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segunda-feira, 6 de junho de 2016

A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO

"Então, Pedro chegou perto de Jesus e lhe perguntou: 'Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu tenha de perdoá-lo? Até sete vezes?' E Jesus lhe respondeu: 'Não te direi até sete vezes; mas, sim, até setenta vezes sete (Mateus 18:21, 22). Tende cuidado de vós mesmos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, caso ele venha a se arrepender, perdoa-lhe. Se, contra ti pecar sete vezes ao dia, e por sete vezes vier a ter contigo, dizendo: "Arrependo-me do que fiz". Perdoa-lhe!'" Diante disso, pediram os apóstolos ao Senhor: 'Aumenta a nossa fé!'" - Lucas 17:3-5 (Versão King James Atualizada)
 "Quem tem que perdoar é Deus!" Acredito que todos nós já ouvimos essa frase ao menos uma vez na vida (e, talvez, você que está lendo agora, já tenha dito isso), entretanto, ela é uma mentira. Deus não tem que perdoar a ninguém. Ele já perdoou! Na verdade, a prática do perdão é algo que deve ser feito insistentemente por todo ser humano que queira viver bem com Deus, consigo e com o próximo.

A questão do perdão é delicada, porém, fundamental no alicerce da vida cristã. Precisamos entender o quão precioso é a doutrina do perdão. A falta do perdão - tanto da liberação, quanto do pedido - provoca um aprisionamento espiritual. Jesus, na oração do Pai nosso, explicita a força do perdão (Mt 6:12). Vejamos então alguns princípios que envolvem a doutrina do perdão.

  • A vontade de Deus contra a tradição humana - Mt 18:21


A tradição judaica da época orientava que se perdoasse até 3 vezes. Quando Pedro fez a pergunta a Jesus, ele estava até bem intencionado, queria parecer "bonzinho", mas os cálculos de Deus transcendem à mesquinhez e à limitação da matemática humana, pois tudo o que está ligado a Ele tem a ver com eternidade, com o ilimitado, com o sobrenatural, com o infinito. Assim, entendemos que o desejo de Deus é que estejamos sempre prontos a perdoar e a pedir perdão.

  • O perdão é condicional - Mt 18:23-35


Nesta parábola, Jesus ilustra de maneira ampla e objetiva que o perdão do Senhor a nós é condicional à nossa disponibilidade em perdoar aos outros. O perdão divino é ao mesmo tempo condicional à nossa disposição em perdoar ao próximo. Ou seja, o perdão é prática e tem seu efeito. Queremos ser perdoados, então semeemos perdão.

  • O perdão e a fé - Mt 18:18, 19


É necessário fé para perdoar. No texto citado vemos a importância da concordância entre os envolvidos na questão. Só através da fé, perseveraremos no propósito do perdão. Há um mover sobrenatural na terra e no céu quando o perdão atua na vida de uma pessoa.

  • Os níveis do perdão


O perdão tem extremos fundamentais: a liberação e o recebimento. Ou seja, tanto é beneficiado quem libera o perdão, quanto que o recebe.

A ciência de acordo com Jesus


Guardar rancor nos fere fisicamente e psicologicamente. Você sabia disso?

A Bíblia mostra que Jesus era "obcecado" com o perdão. Ele nunca parou de falar sobre a necessidade de perdoar as pessoas. Suas parábolas falavam de um Deus que estava perdoando e que esperava que Sua  criação estivesse perdoando da mesma forma.

Cristo retratou o perdão como essencial para viver uma vida em abundância.

Jesus e a ciência estão em pleno acordo sobre esse assunto, com estudos dando provas científicas para muitas das coisas que a Bíblia nos fala sobre perdoar uns aos outros.

  • Quando você perdoa, você se cura mais rapidamente


Os cientistas descobriram que as vítimas de graves abusos, que perdoaram seus agressores, tiveram melhoras mensuráveis na saúde física e psicológica. Quando comparadas com outros grupos de controle, essas pessoas mostravam estarem sendo curadas mais rapidamente.

Mas há um porém: o perdão não acontece de uma hora pra outra. É um processo continuo.

Técnicas específicas variam entre os praticantes, mas a base é a mesma. Os cientistas nos mostram que o nosso cérebro não pode perdoar as pessoas que já nos machucaram até que lamentemos a dor que já experimentamos, trabalhemos para entender a perspectiva do nosso agressor, decidirmos perdoa-los e, então, buscarmos ter compaixão para com quem nos feriu.

Você não pode esquecer e perdoar, nossos cérebros não funcionam desse jeito. Você só poderá seguir em frente se não desejar mal a quem tiver te prejudicado.

  • A falta de perdão te (nos) limita fisicamente


Você já foi ferido por alguém de uma maneira que você não conseguiu parar de pensar nela? Pessoas "atacando" nossos pensamentos a todo instante, aparecendo em nossas mentes enquanto tomamos um café com nossos amigos, desfrutamos da natureza ou passamos algum tempo com a família.

Infelizmente, as pesquisas sugerem que guardar rancor contra alguém que nos feriu não os afeta, mas, em vez disso, nos prejudica. Esse prejuízo pode ser manifestado em formas surpreendentes.

Pensar na pessoa que nos feriu gasta energia cognitiva, afeta nossos cérebros e corpos, aumenta os níveis de hormônios do estresse em nossa corrente sanguínea e pode elevar a nossa pressão arterial, contribuindo para o ganho de peso. Ela afeta nossa capacidade de se concentrar e guardar novas memórias.

Guardar mágoa cria uma névoa em torno de sua mente e um peso em seu corpo. Isso é mais que uma metáfora, porque estudos descobriram que as pessoas podem saltar mais alto depois que, conscientemente, perdoaram alguém. Outros estudos mostraram que pessoas que pensavam sobre um rancor viram tarefas físicas se tornarem mais exigentes.

Quando não perdoamos os outros, nos colocamos em uma escravidão mental, emocional e física. A pessoa que nos feriu pode nos colocar em uma gaiola, mas somos os únicos que podemos nos libertar.

  • Perdoar não significa que (eu) você aceitará novos danos


Estudos mostram que o perdão é eficaz e benéfico, mesmo nos casos mais graves de abuso, trauma, opressão e negligência. Tanto a fé quanto a ciência moderna enfatizam a importância do perdão por quaisquer transgressões, não importando o quanto nós fomos feridos.

Porém, é importante definir bem o que é perdão. Perdão é aceitar o que aconteceu e seguir em frente, sem desejar mal a quem te machucar. Perdão não é colocar-se em situações nas quais você continuará a ser ferido. Você pode perdoar alguém e, ainda assim, poderá manter limites necessários para um relacionamento. Em casos de agressões graves, o limite pode envolver nenhum contato.

Quando Jesus falou sobre "dar a outra face" a uma "pessoa má", essas palavras não eram apenas uma admoestação à não violência. Jesus citou a lei e, em seguida, descreveu a submissão radical para possíveis interpretações jurídicas. Esta abordagem revelou a brutalidade pessoal e sistêmica da situação, seja ela física, econômica ou jurídica.

"Dar a outra face" não é uma advertência para permanecermos em uma situação abusiva.

Como mostra a ciência, é muito bom você perdoar um pai opressor ou um cônjuge abusivo. Ela permite que você deixe para trás qualquer ressentimento em relação a uma amizade, porém sem permitir que essas coisas continuem. Em casos de agressões persistentes, a melhor maneira de perdoar alguém é seguir em frente.

Os benefícios do perdão


Perdoar é bom para a saúde mental, e também para a saúde física.

Às vezes, as pessoas que estão ao nosso redor fazem coisas que nos ferem ou com as quais nos sentimos traídos ou, inclusive, agredidos. Em outras ocasiões, somos nós mesmos quem fazemos algo com o que, mais tarde, já não estamos de acordo. Nem sempre é fácil perdoar, mas é muito saudável fazê-lo. Os benefícios do perdão não se estendem apenas aos outros, mas também a nós mesmos.

É muito mais fácil falar sobre o ato de perdoar do que fazê-lo e, no geral, este ato supõe um grande desafio. Às vezes, o perdão pode ser confundido com uma forma de remissão, na qual o que passou é assimilado sem tomar represálias. Mas o perdão é muito mais que isso. Perdoar implica se desprender do que aconteceu.

Em todo caso, são muitos os benefícios do perdão para a saúde do nosso corpo.

  • O perdão é bom para o coração


O perdão faz bem para a saúde do nosso coração. Um estudo da revista Journal of Behavioral Medicine descobriu que o perdão está associado a uma menor frequência cardíaca e uma menor pressão arterial. Este mesmo estudo descobriu que perdoar ajuda, também, a aliviar o estresse.

Isto pode trazer benefícios para a saúde do coração, em particular, e para a saúde em geral.
O perdão é bom para a saúde geral, física e mental

Outro estudo posterior associou o perdão a cinco medidas de saúde: sintomas físicos, medicamentos utilizados, qualidade do sono, fadiga e queixas somáticas. Parece que a redução do efeito negativo e os sintomas depressivos que o rancor produz fortalecem a espiritualidade, a gestão de conflitos e o alívio do estresse, razão pela qual o impacto do perdão tem um efeito significativo na saúde em geral.

  • O perdão ajuda a se relacionar melhor com os demais


Um outro estudo publicado em Personality and Social Psychology Bulletin, encontrou que o perdão ajuda a restaurar pensamentos, sentimentos e comportamentos positivos com a parte "infratora". Ou seja, o perdão restaura a relação em seu estado positivo anterior. Além disso, os benefícios do perdão podem se estender às condutas positivas direcionadas a outras pessoas fora da relação. Dessa maneira, o perdão está associado com mais voluntariado, com mais doações e atos de caridade, e outros comportamentos altruístas.


Conclusão


O perdão não é um sentimento. Eu tenho que "sentir" para perdoar e/ou pedir perdão. O perdão é uma decisão. Quando perdoamos, estamos nos libertando de nós mesmos, de nossa própria escravidão. Nos desprendemos da dor e do ressentimento que estávamos carregando como um peso em nossas costas, para dar lugar à liberdade. Inclusive, ao perdoar, concluímos essa pendência aberta que tínhamos com o passado.

Perdoar implica uma aceitação do que aconteceu, para dar lugar a um profundo desprendimento, não somente dos fatos ou das acusações feitas pelos outros, mas também de nós mesmos. Porque não somente é necessário perdoar os outros, mas também é conveniente refletir sobre aquilo que temos que perdoar em nós mesmos.

O perdão é bom para o corpo, para a mente, para as relações pessoais e para encontrar um papel no mundo. Isso deveria servir para nos convencermos de que é muito melhor deixar o rancor ir embora e perdoar.

Como disse William Shakespeare [1564/1616 - foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo.] :
"O perdão cai como chuva suave do céu na terra. É duas vezes abençoado; abençoa quem o dá e quem o recebe".

Nota: Esse é um esboço de mais uma mensagem que o Senhor me deu em 16 de janeiro de 2007. Eu ainda não a ministrei de púlpito mas fiz a adaptação para artigo aqui no blog.

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