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quarta-feira, 8 de março de 2017

ÉTICA CRISTÃ - O TÊNUE LIMITE ENTRE A LICITUDE E A CONVENIÊNCIA

Inicio aqui uma série especial de breves artigos sobre um dos temas que se faz cada vez mais salutar, relevante e urgente no segmento cristão: ética.

A licitude de fazer algo não pode caminhar sozinha. Não basta, ao cristão, justificar-se com um simples "posso ou não posso" (ou ainda com a infame e famigerada frase tão usada e que me dá ânsia de vômito só de pensar: "a minha religião não permite").

É necessário que ele vá além disso. É necessário que ele leve em consideração se é conveniente (que é apropriado, oportuno – conforme o dicionário Houaiss) levar adiante seu pensamento e atitude.

À Bíblia, ÚNICA regra de FÉ e PRÁTICA


Na primeira Carta aos Coríntios, vemos Paulo ensinar: "Todas as coisa me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma (...) Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm" (1 Coríntios 6:16; 10:23a – grifos meus).
Esse critério orienta o cristão a que não faça as coisas apenas porque são licitas, mas porque são licitas e convêm, à luz do referencial ético que é a Palavra de Deus. Há quem entenda esse principio, argumentando que se podemos fazer algo, é porque é licito. À luz da ética cristã, não é bem assim que se deve argumentar. Vamos entender isso:

  • Primeiro

Diante de uma atitude ou decisão a tomar, é preciso indagar se tal comportamento está de acordo com a Palavra de Deus, se tem apoio nas Escrituras.

  • Segundo 

Mesmo que seja lícito, se convém. Por exemplo: é lícito o crente tomar conhecimento de uma falta cometida por um irmão, e dizê-la a algumas pessoas? Dependendo do caso, podemos responder que sim. Mas há uma outra indagação: Convém dizer? Essa conveniência envolve não só a licitude em si, mas também a oportunidade de se dizer ou não. Conveniência e oportunidade devem juntar-se à licitude na aprovação ou não de uma atitude cristã.

Aplicação prática


Um irmão que vendeu um automóvel usado a outro, recebendo a devida importância do comprado, membro da mesma Igreja local. Uma semana depois, o veiculo apresenta grave defeito, "batendo motor", como se diz na linguagem dos mecânicos. 

O comprador diante do prejuízo, procurou o vendedor e reclamou do fato. Este lhe diz que nada tem a ver com o caso, pois já houvera vendido o veículo, e que o comprador deveria assumir o dano, pois ocorrera em sua mão.

Acontece que, o vendedor sabia que o carro estava prestes a apresentar o problema, segundo um mecânico que examinara o carro. Mas silenciou quanto a isso, e "passou o carro para frente", para um irmão seu em Cristo. Com isso, ele não se pautou pela ética da Palavra de Deus, e causou grande mal-estar entre as respectivas famílias. No caso, o irmão vendedor visou apenas fins, resultados e lucros em detrimento dos valores, convicções e ética.

Fosse o vendedor um verdadeiro cristão, indagaria: "É lícito fazer isso?", e acrescentaria: "Convém a mim, como cristão, agir dessa forma?". Decerto, se tais perguntas fossem feitas em oração, diante de Deus jamais teriam respostas positivas.

E se tempos depois, o vendedor desonesto sofrer grave acidente em outro veiculo, sofrendo danos materiais e humanos. Não terá sido uma cobrança do Juiz de toda terra?

Conclusão


Não se deve brincar de ser cristão, pois nos diz a Bíblia: 
"Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6:7).
Conforme este principio o cristão deve indagar: "O que desejo fazer é licito? Convém fazer, segundo a Palavra de Deus?". Se a resposta for positiva, diante da Bíblia, pode ser feito. Se não, deve ser rejeitado. O que é licito e conveniente não fere outros princípios bíblicos. Até o segundo capítulo.

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