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sexta-feira, 17 de junho de 2016

ASSUNTOS POLÊMICOS - 4: O CRISTÃO E AS SUPERSTIÇÕES

"O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita. O sol não te molestará de dia nem a lua de noite. O SENHOR te guardará de todo o mal; guardará a tua alma. O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre" (Salmos 121:5-8).
"E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós" (1 Coríntios 11:19). 
"Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente" (Efésios 4:13,14).

Superstição é a crença baseada na ideia de que determinadas atitudes, números ou palavras trazem azar ou sorte. Pode ser pessoal, religiosa ou cultural.

Pode ser classificada como superstição religiosa a atitude de abrir uma página da Bíblia ao acaso acreditando que irá obter a resposta para sua aflição.

A superstição é algo que exerce uma influência escravizadora sobre a maioria das pessoas que não tiveram um encontro pessoal com Cristo. Isto acontece porque o ser humano foi criado para exercer a fé, quando não se exercita a fé na verdade acaba-se crendo nas mentiras que o inimigo fomenta com o objetivo de desnortear ainda mais os homens.

É comum para os incrédulos atitudes tais como: ter receio do mês de agosto; da sexta-feira, principalmente se for dia treze; se valer de amuletos como pé de coelho, trevo de quatro folhas, ferraduras e outros e ainda até mesmo se apavorar porque um gato preto cruzou o seu caminho ou porque passou debaixo de uma escada. 

Já o cristão que realmente conheceu a Verdade não se incomoda com estas coisas, pois como o salmista disse no trecho citado acima, ele sabe que é o Senhor que nos guarda de todo mal.

Superstições "santas"


O problema da superstição é que ela muda de cara para tentar alcançar os que já foram alcançados pela verdade do evangelho. Ao longo dos primeiros quinze séculos do cristianismo muitas superstições surgiram entre os cristãos, superstições disfarçadas sob um manto de espiritualidade que facilmente enganaram os que não tinham um conhecimento um pouco mais profundo da Palavra de Deus. 

A mais terrível de todas as superstições surgidas neste período talvez seja a crença no purgatório, crença esta que ensina que o cristão precisará pagar pelos seus pecados depois da morte o que desvaloriza o sacrifício vicário de Cristo que é o principal ato de toda fé cristã. 

Mas então, neste cenário crítico e decadente da fé cristã, surgiram os reformadores desmascarando pela Bíblia as superstições e mentiras que haviam surgido e possibilitando o surgimento de uma igreja que voltava as raízes do evangelho.

Esta igreja ressuscitada pelos reformadores cresceu e alcançou os confins da terra como o Senhor Jesus havia mandado (Mateus 28:19-20) e (Atos 1:8), mas as superstições continuam rondando esta igreja para apanhar os que não estão bem solidificados na verdade. 

  • Primeiro ela surge na forma de superstições menores como: deixar a Bíblia aberta no salmo 91, crendo que isto trará proteção;
  • consultar a Deus através da caixinha de promessas ou abrindo a Bíblia de forma aleatória; 
  • passar a crer que a oração feita em um monte tem mais valor que a oração feita em qualquer outro lugar;
  • acreditar que a oração feita por determinada "pessoa ungida" é mais poderosa e/ou mais forte;
  • consultar profetas para tomar decisões ou em busca de orientações;
  • carregar "amuletos" tais quais: toalhas ungidas, vidrinho com a água do rio Jordão, patuás com areia de israel...;
  • acreditar que será abençoado se passar em cima de tapetes de sal ou debaixo de "mantos sagrados"...
Atitudes como estas (e outras tanta mais que nos tomaria muito tempo listar) são a porta de entrada para a aceitação de superstições bem mais graves que estão surgindo por ai.

Sincretismo 


Sincretismo é a fusão de diferentes doutrinas para a formação de uma nova, seja de caráter filosófico, cultural ou religioso. O sincretismo mantém características típicas de todas as suas doutrinas-base, sejam rituais, superstições, processos, ideologias e etc.

Etimologicamente, a palavra "sincretismo" se originou a partir do grego sygkretismós, que significa "reunião das ilhas de Creta contra um adversário em comum", que por sua vez foi traduzido para o francês syncrètisme, dando origem, consequentemente, à variante na língua portuguesa.

O processo de sincretismo está intrinsecamente ligado às relações de comunicação entre grupos sociais heterogêneos, ou seja, com diferentes culturas, costumes e tradições. Quando ocorre o contato e se desenvolve um convívio entre estes grupos distintos, surgem "adaptações" nos vários aspectos culturais, fazendo com que um grupo "absorva" o sistema de crenças do outro.

Um exemplo deste processo foi a adaptação e absorção que o cristianismo fez de conceitos das religiões pagãs na Europa durante a consolidação da Igreja Católica no continente. A Igreja utilizou os costumes e tradições dos pagãos em benefício da doutrina cristã, reconstruindo os discursos já estabelecidos nas sociedades pagãs em nome do cristianismo.

  • Sincretismo religioso


O processo de sincretismo mais conhecido e o mais estudado é o sincretismo religioso. O sincretismo religioso é a mistura de uma ou mais crenças religiosas em uma única doutrina. Este modelo de sincretismo, assim como o cultural, nasce a partir do contato direto ou indireto entre crendices e costumes distintos.

No Brasil, por exemplo, o sincretismo religioso nasce desde a chegada dos primeiros colonizadores portugueses, se intensificando com a presença dos escravos africanos, que, em contato com a população nativa do Brasil (os indígenas), disseminou os seus costumes, rituais e tradições.

As superstições e sincretismos mais graves no meio evangélico hoje não partem de indivíduos mas de denominações, igrejas que não possuem um alicerce doutrinário e criam uma infinidade de modismos para atrair o povo, coisas tais como: rosas, lenços e outros artefatos "ungidos", fotografia, copo com água e até sal grosso. Coisas que os padres católicos carismáticos chamam de "símbolos da fé" e comparam tais atitudes no nosso meio com as imagens de escultura que eles usam. Um verdadeiro retrocesso da reforma.

Além destas coisas, temos as doutrinas como a maldição hereditária que diminui o sacrifício de Cristo pregando que o crente continua debaixo de maldição mesmo depois de se tornar uma nova criatura pelo sacrifício da cruz. Temos o modismo da batalha espiritual que vê anjos e demônios em tudo e coloca o crente em uma completa paranoia se esquecendo muitas vezes de um inimigo ainda mais perigoso, a nossa própria natureza carnal. 

Temos os que só falam de anjos criando uma verdadeira idolatria se esquecendo do Criador e honrando apenas os seres criados. Temos ainda o uso indiscriminado do óleo da unção, enquanto a Bíblia só prevê o seu uso para unção dos enfermos (Tiago 5.14) estão querendo ungir pessoas para qualquer finalidade e muitas vezes ungem até objetos. 

Há poucos dias eu vi na internet um vídeo gravado em um culto em que o pregador estava usando até ilusionismo dando impressão que havia cortado o pescoço de uma menina e depois cicatrizado novamente e a maioria dos irmãos davam "glória a Deus" e "Aleluia". Será que estamos próximos daquela mesma decadência que antecedeu a reforma?

Numerologia gospel


E o que dizer da numerologia evangélica (que consiste na crença dos poderes espirituais dos números - são o a base para campanhas tipo: 7 mergulhos de Naamã, 12 semanas de poder, 3 voltas de Jericó...).

Por que o fascínio dos pastores por certos números? Muitos gostam de pinçar passagens da Bíblia e trazê-las literalmente para o contexto atual, esquecendo-se que certas mensagens são para certas pessoas em certos períodos da história. Como Jesus teve 12 discípulos, inventou-se uma "visão de Deus" chamada G12 que O imita, muito toscamente por sinal. 

Como Deus fez o mundo em 7 dias, e como o 7 é o numero inteiro depois da dízima periódica 6,66…, conclui-se que seja o número divino, e por isso com um poder especial. O 40 remete aos quarenta anos do povo hebreu e de Cristo no deserto; o 70, aos enviados por Cristo. E por aí vai, para fazer uma campanha ou um método de crescimento de sucesso basta escolher algum número bíblico e, em cima dele, forjar uma doutrina de mistério e poder sobrenatural.

Conclusão


Mas a mistura do cristianismo com o paganismo (ou gnosticismo) é muito antiga. O povo hebreu foi cativo no Egito e na Babilônia, incorporando o misticismo dessas culturas em seu culto doméstico, e isso foi motivo de grandes exortações de Deus através dos profetas. Nos tempos de Jesus, os judeus ainda estavam envoltos numa atmosfera gnóstica, viviam sobre o poderio romano, e Paulo, em suas cartas, não se cansou de admoestar seus irmãos sobre a entrada de doutrinas estranhas no ensino do Evangelho. Se, naquela época, com relativamente poucos líderes cristãos isso acontecia, o que dizer agora! Não estamos no Egito ou na Babilônia, mas o Brasil é rico em sincretismo religioso, sendo facilmente aceito que um cristão frequente de vez em quando o centro espírita e passe o Ano-Novo pulando 7 ondas (de novo esse número?) na praia.

Já passou da hora de, como Igreja, deixarmos de ser tão infantis espiritualmente, buscando as bênçãos e não ao Abençoador. Ir uma, duas, três, cem, mil vezes no culto não nos fará mais ou menos merecedores de nada, mas mesmo assim Deus, em Sua infinita bondade, nos supre no que necessitamos, e muitas vezes nos eleva a lugares nem sonhados. Busquemos o Reino de Deus e a Sua justiça, e tudo o mais se acrescentará, e isso pode ser feito a todo o momento, não apenas faltando 7 minutos para a meia-noite ou durante 12 horas de vigília e oração.

Que o Senhor nos guarde e nos permita fugir de todas estas mentiras e superstições para praticarmos uma fé genuinamente bíblica.

"Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente" (Efésios 4:14).

Fujamos das fábulas para permanecer na Verdade.

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