umas das canções mais famosas do grupo, em outras palavras, foi aqui que o sucesso comercial da banda explodiu.

Mas mesmo mantendo um som indiscutivelmente pop, 'Breakfast In America' é um disco bem imprevisível e com ótimas seções instrumentais, que valem a pena conferir. Mas mesmo assim, possui algumas coisas que deixam a desejar, infelizmente (afinal, nada é perfeito).

A banda era composta por Rick Davies (teclado, vocais e harmônica), John Helliwell (saxofone, vocais e instrumentos de sopro), Roger Hodgson (guitarra, teclado e vocais), Bob Siebenberg (bateria) e Dougie Thomson (baixo), conforme dito anteriormente, faziam um som com certa influência progressiva de seus trabalhos anteriores e com a adição de um pop fácil de assimilar, porém interessante (que vai desde Toto a Bee Gees), temos em 'Breakfast In America' um álbum muito eclético e posso dizer até bom. 

Faixas como o hit "The Logical Song", a faixa-título, "Lord It Is Mine" e "Take The Long Way Home", cantadas por Roger Hodgson, são música grudentas e cativantes, tendo bastante coisas ocorrendo ao mesmo tempo (com exceção da balada "Lord It Is Mine"). A voz de Roger combina com todos os momentos dessas faixas e lembra Jon Anderson do Yes, ficando bem bonito de se ouvir para os fãs de Yes.

O que contradiz isso são as faixas onde Rick Davies canta. Não que sua voz mais grave seja ruim, pelo contrário, é bem bacana. O problema é que tem Roger cantando em algumas seções. Ele impõe uma voz de Bee Gees irritante e nojenta, mas estranhamente grudenta, que dá uma certa raiva de ouvi-lo, pois já sabemos que não iremos esquece-la tão cedo. Mas tirando isso, as canções cantadas por Rick são bem interessantes, mas não tanto quanto as cantadas por Roger, o principal motivo é justamente a voz ser mais agradável e mais "curtível", se ignorarmos os "momentos Bee Gees" dele (não que eu não goste do Bee Gees, mas...).

E o dueto entre eles não são dos melhores. Na faixa inicial, "Gone Hollywood", soa até estranho, e quem faz ficar interessante é Rick, e a razão de eu falar isso já deve estar óbvia. Já no trio de cantores que temos é na última faixa, "Child Of Vision", funciona melhor, mas o que Roger faz bem sozinho, em dupla faz ficar irritante, e o mesmo se diz em trio (John Helliwell canta nela também). Caso o homem tivesse uma noção melhor do que estava fazendo, as coisas ficariam melhores e "Child Of Vision" seria a melhor canção do disco e um ótimo encerramento.

E caso alguém diga que Rick Davies não canta sem a participação de Roger Hodgson, ele canta em "Just Another Nervous Wreck" e "Casual Conversations". Na primeira citada, ele faz muito bem, e a banda faz um ótimo trabalho e com a boa produção do disco, tudo soa divertido. Já na segunda, ela chega a ser chata. Até ser a mais chata do álbum. Nem o solo de saxofone, que percorre pelo disco todo de maneira excelente, não consegue salvar a faixa de um tremendo tédio. 

E não dá para negar, o instrumental, por mais pop que seja, é sensacional. Ele entra nos seus ouvidos e você sente o prazer em ouvi-lo. A banda é muito competente no que queria fazer. Este álbum é recomendado para aqueles que querem uma aproximação entre o pop e o progressivo, que em minha opinião em "Breakfast In America", sexto disco de estúdio da banda, funciona muito bem, por mais que aconteça alguns erros, não prejudica a totalidade. Confira se você quer expandir seu gosto musical.


Faixa a faixa


No lado A, logo na primeira faixa, [01] Gone Hollywood, já pode-se notar o bom trabalho de sax de John Helliwell, que também se sobressai em mais faixas ao decorrer do disco.

Músicas como [02] The Logical Song, um dos destaques e maior sucesso do álbum, mostram a voz inconfundível de Roger Hodgson, além de possuir uma ótima letra. Na música seguinte, [03] Goodbye Stranger, é a vez dele se destacar na guitarra.

[04] Breakfast In America, um dos singles do disco, é a música mais curta do álbum e sua letra fala de uma pessoa que nunca esteve na América. O que faz essa música soar bem é, principalmente, o teclado de Rick Davies e o clarinete de John Helliwell. [05] Oh Darling apesar de ser pouco comentada não decepciona, possuí ótimos arranjos. 

No lado B temos [01] Take The Long Way Home, com a combinação de Rick Davies na gaita e Helliwell no saxofone, é uma das mais conhecidas de "Breakfast In America", e não é para menos, pois se trata de uma ótima música que dá um ritmo diferenciado para o disco.

Na sequência temos a bela [02] Lord Is It Mine, também com excelentes arranjos, seguida de [03] Another Nervous Wreck com um dos refrões mais fortes do álbum e com a guitarra mais presente. O álbum encerra com a relaxante [04] Casual Conversations e [05] Child Of Vision cheia de sintetizadores.


Conclusão


"Breakfast In America" é um álbum tão bom e variado que, apesar dos pesares, fica difícil não gostar. A banda inteira dá um show, sejam os vocais de Davies e Hodgson (apesar dos pesares), o sax de Helliwell ou a bateria e o baixo de Bob Siebenberg e Dougie Thomson que enriquecem muito as músicas na parte rítmica. A ótima produção também contribuiu para que o resultado final fosse positivo.

O álbum que mudou a história do Supertramp e a vida de milhões de fãs em todo o mundo ganhou, no final de 2010, uma edição à altura de sua importância. Trata-se de "Breakfast in America Super Deluxe Edition", um box com 2 CDs, DVD, LP, livro e mais alguns itens que certamente tiraram os fãs do sério. Lançado pela Universal lá fora em 10 de dezembro de 2010, essa edição pra lá de especial chegaou ao Brasil via Hellion Records, que importou algumas unidades do box e o disponibilizou para os colecionadores brasileiros.

O conteúdo dessa edição super luxuosa passa a limpo a ótima fase criativa vivida pelo Supertramp em "Breakfast In America". Vamos destrincar o que há na caixa então! 
  • O CD 1 traz o álbum completo, devidamente remasterizado e em todo o seu esplendor artístico. 
  • O CD 2 brinda o ouvinte com um show inédito da tour do trabalho, com doze músicas que mesclam faixas de "Breakfast In America" com sucessos antigos do conjunto. O setlist é impressionante, alinhando uma sequência de ótimas composições em um show antológico.
  • O box tem ainda um LP de 180 gramas com as músicas do disco original, um poster promocional do período, réplicas de ingressos e basckstage passes e um lindo livro de capa dura repleto de fotos que conta toda a história de "Breakfast In America".
A caixa vem em formato 12 polegadas, com uma grossa e dura capa protetora. Os CDs são acondicionados em compartimentos dentro do gatefold do vinil, o que demanda um certo cuidado ao manusear a embalagem para que os CDs não saiam voando pela sala.

Enfim, um item espetacular, com acabamento gráfico lindo e impressionante, de fazer babar qualquer colecionador e capaz de causar ataques cardíacos nos fãs do Supertramp!

"Breakfast In America" faz parte daquela categoria de discos que transcendem o estilo e a época em que foram lançados. Suas faixas fazem parte da história de milhões de pessoas ao redor do mundo, e estão vivas na memória afetiva de fãs de todos os continentes. Para quem ainda não ouviu o trabalho do Supetramp "Breakfast In America" é um bom lugar para começar.


A Deus toda glória.
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