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terça-feira, 7 de abril de 2015

FILOSOFIA ESCATOLÓGICA DO FUTURO

Uma das ocupações de maior apelo na atualidade é a futurologia. Teóricos sociais, analistas internacionais e cientistas políticos - e, também os charlatões oportotunistas, claro - têm tentado vislumbrar o futuro do homem ocidental contemporâneo a partir de estudos e análises de tendências. Isso não deixa de ter seus encantos - afinal, quem não quer saber o que lhe aguarda no futuro?

Já imaginou se o indivíduo pudesse prever o que o espera? Muitos usariam o conhecimento do futuro para potencializar seu senso de prevenção. Outros corrigiriam situações imponderáveis. Haveria aqueles que prefeririam se condicionar psicologicamente para suportar o impacto de fatos ou sitações indesejáveis.

A verdade é que tomar consciência, antecipadamente, de uma realidade ainda não experimentada pode causar um mal tremendo. A questão é: por que o futuro representa um problema até mesmo para os homens e as mulheres de fé? A filosofia do Iluminismo produziu no homem moderno muito mais que a "glória da maioridade". O homem se descobriu na condição de ser seu próprio condutor, munido de um sonho - o de exercer um maior grau de controle sobre determinados fenômenos históricos imprevisíveis. Esta é a psicologia que o conceito de maioridade produziu no homem ocidental moderno. O futuro, em última análise, pode ser compreendido, para efeito psicológico, como "morada da doença", por gerar no presente do homem a agonia da espera e o mal estar da incerteza. No entanto, a certeza é o signo de maior valor retórico no discurso da racionalidade iluminista.

Medo do futuro


Mas se isso é uma verdade, por que o medo se tornou o grande vilão causador da maior parte das doenças da mente, em evangélicos e não-evangélicos, crentes e não-crentes? De que bactéria a doença do medo se alimenta? Da incerteza do futuro. Esta incerteza se transforma em doença quando consegue exaurir da fé o capital da esperança que detém a ansiedade. O que é, pois a ansiedade, senão a desconfiança ineducável de uma fé que sempre olha para o futuro desconfiando de seu desfecho final?

Do ponto de vista teológico, há um implacável psicologia do medo que fundamenta ontologicamente a substância cognitiva da ansiedade. Tememos que Deus não seja competente para conduzir nossa existência até o seu desfecho final. E, pior - tememos que Ele queira exatamente aquilo que nos causa o pavor. Trata-se de um tipo de "síndrome de Jó". Neste sentido, o Senhor deixa de ser um grande aliado para se tornar em nosso arquirrival. [Carl Gustav] Jung (1875/1961) - foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica - identificaria o perfil o perfil exato de um "Deus ambivalente" configurado na trama do livro de Jó. Tememos que ao pedirmos o pão e o peixe, Ele nos nos dê pedra e a serpente. E, munidos deste pressentimento, o futuro jamais poderá ser compreendido como "lugar de descanso". Ao contrário, tornar-se-á "habitação do tormento" e "morada da doença".

Ansiedade epistemológica


A epistemologia (filosofia da ciência) da ansiedade levanta sua base teórica sobre os rudimentos de uma hermenêutica (arte ou técnica de interpretar e explicar um texto ou discurso, no caso da filosofia, no contexto epistemológico, remete para a interpretação de uma realidade) da suspeita. Ou seja, desconfiamos que o futuro sempre nos reservará o pior. E sob a égide desta concepção, procuramos sempre fazer a justiça com nossas próprias mãos, temendo que o futuro seja injusto conosco, trazendo-nos aquilo que não desejamos para nós mesmos: o sofrimento.

Que caminhos podem nos ajudar a sair deste labirinto teológico do medo? De que maneira podemos redefinir os contornos hermenêuticos da nossa compreensão de providência divina? É preciso, em primeiro lugar, mudar nossa compreensão acerca de Deus. Quem é Deus? E o que você espera dEle? É possível que seja necessário reconsiderar muitas coisas que pensamos sobre o Senhor.

A cura pode começar pela mesma via por onde também começa a doença: no pensamento. A mudança, antes de acontecer fora de nós, irrompe-se em nosso interior. Por isso ela é chamada de "metanoia" (conversão) no Novo Testamento. Somente quem passa por uma renovação da mente é que está apto para experimentar "qual seja a boa, a perfeita e a agradável vontade de Deus", conforme Romanos 12:2.

Cura pela fé


A fé é o critério da cura. Mas deve ser uma fé que espera e persiste, e não aquela que desiste e adoece; uma fé que é compreendida como "economia de saúde", e não como "lugar da doença e da morte". Diz a Escritura que o justo viverá por fé - somente nela é possível ter a certeza de coisas que ainda não se veem, bem como a esperança de apropriar-se de realidades que se desejando muito, aguardam-se com serenidade. Acreditemos na competente administração da providência divina e descansemos em paz no Senhor. E o Deus da paz será conosco, dando-nos a graça de vivermos sem medo do futuro.

Novos céus, nova terra


A Palavra de Deus nos garante que basta a cada dia o seu mal, ou seja, não temos que andar preocupados com nada, desde que realmente tenhamos a certeza de que nossa vida está oculta em Deus. Deus não nos ocultou o nosso futuro. Ele nos garante que é de glória em glória, de vitória em vitória. Somos mais que os pardais e mais que as ervas do campo. Jesus prometeu que iria nos preparar lugar, para depois nos buscar para um futuro eterno de glória - é a analogia ritualística do casamento judaico, as bodas do Cordeiro. E Ele foi. E Ele voltará para nos buscar, realizando nos, ao som das trombetas, Se nossa fé é consistente e se temos convicção de onde viemos, de quem somos, de onde estamos e para onde vamos, baseados unicamente na fé - e aqui não cabe qualquer outro aditivo - olhamos para o futuro com a certeza de ele será brilhante, excelente e eterno, lado a lado do Deus Todo-Poderoso, o que nos faz bradar com esperança: MARANATA!

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