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sábado, 15 de abril de 2023

ESTANTE DO LÉO — "O DIA DO CHACAL", DE FREDERICK FORSYTH


Fachada da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais
Um dos locais preferidos por mim aqui na minha cidade, a grande Belo Horizonte, é a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

Fundada em 1954, ela é uma das principais do Estado e popularmente chamada de "Biblioteca da Praça da Liberdade", justamente por estar localizada nesse icônico endereço da capital mineira, um dos seus grandes marcos turísticos, onde funciona um monumental circuito cultural.

Eu, em uma de minhas visitas à biblioteca pública
Infelizmente, muito por causa do emburrecimento coletivo nacional, gerado pela popularização da internet, em suas mídias/redes digitais/sociais, que fez com que uma população que já não gostava de ler, se tornasse ainda mais avessa à leitura de um texto que tenha mais que uma lauda, tornando-se uma geração de zumbis viciados em videozinhos ridículos, postados nos famigerados Tik Tok e Kwai, as visitas à biblioteca pública, com seu magnífico acervo, foram se encolhendo com o passar dos anos, seguindo uma linha contrária a evolução natural das coisas.

Ao invés de ir crescendo e se aprimorando, ela foi encolhendo e perdendo atrativos, até ficar reduzida a espaço quase "piquitico" e desconhecido pela maioria dos belorizontinos. Cara, quem não conhece a biblioteca pública, não sabe o que está perdendo.

Tanto o prédio que a abriga, quanto seu estonteante acervo, são a coisa mais linda que existe e uma verdadeira "nave", capaz de nos levar "em viagens" inimagináveis, sem precisar comprar passagem, tirar passaporte ou sequer sair do lugar. O sonho de todos os leitores.

Bom, mas porque essa meu preâmbulo sobre a biblioteca pública? É por que foi nela que conheci o livro sobre o qual irei falar em mais um capítulo da minha série especial de artigos "Estante do Léo".

Sobre o autor


Frederick Forsyth, é um dos maiores escritores de thrillers políticos, na minha opinião.

Nascido na Inglaterra, em 1938, o escritor iniciou sua carreira como jornalista e obteve notoriedade a partir de seu trabalho como correspondente estrangeiro, que lhe possibilitou conhecer profundamente os meandros da política internacional. 

Após dois anos cobrindo a guerra civil em Biafra, na Nigéria, Forsyth decidiu escrever seu primeiro livro de ficção: "O Dia do Chacal (The Day of Jackal)", publicado em 1971. 

Sua especialidade são os romances que envolvem espionagem e política internacional, consequência do jornalismo investigativo que se reflete em toda sua obra. 

Usando sua experiência como jornalista e correspondente diplomático, foi muito preciso e detalhista nas tramas que escreve ao mesmo tempo em que consegue criar uma atmosfera tensa que coloca o leitor imerso na história. 

Lembro-me que a primeira vez em que li "O Dia do Chacal", até perdia a noção do tempo, de tão mergulhado que eu estava na leitura.

Sobre o livro


Em junho de 1958, Charles de Gaulle (✰1890/✞︎1970) retornava ao posto de primeiro-ministro da França. O país atravessava um grave crise moral e política, e gradualmente tornou-se claro que, entre as medidas para sanear a República, De Gaulle pretendia retirar as tropas francesas da Argélia, resquício insustentável do Colonialismo. 

No entanto, alguns oficiais dos que lutaram, anteriormente, na Indochina, e depois na Argélia, não se conformaram. 

Não esqueciam seus homens que haviam morrido em combate, nem que tinham sepultado os corpos mutilados dos que tiveram a infelicidade de ser capturados vivos. 

Esses oficiais formaram a Organização do Exército Secreto (OES), cujo objetivo era assassinar De Gaulle e tomar o poder num golpe de Estado. Vários atentados foram praticados contra o presidente, mas aos poucos a inteligência francesa desbaratou a Organização. Os dirigentes que restavam se exilaram, para pôr em prática um último e desesperado plano: A operação Chacal. 

Como já dito, Forsyth é um mestre na carpintaria do thriller. A narrativa se desloca com agilidade do roubo dos passaportes de dois inocentes turistas em Londres para a reunião da cúpula da OES, num hotel em Roma, e mais tantas outras peças, cuja montagem desafia o leitor. 

O suspense é irresistível. E, no primeiro plano, um assassino que parece ter recursos ilimitados, uma sombra que penetra em qualquer esquema de segurança. E que vai chegar, literalmente, a um centímetro de assassinar De Gaulle, o que poderia mudar a história mundial.

Qualquer semelhança com fatos reais, não é mera coincidência


O romance é baseado em um fato real: a tentativa de assassinar o presidente francês Charles de Gaulle, que aconteceu em 1963, por obra de Jean Bastien-Thiry (✰1927/✞︎1963). O carro onde estava De Gaulle chegou a ser metralhado. 

Thiry era um funcionário público francês insatisfeito em perder seu cargo na Argélia, em virtude da independência do país promovida por De Gaulle.

Forsyth "agarrou" esse fato para compor a sua trama, com algumas modificações, é obvio. A principal delas foi trocar um funcionário publico insatisfeito por um mercenário misterioso contratado com a missão de eliminar o presidente francês.

"O Dia do Chacal" teve a sua primeira publicação lançada em 1971, mas depois devido ao sucesso da obra, que projetaria o nome do Forsyth mundialmente, muitas outras edições passaram a ser lançadas.

No livro, o "Chacal" é contratado por uma organização do exército francês, inimiga da independência da Argélia, para dar cabo do presidente De Gaulle. O mercenário bonito, carismático, com gestos refinados e sem identidade definida mata, friamente, todos aqueles que se colocam em seu caminho para cumprir a missão de eliminar De Gaulle.

O livro é dividido em três partes: "Anatomia de um Complô", "Anatomia de uma Caçada Humana" e "Anatomia de um Assassinato". A primeira parte destaca os detalhes perfeccionistas de como o Chacal planeja o assassinato. A segunda, tem início no momento em que as forças policiais passam a procurar o Chacal. "Anatomia de um Assassinato" é a mais curta e se refere ao desfecho da trama.

Minhas considerações pessoais

Eu recomendo porque...


O "Chacal' e Claude Lebel, são os dois personagens que foram os responsáveis por me prender à leitura dessa verdadeira obra prima da literatura de suspense. Pois bem, estas duas pessoas — quer dizer — estes dois personagens me encantaram quando li o livro.

Ora, torcia para o sujeito contratado para matar Charles De Gaulle; ora, torcia para o cara que tinha a missão de impedir esse ato terrorista. O Chacal idealizado por Forsyth, apesar de ser considerado vilão, tem o poder de seduzir o leitor (a mim, ele seduziu). 

O autor compôs um personagem tão inteligente e detalhista que em certos momentos da trama, sem perceber, você se vê torcendo por ele. Então, entra em cena Label, tão inteligente e detalhista quanto o Chacal, aí lá vai você trocar de lado em sua torcida. 

Este vai e vem na "preferência popular" — bandido-mocinho, mocinho-bandido — para descobrir quem leva a melhor no final é constante. O carisma de Chacal e Label é algo que realmente fascina o leitor. Por isso e por toda sua trama envolvente, eu super recomendo a leitura desse magnífico livro. "O Dia do Chacal", como toda boa obra literária, ganhou uma versão cinematográfica.

Dirigido por Fred Zinnemann, o longa, protagonizado por Edward Fox ("Chacal") e Terence Alexander (Lloyd), foi lançado nas telonas em 1973, tornando-se um dos grandes títulos do gênero na sétima arte. Mas, sobre o filme, eu falo em uma outra oportunidade, numa outra série especial de artigos.

Conclusão


O livro começa lento, com muitos personagens e trechos descritivos, mas depois, com o virar das páginas, a "coisa" vai engrenando. 

À partir da segunda parte, quando começa o jogo de gato e rato entre o Chacal e o detetive Label, o enredo se torna eletrizante.

Cara, resumindo, um livro que vale a leitura e muito! Tanto é que apesar de décadas passadas, os detalhes da trama ainda continuam "fresquinhos" em minha memória, por isso, sem mais delongas, deixo o meu carimbo de:
[Fonte: Livros e Opiniões, por José Antônio jornalista e radialista]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.
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E nem 1% religioso.

domingo, 2 de abril de 2023

PRONTO, FALEI! — DEUS NÃO CHAMOU NINGUÉM PARA SER FAMOSO!

"Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte" (João 6:15).
"No futuro, todos terão seus 15 minutos de fama"
afirmou Andy Warhol (✰1928/✞︎1987) na década de 1960, enquanto criava seus retratos silk screens baseados com rostos de celebridades, acidentes automobilísticos e objetos do dia a dia — expressões do movimento chamado pop art.

Com o advento da popularização da internet e suas plataformas de mídias digitais, essa "previsão profética" de Warhol estava certa, porém — e, em casos semelhantes a esse, digo, infelizmente — foi potencializada em um tempo maior.

Enxergo nesse uso desenfreado das redes sociais e nos mecanismos midiáticos a projeção de Narciso. A disseminação da filosofia — do pensamento crítico e da ideia de confrontação do status quo — por meio dos instrumentos de comunicação de massa é uma espécie de manada de Cavalos de Tróia da era digital (Não confundir com os vírus, por favor!), em um descontrolado e desastroso galope. Lamentável!
O que a fama tem de tão perigosa que até o próprio Cristo conscientemente a evitava? Quero compartilhar neste texto o resultado de minhas reflexões.

Mais um escândalo envolvendo os nomes de um casal de líderes de uma conhecida denominação evangélica, com sede no Rio de Janeiro e que tem igrejas espalhadas por outros estados, capitais — inclusive aqui em Belo Horizonte — e cidades no Brasil e também no exterior, veio à palta essa semana nas passarelas das redes sociais, com a mesma projeção midiática da tal denominação que tem em suas fileiras de membros e frequentadores, várias celebridades, tanto do segmento gospel, quanto do secular. 

Este acontecimento, triste sob todos os aspectos, além de expor o que acontece nos bastidores de muitas dessas grandes e famosos igrejas, que absolutamente nada tem do glamour que ostentam, me serviu de inspiração para o texto desse artigo, mais um capítulo da minha série especial "Pronto, falei!".

Mais luzes, por favor!


Recentemente o filósofo Mário Sérgio Cortella expressou que muitos querem ser famosos, mas o que realmente faz diferença é sermos importantes. Gostei da ideia e fui verificar na Bíblia para ver se ela vem de Deus (aliás, essa é uma boa prática para cada ideia que gostamos...). 

Fico feliz em perceber que este tema percorre todo o texto bíblico. Na verdade, o próprio satanás era um anjo de grande importância, mas ele quis fama, quis ser igual a Deus e, por isso, caiu. 
Perseguir a fama é uma das grandes e mais perigosas tentações de nossos dias. 
Na verdade, muitos importantes se tornam famosos, mas infelizmente há muitas pessoas famosas que realmente não têm importância real. Quando isso acontece, estas pessoas precisam continuar fazendo barulho para preservar sua fama, mas continuam fazendo pouca diferença a longo prazo.

A partir desta reflexão comecei a observar homens na Bíblia que foram importantes, na verdade fundamentais no plano eterno de Deus, mas que não atingiram a fama. Um deles, sobre o qual o Espírito Santo muito me tem falado ultimamente, é aquele tangedor anônimo, cuja única menção — porém de uma importância incontestável —, foi em 2 Reis 3:15

Essa é a realidade da grande maioria dos servos de Deus. Podemos almejar e trabalhar para termos impacto, deixar um legado abençoador (sermos importantes), mas somente Deus pode determinar se seremos famosos.
A grande maioria dos servos de Deus foi importante para o seu plano eterno, mas não atingiu a fama.
Neste artigo gostaria de fazer algumas considerações sobre um outro homem que foi de enorme importância, mas que, apesar de ser mencionado na Bíblia, nunca foi tão famoso quanto outros ao seu redor:

José, o "Barnabé"


Seu nome era José — não o carpinteiro (assim como Maria, Simão, Judas, dentre outros, José, também era um nome muito comum à época) —, mas o que era levita e tinha propriedades. Cresceu fora de Jerusalém, inclusive fora da terra de Israel, e isso era um ponto a menos para sua fama. 

Foi um discípulo de Cristo, mentor de líderes e sua característica pessoal mais forte era o encorajamento, tanto que os demais discípulos lhe deram o apelido de Barnabé, "filho da consolação" (Atos 4:36,37).

Barnabé é mencionado novamente quando toma a iniciativa de apoiar, até mesmo afiançar, um novo e polêmico discípulo, Saulo (Ele mesmo!). Este ex-perseguidor era evitado pelos demais discípulos, mas José (Barnabé) intercedeu por ele e arriscou a sua própria reputação ao testemunhar de sua conversão (ver Atos 9:27).

A próxima vez que Barnabé reaparece é quando surgiu um novo fenômeno: uma igreja não judaica. Com o início da igreja em Antioquia, os apóstolos de Jerusalém o enviam para esclarecer o que ocorria. Ele, chegando ali, viu a graça de Deus e os desafiou a permanecerem fiéis. Percebendo que ele mesmo não tinha os dons e talentos necessários, foi buscar a Saulo e juntos ensinaram aquela igreja tão necessitada (ver Atos 11:19-26).

Em Atos 13 vemos a igreja de Antioquia já estabelecida e com uma equipe de profetas e mestres que vinham das mais diferentes origens. Ali Deus chamou Barnabé e Saulo para a primeira viagem missionária. No decorrer da viagem Saulo virou Paulo, mas também se transformou no líder da equipe. Este fato não parece ter incomodado Barnabé, pois continuaram ministrando juntos, sem se importar com a inversão de papéis.

Nem tudo na vida de Barnabé era perfeito. Em um evento, uma vez mais em Antioquia, ele parece ter caído no erro de Pedro ao afastar-se da comunhão com os gentios (ver Gálatas 2:13). Isso ocorreu em vista do ensino de mestres vindos de Jerusalém que afirmavam que não bastava a fé em Jesus, mas era também necessário cumprir a lei. 

Seu antigo discípulo Paulo confrontou Pedro e aqueles que deixaram a comunhão. Uma vez entendido seu erro, encontramos Barnabé junto com Paulo defendendo a salvação pela fé sem obras no Concílio de Jerusalém (ver Atos 15:12).

A última menção de Barnabé em Atos é outro evento triste, mas revelador do caráter deste homem. Ao se preparar para a próxima viagem, ele e Paulo discordaram sobre levar ou não o jovem Marcos, que os havia abandonado na primeira viagem. 

A dissenção foi tamanha que ambos se separaram (ver Atos 15:36-41). Mais tarde, Paulo se refere a Barnabé como um colega no ministério (ver 1 Coríntios 9:6) e no final da vida reconhece que Marcos lhe é "útil para o ministério" (2 Timóteo 4:11).
Certamente Barnabé não se compara a Paulo em fama. Nem sequer sabemos por certo as circunstâncias de sua morte.
No entanto, observando sua vida e seu impacto na vida de Paulo e também de outros, podemos afirmar que ele foi alguém importante. Deixe-me alistar, a partir da vida de Barnabé, algumas características nas quais você e eu podemos investir se quisermos fazer diferença, se quisermos importar...

Os benefícios da fama


• Generosidade Ousada — Ele era um homem generoso. Vendeu seu campo e doou à igreja mesmo que isso não lhe fosse pedido ou exigido. Como temos usado nossos recursos? Temos sido ousados em generosidade ou contribuímos apenas aquilo que não nos faz falta?

Barnabé aparentemente se alegrava em ver outros se destacarem. Como reagimos quando outros se destacam, quando somos deixados em segundo plano?

• Fé nos Improváveis — Ele acreditou primeiro em Paulo e mais tarde em Marcos, mesmo quando as evidências não eram as melhores. Creio que é seguro dizer que fez o mesmo com outros, mesmo sem ser mencionado na Bíblia. Como temos visto pessoas que precisam de investimento? Só investimos naqueles que são "promessas de sucesso"?

• Cuidado Gracioso — Mesmo em uma igreja ainda imatura ele percebeu a graça de Deus; ao mesmo tempo, não ignorou que aquele povo precisava permanecer fiel e precisava de ensino. Como temos reagido àqueles que recém chegaram à fé? Somos críticos de sua imaturidade ou preocupados o suficiente para exortar e ensinar?

• Espiritualidade Bondosa — Em Antioquia, Barnabé foi reconhecido como um homem bom e cheio do Espírito. Como você e eu somos vistos? As pessoas nos descreveriam como pessoas boas e cheias do Espírito?

• Humildade Corajosa — Por fim, Barnabé não precisava liderar ou estar à frente. Ele aparentemente se alegrava em ver outros se destacarem. Como você e eu reagimos quando outros se destacam, quando somos deixados em segundo plano?

O outro lado da fama


Pessoas de sucesso são admiradas e inspiram muitos a buscá-lo. O valor atribuído ao sucesso pode ser dimensionado no ato de cumprimentar alguém desejando-lhe êxito na profissão e na vida, particularmente na entrada do novo ano. Os meios de comunicação costumam dar destaque a pessoas famosas, detentoras de riqueza ou que obtiveram conquistas valorizadas pela sociedade.

Para nortear essa reflexão, levantamos algumas questões importantes: O sucesso é sempre positivo? É justo que alguns se destaquem e outros ocupem um lugar comum? Almejar fama e fortuna não representa um traço egoísta? O que significa "sucesso/fama" para o cristão? Quando um(a) pastor(a) é bem-sucedido(a) no seu trabalho?

Perfil de sucesso


Ser uma pessoa de sucesso implica destacar-se numa área. Identifica alguém que atingiu a fama, detém prestígio, obteve uma vitória, alcançou felicidade ou construiu um grande patrimônio. Pode, também, significar a realização de um sonho.

O sucesso tem como pré-requisitos a competência, a motivação e a oportunidade. Não basta ao indivíduo apresentar uma das condições referidas, pois as três são absolutamente necessárias e interdependentes.

A motivação para o sucesso pressupõe gostar do que se faz, buscar intensamente e, às vezes, sacrificar-se para atingir um objetivo.

A competência envolve aptidão que, por sua vez, exige o desenvolvimento de habilidades correspondentes à área.

A oportunidade compreende um momento próprio para a realização ou portas que se abrem ao sujeito, mas ele precisa estar atento e perceber tal momento especial. O gaúcho costuma referir-se a isso explicando que 
"o cavalo está passando encilhado".
Vivemos numa sociedade competitiva, e só aquele que supera os demais tem realmente valor.

Sucesso como realização de um sonho


Costuma-se identificar a juventude como uma fase em que o indivíduo constrói um projeto de futuro. Nesse sonho aparece uma profissão, uma vida em família (casar, ter filhos...) e a construção de um patrimônio: casa própria, carro e dinheiro para adquirir outros bens e satisfazer suas necessidades.

Na medida em que a pessoa vai alcançando, na fase adulta, os objetivos pré-estabelecidos, ela avalia que sua vida está sendo exitosa. Porém, se com o passar do tempo a trajetória de vida do sujeito o mantém distante do sonho adolescente, por volta dos 40, 50 anos, isso pode representar um importante fator desencadeador da chamada crise da meia idade.

O êxito em relação aos sonhos da juventude depende, obviamente, da viabilidade dos mesmos, já que alguns sonhos são possíveis e outros impossíveis.

A procura do sucesso


O sucesso adquire diferentes significados e varia de acordo com o tipo de motivação que mobiliza um indivíduo.

Um importante psicanalista identifica, numa pessoa adulta, três tipos de motivação: realização, poder e afiliação. Logo, algumas pessoas avaliam o triunfo pelo desempenho em atividades desafiadoras que lhes permitem exercer bem as tarefas e superar metas anteriormente definidas. 

Outras medem seu sucesso pelo grau de influência (poder) exercido sobre pessoas ou organizações. E, outras, consideram sucesso alcançar um relacionamento cordial e afetuoso, ter amigos.

Em psicanálise, existe também a teoria que explica o sucesso considerando uma hierarquia de necessidades básicas, que se manifestam progressivamente no desenvolvimento do ser humano. Um bebê está mobilizado pelas necessidades primárias e, na medida em que estas vão sendo atendidas, ele atingiu o sucesso. 

Quando a percepção de realidade da criança vai se ampliando, ela busca segurança e proteção. Se os pais e as demais pessoas que a cercam lhe passam tal percepção, de novo temos o êxito. Na fase de socialização, a criança aprende a competir, a cooperar e a formar as primeiras amizades. 

Se esses objetivos são alcançados, temos outra vez o sucesso garantido. No final da infância e no início da adolescência, o indivíduo entra numa fase de narcisismo. Se ele estabelecer um processo saudável de identificação e responder intimamente a questão "Quem sou eu?", com todas as implicações profissionais, sexuais e valorativas, isto é sucesso. E, por fim, atingir progressivamente objetivos que o próprio sujeito estabelece para si, dá a ele a percepção constante de conquista.

Nesses casos, o sucesso depende muito da fase da vida em que se encontra uma pessoa e, também, do nível de maturidade obtida.

Avaliação do sucesso


Se os bens materiais e a vida de ostentação têm muito valor para alguém, então isto lhe garante o destaque esperado. Mas, uma pessoa madura/sadia buscará outros valores e motivações (como, por exemplo, a motivação para a realização ou para a afiliação); para ela, riqueza e ostentação carecem de significado.

A condição de sucesso tende a ser avaliada de um modo particular pela própria pessoa, mas os outros dispõem de parâmetros diferenciados para dimensioná-la, sem que haja coincidência nos critérios. Nesse sentido, eu avalio que obtive êxito, mas os outros (pais, amigos, sociedade) podem considerar-me um fracassado.

É importante destacar que se uma conquista satisfaz ao sujeito, ele alcançou sucesso.

O sucesso pode ser fatal


Talvez muitos imaginem que pessoas de sucesso são extremamente felizes e realizadas. Porém, a história nos oferece vários exemplos de indivíduos que tiveram êxito no passado ou em período mais recente, mas não souberam tirar proveito da situação.

Na área dos esportes é comum a síndrome do sucesso, na qual o esportista consegue destaque e reconhecimento num momento da carreira e, logo após, passa a ter desempenho medíocre.

Na área artística, todos conhecem casos de pessoas que conquistaram fama e riqueza, mas tornaram-se indivíduos infelizes que, por vezes, abusaram das drogas e, em outras, optaram pelo suicídio. Nesse perfil esteve incluído até um psiquiatra de renome internacional.

Significado do sucesso para o cristão


Jesus (Marcos 8:36,37) pergunta: 
"Que vantagem terá alguém se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?"
Não há nada que poderá pagar para ter de novo a sua vida. Para Deus, cada ser humano tem maior valor do que toda a riqueza que pode ser acumulada pela humanidade. A Bíblia nos mostra que Salomão pediu sabedoria, e Deus lhe acrescentou a riqueza.

Alcançar a fortuna representa, às vezes, uma bênção, e como tal deve ser percebida pelo cristão. Essa, porém, não deve afastá-lo de Deus ou transformar-se num deus.

O Evangelho nos ensina que é mais difícil um rico entrar no Reino de Deus do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha (Lucas 18:25). 
Isso quer dizer que o Altíssimo é contra as riquezas? Obviamente que não! 
Porém, é uma advertência à propensão do ser humano, em sua natureza caída, fazer da riqueza a sua deusa.

Se sucesso é encontrar um significado para a vida, e se alguém encontrou vida e salvação em Cristo, então isto representa a verdadeira e maior conquista.

Se um(a) pastor(a) atendeu à ordem de Cristo: 
"...vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28:19), 
ele certamente avaliará como "sucesso" cada pessoa trazida para o Reino de Deus, como também cada ovelha mantida no aprisco.

Minhas considerações finais


Tenho assistido em minha trajetória cristã de já quase quatro décadas, uma sucessão de quedas de grandes homens que se embaraçaram nos cordéis da fama. Creio que nós humanos temos um fascínio por ela. Parece que, quando bate à nossa porta, procuramos agarrá-la com todas as forças. 

Isso me lembra uma certa leitura de como certos macacos eram facilmente capturados por uma armadilha muito eficiente. Dentro de uma cumbuca, era colocado uma pedra brilhante. Aquela armadilha era deixada para atraí-los. Depois que agarrava o objeto de seu desejo, não conseguia mais se soltar, entregava sua liberdade por ela.

A fama pode levar um cristão ao desvario. Ao receber para si a glória que é de Deus, ele fica à mercê do diabo. É público o testemunho que dou. Certos pastores no afã de fazer publicidade de "suas" igrejas associam curas e milagres de seus ministérios aos nomes de suas igrejas. 

Uma vez isto feito, seus discípulos repercutem aquele erro. Quando vejo algum pregador ou pastor em grande destaque, principalmente na mídia nacional, preocupo-me. O sucesso dele faz com que suas atitudes, acentuação de voz e até "as línguas estranhas" que fala, sejam amplamente copiados. 

Por exemplo: já perdi a conta de quantos "charabacandas" tenho ouvido de pregadores, sempre acompanhados de pulos e rodopios, marca registrada de certo pregador pentecostal, que também se enveredou na política (esse mesmo aí, que te veio à mente).

A fama costuma produzir uma falsa sensação da aprovação total de Deus. Como na parábola do rico e do Lázaro (Lc 12:16-21) proferida por Jesus, em que o rico acreditava que sua prosperidade era a garantia de uma vida que agradava a Deus. 

Em nossos dias a leitura de Romanos 12:16: 
"Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos" (grifo meu), 
soa assustadoramente "antiquada". 

Da mesma forma, a ditadura da "lei de Gerson" — potencializada a níveis estratosféricos, com o advento da popularização da internet — vem associando virtude a comportamento de "trouxas", pois o mundo é dos "espertos." 

O arcabouço dos príncípios morais e éticos cristãos, principalmente entre o povo evangélico aluí-se. E o diabo tem derrubado e, infelizmente, ainda vai derrubar grandes líderes e os melhores príncipes da palavra de nossos púlpitos.

Conclusão

Mesmo sabendo-se que, em princípio, não comete pecado quem obtém prosperidade financeira, não é essa que mede o sucesso do cristão.
A busca da perfeição também não constitui parâmetro de sucesso na vida do cristão. A fé nos é concedida pela ação do Espírito Santo. Logo, a vitória não depende de méritos pessoais, mas é graça de Deus.

O apóstolo Paulo ensina que 
"....se Cristo vive em vocês, então, embora o corpo de vocês vá morrer por causa do pecado, o Espírito de Deus é vida para vocês porque vocês foram aceitos por Deus" (Rm 8:10). 
Saber que somos especiais para Deus nos dá percepção de sucesso.

Triunfar é fazer a vontade de Deus; isso exige amadurecimento. Cristo nos aponta o caminho em Mateus 5:38-48 e Lucas 6:27-38.

O cristão mede seu sucesso através do sentimento de tristeza quando cai em pecado, através da alegria, pelo perdão, e pela paz que só Cristo nos dá.

Sei que este artigo não vai mudar o entendimento de quem já tomou a decisão de usar a publicidade em todas as oportunidades que tiver, para "pregar" o Evangelho. Mesmo naquelas em que o Senhor não aprove. 

Saiba definitivamente que notoriedade e a fama não eram perseguidas pelo Mestre. Porque orava e consultava ao Pai antes de qualquer decisão ele sabia quais portas estavam abertas e quais deveria esperar ou evitar. 

Se você ultrapassar o limite e saltar o "muro", Deus não será mais responsável pelos seus atos nem pela sua ruína. Medite bem: 
"Pois que aproveitaria o homem ganhar o todo o mundo e perder a sua alma?"
Sem mencionar o nome de ninguém, 
"Aquele, pois, que cuida estar de pé, olhe não caia" (1 Co 10:12).
Minha sincera oração por mim por você e por mim é que nos comprometamos em ser pessoas que importam, que fazem a diferença. Se, além disso, Deus quiser nos fazer famosos, tudo bem; se não, que estejamos felizes em sermos servos fiéis.

[Fonte: Chamada, por Daniel Lima (D.Min., Fuller Theological Seminary) — serviu como pastor em igrejas locais por mais de 25 anos. Também formado em psicologia com mestrado em educação cristã, Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV) por cinco anos. É autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem quatro filhos, dois netos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995. IELB.Org, por Bruno Edgar Ries Pedagogo — com habilitação em Psicologia da Educação.]

Ao Deus Perfeito Criador, toda glória.

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