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quinta-feira, 9 de abril de 2015

LIVROS QUE EU LI #5 - "VIRARAM" FILMES

E cheguei à 5ª parte da minha série especial de artigos Livros Que Eu Li. Não sei quando essa série terminará, pois eu li muita coisa nessa minha vida e, melhor, continuo lendo. Confesso que por motivos óbvios, hoje leio bem menos que antes. Mas ainda assim eu não perco minha predileção pela
leitura.

Aqui eu vou falar sobre livros que receberam suas versões cinematográficas. Alguns, apenas serviram de base para o enredo dos longas, outros foram adaptações literais. Uns foram o mais digno possível ao texto original, outros sofreram interferências que os afastaram muito do texto literário. Uma coisa é certa, os best sellers são sempre boas inspirações para bons filmes e há casos que os filmes superam os livros em público e renda.


Ensaio sobre a cegueira


O livro

Autor: José Saramago
312 páginas
Selo: Companhia das Letras
Lançamento: 1995







Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas. O Ensaio sobre a cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago (Nobel em Literatura) nos dá, nessa tensa obra, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.

Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos". No livro, os personagens não têm nomes próprios e são identificados por características pessoais, como "a mulher do médico", "o médico", "a garota dos óculos escuros", "o homem com tapa-olho"...


O filme - Título original: Blindness

Direção: Fernando Meirelles
Nacionalidade: Brasil, Canadá, Japão
Gênero: Drama e Ficção científica
Elenco: Juliane Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Dany Gloover, dentre outros.
Lançamento: 2008
Selo: Fox Filmes


O brasileiro Fernando Meirelles ("Cidade de Deus") conseguiu com muita destreza transmitir toda a tensão da obra de José Saramago. A fidelidade da narrativa prende o espectador do início ao fim. Com um elenco muito bem escolhido, Meirelles conseguiu absorver todo o peso da obra do escritor português e fez um bom filme que também foi muito bem recebido por público e crítica. Mas nem tudo são flores. 

Mesmo com toda sua competência, Meirelles se perde em meio à cenas confusas, algumas nojentas e sem sentido algum e alguns dos atores, com exceção de Juliane Moore (oscar de melhor atriz por sua brilhante atuação no ótimo "Para sempre Alice" em 2014), que brilha como a mulher do médico, não disseram a que vieram. Até o aclamado Gael Garcia Bernal (o Che Guevara de "Diários de Motocicleta", 2003) está ruim. Recomendo, mas fico com o livro.

O Auto da compadecida

O livro

Autor: Ariano Suassuna
192 páginas
Selo: Nova Fronteira
Lançamento: 1955







O “Auto da Compadecida” consegue o equilíbrio perfeito 
entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”. 

O filme 

Direção: Guel Arraes
Nacionalidade: Brasil
Gênero: Comédia
Elenco: Selton Mello, Matheus Nachtergaele, Fernanda Montenegro, Marco Nanini, entre outros.
Lançamento: 2000
Selo: Globo Filmes



Se você queria a prova de que Cinema Brasileiro também rima com qualidade (o que já foi provado há muito tempo) e diversão, eis o seu filme. "O Auto da Compadecida" é uma das grandes comédias já feitas no cinema nacional, com um elenco impagável e impecável e uma história que agradará à todos.

Acompanhamos as aventuras de João Grilo e Chicó, dois malandros de primeira que se metem em situações pra lá de enroscadas para conseguir dinheiro e se dar bem. Esse fiapo de história gera cenas engraçadíssimas, até culminar no final (o "julgamento"), a melhor parte do filme e um das mais engraçadas também.

O elenco, um dos melhores já vistos num filme nacional, conta com Matheus Nachtergale no papel de João Grilo e Selton Mello no papel de Chicó. Com certeza, os dois formam a dupla mais afiada e cômica de toda a história do cinema brasileiro. Suas interpretações são excelentes e são a alma do filme. Há ainda a presença de Fernanda Montenegro, pra variar dando um show, no papel da Virgem Maria e de Marco Nanini como o líder dos cangaceiros. Outros nomes do elenco como Denise Fraga (fazendo rir como poucas atrizes conseguem), Diogo Vilela, Lima Duarte e Luis Melo completam o timão de atores do filme. O filme é uma versão da minissérie de 1999, já que foi editado da TV para o cinema. 

A menina que roubava livros

O livro
Autor: Markus Zusak
494 páginas
Selo: Intrinseca
Lançamento: 2007






Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, em 'A Menina que Roubava Livros', livro que não sai da lista dos mais vendidos do 'The New York Times'. Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido da sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, 'O Manual do Coveiro'. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro de vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.

E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de rouba-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar.

Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhece-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena.

O filme - Título original: The Book Thief

Direção: Brian Percival
Nacionalidade: EUA, Alemanha
Gênero: Drama
Elenco: Geoffrey Rush, Emily Watson, Sophie Nélisse, entre outros. 
Lançamento: 2013
Selo: Fox Filmes






Adaptação de obra homônima de Markus Zusak, A Menina que Roubava Livros conta a história da jovem Liesel Meminger, uma garota que vive com os pais adotivos na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Apaixonada por livros, ela acaba desenvolvendo o hábito de "roubar" obras para ler para o amigo Max, um judeu que mora clandestinamente em sua casa. Os personagens possuem certa variação ao longo da obra, mas nada que os torne mais interessantes.

As apresentações são feitas rapidamente e sem muito cuidado, o que é um grave problema que não deve incomodar tanto quem já leu, que já traz as informações na cabeça. O longa é dirigido por Brian Percival. Aqui, o cineasta adota um tom várias vezes manipulador. Trata-se de uma obra correta, mas sem muito sentimento. Ao final, o filme pode emocionar muitas pessoas, mas não por tocar realmente o espectador e sim por oferecer um drama meio que condicionado, é aquela emoção fast food, mata a vontade, mas não alimenta bem. Como não sofrer com crianças em meio a Segunda Guerra, descobrindo a fome e a perda?

Se você é fã do livro, é possível que aprecie também o longa por já se identificar com o personagens. Mas também é bem provável que se incomode com o quão limpinho e bonitinho é a produção. Uma obra nada marcante, que pode agradar, mas que não ficará na cabeça.

Bom, por agora é só. Até a 6ª parte da série.


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