"1 No ano em que faleceu o rei Uziáhu, Uzias, eu vi o Eterno sentado sobre um trono alto e exaltado. A aba do seu manto preenchia todo o templo. 2 Em torno dele posicionavam-se serafins. Cada um deles tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam. 3 E, ao mesmo tempo, clamavam uns aos outros: 'Santo, santo, santo, é Yahweh dos Exércitos, eis que toda a terra está plena da glória do SENHOR!' 4 Ao som das suas vozes os batentes das portas tremeram e o templo ficou repleto de fumaça. 5 Então bradei eu: 'Ai de mim, não tenho salvação! Porquanto sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos contemplaram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!' 6 Imediatamente um dos serafins voou até onde eu estava trazendo uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma tenaz. 7 Com ela tocou a minha boca e declarou-me: 'Vê, isto tocou os teus lábios, a tua culpa será removida e o teu pecado está perdoado.' 8 Em seguida ouvi a voz do Eterno que chamava: 'Quem hei de enviar? Quem irá por nós?' Ao que prontamente respondi: 'Eis-me aqui, envia-me a mim!'" (Isaías 6:1-4 - Versão King James Atualizada)
No texto de Isaías, capítulo 6:1-8, vemos a confirmação do chamado ministerial do profeta e do principal preparo para todo aquele que recebe do Senhor um chamado: a purificação. Neste artigo - que é a adaptação de uma ministração que Deus me deu em 31 de janeiro de 2007 -, faremos a relação do contexto dessa passagem com a realidade da Igreja do Senhor hoje, analisando as características do cenário na visão do profeta.
Os serafins
O que (ou quem) são - trata-se de seres angelicais de ordem superior, uma vez que servem direta e continuamente no Trono de Deus. O termo serafim significa literalmente "seres ardentes" ou "consumir com fogo". Os serafins são, portanto, agentes de purificação pelo fogo.
Isaías capítulo 6 é o único lugar na Bíblia que menciona especificamente os serafins. Cada serafim tinha seis asas. Eles usavam duas para voar, duas para cobrir seus pés e duas para cobrir suas faces (Isaías 6:2). Os serafins voavam pelo trono onde Deus estava sentado, cantando louvores enquanto chamavam atenção especial à glória e majestade de Deus.
Esses seres aparentemente também serviam como agentes de purificação para Isaías quando ele começou o seu ministério profético. Um anjo colocou brasa viva nos lábios de Isaías e disse: "Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado." Semelhante aos outros tipos de anjos santos, os serafins são perfeitamente obedientes a Deus. Semelhante aos querubins, os serafins estavam particularmente focalizados em adorar a Deus.
O fogo
- Deus é fogo consumidor - Hebreus 12:29; 1 Pedro 4:12
- Devemos ser refinados como o outro e a prata - Jó 23:10; Salmos 66:10; Malaquias 3:3; 1 Pedro 1:7
Observe que um dos serafins pegou uma brasa no altar do incenso e com essa brasa viva toca os lábios do profeta, purificando-o e só depois do ritual de purificação que o profeta ao ouvir o chamado do Senhor, manifesta-se (vv. 6-8).
O fogo no contexto bíblico pode ser simplesmente fogo mesmo, mas também é sinônimo de poder. Poder para esterilizar, moldar, derreter. Sobre este aspecto, entendemos que a presença de Deus é constante; Deus é onipresente e onisciente, portanto, para sentir a presença de Deus basta ter consciência de Deus, saber que Deus é uma realidade e está presente em todo o momento; tudo vem dEle, tudo é feito por Ele e para Ele.
Para os que creem ou não, a presença de Deus é real ainda que não estejamos necessariamente sentindo o Seu poder. Um dos exemplos está na Palavra de Deus que diz "Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos" (Mateus 5:45). Durante o ato de adorar a Deus, ou de ler a Bíblia, ou qualquer outro momento em que se busca a Deus, algumas sensações ou emoções, poderão ser vivenciadas. Tais vivências são manifestações de Seu poder, entre elas o "calor".
Inclusive, após terem sentido o "calor no coração" durante um momento de adoração, de oração, de louvor, etc é comum os cristãos relatarem que sentem uma Paz diferente, um renovo na fé, como se estivessem sido mesmo transformados, purificados. Essa é uma forma de manifestação do poder de Deus.
Outras ocorrências que podem ser consideradas como manifestações do poder de Deus são as curas interiores (superação de traumas, liberação de perdão), livramentos de acidentes, curas de enfermidades, "coincidências" que mudam o rumo da vida de uma pessoa e influenciam a tomar decisões, até mesmo os sonhos; ou seja, o agir de Deus, os milagres, algo que a mão humana sozinha não é capaz de fazer.
Várias passagens bíblicas retratam o poder de Deus se manifestando em Fogo, consumindo holocaustos, destruindo cidades, caindo fogo do céu a pedido de profeta, coluna de fogo a guiar o povo na saída do Egito, etc. Vale ressaltar duas em especial:
Uma passagem ocorre ao chamar Moisés para voltar ao Egito e libertar o povo das mãos de faraó, o Senhor falou com Moisés enquanto ele trabalhava no campo e se manifestou a ele em forma de uma sarça ardente. Ele ouvia a voz do Senhor através do fogo que surgiu na sarça, mas ela não se queimava. Foi neste momento que Moisés perguntou a Deus que nome o chamaria, quando os filhos de Israel perguntassem e "Disse Deus a Moisés: 'EU SOU O QUE SOU'. Disse mais: 'Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros' (Êxodo 3:14)."
Uma outra, fala sobre a vinda e a volta de Jesus: "Eu os batizo com água para mostrar que vocês se arrependeram dos seus pecados, mas aquele que virá depois de mim os batizará com o Espírito Santo e fogo. Com a pá que tem na mão ele vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu depósito, mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga" (Mt 3:11-12). [Sobre essa passagem eu já postei um artigo específico e mais detalhado http://circuitogeral2015.blogspot.com.br/2016/03/onde-esta-escrito-que-ser-batizado-com.html]
Relação entre os serafins e a Igreja - V. 2
Podemos relacionar as características dos serafins como o homem nas suas asas, especificamente. Vejamos:
Seis asas
O número 6 na Bíblia refere-se ao homem. Fala da sua falibilidade, de sua limitação. Veja em Gênesis 1:26a, 27,31 que o homem foi criado no 6º dia. Cada par de asas desses serafins tinham funções específicas, que nos trazem um ensino explícito de como devemos nos portar diante da presença de Deus.
- Com duas cobria o rosto - princípio de reverência perante o Senhor (ver Êx 33:18-23; 34:5,8,29; Atos 9:1-9).
- Com outras duas cobriam os pés - princípio de santidade (ver Êxodo 3:5; Josué 5:15).
- Com outras duas últimas asas, voavam. Aqui tiramos as seguintes lições ou princípios para a prática da vida cristã: a) voar simboliza a manifestação do poder sobrenatural do Senhor em nós, que nos dá a capacidade de movimento, liberdade e locomoção para realizarmos a vontade e a obra de Deus (2 Coríntios 3:4-6, conforme Êx 35:30-35; 36:1); b) voar também simboliza a elevação a um nível espiritual mais alto, ou seja, o princípio da intimidade. Sobre esse aspecto vamos aprofundar mais um pouco.
Elevação espiritual (princípio da intimidade)
O termo "lugares altos" no contexto do AT é mencionado como lugar de adoração. Vemos vários personagens Bíblicos participando ou fazendo história nos "lugares altos". Não é de se admirar que o Senhor falava aos grandes homens do passado nos "lugares altos". Talvez o Senhor colocasse isso como uma exigência para tornar mais valoroso o momento do encontro.
A Bíblia não nos dá substância para afirmar a razão do encontro nos montes, mas, uma coisa é certa, foi nesses momentos de encontro nos montes que surgiram todas diretrizes para a condução do povo Israel e a base para as leis de todas as constituições vigentes no planeta.
Os "lugares altos" representavam lugar de adoração, lugar de intimidade, lugar de acerto de contas com o Senhor, lugar de revelação, de aprendizado. Deus usava esses lugares para falar face a face com o homem.
Temos exemplos de sobra para consubstanciar o argumento de que, "lugares altos" é o lugar do encontro com Deus, aos quais listamos alguns:
Noé adorou ao Senhor no monte Ararate (Gn 8:20); Abrão recebe ás promessas de Deus no alto do monte Moriá (Gn 12:8 - Gn 22:8); é lá também que Jesus foi crucificado séculos depois (Lc 23:33); assim foi com o profeta Elias ao desafiar os profetas de baal ao subirem no monte Carmelo (1 Reis 18:19); Davi em seus Salmos faz centenas de citações sobre o "Monte Santo do Senhor". Salmos 2:6, onde já se falava do momento da crucificação do Senhor, e outros: (Sl 24:3 – 99: 9 – 43:3 – Joel 2:1, e muito mais...).
Com o passar do tempo, o "subir" a lugares altos para falar com Deus foi perdendo sentido e caiu no esquecimento. Trazendo para os nossos dias, para nossa realidade; temos feito a mesma coisa só que, de maneira diferente.
Vamos a aplicação
Temos subido aos lugares altos para ouvir Deus falar?
Em outras palavras quero dizer que:
Temos tirado um tempo para nos relacionarmos com o Senhor através da oração, intimidade, leitura da palavra, meditação, um mergulho em Seu Espírito? Temos subido a montes específicos (e, por favor, aqui não me refiro a lugar físico ou posicionamento geográfico)? Ou seja, temos objetivos específicos diante Deus? Temos orado por alguém, para que esse alguém chegue ao conhecimento do amor do Senhor? Temos feito como Abraão? Subido ao monte da obediência? Da decisão? Da promessa? Da provisão?
Cada passo que damos, cada decisão que tomamos, temos de estar convictos que Deus esta nos orientando, nos direcionando. Nossas decisões e ações têm de vir como frutos de um relacionamento com o Senhor, esse relacionamento só será possível se subirmos aos lugares altos de Deus. Seu trono é o lugar de onde é administrado todo o universo. Deus esta no controle absoluto de tudo.
Quando subimos em Seu Santo monte, entramos em sua presença, e Sua presença é algo fundamental para a vida.
Deus ao concluir em Jesus seu soberano plano de salvação, o concluiu no alto de um monte (Gólgota). Foi lá que o Senhor Jesus deu seu brado de vitória sobre o pecado, a morte e o inferno.
Estar em lugares altos sempre será o lugar onde nada nos atinge. É lá onde estaremos seguros, é de lá que virá nossa provisão.
Conclusão
Só havia uma maneira de Isaías continuar na presença de Deus sem que fosse exterminado: seu pecado teria que ser removido. Trevas e Luz não combinam. Não há como a injustiça permanecer diante do Justo. Não há como Pecado e Glória ocuparem o mesmo lugar (Romanos 3:23). E só há uma maneira de removermos o pecado. Há uma só "brasa" que Deus providenciou em nosso favor. Só existe um, e somente um único caminho que nos leva a Deus: Jesus (João 14:6). Somente por meio dele temos salvação e condições de permanecer na presença de Deus.
Mas nosso alvo não é apenas estar na presença de Deus. Perdão dos pecados não apenas nos dá acesso ao Trono do Senhor, como também nos capacita a fazer sua Obra. Sim, há uma Obra a ser realizada, Deus tem um plano a ser concretizado. E para isso ele precisa de mim e de você! Não somos salvos apenas para nosso próprio benefício, e ficarmos inúteis na presença de Deus. Deus quer alcançar outros e precisa enviar mensageiros com essa mensagem. A grande pergunta é: A quem ele enviará? Deus espera de nós a mesma resposta e disposição que Isaías teve: "Eis-me aqui, envia-me a mim."
Para você pensar: Você entende que estar na presença de Deus não é brincadeira? Você já foi confrontado com sua real natureza diante do Trono do Senhor? Você já percebeu que, se não fosse pelo livramento do Senhor, você estaria perdido? Qual tem sido sua resposta ao clamor do coração de Deus por portadores de Sua mensagem?
Belíssima canção do Pr. Sóstenes Mendes Xavier (do Projeto Adoradores): "Templo", faixa do CD homônimo, lançado em 1993.
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