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segunda-feira, 2 de maio de 2016

DÍZIMO E OFERTAS; LEI E GRAÇA; VERDADE E MENTIRAS

O assunto sobre dízimo e ofertas é daqueles que dão panos para mangas. Muitas mangas. A internet está lotada de estudos sobre o tema. Em uma busca no Google encontrei nada menos que 54 páginas de aproximadamente 342.000 resultados! E, obviamente, tem muita coisa boa, mas - e não duvido que em maior proporção - muito lixo, muita conversa fiada sobre a questão do dízimo e das ofertas. Neste artigo vou expor meu posicionamento sobre o assunto. 

Algumas pessoas dizem: "Esta coisa de dízimo vem da lei, e como estou livre da lei não preciso dar."

Este é um grande engano típico de quem não tem um mínimo de conhecimento sobre as Escrituras Sagradas, pois a lei estabelece o dízimo e o coloca como uma ordenança (embora hoje ninguém deva dar o dízimo por obrigação), mas o dízimo existe muito antes da lei. 

Mas, realmente não se vê o ensinamento sobre dízimo na igreja apostólica. E nem adianta forçar textos bíblicos no intuito de encontrá-lo, pois nenhum dos apóstolos falou absolutamente nada sobre o dízimo financeiro e sabe por que? Porque aqueles novos crentes não se prendiam a detalhes meramente financeiros, pois são terrenos, uma vez que já haviam entendido que a mensagem do Evangelho de Cristo apontava para um caminho sobremodo excelente à questões tão mesquinhas. 

A igreja precisa de dinheiro para sua sobrevivência? É claro que sim. Isto é fato. Todos nós precisamos. Mas impor o pagamento de dízimos como uma obrigação doutrinária é uma heresia sem proporção. Mas, mantendo o termo dízimo para o entendimento do meu raciocínio, vamos continuar.

O conceito de dízimo não vem da lei


Vimos que o princípio do dízimo já estava no Éden (princípio da fidelidade). Vemos também que 700 anos antes da lei, Abraão deu o dízimo de todos os seus bens a Melquizedeque, sacerdote do Deus Altíssimo (figura de Jesus). Melquizedeque era rei, não precisava ser sustentado por Abraão - Gênesis 14:18-20. Abraão deu o dízimo num sinal de reconhecimento da soberania e autoridade de Melquizedeque (princípio da reverência). Nem era uma exigência de Deus. Ele deu espontaneamente (princípio da voluntariedade).

Mais tarde seu neto Jacó seguiu seu exemplo e deu o dízimo quando teve a revelação da casa de Deus (Gn 28:22). E o fez também, porque quis. A lei regulamenta o dízimo, mas o princípio do dízimo é muito mais profundo, e não depende da lei.

A graça sempre excede a lei, vai além. A velha aliança era baseada na lei de Moisés, mas a nova aliança é baseada na graça. Vejamos:

  • Na lei, Deus precisou fazer uma marca na carne para mostrar a aliança (circuncisão) - Gn 17:10,11. 
  • Na graça, Deus faz uma marca no coração, no nosso espírito - Filipenses 3:3; Efésios 2:11-15. 
  • Deus deu a lei escrita em tábuas de pedra - Êxodo 31:18. 
  • Deus grava sua lei em nossos corações - Hebreus 10:16. 
  • Na lei Deus estabelece um percentual da renda de todo homem para lhe ser devolvido, a fim de lembrar-lhe que tudo o que possui provém do Senhor - Gn 28:22; Deuteronômio 14:23. 
  • Na graça Deus não estabelece um percentual, mas nos deixa livres para dar tudo. Uma vez que renunciamos a tudo por Jesus, nada mais é nosso, é tudo dele - Lucas; 14:33; Romanos 11:35, 36. 
  • A lei fala de uma nação terrena (Israel) com promessas terrenas e esperanças terrenas - Atos 1:6.
  • A graça fala de uma nação espiritual (Igreja), celestial, com promessas e esperanças eternas - Fp 3:20,21; 1 João 3:1,2.

A Nova Aliança é muito superior à Velha, ela vai sempre além


No sermão do monte Cristo faz uma comparação entre os mandamentos de Moisés (lei) e os seus mandamentos (graça). Vejamos: 

  • Proibia-se o homicídio. 
  • Proíbe-se até a ira. - Mateus 5:21-23. 
  • Proibia-se o adultério. 
  • Proíbe-se até o olhar impuro - Mt 5:27,28 
  • Exigia-se o amor ao próximo, mas permitia o ódio ao inimigo. 
  • Exige-se o amor ao próximo, aos irmãos, aos inimigos e também orar pelos que vos perseguem - Mt 5:43,44. 
  • Exigia-se o dízimo. 
  • Exige-se a vida e tudo quanto possui - Mt 3:8; Lc 14:25-33.

Deste modo vemos que pela graça Deus não exige apenas 10%. Ele exige tudo!

Em um entendimento mais amplo, o mínimo que podemos dar é o dízimo, conforme diz a lei (e estaremos seguindo a lei). Mas pela graça estamos livres para dar mais: "Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus" - Mt 5:20. E fica um monte de gente questionando se deve ou não dar míseros 10%!

O significado mais profundo do dízimo é 


Deus não é Senhor apenas de 10% de minhas finanças, Ele é Senhor de tudo (100%). A igreja primitiva entendeu isso sem precisar que os apóstolos usassem o texto de Malaquias 3:10 para ameaçá-los.

As bênçãos que seguem o dízimo 


O que quero mostrar aqui não é que se você der o dízimo Deus vai enriquecê-lo, ou que todos os seus problemas financeiros serão solucionados. Isto é barganha, negociata. Esse é o ensinamento dos teólogos da prosperidade. Não é com esse objetivo que devemos dar o dízimo. 

O que quero mostrar é que este é um princípio de Deus e pelo fato de obedecermos a um princípio de Deus somos abençoados. E o mais importante é fazê-lo voluntariamente, com amor, sem coação, sem manipulação, sem ameaças: "Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda" - Provérbios 3:9. "Se as primícias são santas, também a massa o é; e se a raiz é santa, também os ramos o são" - Romanos 11:16. 

Devolvendo o dízimo (já que é para dar um nome, mas poderia ser um quinto - 20%, três décimos - 30%, dois quintos - 40%...) estamos honrando a Deus e em consequência disto santificando toda a nossa renda. Além do mais, estamos participando ativamente da expansão de sua obra aqui na terra. Quer privilégio maior que este? Só que, repito, VOLUNTARIAMENTE. Entendo que a questão do dízimo está além da questão financeira, sendo esta uma consequência do amor, da fidelidade e da reverência apresentados ao Senhor.

Conclusão


Nos primeiros anos de minha caminhada cristã, observei a atitude de alguns pastores quando ministravam a necessidade de ofertas por parte da congregação, os quais citavam o capítulo 3 do Profeta Malaquias para pressionar a cobrança de dízimos, e também analisei o comportamento de alguns cristãos na prática de "pagar dízimos", os quais pareciam comprar sua salvação por meio de prestações que correspondesse a 10% de seus salários. Fazendo desse comportamento uma espécie de "cala boca" em Deus, pois a partir desses pagamentos mensais e infindáveis, não precisariam preocupar-se tanto com o amor ao próximo, nem tão pouco com a verdadeira santificação, mas somente com suas aparências exteriores e ensinamentos religiosos de homens. 

Outros irmãos, de uma linha evangélica menos farisaica, faziam uso da seguinte expressão: "Temos que devolver os 10% de Deus, pois do contrário seremos considerados ladrões e consequentemente perderemos nossa salvação se morrermos nesta condição". Caso a morte não ocorresse na vida dos cristãos "inadimplentes", os mesmos estariam debaixo da maldição da lei, ou seja, ficariam a mercê dos devoradores de Malaquias 3:8-11, conforme pronunciamento de pastores radicais e defensores de dízimos veterotestamentário. 

A partir de então, passei a estudar o Novo Testamento por completo e minuciosamente; visto que, aquela forma de provocar terror em alguns cristãos e promover farisaísmo em outros, era no mínimo estranha e não compatível com o Evangelho da Graça. Sem contar com o absurdo de se colocar pessoas para exercerem funções de lideranças no Corpo de Cristo pelo simples fato de terem salários mais altos e outros irmãos com menores salários, serem excluídos do rol de obreiros, mesmo com chamado eclesiástico ou até ministerial; isto, por uma questão meramente financeira ou quando não, por fazer parte da parentela da liderança eclesiástica. 

Confesso que, mesmo não encontrando em todo Novo Testamento respaldo bíblico para o dízimo, guardei esse entendimento no coração por alguns anos; pois na época, se isso viesse a tona seria considerado um sacrilégio à igreja e digno de maldição por parte do clero evangélico; o que me fez ponderar e continuar dizimando por mais algum tempo, mesmo sem concordar com o dito terrorismo já relatado acima. 

E assim ponderei, contornando aquela situação com a seguinte conclusão para aquela época: a igreja precisaria de recursos, mesmo que fosse fazendo uso da antiga aliança; e se, o uso dos referidos dízimos não fizessem bem a igreja, mal também não poderiam fazer. Mas, para a minha decepção aquela base de arrecadação por "imposto compulsório" (dízimo) estava alicerçado sobre uma mentira, consciente ou inconscientemente, o qual levou alguns líderes de denominações a acumularem riquezas. 

Não obstante, algumas igrejas terem enriquecido financeiramente, espiritualmente se empobrecem a cada dia; e é por isso, que a "verdade e as mentiras" sobre esse tema (dízimo) tem grande relevância nos últimos dias da Igreja de Cristo. Portanto, exorto em amor a todos os pastores de igrejas que amam suas ovelhas e querem ser fiéis as verdades do Evangelho de Cristo, que retornem ao primeiro Amor, como por exemplo: ensinem à igreja a praticar ofertas voluntárias, como se fazia na igreja primitiva, conforme doutrinamento do apóstolo Paulo a toda Igreja gentílica. "Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria" - 2 Coríntios 9:7.

Se pelo menos uma vida for liberta dessa heresia que aprisiona mentes e corações, provavelmente introduzida pelos ditos "pais da igreja" na antiga noiva de Roma e que passou despercebidos pelos chamados "reformadores", já terá valido a pena a existência deste espaço. Mas, caso existam Sete mil que não se dobraram a Baal e que também não querem servir a Mamom para adorar as riquezas, posso afirmar que a glória da segunda casa será maior do que a primeira. Assim, quando voluntariamente damos a Deus, ainda que seja uma parte, segundo o propósito do nosso coração, Ele faz prosperar o restante. O contribuinte fiel não passa necessidades. Deus faz o seu pouco prosperar e ser suficiente.

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