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segunda-feira, 1 de junho de 2015

TENHO UM CHAMADO(!?!)

Chamado (vocação). Este assunto sempre gera muita discussão, dúvidas, questionamentos, equívocos, especulações... poucas certezas e muitas confusões nos círculos evangélicos. Ora é alguém que afirma ter sido chamado (vocacionado) para o exercício de determinado ministério e seus frutos (quando os gera) não condizentes com o tal; ora é alguém que, por mais que haja evidências que caracterizam seu chamado, se recusa a exercer determinado ministério com receio de assumir responsabilidades (e outros). Mas a ocorrência do primeiro caso é incomparavelmente maior. Não é nada raro pessoas assumindo ministérios - os preferidos são: pastoral (uns 80%!) e louvor - para os quais está claro que não foram chamados. 


Os resultados desses ingressos equivocados ao exercício ministerial são bem desastrosos, primeiro a quem arrisca tal feito e, consequentemente, a toda congregação. A pessoa fica frustrada por não ver o ministério fluir, estéril - é quando o ministério se torna um pesado fardo - e a congregação fica toda "desengonçada" por ter pessoas colocadas em lugares que não "são seus". O efeito é o mesmo de se tentar encaixar uma peça de um quebra-cabeças no espaço indevido. Forçando, pode-se até conseguir o encaixe, porém, com uma imperfeição que gerará outra logo à frente, quando a outra peça "perdida" tentar ser encaixada no espaço que sobrou.

Na estrutura organizacional sob a  concepção ministerial não pode haver falhas. Cada membro deve ser encaixado em seu devido lugar para que não ocorra problemas no desenvolvimento da congregação. O funcionamento e o desenvolvimento deve ser linear, cíclico, em integral sintonia, perfeito, tal e qual é o corpo humano (1 Co 12). Uma pessoa "encaixada" em um lugar que não é o seu torna-se uma anomalia, um aleijão no Corpo de Cristo... imagine então várias pessoas encaixadas em lugares que não são os seus? Se o corpo é o de Cristo, ele é perfeito em sua forma (estrutura física) e em sua essência (estrutura orgânica e celular).

Uma coisa que tem me chamado a atenção é a irrestrita disponibilidade que muitos "chamados" têm para igrejas grandes. O indivíduo chega em uma igreja pequena, com poucos membros, com muito trabalho a ser realizado e não "sente de Deus" de exercer ali o chamado que afirma ter, à despeito das necessidades daquela igreja. Entretanto, quando chega em uma igreja grande, famosa, com muitos membros, aí sim, eis o "sentir de Deus" no indivíduo. Ou seja, ser chamado para exercer o ministério em uma igreja onde tudo já está pronto é fácil, cômodo e dá status. 

Entendendo o chamado sob o viés bíblico


Quando Deus nos faz um chamado, podemos concluir que Ele irá quebrar com o que for palpável, confortável ou previsível às nossas conveniência e costumes pessoais, pois Sua lógica vai além do que nossos olhos alcançam e tem o objetivo de alcançar o todo e não apenas o único. Uma coisa é certa, a intenção de Deus é fazer com que nos aproximemos e no pareçamos mais e mais com Ele, que enviou seu Filho para o serviço ministerial ao mundo em prol da salvação de toda a humanidade. Sob a perspectiva de Gênesis 12:1-3 (o chamado de Abrão) podemos distinguir vários princípios importantes implícitos no chamado de Deus, dentre os quais destaco:

  1. A separação - vv 1 - Quando Deus chamou Abrão, exigiu que ele se separasse da sua parentela. Isso indicava um rompimento com o passado misto, descompromissado e dependente. Abrão teria então de romper com as raízes do passado e reiniciar um outra história, que seria escrita pelo próprio Deus, que a partir de então, tornara-se responsável por ele e sua família (Ef. 2:1-3, 13; 4:1; Fp 3:13, 14).
  2. A confiança - vv 2 - Deus manda que Abrão saia do conforto de sua pátria, Harã - que traduzin do para o contexto atual, era uma grande e próspera metrópole - e parta para a incerteza do imenso deserto. Deus sequer diz para onde ele deveria ir. Não lhe ofereceu nenhum mapa, nenhuma bússola, nem GPS. Abrão teve que partir sob orientação direta do Senhor (Pv 22:19; Sl 40:1; 1 Jo 5:14).
  3. A dependência - vv 2, 3 - Abrão não podia mais contar com apoios naturais. A única coisa que ele tinha era a Palavra de Deus, a promessa do Senhor em transformá-lo em uma incontável multidão (1 Co 1:9; 1 Ts 5:24a).
  4. A identidade - Gn 17:1-5 - Quando Deus renova o pacto com Abrão, Ele sela para eternidade a nova identidade daquele homem que não seria mais chamado Abrão - pai da altura, mas Abraão, que significa pai de multidões (1 Pe 2:9, 10; Ap 2:17).

Conclusão


Em análise contextual, é fácil constatar que o chamado de Jesus aos seus discípulos (Mateus 4:18-22; Marcos 1:14-20; Lucas 5:1-11) seguiu todos esses princípios. Ou seja, para seguir ao Mestres os escolhidos deveriam se enquadrar aos critérios por Ele preestabelecidos. Sem barganhas, sem desculpas, com total submissão. E nada mudou. Os princípios de Deus são imutáveis, atemporais. Portanto é fundamental que cada um de nós, discípulos, chamados, escolhidos, analisemos se temos atendido aos critérios de Deus para o ingresso na atuação ministerial em sua Obra. Só assim não correremos o risco de sermos "encaixados" em lugares que têm a nossa forma (estrutural e essencial).

  • Nota: Esse artigo nasceu do esboço de uma ministração feita por mim em um culto dominical no Ministério Evangélico Gilgal, onde congrego.

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