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domingo, 12 de março de 2017

ÉTICA CRISTÃ - PORTANTO, IDE E FAZEI AMIGOS!

"Neste mundo, duas coisas são essenciais: uma vida saudável e a amizade…" – Agostinho
Como nós desenvolvemos nossa teologia como cristãos que levam a sério o chamado de "crescer na graça e conhecimento de nosso salvador, Jesus Cristo"?

Amizades são uma parte importante da nossa vida. Desde a criação do primeiro casal, Deus mostrou a necessidade do companheirismo na vida humana. Em famílias, igrejas e comunidades criamos laços de amizade. Precisamos compartilhar a vida com outras pessoas.

Na Bíblia, Deus nos orienta sobre amizades. Ele fala do valor dos bons amigos e adverte-nos sobre os perigos dos companheiros errados. Ele oferece instrução e apresenta exemplos que nos ensinam. Estas orientações valem para os jovens que ainda estão escolhendo o seu rumo, e também ajudam os adultos no seu caminho pela vida.


A importância de se ter amigos


Quando se fala de amizade hoje em dia, nota-se que a maioria de pessoas tem dificuldade em criar amizades por falta de confiança. As pessoas estão totalmente envolvidas num sentimento de medo de se entregar a amizade, dando vista aos grandes números de vigaristas que se dão de amigos enquanto tem algo para ganhar.

Uma boa noticia é que ainda existem amigos verdadeiros, e o motivo que os une vai alem de interesses seja de que natureza for, então o que poderia motivar alguém de ter amizade sincera? Uma amizade que mesmo na tristeza não terá dúvidas de ser amizade.

Esta motivação só poderia vir de alguém que realmente nos quer bem, não é? E a motivação que une as pessoas numa amizade verdadeira, é fazer parte do Reino de Deus. Quando se fala em amizade cristã tudo fica diferente. Quem tem Jesus no coração tem uns amigos totalmente diferentes e esta diferença não vem de nós e sim do amor de Deus que esta dentro de nós.

Um dos melhores dons que Deus me deu são amigos que são mais espertos e mais espiritualmente perspicazes que eu. Quando conversamos, eu posso ouvir como eles argumentam, raciocinam, pensam, etc. Interações pessoais nos dão algo que livros ou discursos online não podem oferecer.

Além disso, com um amigo, vocês podem começar aparentemente discordando do outro, mas, após uma longa discussão (e – aham – distinções teológicas apresentadas!), vocês acabam percebendo que não estão tão distantes. Na verdade, você aprende que, às vezes, há diferentes formas de expressar a mesma verdade.

Ter a voz e os olhos de alguém diante de si é muito melhor que pixels numa tela. E mais: o bom de ter um amigo com quem conversar é a liberdade de realmente botar tudo pra fora (i.e., argumentar) sem se preocupar se a amizade acabará se vocês terminarem discordando no fim. 

Também devemos lembrar que amizade nos torna mais clementes em relação às diferenças daqueles que não conhecemos, mas discordamos. Alguns caçadores de heresias provavelmente precisam sair mais e desenvolver amizades com pessoas de outras tradições. Há perigos, claro, mas eu creio que a amizade nos ajuda a ser lentos para criticar, especialmente nas conversas online. Eu me pergunto se alguns cristãos têm quase todas as suas convicções de fé apenas com amigos via mídias sociais, ao invés de face-a-face. Que tristeza se isso for tudo. Afinal, quando eu estou conversando com um amigo, eu preferiria ter a opção de oferecer mais do que 140 caracteres.


Ser amigo é...


Amigo não é só aquele que te levanta mais sim aquele que não te deixa cair. Aprendemos nas Escrituras que Deus nos criou seres sociais, devemos buscar os relacionamentos uns com outros assim como aprendemos na palavra de Deus em Atos 14:21-22: 
"E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icónio e Antioquia, confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus."
As orientações bíblicas são valiosas para nos guiar em fazer e manter boas amizades.

Exemplos de amizades boas e más


Deus nos ensina, também, por exemplos. Três gerações da mesma família servem como exemplos de amizades boas e más. Considere estes casos:

  • Davi e Jônatas 

Talvez a mais conhecida amizade na história seja a de Davi com Jônatas, filho do rei Saul. O ciumento rei tentou matar o jovem Davi, escolhido por Deus como seu sucessor. Pelo mesmo motivo, Jônatas poderia ter olhado para Davi com inveja ou ódio. Se Deus não tivesse nomeado Davi, o próprio Jônatas seria rei depois da morte de Saul. Mas Jônatas não mostrou tais atitudes. 

Ele manteve uma amizade especial com Davi durante toda a sua vida. Quando Saul tentou matar Davi, foi Jônatas quem protegeu o seu amigo (1 Samuel 20). Davi lamentou amargamente a morte deste amigo excepcional (2 Samuel 1:17-27). Mesmo depois da morte de Jônatas, Davi mostrou bondade para com seu filho aleijado, Mefibosete (2 Samuel 9).

  • Amnon e Jonadabe 

Amnon, um dos filhos de Davi, não escolheu seus amigos como o fez o seu pai. Ao invés de cultivar amizades boas e saudáveis, ele escolheu como companheiro seu primo Jonadabe (2 Samuel 13:3). Quando Amnon falou com este amigo sobre os seus desejos errados pela própria irmã, Jonadabe teve uma oportunidade excelente para corrigir e ajudar o seu primo. Infelizmente, ele fez ao contrário. 

Ele "ajudou" Amnon a descobrir uma maneira de estuprar a própria irmã! Além de levar Amnon a humilhar e odiar a moça inocente e a magoar profundamente o seu pai (2 Samuel 13:4-21), o conselho de Jonadabe levou, afinal, à morte do próprio Amnon (2 Samuel 13:22-36). Jonadabe até teve coragem de tentar confortar Davi depois da morte de Amnon! Que amigo!

  • Roboão e seus colegas 

Roboão, neto de Davi, se tornou rei depois da morte de Salomão. No início do seu reinado, ele procurou conselho de várias pessoas antes de tomar uma decisão importantíssima. Ele valorizou a amizade com seus colegas acima da sabedoria dos homens mais velhos e experientes (1 Reis 12:7-11). A "ajuda" destes amigos contribuiu para a divisão do reino e diminuiu muito a influência de Roboão. Nossos amigos podem falar coisas que nos agradam, mas devemos dar ouvidos à sabedoria de pessoas mais sábias!

O que aprendemos?


De tudo que a Bíblia fala sobre amizades, devemos aproveitar algumas lições importantes. Entre elas:
  1. Escolher cuidadosamente os nossos amigos, evitando amizades que nos levariam ao pecado.
  2. Valorizar amigos que nos corrigem quando erramos.
  3. Cortar amizades que prejudicam a nossa vida espiritual, especialmente quando os "amigos" incentivam o pecado e participação em religiões falsas.
  4. Ser amigos fiéis e de confiança, especialmente nos momentos difíceis quando os amigos mais precisam de nós.
  5. Sempre manter nossa relação com Deus acima de qualquer amizade humana, confessando a nossa fé no meio de uma geração perversa.
Quando se trata de amizade, devemos valorizar qualidade, e não quantidade: 
"O homem que tem muitos amigos sai perdendo, mas há amigo mais chegado do que um irmão" (Provérbios 18:24).
A nossa vida não será só um mar de rosas alem das felicidades teremos de enfrentar provações, tribulações e por isso e importante ter amigos para nos ajudar uns aos outros e lembrar sempre que nos somos a grande FAMILIA DE DEUS: Efésios 2:19
"Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus."

Conclusão


Uma vez que escolhemos bons amigos, devemos ser bons amigos! As Escrituras nos aconselham sobre as responsabilidades de companheiros fiéis. Amigos contam com a presença uns dos outros: 
"O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos. "Mais vale o vizinho perto do que o irmão longe"  (Provérbios 15:30; 27:10). 
Por outro lado, não devemos abusar da amizade, causando aborrecimentos: 
"Não sejas frequente na casa do teu próximo, para que não se enfade de ti e te aborreça" (Provérbios 25:17). 
Não devemos abandonar nem trair os nossos amigos (Provérbios 27:10). Amigos verdadeiros não são interesseiros, mas aqueles companheiros fiéis que ficam nos bons tempos e nos maus: 
"Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão" (Provérbios 17:17). 
A amizade verdadeira traz benefícios mútuos: 
"Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo" (Provérbios 27:17).
Daí a necessidade de as igrejas reverem suas agendas examinando suas ênfases ministeriais: 
  • Estamos construindo uma comunidade de amor ou uma boutique de serviços? 
  • Nossas atividades propiciam a criação, manutenção e aprofundamento de relacionamentos? 
  • Nossos relacionamentos abrem portas para a prática da mutualidade bíblica? 
Eis algumas perguntas que podem auxiliar na construção de modelos de ministério verdadeiramente voltados para a formação de discípulos e não apenas a busca de novos correligionários de atividades religiosas.

No âmbito pessoal, estamos diante de dois desafios: 
  1. De que maneira tenho entendido a importância da amizade e buscado fazer amigos? 
  2. Estou acessível às pessoas ou priorizo uma existência individualista, como se vivesse em um casulo? 
Respostas sinceras a tais questões podem iniciar um processo de arrependimento e renovação espiritual, aproximando-nos de outros seres humanos e fomentando crescimento maduro.

Penso que é preciso ir mais além, considerando alguns passos práticos para fazer e manter amigos. Mas isso já é assunto para outro artigo.

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