O livro do Apocalipse (chamado também Apocalipse de São João, pelos católicos e ortodoxos, e Apocalipse de João, pelos protestantes, ou ainda Revelação a João) é um livro da Bíblia — o livro sagrado do cristianismo — e o último da seleção do Cânon bíblico.
A palavra apocalipse, do grego αποκάλυψις (termo primeiramente usado por F. Lücke - 1832) significa, em grego, "Revelação". Um "apocalipse", na terminologia do judaísmo e do cristianismo, é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de "apocalipse" aos relatos escritos dessas revelações.
Devido ao fato de, na maioria das bíblias em língua portuguesa se usar o título Apocalipse e não Revelação, até o significado da palavra ficou obscuro, sendo às vezes usado como sinônimo (errôneo) de "fim do mundo".
Para os cristãos, o livro possui a pré-visão dos últimos acontecimentos antes, durante e após o retorno do Messias de Deus. Alguns Protestantes e Católicos entendem que os acontecimentos previstos no livro já teriam começado.
A literatura apocalíptica tem uma importância considerável na história da tradição judaico-cristã-islâmica, ao veicular crenças como a ressurreição dos mortos, o dia do Juízo Final, o céu, o inferno e outras que são ali referidas de forma mais ou menos explícita.
Algumas pessoas defendem que o fato de várias civilizações no mundo terem apresentado narrações apocalípticas sugere que estas têm uma origem comum e ancestral (supostamente revelada ao homem por um ser dotado de inteligência superior, entre outras teorias) que foi sendo deturpada pela transmissão oral. Esta visão assume, por vezes, um caráter ecológico, ao propor que a mensagem do apocalipse se refere à capacidade que o homem civilizado tem de destruir o mundo.
Grandes bestas que emergem do mar, multidões vestidas de branco no céu, julgamentos e vinganças empreendidas por cavaleiros sobrenaturais e animais monstruosos, que mais parecem ter saído de um filme de terror. O Apocalipse é um dos mais assustadores e fantásticos relatos da literatura em todos os tempos. Considerado uma revelação sobre a volta de Cristo e o fim do mundo, cristãos em todas as épocas o consideraram apologeticamente profético, ou seja, com descrições do futuro. Mesmo que pouco entendessem daquilo que está escrito nele.
O que dizem os pesquisadores
Muito do medo que vem da leitura do Apocalipse existe porque as pessoas ignoram que essa mensagem foi escrita para um público específico num contexto específico: as sete igrejas da Ásia Menor do final do primeiro século. Este o conceito defendido pelos pesquisadores Wes Howard-Brook e Anthony Gwyther no livro Desmascarando o Imperialismo (Edições Loyola e Paulus).
Durante muito tempo, acreditou-se que o Apocalipse fora escrito para ajudar os seguidores de Jesus a manter a fé em meio à desgraça provocada por uma terrível perseguição, com a promessa de que a iminência do fim encerraria sua grande tribulação.
Essa hipótese já não encontra apoio nem entre os estudiosos mais liberais. Em fins do primeiro século, não havia perseguições generalizadas ou sistemáticas naquela região. Mas a sombra do poderoso Império Romano e seus valores corrompidos pairava sobre as pequenas e insipientes comunidades cristãs. Para que elas não sofressem a tentação de fazer as pazes com Roma, João revelou o Império como a prostituta sedutora que oferecia a boa vida em troca de obediência e de uma besta esfomeada que devorava todos os que ousassem se opuser a ela.
Simbologismo profético
Que o Apocalipse é um texto altamente simbólico parece haver consenso. Mas muita gente acredita que essa simbologia, sim, já desencadeia e ainda provocará outros eventos bem reais até o fim dos tempos. Logo no início do livro, vemos que seu conteúdo abrange o passado, o presente e o futuro da Igreja. "Escreve as coisas que tens visto as que são e as que depois destas hão de acontecer" é a ordem que João recebe. Eventos como o juízo final, o trono branco e a Nova Jerusalém não aconteceram. É absurdo então pensar que se referiam àquela época e, obviamente, mais lógico interpretar que são coisas do por vir.
Desse modo, as bestas de Apocalipse 13 são simbólicas. Mas a primeira besta representaria, na realidade, um líder ou poder político e o falso profeta, um personagem religioso. Outra passagem real seria a guerra no céu, descrita no capítulo anterior. Apesar de trazer também consequências e efeitos futuros, ela mostra a rebelião de Satanás e como ele foi expulso com um terço dos anjos rebeldes da presença divina.
Questão de fé
Por tudo isso, creio que a advertência para não ignorar as profecias são muito válida. Eventos como a grande tribulação, a volta e vitória de Jesus, a prisão de Satanás e o estabelecimento do Milênio, o julgamento e o novo céu e nova Terra se cumprirão literalmente. Com toda aparentemente complexa linguagem simbólica, cremos indubitavelmente pela fé que toda a mensagem profética do Apocalipse é de interpretação literal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário