Eu devo confessar antes de tudo que não sou fã das séries atuais. Sou mais saudosista e prefiro as clássicas séries das décadas de 1960/70/80 e algumas da década de 1990. Mas devo reconhecer que a série “Games Of Thrones” é um verdadeiro sucesso. Os fãs das séries na atualidade são quase unânimes em concordarem comigo. Mas o que faz de “GoT” esse grande sucesso?
Como surgiu?
“GoT” adapta para a TV a série literária “As Crônicas de Gelo e Fogo”, de George R.R. Martin. A série se passa em Westeros, uma terra reminiscente da Europa Medieval, onde as estações duram por anos ou até mesmo décadas. A história gira em torno de uma batalha entre os Sete Reinos, onde duas famílias dominantes estão lutando pelo controle do Trono de Ferro, cuja posse possivelmente assegurará a sobrevivência durante o inverno que está por vir. Produção da HBO, “GoT” é exibida simultaneamente nos EUA e no Brasil.
“GoT” já se tornou a mais popular da história da HBO, deixando para trás “A Família Soprano” (essa eu assisti todas as temporadas), com uma média de 18,4 milhões espectadores, levando em consideração todas plataformas de exibição. Isso sem levar em consideração as exibições feitas através de pirataria.
O sucesso da série é tamanho, que o trailer da sexta temporada quebrou o recorde de visualizações para a HBO. Foram mais de 21 milhões de visualizações no YouTube e mais de 31 milhões pelo Facebook. “The Winds of Winter”, o décimo e último capítulo da 6ª temporada de “GoT”, teve, no dia 26 de junho, 8,9 milhões de espectadores, um recorde para a principal série da HBO nos EUA.
O livro ou a série; a série ou o livro?
O tempo passou, o inverno chegou. Mas se é fã da Guerra dos Tronos ou, melhor dizendo, de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, e já leu os livros todos, o desespero pelo novo livro da saga há de ser bem maior que aquele sentido pelos fãs da série. George R. R. Martin prometeu novas histórias para 2014, já estamos em 2017, a sétima temporada estreou este domingo (16) nos EUA… e não parece haver novidades.
O quinto e último livro (até agora lançado) da saga de “As Crônicas...”, “A Dance With Dragons” (lançado aqui no Brasil em 2012, com o título “A Dança dos Dragões”, pela editora Leya), foi publicado pela primeira vez em 12 de julho de 2011 nos Estados Unidos, a esta altura tendo demorado seis anos para ser publicado. E, desde aí, há uma lacuna .
O autor disse esperar que o próximo e sexto volume, “The Winds of Winter”, estivesse pronto, pelo menos, três anos após o lançamento do livro anterior. Em 2012, George R. R. Martin corroborou este pensamento afirmando que o livro seria lançado em 2014. O tempo foi passando e a data foi sendo adiada até que, em janeiro de 2016, Martin afirmou não ter cumprido o prazo de lançamento do sexto livro, acrescentando ainda que “...ainda há muito por escrever” e que a sua conclusão está “...a meses de distância… caso a escrita corra bem”.
Com toda esta demora, a série baseada nos livros, “GoT” já ultrapassou os eventos dos livros, tendo as últimas duas temporadas narrado episódios que ainda não aconteceram nos livros. Só para se ter uma noção, o último livro publicado acaba com a morte de Jon Snow. A demora já é tão extensa que mesmo que Martin conseguisse acabar de escrever o que lhe falta rapidamente, o último volume da saga nunca iria sair a tempo do final da série. Haverá algo mais frustrante que isto para os leitores? Resta-lhes esperar e orar para que George R. R. Martin se apresse. E a vontade e a fé é tanta que eles irão orar aos Sete, aos deuses antigos, ao deus afogado, a R’hllor e a todos os outros.
De volta à série
Mas quais são os fatos que explicam o sucesso da série? Segundo os fãs de séries, alguns pontos podem ser destacados para explicarem o grande sucesso de “GoT”:
- Política
“GoT” não é apenas sobre dragões, mortos vivos e outras criaturas típicas de histórias de fantasia. As relações entre famílias nobres dos setes reinos que compõem Westeros estão no centro da trama. Personagens mitológicos servem “apenas de apoio” como peças nesse jogo completo. Afinal, quem foi que disse que a guerra pelo trono - e/ou pelo poder - limita-se às fictícias histórias mitológicas?
- Mortes
Final feliz é algo que não pode se esperar em “GoT”. Ninguém está salvo. Segundo George R.R. Martin,
“Há pessoas que acreditam num mundo em que os bons vencem. Eu não escrevo esse tipo de ficção.”
Filmes e séries que o mocinho morre são bens comum, mas e quando o mocinho morre na primeira temporada? Igual acontece com Ned Stark. E depois disso, vários personagens centrais são tirados de cena ao decorrer da série, indiferentes se são heróis ou vilões, com mortes das maneiras mais banais possíveis.
- Personagens Fortes
Ned Stark, Jon Snow, Tyrion Lannister, Daenerys Targaryen, Peter Baelish, Varys, Brienne até mesmo o Cão de Caça. Todos os personagens têm qualidades, defeitos e inseguranças que os tornam mais reais. “GoT” quebra os paradigmas de heróis superpoderosos, infalíveis e perfeitos. São personagens cativantes, com valores que identificamos para o bem ou para o mal.
- Elenco
Dinklage, vencedor do Emmy e de um Globo de Ouro por sua interpretação de Tyrion. Emilia Clarke (Daenerys Targaryen) e Diana Rigg (Olenna Tyrell) também já foram indicadas ao Emmy, além Jack Gleeson que recebeu muitos elogios por seu trabalho como o sádico rei Joffrey Baratheon. Isso é só para citar alguns desse elenco tão fantástico, que sustenta personagens tão fortes.
- Cenário e efeitos especiais
Até aqui, seis temporadas, os dragões e outras criaturas fantásticas não são o principal da história (acredito que ainda serão), mas quando aparecem, sempre chamam a atenção.
Os efeitos especiais e cenários de “GoT” são de uma sofisticação rara na TV. Para garantir uma boa ambientação para os diferentes reinos, a série é filmada em locações na Irlanda do Norte, Islândia, Malta, Marrocos e Croácia.
- Sexo
“GoT” também sabe apelar para os nossos instintos mais primitivos com uma enorme quantidade de sangue e muito sexo. Em suas temporadas, nas cenas de sexo, também não há tabu que constranja os autores. As noites de domingo já foram ilustradas com sexo selvagem, sexo entre duas pessoas do mesmo sexo, sexo casual, incesto, estupro… e até amor romântico.
Conclusão
A transição do secundário para o ensino superior pode ser difícil: a oferta de cursos é grande e as dúvidas ainda maiores. Contudo, se é fã de “GoT”, pode fazer as malas e preparar viagem com rumo aos Estados Unidos da América.
O destino é a conceituada universidade de Harvard, onde agora é possível tornar-se perito na popular série do canal HBO.
O nome do curso é The Real Game of Thrones: From Modern Myths to Medieval Models, e explorará o fantástico mundo de ficção criado por George R. R. Martin e como ele “ecoa e adapta, assim como distorce a história e cultura do ‘Mundo Medieval’ da Eurásia, de 400 a.C. a 1500 d.C.”, conforme indica a descrição do programa.
As aulas serão dadas por Sean Gilsdorf, professor de história medieval, em conjunto com Racha Kirakosian, professora assistente de alemão e de estudos da religião.
Juntos, Gilsdorf e Kirakosian irão explorar uma série de personagens da aclamada série, as suas relações e todos os dramas envolventes. E, no que diz respeito à família real de “GoT”, os Lannisters, o que não falta são dramas familiares.
À revista TIME, Kirakosian conta que quando lê versos épicos da era medieval aos seus alunos, eles lhe apontam as semelhanças entre história e Game of Thrones – ao que a professora argumentou que é ao contrário: é a série que apresenta referências à história.
Dito isto, acrescentou ainda a professora:
“Não é, em parte, o nosso trabalho enquanto professores usar esse interesse e aprofundá-lo?”
Enquanto faz as malas e pensa em desculpas para justificar o porquê de precisar de um curso sobre Game of Thrones, a sétima temporada está aí para quem gosta. Apesar de não ser garantida a empregabilidade e utilidade do curso, é certo o entusiasmo de voltar a ver seus personagens favoritos no pequeno ecrã.
A Deus toda glória.
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