Nesta edição da minha série especial de artigos Discos Que Eu Ouvi, vou falar sobre um dos discos mais marcantes no disputado cenário do heavy metal da década de 1980. A história da banda icônica banda Guns N'Roses certamente pode ser dividida entre antes e depois do lançamento de "Appetite for Destruction", em 21 de julho de 1987.
A história do disco, a história da banda
O disco de estreia da já considerada banda mais perigosa do mundo, a Guns N'Roses, com clássico "Appetite for Destruction", de 1987, é, com certeza, um dos melhores álbuns de hard rock dos anos 80. O disco de estreia do Guns N'Roses certamente é um dos mais populares da história do rock. Com grandes faixas, como 'Welcome to the Jungle', 'Nightrain', que se tornaram clássicos do grupo e do rock/hard rock. Outras menos pesadas como 'Paradise City' e a histórica 'Sweet Child O'Mine' - que foi parar na trilha sonora internacional da novela global "O Sexo do Anjos", naquele tempo em que as trilhas sonoras das novelas eram decentes -, responsável por colocar o disco em primeiro lugar no mundo durante cinco semanas. O LP na época, vendeu cerca de 20 milhões de cópias, ganhando quinze vezes o disco de platina só nos Estados Unidos.
O Guns em sua primeira e clássica formação original |
No meio da onda hair metal oitentista cheia de clichês que dominava as paradas estadunidenses, um grupo de jovens sujos, que odiava a cena glam, vivia como se todos os dias fossem os últimos de suas vidas e colocaram todas suas experiências amorosas, sexuais, ilícitas e alcoólicas em seu primeiro álbum por meio de riffs marcantes, um baixo com uma pegada punk e um vocalista com uma voz que vai de um grave pesado a um agudo rasgado que destila veneno de tanta raiva, era como se o Aerosmith, AC/DC e Ramones tivessem se cruzado e dado à luz.
Esse era o Guns N'Roses se apresentando ao mundo com um apetite constante por destruição. Axl Rose nos vocais, Slash e Izzy Stradlin nas guitarras, Duff Mckagan no baixo e Steven Andler na bateria, foi a primeira e melhor formação do grupo até hoje. Essa formação também destaca-se por ser a única a seguir o modelo mais pesado do grupo.
São 12 faixas com letras e melodias fortes que, na minha humilde opinião de quem não é um rockeiro, mas que, sem falsa modéstia, sabe diferenciar música boa de música ruim, mostram que no meio de toda aquela agressividade, existe um grande apelo emocional. Ao ouvir pela primeira vez, é impressionante ver como uma banda acertou tanto em um álbum de estreia sem quase nenhum deslize e com a verdadeira essência do termo "Sexo, Drogas e Rock n'Roll".
Faixa a faixa
A capa "comercial" |
1) 'Welcome to the Jungle' é uma abertura perfeita para o disco, pesada do início ao fim, um verdadeiro hard rock de primeira. Até hoje o Guns executa essa música em seus shows empurrado por um público fanático por esta faixa.
Depois desta abertura estupenda, vem 2) 'It's so Easy', que é uma continuação do hard rock da primeira música, não deixando a peteca cair.
Depois vem 3) 'Nightrain', que na minha opinião é simplesmente a melhor música do Guns N'Roses. Um hard rock tão puro, que chega muito perto do heavy metal tradicional. Uma música que faz o ouvinte delirar, já no começo, com um ótimo riff de guitarra, que marca a introdução, e vai até o final, sempre com o mesmo peso.
Nas duas músicas seguintes, 4) 'Out ta Get Me' e 5) 'Mr. Brownstone', se mantém o peso do início do disco, e com a mesma qualidade nota 10! São faixas indescritíveis, simplesmente demais. Haja pescoço para aguentar tanta cabeça batendo!
Surgem, então, algumas mais lentas - como 6) 'Paradise City' -, que possuem uma linha bem hard no meio da música e 7) 'My Michelle', que pode ser considerada uma linha mais punk, só que com um início bem mais lento.
8) 'Think About You', mais uma típica do hard rock e por último 9) 'Sweet Child O'Mine', o maior sucesso do Guns. Para fechar bem o disco, 10) 'You're Crazy', 11) 'Anything Goes' e 12) 'Rocket Queen'. As duas primeiras um bom hard rock com chegadas ao punk, um estilo que todos os integrantes do Guns admiram. A última, com certeza um heavy metal, que verdadeiramente mostra o lado mais pesado do Guns N'Roses.
Foi sucesso porque...
"Appetite for Destruction" se manteve no topo da Billboard por meses e é o álbum de estreia mais vendido da história da música, com mais de 28 milhões de cópias em todo o mundo. O disco já alcançou o primeiro lugar de várias listas de "Melhor Álbum de Todos os Tempos", que a meu ver, é uma opinião bem equivocada, mas uma coisa é certa: é UM DOS melhores LPs de todos os tempos e fez o Guns se tornar uma banda clássica em menos de 10 anos de carreira.
Minha classificação
- Melhor Música: A clássica 'Welcome to the Jungle', pois logo na primeira faixa, é possível sentir que aqueles garotos vieram para cravar seu nome na história da música com muita força bruta, e demonstram o inferno que é viver em uma cidade e o quão somos dependentes dela.
- Ponto Forte: Como já foi falado, o álbum contem um apelo emocional enorme e cada música é uma experiência dos integrantes, principalmente de Axl Rose, que escrevia a maioria ou a maior parte das músicas, e tem um histórico de ser uma pessoa transtornada, perturbada, agressiva e até mesmo sensível, e o disco é uma ótima maneira de "traduzi-lo". Eu diria que "Appetite..." é quase autoral.
- Ponto Fraco: A sequência 'Think About You' – 'Sweet Child O'Mine', que são ótimas músicas, pode quebrar toda aquela agressividade das últimas faixas, não por serem mais calmas, o "problema" seria resolvido se mudassem a ordem destas duas canções.
A polêmica da capa
A polêmica, controversa e "proibida" capa original |
Um disco, para ser histórico, não pode fugir de uma boa polêmica. A capa de "Appetite for Destruction" causou polêmica pois trazia a ilustração de um robô prestes a ser punido por uma espécie de monstro após ter estuprado uma garota - ou pelo menos essa é uma das interpretações.
A garota, desmaiada numa calçada e com um dos seios à mostra, aparecia com as calcinhas abaixadas na altura dos joelhos.
A arte é do cartunista e desenhista Robert Williams e foi feita em 1978. A ilustração já tinha esse nome, "Appetite for Destruction", de onde a banda tirou o título para o disco. A arte figurava também a capa do livro The "Lowbrow Art of Robt. Williams", lançado em 1979.
Na capa do disco, a arte foi considerada ofensiva e censurada em diversas lojas dos EUA e Inglaterra. A MTV norte-americana chegou a ameaçar boicotar a banda caso a capa não fosse alterada. A capa foi substituída e a nova trazia a famosa cruz com a caricatura-caveira dos cinco integrantes - desenho de uma tatuagem de Axl Rose. Aqui no Brasil, a capa original vendeu sem problemas.
A Geffen, gravadora do Guns, não achou nada demais a ilustração do robô estuprador. Na verdade deve ter imaginado que alguma polêmica faria bem às vendas - o que de fato aconteceu.
Em uma entrevista ao programa That Metal Show, em 2011, Axl Rose contou que a primeira ideia para a capa de "Appetite for Destruction" não era a polêmica ilustração e sim uma foto do ônibus espacial Challenger explodindo. A gravadora teria achado a ideia de mau gosto.
"Eu quero que esse seja o álbum de estreia de uma banda de rock que mais venda na história",
disse o vocalista Axl Rose ao lançar "Appetite for Destruction". O álbum ganhou nada menos do que 18 discos de platina segundo a RIAA (Recording Industry Association of America), a associação da indústria fonográfica norte-americana.
Conclusão
Axl estreou mandando muito bem no vocal, em uma de suas melhores fases. Slash detona em todos os solos e Steven Adler é o verdadeiro baterista do Guns. Um álbum que não pode faltar na coleção dos amantes do hard rock e sem sombra de dúvidas o melhor registro da icônica banda. Enfim, para quem gosta, eis uma obra impecável.
[Fonte: Whiplash]
A Deus toda glória.
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