Total de visualizações de página

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

FILMES QUE EU VI 62 — ESPECIAL: "ESQUECERAM DE MIM"

Tem várias coisas que são tradicinais nas festas de fim de ano: as ceias, as confraternizações, as trocas de presentes, as queimas de fogos... mas, fora essas, tem uma mais que já se tornou um uma clássica tradição: a reexibição do divertido longa "Esqueceram de Mim (Home Alone)".

Há 30 anos estreava o primeiro filme (e o melhor da série, os outros quatro: "Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York", 1992; "Esqueceram de Mim 3", 1997, "Esqueceram de Mim 4", 2002 e "Esqueceram de Mim 5: Sozinho no Natal, 2020, não só podem, como devem ser ignorados) "Esqueceram de Mim". A franquia conta com 5 filmes e tem em seu elenco nomes como Macaulay Culkin, Jon Lovitz, Joe Pesci e Catherine O'Hara.

Sinopse


A história conta a aventura de um garoto esquecido pela família que estava viajando com destino a França na época de festas de fim de ano. O menino lida com dois ladrões atrapalhados que tem como objetivo roubar a vizinhança que está vazia por conta das comemorações.

Acidentalmente, a família de Kevin McCallister o esquece em casa nas férias de Natal. Sozinho e sem ter ninguém a quem recorrer, o menino de apenas oito anos terá que resolver seus problemas: ir às compras, cozinhar, lavar a roupa e até espantar os ladrões que tentam invadir sua casa.

Após ser acidentalmente deixado sozinho em casa pela família que foi passar o Natal na França, Kevin McCallister (interpretado por Culkin, ainda no começo da carreira) decide aproveitar o tempo fazendo tudo o que não faria enquanto seus pais estivessem em casa. Ao ver a moradia vazia, dois ladrões, Marv (Daniel Stern, "Garota Fantástica", 2009) e Harry (Joe Pesci, "O Bom Pastor", 2006), decidem tentar roubar todos os objetos de valor da casa — um videocassete valia ouro na época.

A criança então se coloca no papel de defensor da residência e decide fazer o possível para acabar com o plano dos chamados 'Bandidos Molhados'. Enquanto isso, os pais (interpretados por Catherine O’Hara, da série "Desventuras em Série", 2019 e John Heard, da série "Outsiders", 2016) tentam voltar para casa e enfrentam a burocracia dos aeroportos americanos.

O enredo

O enredo é bastante simples. A família McCallister vai para Paris passar os feriados de fim de ano. E entre as dezenas de filhos, sobrinhos e parentes, um despertador atrasado e uma correria de última hora acaba gerando uma falha quase imperdoável: eles saem de casa — e embarcam no avião — sem levarem consigo um dos filhos, justamente o pequeno Kevin, que havia ficado de castigo e mandado dormir no sótão.

Macaulay Culkin, no papel do protagonista, deita e rola com um carisma singular. É o legítimo caso de estrela que brilha muito cedo e, infelizmente, não consegue se repetir ao longo de uma carreira. O garoto passa grande parte da trama praticamente sozinho em cena, e em nenhum momento deixa transparecer essa responsabilidade, levando com leveza e muita habilidade tudo o que dele se espera.

Afinal, ele não foi apenas deixado para trás. Como o único representante no lar, terá ainda que defender a propriedade das investidas dos 'Ladrões Molhados', dois bandidos de meia-tigela que farão de tudo para invadir a residência na noite de Natal, acreditando que os donos estão bem distantes. Mal sabem eles com o que terão que lidar.

O fenômeno Macaulay

Depois desse filme, Culkin capitalizou como poucos o súbito estrelato. Apareceu não apenas na sequência — "Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York"  — como ficou à frente de sucessos como "Meu Primeiro Amor" (1991) e "Riquinho" (1994). Porém, à medida em que a adolescência chegava, o charme infantil lhe abandonava. E Hollywood sabe ser particularmente cruel nestes casos. 

"Esqueceram de Mim" teria perdido muito sem um protagonista de carisma, e Macaulay Culkin cumpriu muito bem o desafio de carregar um personagem inquieto e inteligente. Ele foi a escolha ideal para o papel. Culkin já vinha de filmes como "O Rochedo de Gibraltar" (1988), "Quem Vê Cara Não Vê Coração"(1989) e o terror "Alucinações do Passado" (1990). Por "Esqueceram de Mim" Culkin concorreu ao Globo de Ouro de melhor ator comédia-musical.

Foram anos sem trabalho — envolvido em polêmicas como drogas e problemas em casa, como o próprio pai, que foi acusado de roubar os ganhos do filho – até surgir em títulos independentes como "Party Monster" (2003) e "Galera do Mal" (2004). Infelizmente, nunca mais se recuperou. 

Diante dessa visão, Esqueceram de Mim ganha um ar ainda mais especial, pois funciona também como uma cápsula do tempo: todo o talento e a graça de uma revelação que surgia envolta em grandes apostas segue preservada, fazendo com que o filme funcione tão bem hoje como quando foi lançado, há quase três décadas.

A produção


É consenso que é muito difícil pensar em "Esqueceram de Mim" e não ligar os pontos diretamente à imagem de Macaulay Culkin, em sua melhor atuação até hoje. Entretanto, ele não será o único destaque aqui. Esqueça um pouco o trabalho do então ator mirim e reveja o filme observando o talento de outras três pessoas: o diretor Chris Columbus ("Harry Potter e a Pedra Filosofal", 2001), o compositor John Williams ("Star Wars: Episódio 9", 2019) e o roteirista John Hughes ("Curtindo a Vida Adoidado", 1986). Estes profissionais foram os responsáveis por tornar o longa um clássico do Natal e catapultar o jovem ator para o seu apogeu nos anos 1990.

O principal êxito do diretor é desenvolver a obra como uma comédia despretensiosa e sem medo de utilizar o humor físico. Com um pouco de suspensão de descrença, é fácil se divertir com as mais criativas armadilhas que Kevin prepara contra Marv e Harry, que vão desde tiros de chumbinho e carrinhos para escorregar, até maçanetas incandescentes e o lançamento de um ferro de passar roupas. 

Anos depois, Columbus ainda trabalharia com outros longas baseados no clima natalino: "Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York", como diretor e "Um Herói de Brinquedo" (1996), "Um Natal Muito, Muito Louco" (2204) e mais recentemente "Crônicas de Natal" (2018), na função de produtor. Seu nome virou praticamente um sinônimo de filmes de Natal.

O segundo artista que precisa da sua atenção em "Esqueceram de Mim" é John Williams, criador de melodias inesquecíveis como "Star Wars" e “E.T. – O Extraterrestre" (1982). Ele compôs uma das trilhas mais belas de sua carreira, destacando o Natal em cada nota por meio de sinos, corais, harpas e violinos. A obra caminha entre a inocência de Kevin, a comédia, e o senso de urgência em que o protagonista passa por certos momentos de dificuldade.

Williams utiliza a proposta de leitmotiv, uma técnica de composição introduzida por Richard Wagner (1823/1883) no ciclo de óperas "O Anel do Nibelungo”, que utiliza constantemente o mesmo tema musical para associá-lo a um personagem, local ou proposta. O tema principal é repetido ao longo do filme em diversos tons, transmitindo um sentimento diferente em cada versão.

Por último, além do tom leve, Hughes, que já tinha carreira de clássicos consolidados como "Férias Frustradas" (1983) e "Curtindo a Vida Adoidado", consegue contrastar em seu texto a tristeza de viver sem as pessoas que ama com o significado de união do Natal. Seu trabalho no roteiro enaltece a obra, principalmente na cena da igreja, em que Kevin e seu vizinho Marley (interpretado por Roberts Blossom, "A Última Tentação de Cristo", 1988) conversam sobre suas definições de medo.

Mesmo muito mais velho do que o garoto, Marley tinha um outro tipo de medo, o de nunca mais conseguir conversar com o filho. No caso de Kevin, ao mesmo tempo em que desfruta da liberdade para pular na cama, correr pela casa e comer sorvete à vontade sem levar broncas dos pais, sua imaginação de criança faz com que o aquecedor da casa no porão pareça com um monstro que vai devorá-lo. O medo não escolhe idade para atingir a consciência de uma pessoa, mas some rapidinho ao ver uma porção de coragem.

Elenco certo


Os ladrões feitos por Joe Pesci (que no mesmo ano ganhou o Oscar de ator coadjuvante por "Os Bons Companheiros", e que já havia sido dirigido por Martin Scorsese no excelente "Touro Indomável", 1980) e Daniel Stern ("Amigos, Sempre Amigos", 1991). O veterano Roberts Blossom interpreta um vizinho misterioso.

Macaulay Culkin, claro, tem seus créditos pelo filme ser lembrado até hoje na época de Natal. Entretanto, quem fez a obra brilhar também merece ser enaltecido. Columbus, Williams e Hughes são nomes que não esqueceremos. Ninguém quer ser esquecido, independente da época do ano.

Um sucesso impressionante

Maior sucesso de bilheteria de 1990 (à frente de filmes como "Ghost, do Outro Lado da Vida", "Dança com Lobos", "O Vingador do Futuro" e "Duro de Matar 2", "Esqueceram de Mim" se mantém ainda como o filme natalino mais visto nos cinemas em todos os tempos. Seu enorme sucesso é compreensível, tratando-se de uma divertida aventura protagonizada por um menino de apenas 10 anos de idade, o talentoso Macaulay Culkin. Custando 18 milhões de dólares, rendeu mais de 476 milhões ao redor do mundo; nada mal para um filme relativamente modesto, sem atores caros que seriam um grande chamativo.

O que vemos no entanto não é uma caçada violenta de gato a um rato como mostrado em "O Quarto do Pânico" (2002); em "Esqueceram de Mim" as situações têm um tom de comédia pastelão que lembram um pouco as histórias de Papa-Léguas e Coiote, com quedas e sustos infantis (algumas cenas como pisar em pregos e ser queimado por ferro de passar roupa e maçanetas quentes não afastaram as crianças), fator que contribuiu para alcançar público de todas as idades. 

E deu muito certo, acabando por influenciar outros filmes, entre eles "Ninguém Segura Este Bebê" (1994), que também tem roteiro de John Hughes, especialista em filmes de comédia, que, além de roteirista, é também diretor de obras como o polêmico "Clube dos Cinco" (1985), o mega clássico "Curtindo a Vida Adoidado" e "Antes Só do que Mal-Acompanhado" (1987).

Essa história foi um sucesso nos anos 90, e também a bilheteria mais vendida na época. Eu fui ver no cinema, aluguei o DVD para rever em casa e ainda tive a oportunidade assistir novamente nas várias vezes em que ele foi reexibido na Seção da Tarde.

Algo além de mera diversão


Até hoje, a história é um grande sucesso natalino e reúne milhares de fãs. Mas quem disse que o filme é só diversão? Vou te contar agora, o que podemos aprender com esse grande clássico de natal no quesito profissional? Bom, vamos lá:

1. Crescimento e autoconhecimento — senso de autoconfiança


No filme, o garoto Kevin, precisa se defender e se cuidar sem o auxílio da família que fazia muito por ele. Os momentos de autodescobertas da personagem é algo que lidamos em diversos momentos da vida.

Qualquer momento de crescimento, exige um desafio e uma responsabilidade maior da que existia antes. Em alguns momentos, é preciso passar pelos desafios sozinho, sem um auxílio e isso exige coragem e disciplina.

Nem sempre o profissional terá um gestor que ensine, pegue na mão e o ajude a andar, o gestor no caso, seria a família do garoto no filme, e o garoto, o profissional que aprende a trancos e barrancos como se desenvolver em seus projetos.

Portanto, é muito importante que o profissional saiba se desenvolver sozinho, a partir de um estágio da vida e saber que seu gestor poderá ajudar apenas em momentos cruciais, mas nem sempre estará lá para auxiliar e tomar frente dos projetos.

2. Cuidado com a "casa" — senso de responsabilidade


Kevin começa o filme como uma criança bagunceira, irresponsável e imatura, e termina o filme, criando um grande senso de responsabilidade pelo lar, demonstrando arrependimento pelas atitudes infantis.

O crescimento profissional exige afeto e dedicação pela empresa que o profissional está. O filme nos mostra o quanto a responsabilidade em deixar a "casa" em ordem é importante para otimização de tempo, uma melhora no ambiente e clima a ser trabalhado, além de uma equipe mais disciplinada e motivada.

3. Receio e cuidado com os perigos — senso de vigilância


Em um momento da trama, o Kevin precisa lidar com uma dupla de bandidos que tentam roubar toda a vizinhança. O menino, desenvolve planos para se proteger e para defender seu lar.

Fazer gestão de riscos na empresa é essencial para se prevenir de futuros problemas que podem causar riscos financeiros ou à imagem da marca. Prevenção e cuidado são duas palavras essenciais para desenvolver projetos e campanhas sem surpresas.

O garoto nos ensina muitas coisas no meio de suas aventuras e artimanhas. Pois é, quem disse que clássicos natalinos não podem inspirar um profissional mais preparado?


Conclusão



De início inconformado pelo abandono, o que Kevin não sabe é que durante todo esse tempo seus pais (feitos por Catherine O'Hara — "Os Fantasmas se Divertem", 1988  e o recém-falecido John Heard, 1946/2017 — "As Branquelas", 2004) ao saberem de sua ausência, tentam a todo custo a volta imediata para casa, se preocupando bastante com ele, deixando de lado o passeio por Paris. Para eles o que importa é o bem-estar de seu filho que fora deixado para trás .

Mais que uma comédia sobre um menino perseguido por ladrões, "Esqueceram de Mim" também transmite ótimas mensagens, como estar perto das pessoas que ama. Kevin, ao se ver "esquecido" e deixado sozinho em casa  — e com isso passar por grandes problemas — começa a enxergar nisso o valor da família. Depois de tudo, Kevin, ao viver seus maiores pesadelos, se torna uma pessoa melhor. Se você não viu, corre lá na plataforma de streaming Netflix  e vá ver. É uma excelente diversão e vale muito a pena assistir.


[Fonte: Observatório do Cinema; Cinema Com Rapadura, por Fábio Rossini — @FabioRossinii; CinemAção, por Kley Coelho por Robledo Milani, crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE — Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário