É provável que seja uma surpresa que sempre tenha havido um movimento antivacina, desde a sua origem. Não é algo novo criado por Jenny McCarthy (renomada atriz americana, roteirista, ativista antivacina e apresentadora de televisão) ou Bob Sears (um pediatra americano de Capistrano Beach, Califórnia, conhecido por suas opiniões pouco ortodoxas e perigosas sobre a vacinação infantil).
O célebre episódio da Revolta da Vacina, de 1904, no Rio, quando um motim popular estourou em decorrência da obrigatoriedade da imunização contra a varíola, é incompatível com a sociedade moderna.
Desde os anos 1950, com o desenvolvimento da vacina contra a poliomielite, que livrou milhares de pessoas da morte e de viver no horrendo "tanque de aço", aparelho semelhante a um cofre para auxiliar na respiração, os brasileiros saúdam as vacinas.
Não é diferente agora — seja a vinda da China, como a CoronaVac, seja importada da Europa, como a substância de Oxford em parceria com a inglesa AstraZeneca, aqui testada pela Fiocruz, ou seja qualquer outra que for. O Brasil não pode andar para trás.
A Revolta da Vacina
Foto de bonde virado durante a Revolta da Vacina publicada na revista da semana de 27 de novembro de 1904 |
A pergunta que fica é: qual a motivação dessa revolta contra algo benéfico para a população? Historiadores relatam que a simples falta de divulgação e explicação ao povo do que era a campanha gerou toda essa confusão.
Movimento antivacina atual
Acreditava-se que o movimento antivacina atual desdobrava-se sobre pessoas que criam fielmente no mito que as vacinas causam autismo. Isso se deu pelo Dr. Andrew Wakefield, o qual publicou na revista The Lancet o que hoje se chama de fake news, a teoria de que vacina que causa autismo, que nunca foi aceita e mostrou-se fraudulenta.
O jornalista Brian Deer descobriu que o então médico cientista publicou esse estudo para, posteriormente, lançar sua própria vacina contra o sarampo, a qual seria "mais segura". Para isso, manipulou dados em benefício próprio. Entretanto, ainda, em uma pesquisa feita pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, elencou-se quatro principais grupos de pessoas que apoiam tal movimento:
- Quem desconfia da ciência e de agências governamentais;
- Quem teme pela segurança das vacinas;
- Quem crê em teorias conspiratórias;
- Quem apoia tratamentos alternativos de doenças.
Hoje, os "antivacina" são conhecidos por "Anti-Vaxxers", nos EUA. O resultado disso, reportado pelo governo de Nova York, é que eles estão vivendo o maior surto de sarampo desde 1990.
A realidade do Brasil é pautada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o qual determina que pais que falham em vacinar possam ser multados ou processados por negligência e maus tratos. Além da carteira de vacinação ser obrigatória na hora de matricular os filhos nas escolas.
Consequências da não vacinação
Das doenças que estão sob cobertura da vacinação, quatro podem acabar reintroduzidas, caso os anti-vaxxers consigam força em seu ideal:
- Sarampo;
- Poliomielite (paralisia infantil);
- Difteria;
- Rubéola.
As consequências da não vacinação são inúmeras, tanto para quem não se vacina, quanto para os que convivem com aqueles que não são vacinados, por exemplo, crianças abaixo de 12 meses que não receberam a tríplice viral ainda, podem estar suscetíveis ao sarampo, a caxumba e a rubéola.
O Ministério da Saúde (MS) está em plena luta contra o movimento antivacina, mostrando a consequência que a negligência trouxe a alguns, por exemplo, para Dorcas Moura, de 50 anos, que vive hoje de cadeira de rodas devido à poliomielite contraída na infância.
Benefícios da vacinação
O maior intuito de criar vacinas é para que doenças de alto contágio sejam, senão erradicadas, mas controladas. Com isso, o calendário do Programa Nacional de Imunização busca atuar de forma integral em crianças desde o nascimento, contando com mais de 300 milhões de doses das vacinas inclusas.
Baseado em tudo que foi visto, a última pergunta é: por que eu devo vacinar, então? O nosso organismo é um maquinário incrível contra os microrganismos que tentam nos invadir, porém, não é tão veloz para prevenir o adoecimento.
Dessa forma, a proteção virá tarde e, em alguns casos, podemos chegar à morte antes mesmo de conseguirmos nos livrar da doença. Assim, a vacinação vem como uma alternativa para que possamos criar essa defesa antes do contágio com o microrganismo pleno.
Tendo realizada a imunização, nosso corpo torna-se eficaz no combate ao adoecimento pelo patógeno. Esse simples ato protege nossas crianças e permite a elas um crescimento saudável e longe de complicações das sequelas que possam existir dessas doenças.
- Vacinas não são necessariamente, para curar as patologias, mas, sim para nos previnir sobre as possíveis complicações que podem ser causadas por elas.
Conclusão
Mas o que é realmente diferente e mais perigosos hoje?
Embora a grande maioria das pessoas ainda vacine seus filhos, grupos de crianças intencionalmente não vacinadas estão crescendo. E são esses grupos de crianças e adultos não vacinados que estão levando a um aumento de surtos de doenças preveníveis por vacinas que estão ficando mais difíceis de controlar.
O sarampo voltou!
Em pleno 2019, o "inesperado" aconteceu: fomos surpreendidos por um surto de Sarampo.
Até o fim de outubro, o sarampo foi confirmado em 10.429 dos 49.613 casos suspeitos no Brasil.
O estado mais acometido foi São Paulo com 90,5% dos casos, seguido do Paraná e do Rio de Janeiro.
Uma coisa que pode ser diferente e nefasta agora é que mais pessoas têm aderido ao novo movimento da chamada "Medicina Natural". De colares âmbar e óleos essenciais a ímãs esportivos e "medicamentos" homeopáticos nas prateleiras das farmácias, essas coisas andam lado a lado com o movimento antivacina moderno.
Além disso, pediatras criaram calendários vacinais de proteção totalmente fora dos padrões internacionais (e não aprovados) para pais. E cada vez mais, grupos de quiropratores, naturopatas, pediatras holísticos e pediatras integrativos aconselham pais a evitar vacinas completamente.
E com o "Dr. Oz" nas mídias, indicam e vendem um monte desses tipos de "remédios" holísticos nos meios de comunicação todos os dias, isto provavelmente vai parecer a coisa certa a ser feita e pode fazer muitos pais desinformados e assustados não vacinarem seus filhos.
Grandes sites de remédios naturais também empurram tudo e qualquer coisa apelativa "goela abaixo" de todos, desde alimentos orgânicos até teorias de conspiração médica, que também fornecem muita desinformação para pessoas antivacinas. E muitos usam e criam o medo sobre produtos químicos.
Por isso tudo, não é surpreendente que seja fácil assustar os pais sobre vacinas.
Mas, ainda assim, é importante ter em mente que essas coisas não se tornaram comuns naturalmente, o movimento antivacina tornou-se um grande negócio. Desde a venda de vitaminas, suplementos, e-books, e-cursos e tratamentos holísticos duvidosos até a pressão por novas leis garantindo que as crianças possam ficar intencionalmente "desvacinadas" e desprotegidas — elas são um berro assustador que cresce a cada dia.
É claro, berrar e assustar não torna nenhuma dessas informações verdadeiras, mas podem convencer pessoas desinformados ou que sofrem, com o medo e a esperança de cura.
Escrevi mais sobre este tema nos seguintes artigos:
[Fonte: Sanar Saúde; Ciência Viva]
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.
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