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quarta-feira, 8 de junho de 2016

A PARÁBOLA DO PORCO-ESPINHO: ENTENDENDO O SALMO 133

Em 1851, o filósofo alemão, Arthur Schopenhauer [✮1788-✟1860 foi um filósofo alemão do século XIX. Seu pensamento sobre o amor é caracterizado por não se encaixar em nenhum dos grandes sistemas de sua época.], expôs a parábola do porco-espinho.

Durante uma era glacial, muito remota, quando o Globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem as condições do clima hostil.

Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso. 

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos.

Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito...

Mas, essa não foi a melhor solução: afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram, voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos. Assim, aprendendo a amar, resistiram a longa era glacial. Sobreviveram.

Moral da história


"Nós, que somos fortes, temos o dever de suportar as fraquezas dos fracos, em vez de agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós deve agradar ao próximo, visando o que é bom para o aperfeiçoamento dele. Pois também Cristo não agradou a si próprio." - Romanos 15:1-3a (Versão King James Atualizada)
 
Quanto mais nos ocupamos com a felicidade dos outros, maior passa a ser nosso senso de bem-estar. Cultivar um sentimento de proximidade e calor humano compassivo pelo outro, automaticamente coloca a nossa mente num estado de paz. 

Isto ajuda a remover quaisquer medos, preocupações ou inseguranças que possamos ter, e nos dá muita força para lutar com qualquer obstáculo que encontrarmos. Esta é a causa mais poderosa de sucesso na vida.

Como crentes precisamos aprender a ser como esse grupo de porcos-espinhos. Precisamos aprender a conviver com os defeitos uns dos outros e com as eventuais feridas causadas e recebidas, pois a união é sempre mais benéfica do que a separação.

Agora vamos ao Salmo 133


Cântico davídico de peregrinação. Como é feliz e agradável observar quando os irmãos vivem em fraternidade! 
É como um bálsamo precioso derramado sobre a cabeça, que desce pela barba como se fosse a barba de Arão, até a gola de suas vestes sacerdotais. 
É como o orvalho do Hermom quando desce sobre os montes de Sião. Porquanto ali o SENHOR oferece a sua bênção: vida para hoje e por toda a eternidade! (VKJA)

  • Que bênção o Senhor prometeu a Davi, seu servo? 

Prometeu abençoar a casa de Davi para que ela permanecesse para sempre "Sê, pois, agora servido de abençoar a casa de teu servo, para permanecer para sempre diante de ti, pois tu, ó Senhor DEUS, o disseste; e com a tua bênção será para sempre bendita a casa de teu servo" (2 Samuel 7:29).

  • Por que a casa do salmista seria bendita? 

Porque a salvação do Senhor, que viria de Sião, surgiria como um renovo através de sua descendência: 
"Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. 
Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens. Mas a minha benignidade não se apartará dele; como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre" (2Sm 7:12-16).
Do mesmo modo que o orvalho do monte Hermon alcança os montes em redor, a mesma bênção (Gênesis 22:18), estabelecida no monte denominado de 'O Senhor proverá' (Gn 22:14), propagou-se até chegar ao monte Sião na linhagem de Davi (Romanos 11:26), e dali a bem-aventurança alcançou os confins da terra através do Descendente prometido.

Abraão alcançou a bênção do Senhor porque obedeceu: "E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz" (Gn 22:18); "A bênção, quando cumprirdes os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que hoje vos mando" (Deuteronômio 11:27 - Grifo meu). Qualquer que queira ser participante da bênção que Abraão alcançou necessita obedecer a voz do Senhor, pois é dela que advém a bênção a todas as nações da terra, ou seja, através do Descendente, que é Cristo, o Filho de Davi.

A palavra que ordena a bênção é clara: 
"Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi" ( Isaías 55:1-3 - Grifo meu).
Basta "obedecer" como fez o crente Abraão que todos os homens serão participantes da mesma bênção prometida a Davi, proveniente do Descendente, que é Cristo. Basta ouvir atentamente que receberá vida eterna. Fará parte de uma aliança perpétua, pois adquirirá da mesma firme bênção concedida a Davi: co-herdeiro com o Descendente. 

União fraternal


  • De qual união o salmista fez referência?


É comum à maioria das religiões apregoarem união na família, na nação, na igreja (como instituição) e no mundo. Para tanto apontam o altruísmo, a tolerância, a simpatia e o acordo. Sabemos que a harmonia é imprescindível para o convívio em qualquer seguimento social, porém, a união que o salmista fez referência neste salmo diz de bons relacionamentos humanos?

Antes de responder, observe o que o apóstolo Paulo destaca: "Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas" (Romanos 9:6). Ou seja, nem todos os que pertenciam ao povo de Israel eram de fato irmãos. Todos de Israel eram descendentes de Abraão, porém, nem todos eram de fato filhos de Abraão "Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência" (Rm 9:7).

De que união o salmo 133 trata: da união dos descendentes da carne de Abraão, ou da união pertinente aos filhos de Deus? O que é bom e suave? Bom e suave é ter fardo e jugo de filho!

O Cristo recomendou que aprendessem d’Ele, porque Ele era manso e humilde de coração "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus 11:29-30). Todos aqueles que tomam o jugo de Cristo e aprendem d’Ele, recebem de Deus poder para ser feito filho de Deus (João 1:12-13). O salmo 133 fala especificamente da união pertinente aos filhos de Deus!

'Quão bom' levar o fardo de filho! 'Quão 'suave' é ter o jugo de filho! Tudo isto é proporcionado aos que receberam a bênção e a vida eterna do Senhor (v. 3b), todos quantos se unem ao Descendente.

Ora, o salmista nos informa através do verso 3, parte 'b' que 'em Sião' o Senhor ordena a bênção, concedendo-lhes vida para sempre. Ora, a bênção de Sião é concedida aos filhos, e os filhos são aqueles que compartilham da vida para sempre, ou seja, que 'vivem em união', que 'vivem em Deus'.

O apóstolo João fala desta união: "O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo" (1 João 1:3).

O apóstolo Paulo contendeu com Barnabé "E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre" (Atos 15:39), e, apesar de se apartarem um do outro, contudo ‘viviam’em união. Como pode ser isto? 'Viver em união' transcende a ideia do convívio social amistoso. Quando Paulo e Barnabé aceitaram a Cristo, tornaram-se nova criatura, por estarem em Cristo (2 Co 5:17).

O fato de estarem 'em Cristo' é o que determina o 'viver em união'. Ambos, Paulo e Barnabé, eram filhos de Deus pela fé em Cristo, e a contenda que houve entre eles não desfez a união perfeita em Cristo.

A Paz que Cristo concede não é conforme a paz do mundo (Jo 16:33), pois a paz de Cristo só é possível n’Ele (Jo 16:33). Cristo não veio resolver a falta de paz que há no mundo, antes veio estabelecer a paz entre Deus e os homens. Quanto ao mundo é pertinente a aflição, e, portanto, resta aos que tem paz com Deus não se atemorizar.

Do mesmo modo, a união que Cristo promove não é conforme a união que o mundo busca estabelecer. Enquanto o mundo busca promover um bom convívio social através de valores tais como: religiosidade, altruísmo, tolerância, simpatia e o acordo, a mensagem de Cristo é: "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada" (Mt 10:34).

Como o cristão sabe que não possui neste mundo possessão permanente (Hebreus 10:34), no que depender dele, se possível, que tenha paz com todos os homens (Rm 12:18). Tendo a certeza que Deus cerca os seus filhos de todos os bens "Ora, o mesmo SENHOR da paz vos dê sempre paz de toda a maneira. O Senhor seja com todos vós" (2 Tessalonicenses 3:16), àqueles que temem o Senhor têm possessão permanente "Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam, e eu encha os seus tesouros" (Provérbios 8:21). A Sabedoria que vem do alto é que enriquece! (Pv 8:20 ; 10:22).

Conclusão


Após compreender a que se refere o Salmo 133, fica o aviso da Sabedoria: 
"Agora, pois, filhos, ouvi-me, porque bem-aventurados serão os que guardarem os meus caminhos. Ouvi a instrução, e sede sábios, não a rejeiteis. Bem-aventurado o homem que me dá ouvidos, velando às minhas portas cada dia, esperando às ombreiras da minha entrada. Porque o que me achar, achará a vida, e alcançará o favor do SENHOR. Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte" (Pv 8:32-36 - Grifo meu).
Aqueles que receberam a bênção e a vida para sempre do Senhor que veio de Sião são os que vivem em união.

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