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sábado, 18 de junho de 2016

ASSUNTOS POLÊMICOS - 5: FÉ E CIÊNCIA, UMA CONEXÃO SINGULAR

É a Terra realmente redonda? Para uns poucos de nós, os astronautas, essa é uma realidade muito palpável. Esses homens viram com seus próprios olhos a redondeza da Terra e a fotografaram. Para grande maioria, entretanto, esse fato, tão óbvio até para as crianças que iniciam a jornada escolar, terá que ser incorporado à categoria das informações armazenadas sem comprovação, pela fé.

Isto é assim porque nenhum de nós se afastou suficientemente da Terra, como fizeram os astronautas, de modo a ver que a Terra é mesmo redonda. E por causa disso, há até mesmo quem não acredite nisso: na Inglaterra há uma sociedade que insiste em defender a tese de que a Terra é plana. Isso mesmo. E essa insanidade, obviamente, estendeu seus tentáculos aqui no Brasil.

As afirmações contidas nos livros Universo em Desencanto, da Cultura Racional do Terceiro Milênio, obra genuinamente brasileira e que teve sua primeira publicação em 1935, trouxe a "revelação" do "verdadeiro" formato do mundo em que habitamos, contradizendo a Ciência, ao afirmar que a Terra tem outro formato que não o de uma bola redonda. Tais ideias foram corroboradas pelo cientista americano Daniel Shenton e seus seguidores, conforme é afirmado em sua entrevista à revista Info.com, publicada em 01/10/2010. Ele acredita na teoria evolutiva e no aquecimento global. Tem, em suas próprias palavras, “uma visão bem ortodoxa das coisas” – menos quando o assunto é o planeta Terra.

Shenton é presidente da Flat Earth Society, ou Sociedade da Terra Plana, uma organização que defende e tenta explicar que nós vivemos, na verdade, em um grande disco, com o Sol e a Lua girando sobre nossas cabeças. Ainda de acordo com a FES, toda essa ideia da Terra ser redonda é parte de uma grande farsa que vem sendo encoberta há séculos. Mas vamos por partes.

A sociedade presidida por Shenton foi fundada oficialmente em 1957. Antes disso, porém, era chamada de "Universal Zetetic Society". A web é a principal ferramenta do grupo para divulgação de suas ideias (tinha que ser, né?). Por aqui, famosos como o cantor Tim Maia foi um seguidor do racionalismo.

É claro que as teorias desse Shenton e seus pares nunca receberam nenhuma credibilidade no estabilishment científico [O conjunto das pessoas que controlam as sociedades científicas, os institutos de pesquisa, as grandes universidades e que estabelecem o que seja considerado correto ou incorreto em termos de significado científico. Muitas vezes esse juízo não é feito em termos de adequação à verdade mas de adequação aos interesses financeiros ou de prestígio do grupo. Acontece, também, dele se vender aos interesses corporativos dos governos e das empresas, como acontece com o caso da indústria farmacêutica, de alimentos, petrolífera, química, eletrônica, automobilística e outras.]

A prova de Aristóteles de que se pode "ver" a redondeza da Terra através de um navio que se afasta da costa, porque observamos desaparecer primeiro o seus casco, depois o tombadilho e finalmente os mastros, se confirmaria mesmo que a Terra fosse apenas uma calota esférica. A evidência da circunavegação, de que a Terra é de fato redonda porque se pode dar a volta ao mundo partindo-se de um ponto e mantendo-se sempre a mesma rota, também se confirmaria se a Terra fosse um elipsóide bem alongado. Filmes produzidos pelos centros de pesquisa espacial poderiam não passar de efeitos cinematográficos e fotos tiradas pelos astronautas que participaram do projeto Apolo poderiam não ser mais do que meros truques fotográficos.

Apesar disso, estamos praticamente todos convictos de a Terra é mesmo redonda. Todos cremos nisso, mas precisamos nos dar conta que a palavra "cremos" foi empregada de modo correto naquela frase. Estamos nos referindo a um fato quando afirmamos que a Terra é redonda mas, a bem da saúde da nossa capacidade de raciocinar, devemos perceber que nossa conclusão procede mais do fato de que aceitamos a palavra de todas as autoridades nesse assunto, do que da nossa experiência.

Estamos certos se nos afirmamos dependentes da fé. Não são os leigos que comprovam as teorias científicas; estes apenas creem no que os cientistas dizem. Pior ainda, o volume de novos dados supostamente científicos cresce de modo exponencial. Hoje, sem fé, é totalmente impossível acompanhar todos os passos da Ciência. Mesmos afunilando o conhecimento na direção de um campo muito restrito, ainda assim será muito difícil a um cientista ter condições e tempo para checar por si mesmo toda a massa de informações que surge a cada novo dia.

Isto significa que não nos resta outra alternativa a não ser assumir como verdadeiros os resultados obtidos por outros pesquisadores.

O lugar da Fé


Vemos, pois, que a Fé é elemento absolutamente indispensável no mundo em que vivemos. Sem ela, a Ciência hoje não pode caminhar.

Até aqui, porém, falei apenas do tipo de informação que, podendo ser verificado cientificamente, não o é por causa de nossas limitações e, por isso, dependendo de sua procedência, acaba aceito como verdadeiro sem a devida comprovação. Mas há ainda um outro ângulo da Fé a ser considerado.

A força e a eficácia da Fé se elevam a uma dimensão muito maior ao tratarmos dos fatos relacionados com o passado, principalmente se estes se encontram fora do alcance dos instrumentos de que a História se utiliza em sua caminhada, ou dos que não podem ser submetidos a observações empíricas ou experimentais. Aqui, a única fonte é a da revelação (se existir), e exercer a Fé, o único meio de se alcançar este tipo de conhecimento.

Teria sido mesmo Isaac Newton o descobridor da lei da gravidade? Seria realmente Sheakspeare o autor das obras a ele atribuídas? Houve mesmo um dilúvio de proporções universais? Teria o Universo tido sua origem em uma grande explosão, hoje conhecida como Big-Bang? Nos dois primeiros casos, a fonte de revelação é o historiador, e a nós, meros leigos, cabe esperar que a história tenha sido registrada com fidelidade. É claro que todos podemos visitar arquivos em museus, examinar documentos. Mesmo assim, haverá sempre alguma dúvida quanto à autenticidade dos documentos examinados.

Não estou aqui suspeitando da veracidade dos fatos implícitos nas duas primeiras indagações. Creio que Isaac Newton foi mesmo um cientista de raras qualidades, e as insinuações de que o grande Sheakespeare não tenha sido o autor das obras a ele atribuídas nunca desfrutaram de bases históricas muito confiáveis. O que quero tornar evidente é a realidade insofismável de que nossa certeza acerca desses fatos será sempre de natureza probabilística. a depender do trabalho de historiadores que, como todos nós, têm também suas paixões, posições políticas, e veem o mundo a partir do ângulo em que se encontram.

No caso do dilúvio, temos o relato de um historiador, Moisés, autor dos cinco primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco. Este, porém, não é tido como confiável pelos demais historiadores. Segundo os especialistas, Moisés apenas reuniu os mitos da época acerca da criação, do jardim do Éden, do dilúvio, etc. Quando se menciona a probabilidade desse texto ter sido inspirado por Deus, tudo se complica ainda mais. Muitos não creem nem que Deus existe e outros não veem o texto como inspirado, ou com a responsabilidade de retratar fielmente as nossas origens. À grosso modo, querem nos empurrar sua sabedoria terrena goela abaixo, mas se dão ao luxo de colocar em dúvida a sabedoria que vem do alto.

Já no que diz respeito à explosão que teria dado origem ao presente universo, a fonte de revelação é a imaginação e a mente especulativa dos cientistas que se dedicam a esta questão e a nós cabe apenas crer que tais homens são capazes não de fazer ciência, mas também de penetrar no enigma de nossas origens.

Apesar de toda a quantidade de Fé que a vida impõe como exigência, quer sejamos leigos ou cientistas, muitos preferem aumentar ainda mais a dose, insistindo em afirmar, contra toda e qualquer evidência da natureza, que o Universo existe por si mesmo e que o milagre da vida não é mais do que mera recombinação bem sucedida da matéria que existiu sempre e eternamente (o tal "elo perdido").

Fé e Ciência


Crer desse modo, entretanto, é crer no absolutamente indefensável. As leis da Física clamam por um princípio e isto significa que houve um tempo em que o Universo não existia. Assim, é passagem obrigatória, para quem quer que deseje refletir sobre esta questão, pelo menos supor que algum tipo de força ou energia externa ao Universo, e pré-existente a ele, tenha sido a causa da sua origem.

Mas são as ciências naturais que completam esse quadro, através das leis da biogênese, informando-nos que vida provém somente de vida. Já houve uma época em que se pensava que seres vivos surgiam diretamente da matéria inerte e sem vida. Foi necessário todo um esforço específico, com experimentos realizados em praça pública, para mostrar que a geração espontânea era uma impossibilidade do ponto de vista científico.

Apesar disso, a maioria dos cientistas hoje, reconhecendo em termos absolutos a preponderância da lei da biogênese no presente, prefere crer que, no mais remoto passado do nosso planeta, a geração espontânea foi uma realidade. Creem ser mais natural pensar que o primeiro organismo vivo a existir sobre a face da Terra surgiu diretamente da matéria inanimada, ao cabo de um longo processo evolutivo.

Por que é mais natural pensar assim? Por que é mais científico imaginar que a lei da biogênese de modo pleno, seremos levados a concluir que a "causa" do universo e da vida não pode ser apenas uma forma de energia, impessoal e alienada. Vida se origina somente a partir de vida, diz-nos a lei da biogênese. É viva, portanto, a "causa" do universo e a julgar pela majestade dos corpos celestes, pela maravilhosa complexidade dos organismos vivos, estamos falando de um Ser inteligente e criativo, que se preocupa com sua criação.

Conclusão

"Fé" e "Ciência" são absolutamente essenciais à nossa sobrevivência como seres pensantes, interagindo entre si e se completando, elas fazem parte da base da nossa estrutura intelectual e, por isso, devem estar, de modo imprescindível, compromissadas com a realidade.

De nada adianta crer no que não é verdadeiro, assim como é tempo perdido acumular falsos conhecimentos. Esse equilíbrio é fundamental. No mundo de hoje, entretanto, muitos têm preferido caminhar na direção dos extremos, crendo no irreal ou confundindo a realidade com os mitos da nossa época.

O mundo sempre esteve repleto de falsas religiões e depositar sua esperança de vida em qualquer delas é o mesmo que tentar acertar um alvo de olhos vendados. Por outro lado, a Ciência de hoje também está em parte mitificada. O mito da evolução conseguiu vestir-se de trajes científicos e tem enganado verdadeiras multidões, inclusive alguns dos mais brilhantes cientistas dos nossos dias.

Fé e Ciência genuínas, entretanto, não entram jamais em conflito. Como vimos, ambas se completam e apontam em uma mesma direção. Ambas são testemunhas da existência do Criador que, pelo seu poder, trouxe à existência toda a imensa realidade a nossa volta, todos os seres vivos, para um propósito que nos inclui, a nós seres humanos, de um modo muito especial.

É esta dimensão que o mundo tem perdido; é deste conhecimento que depende a vida em seu sentido amplo. Assim se desenvolve a verdadeira Ciência; assim caminha a Fé cristã.

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