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terça-feira, 11 de julho de 2017

DISCOS QUE EU OUVI - 33: "KID ABELHA - AO VIVO'86"

Para os amantes do Kid Abelha - assim como eu -, ou para aqueles que simplesmente gostam do rock nacional  - também assim como eu - produzido na década de 80, este é um disco agradável de se ouvir. Ele relembra a trajetória marcante da banda até 1986, que já emplacava diversos sucessos "pegajosos", os famosos "hits chicletes", nas rádios do país. Antes, porém, vamos conhecer...

Um pouco do Kid


O Kid Abelha (antes Kid Abelha e os Abóboras Selvagens e depois só Kid) foi um grupo vocal-instrumental brasileiro, carioca, que fez sucesso no Brasil desde a década de 80. Era composto por Paula Toller (vocal), George Israel (vocal, violão e saxofone) e Bruno Fortunato (guitarra), mas já teve o cantor e compositor Leoni como participante.

Em 1981, Paula Toller conhece Leoni na faculdade. Ambos estudavam na PUC-Rio e começaram a namorar. Com isso, Paula passou a visitar os ensaios da banda "Chrisma", formada por Leoni (voz e baixo elétrico), Carlos Beni (bateria) e Pedro Farah (guitarra). Os garotos sempre convidavam Paula a ingressar na banda, porém, ela sempre recusava, alegando ser tímida. 

Suas visitas aos ensaios a motivaram a cantar. George Israel, por sua vez, foi visto tocando saxofone em Búzios, Rio de Janeiro, e convidado por um amigo de Leoni a conhecer a tal banda que este liderava. George aceitou o convite e se uniu à banda, pouco tempo depois conhecida como Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, nome escolhido durante uma transmissão ao vivo na Rádio Fluminense FM.

A primeira demo executada pela extinta rádio foi Distração. O sucesso foi imediato, a banda passou a fazer shows no Circo Voador e, com isso, participam do LP "Rock Voador", com duas faixas: 'Distração' e 'Vida de Cão é Chato pra Cachorro'.


As mudanças


Pedro Farah foi o primeiro integrante a abandonar a banda, logo no início do sucesso, para morar nos Estados Unidos. Com isso, Bruno Fortunato assume a guitarra do Kid em definitivo. Beni, que mais tarde seria produtor da banda carioca Biquini Cavadão, foi o segundo integrante a sair do Kid, sendo substituído por bateristas contratados. 

2007, o ano em que o Kid parou 


A banda anunciou suas férias em 2007. Paula Toller lança seu segundo CD solo, "Só Nós", lançado dia 22 de maio. George Israel também lança seu segundo disco solo.

Em 2015, já consagrada como uma das maiores estrelas da música pop nacional, a carioca Paula, hoje com 54 anos, qé reconhecida por todos em qualquer lugar, lançou seu quarto disco solo, "Transbordada", com o qual saiu em turnê.

Em entrevista a QUEM, ela conta que o Kid Abelha, seu grupo por 30 anos, não estava apenas em recesso como os fãs pensavam: 
"Acabou. Foi decisão minha". 
QUEM: O Kid Abelha está em recesso ou acabou mesmo?
Paula Toller: Acabou carreira de show, disco. Foi uma decisão minha, difícil, demorada, mas teve uma hora em que eu não sentia mais o espírito de grupo. Já estava desestimulada de lançar coisas novas. Mas foi muito bom enquanto durou. 
Q: Foram 30 anos de estrada, vários discos... São muitas lembranças?
P.T.: Nem sei quantos discos foram. Entre 1982 e 84, lançamos compactos e começamos a fazer sucesso, mas era muito amador. 
Foi só depois do primeiro LP, 'Seu Espião', e do primeiro Rock in Rio, em 1985, que a banda explodiu. Deu muito frio na barriga. Foi transmitido ao vivo, o Brasil inteiro nos descobriu!
Com o "Multishow Ao Vivo: Kid Abelha 30 Anos", lançado em 2012, o Kid Abelha assina seu testamento definitivo dentro da música brasileira. Mais do que uma comemoração das três décadas de sucesso, esse disco, lançado também em DVD, foi um passeio no tempo, trazendo lembranças para os que viveram os anos dourados da banda e apresentando sua obra para as novas gerações. Trazendo toda o seu vasto cardápio de sucessos, do passado e do presente, o Kid Abelha deu uma mostra do porque se tornou a maior banda pop do Brasil.

Após a turnê comemorativa dos 30 anos do grupo, o Kid Abelha não mais se apresentou. Embora os integrantes já tivessem dito em entrevistas que o Kid Abelha não mais faria trabalhos novos, o anúncio oficial só veio no dia 22 de abril de 2016. Um agradecimento emocionado aos fãs, postado na página oficial da banda no Facebook, silenciando assim os solos de guitarra que conquistaram todo o Brasil. 

"Kid Abelha... Ao Vivo - 1986"

O disco


Escolher um disco do Kid para falar não é tarefa fácil para um fã assumido como eu. Mas escolhi este que foi um grande desafio para a banda na época.

Para a banda este disco é um divisor de águas, já que apresenta-se como o primeiro trabalho sem o seu principal compositor: Leoni, que havia deixado o Kid Abelha após discussões iniciadas por um convite feito por Léo Jaime para a gravação de "A fórmula do Amor", e que esquecia o compositor.

O projeto deste LP era audacioso, e previa o lançamento em vinil duplo acompanhado de um VHS (fita de vídeo cassete) com os melhores momentos do Show que foi realizado e gravado na íntegra em São Paulo, no Parque do Anhembi, com um público que superou 20 mil pessoas.

No entanto, segundo informações do grupo, ocorreram problemas com as imagens do show e o audacioso projeto transformou-se em um disco simples, com apenas 9 canções. Entre elas estava "Nada por Mim", que era uma inédita composta em parceria com Herbert Viana (que na época era marido de Paula), do Paralamas do Sucesso.
  • Lado 1
  1. Fixação
  2. Lágrimas e Chuva
  3. Nada Por Mim
  4. Educação Sentimental II
  • Lado 2
  1. Pintura Íntima
  2. Nada Tanto Assim
  3. Como Eu Quero
  4. Os Outros
  5. Por Que Não Eu?

Quem sabe faz ao vivo não espera acontecer


O lançamento de um disco "ao vivo", nesse momento, me soa como uma alternativa para ganhar tempo. Como o Kid Abelha vinha estourando nas rádios após dois Lps lançados, era natural se esperar o lançamento de um terceiro em 86. Porém, como fazer um novo álbum sem ter composições e compositor disponíveis? E assim, para solucionar esse impasse, faz-se um disco "Ao vivo" para seguir a dinâmica de lançamentos da banda e para ganhar mais um ano e poder compor novas canções.

Particularmente, não gostei da disposição das músicas. 'Fixação' e 'Lágrimas e chuva', que iniciam o LP, são na verdade o encerramento do show, o que causa uma confusão no momento da audição, já que Paula Toller se despede logo na primeira faixa do Long Play. E para complicar ainda mais, as nove músicas são dispostas em apenas 6 faixas, o que dificulta a seleção de uma em especial, principalmente em se tratando de vinil.

Após as duas referidas músicas, uma hit do primeiro LP, e a outra do segundo, vem a música 'Nada por mim', canção que também foi gravada por Marina Lima.

Posteriormente ouve-se 'Educação Sentimental', que deu nome ao segundo LP, que é seguida por "Pintura Íntima" e 'Nada Tanto Assim'. 'Pintura Íntima' fez parte do primeiro compacto lançado pela banda, antes de começar a fazer shows no Circo Voador. Com certeza uma das mais emblemáticas da carreira do Kid Abelha. Acredito que todo mundo já ouviu e/ou cantou o marcante refrão:
"Fazer amor de madrugada... Amor com jeito de virada..."
Para finalizar, o LP traz 'Como Eu Quero', que também emenda em 'Os outros', e terminamos com 'Por Que Não Eu?' E, apesar dos percalços o álbum faturou o terceiro Disco de Ouro para o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens.


A arte


Visualmente o LP não agrada tanto. A capa faz uma boa referência à ideia de um show ao estampar uma ilustração da bilheteria. 





No entanto, a qualidade e o bom gosto da imagem são discutíveis. Mas pensando sob a ótica oitentista e citando Adriana Calcanhoto: 'Eu não gosto do bom gosto, eu não gosto do bom senso…' isso torna-se irrelevante.



A contra-capa do Lp já é mais bacana, com ilustração de parte do ingresso, fotografias dos integrantes do Kid e do público vibrando.

Infelizmente, não me lembro bem do encarte, o que me impede de fazer qualquer consideração a respeito. Quanto ao Vinil em si, o "bolachão", nada de surpreendente. A mesma baixa qualidade da maior parte dos Lps de rock nacional da época. Eles quase dobram!


                                

                                                                  
Contudo, fã que é fã avalia este LP positivamente. Um bom disco para se ouvir descompromissadamente, tomando um suquinho, comendo um sanduíche e jogando pensamentos ao vento!


Kid forever

Responsáveis por educarem sentimentalmente pelo menos três gerações, o Kid Abelha (e os Abóboras Selvagens) conseguiram a façanha de fazer música pop sem necessariamente apelar para a pobreza de letras e arranjos medíocres. 


Tendo na linha de frente a belíssima Paula Toller (essa mulher não fica velha, meu Deus!), emplacaram músicas de sucesso em três décadas diferentes, se tornando um dos campeões de hits radiofônicos do Brasil, afinal de contas, quem nunca ouviu uma música do Kid Abelha? Hoje vamos fazemos um breve passeio pela obra da banda mais importante do pop nacional.

Conclusão


Apesar de poucas faixas, apenas nove músicas divididas em seis faixas, todas músicas tiveram novos arranjos, incluindo metais e mostrando uma qualidade na sonoridade da banda que muitas vezes, as gravações em estúdio não conseguiam mostrar fielmente. Um bom disco e que serviu para dizer que o Kid Abelha continuava mais vivo que nunca.

Numa cena musical onde as mudanças são constantes como é o mercado pop, se manter em evidência por três décadas não é tarefa fácil, mas o Kid Abelha conseguiu essa façanha. Expressando desde as crises existenciais da adolescência aos dilemas da vida adulta, todo mundo já cantarolou uma letra ou melodia dos Abóboras Selvagens. Creio que o maior legado do Kid Abelha seja a lição de que é possível ser pop sem ser pobre de conteúdo. Dentro do pop nacional, depois do deles, os outros são os outros e só.

Aqui vai um vídeo com entrevista da banda nessa época:


A Deus toda glória.
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