Nos dias atuais, nas comunidades evangélicas brasileiras, o que mais vemos são crentes atrás de um deus que funcione. A unilateralidade é gritante, pois uma multidão de fiéis "corre" às igrejas à procura de um deus que faça tudo para ela, não importando as consequências e implicações que isso possa trazer aos "outros" - parafraseando refrão de hit do pop nacional nos anos 80, a banda Kid Abelha cantava: "Os outros são os outros e só!"...
Aliás, quem se importa com os outros afinal? O que vem a ser esse tal de amor ao próximo? Quem é esse próximo? Se for um negro e eu não gostar de preto; tô fora. Se for um homossexual e eu não gostar de "viado"; vazei. E por aí a fora vai a nossa seleção particular dos nossos próximos aos quais devemos amar como a nós mesmos (Jesus e suas invencionices!!!!). É o famoso dito popular, cada um por si e Deus por todos, que subverte os ensinamentos de Jesus Cristo e aponta, parafraseando (gosto muito das paráfrases) Bauman [Emérito professor e sociólogo polonês Zygmunt Bauman, é nascido em Poznań, 1925, atuante até hoje, aos 90 anos de idade, na Universidade de Leeds, na Grãn-Bretanha], para uma liquidez nos relacionamentos e uma individualização da fé.
A igreja nada mais é que uma "fabrica" fornecedora de serviços religiosos ou "milagres" e onde os "crentes" - assim mesmo, com as aspas e todo o peso pejorativo que o rótulo carrega - são clientes ávidos por consumir e, obviamente, pagar por esses serviços. Caso o deus desta igreja não esteja realizando os seus desejos e satisfazendo suas necessidades egoístas, troca de igreja, assim como troca de operadora de celular, ou marca do refrigerante predileto.
A igreja nada mais é que uma "fabrica" fornecedora de serviços religiosos ou "milagres" e onde os "crentes" - assim mesmo, com as aspas e todo o peso pejorativo que o rótulo carrega - são clientes ávidos por consumir e, obviamente, pagar por esses serviços. Caso o deus desta igreja não esteja realizando os seus desejos e satisfazendo suas necessidades egoístas, troca de igreja, assim como troca de operadora de celular, ou marca do refrigerante predileto.
Culpar esta cultura religiosa "consumista" e seus "consumidores" não resolve e nem aponta soluções para trazer a igreja de volta ao seu papel principal: a cooperação na construção do Reino de Deus, através do servir ao próximo glorificando o nome do nosso Senhor Jesus Cristo. O principal desafio que aponta no horizonte, que aliás já apontou há muito tempo , é construir uma igreja "educada" nos alicerces da Palavra de Deus e firme no foco real de todos os crentes: a cruz de Cristo. Esta igreja deve priorizar o servir e não o agir da mão de Deus em benefício próprio. Não deve focar no Deus todo-poderoso que age sob comandos específicos de crentes egoístas, deve sim focar no Deus Amoroso, que através do "servir ao próximo" (seja esse próximo quem for) de seus filhos amados, ama a todos, que através da disponibilização e da entrega de cada crente cooperador Ele constrói o seu Reino. "Eis-me aqui Senhor, envie-me a mim".
Visando um discipulado coerente com a Palavra de Deus e que apresente ensinamentos do servir em comunidade cristã saudável e construtora do Reino de Deus, é necessário um investimento de tempo no intuito de levar à comunidade os princípios balizares do servir ao Senhor. O primeiro passo é que aprendamos a nos servir mutuamente - assim como ensinou Jesus o tempo todo aos seus discípulos e ilustrou de maneira célebre na ministração da lavação dos pés (João 13:1-16).
Ou seja, tudo começa dentro da igreja. É de dentro pra fora. Se não estiver fluindo dentro, não fluirá fora. Se um irmão não conseguir lavar os pés de um outro irmão que se assenta com ele à mesa da Ceia, como poderá lavar pés imundos dos fétidos pecados da caminhada "mundana"? Fica aí para que reflitamos sobre a essência do que temos vivido e dado o rótulo de "cristianismo" - em contexto com a realidade, não seria mais apropriado "consumismo"?
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