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segunda-feira, 9 de maio de 2016

JESUS, O FILHO DO HOMEM - 3: "HOMEM DE DORES"


"Ora, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o Braço de YahwehEle cresceu diante dele como um broto tenro e como uma raiz saída de uma terra árida e estéril. Ele não aparentava qualquer formosura ou majestade que pudesse atrair os seres humanos, nada havia em seu aspecto físico pelo que pudéssemos ser cativados. Pelo contrário, foi desprezado e rejeitado pelos homens, viveu como homem de dores, experienciou todo o sofrimento. Caminhou como alguém de quem os seus semelhantes escondem o rosto, foi menosprezado, e nós não demos à sua pessoa importância alguma. E no entanto, suas dores eram as nossas próprias enfermidades que ele carregava em seu ser. Sobre seu corpo levou todas as nossas doenças; contudo nós o julgamos culpado e castigado por Deus. Pela mão de Deus ferido e torturado. Mas, de fato, ele foi transpassado por causa das nossas próprias culpas e transgressões, foi esmagado por conta das nossas iniquidades; o castigo que nos propiciou a paz caiu todo sobre ele, e mediante suas feridas fomos curados." - Isaías 53:1-5, versão King James Atualizada, grifos meus.

Aqui veremos o significado do título "o Filho do Homem", fazendo uma análise do sofrimento de Jesus como parte em sua obra de redenção da humanidade.

Uma vez que os discípulos foram convencidos de que Jesus era, em algum sentido real, o Messias que estava cumprindo a esperança profética de Israel, Jesus começou a enfatizar uma nova informação: "...que importava que o Filho do Homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos, e pelos príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que, depois de três dias, ressuscitaria" (Marcos 8:31). Essa ideia de que o Filho do Homem deveria sofrer, levou Pedro a repreendê-lo; a ideia de um Filho do Homem ou Messias moribundo era incrível e uma contradição. 

Servo ou Senhor?


Este fato suscita uma outra questão a respeito das expectativas judaicas daquela época: Será que houve alguma fusão entre os conceitos do Filho do Homem messiânico e do Servo Sofredor de Isaías 53? É claro que o judaísmo interpretou, algumas vezes, esta grande profecia de modo messiânico. Não é muito relevante para o aspecto em questão sabermos o que Isaías 53 significou em seu próprio contexto histórico; estamos apenas preocupados em saber o modo pelo qual o povo judeu o interpretou. 

J. Jeremias argumenta que a ideia de um Messias sofredor pode ser encontrada em um período pré-cristão [Joachim Jeremias (20 de setembro de 1900 - 6 de setembro 1979) foi um teólogo alemão, professor universitário de Novo Testamento. Suas pesquisas e publicações cobriram uma área ampla, variando de histórico e arqueológico de estudos literários e filosóficos. Eles se concentram na Bíblia hebraica e textos rabínicos relevantes para uma análise crítica do Novo Testamento, a fim de reconstruir o ambiente histórico de Jesus em toda a sua complexidade, para fornecer uma compreensão mais profunda de sua vida e ensinamentos.]

Entretanto, quando o Messias sofre no judaísmo não é por intermédio de uma morte expiatória, mas pelo conflito com seus inimigos. No entanto, devemos concordar com aqueles estudiosos que não conseguem distinguir qualquer sobreposição do Messias e do Servo Sofredor no judaísmo pré-cristão. 

Depois da proclamação inicial, Marcos registra que Jesus, repetidas vezes, falou aos seus discípulos que deveria ser entregue nas mãos dos homens e conduzido à morte. Jesus falou de sua morte em termos do Filho do Homem, não como Messias; mas isto somente intensificou o problema para seus discípulos. Se o Messias é um rei davídico que destrói seus inimigos com o sopro de sua boca, e o Filho do Homem é um ser divino, sobrenatural, como alguém assim poderia morrer? 

Ebed Yahweh - o Servo do Senhor 

Entendendo o contexto 


A afirmação mais vívida a respeito de sua morte é encontrada em Marcos 10:45, que declara que sua missão messiânica, como o Filho do Homem, é morrer pela humanidade: "Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc 10:45). 

Aqui ouvimos o tema central dos cânticos do ebed Yahweh e, sem dúvida, esta passagem é uma clara alusão a Isaías 53:5... Jesus conscientemente reuniu em sua pessoa os dois conceitos centrais da fé judaica: bar nasha' ("Filho do Homem" em aramaico) e ebed Yahweh ("Servo do Senhor" em hebraico). Ebed significa servo. O Servo do Senhor é uma descrição messiânica no livro de Isaías e que se cumpriu em Cristo Jesus, nosso Senhor e também em Sua Igreja, como a comunidade dos servos.

O servo escolhido e sustentado é quase um paradoxo, porque tal privilégio não se aplica a quem não tem direitos ou privilégios. Mas o Servo do Senhor é o Filho escolhido, o Filho amado e sustentado pelo Pai. Escolhido ou chamado. Escolhido e enviado, sustentado pelo Pai Celestial. Assim devemos agir como Igreja neste mundo. 

O servo que alegra o coração do Pai é aquele que vive e age por amor. O Deus Pai disse que o Deus Filho sempre o compraz. A Igreja de Cristo deve viver para agradar ao Senhor e não para fazer a sua própria vontade. Alegrar a Deus extrapola todo o desejo humano e essa deve ser a nossa missão na Terra. 

O servo recebe a Unção do Espírito como Capacitação. Unção de Deus é capacitação para o ministério! O ungido é o chamado para servir, chamado para ser enviado (veja Paulo em Romanos 1:1). Para isso serve a unção que vem de Deus, pelo Espírito Santo.O servo anuncia a verdade de Deus. A proclamação é parte integrante do ministério. Jesus pregou e ensinou a muitos. A Igreja deve fazer o mesmo. 

Conclusão 


Devemos admitir como firmemente estabelecido que Isaías 53 é um elemento constituinte de Marcos 10:45b e 14:24, porém ele o atribui à Igreja Primitiva, e não a Jesus. A ideia de resgate (lytron) faz alusão à oferta pelos pecados em Isaias 53:10, e a frase, "de muitos" parece ser um eco da palavra "a muitos", repetida em Isaías 53:11 e versículos seguintes. Este é o ponto de vista "conservador", amplamente aceito, que refere-se ao uso que Jesus fez da expressão "Filho do Homem". 

Ele tomou um termo que aparece em Daniel, mas que não era amplamente usado nas esperanças judaicas de sua época, e reinterpretou-o de modo radical. O Filho do Homem não é somente um ser divino, preexistente; Ele aparece em fraqueza e em humildade, como um homem entre os seres humanos, para cumprir um destino de sofrimento e morte. Em outras palavras, Jesus inseriu o conteúdo do conceito sobre o Servo Sofredor no conceito do Filho do Homem. 

[Fonte: Teologia do Novo Testamento de George Eldon Ladd.]

Belíssima canção "Isaías 53", interpretada por Ana Paula Valadão Bessa, faixa do CD "Diante do Trono 7 - Esperança", com cenas compiladas do polêmico filme "Paixão de Cristo", de Mel Gibson, sucesso cinematográfico de público (e não tanto assim de crítica) no ano de 2004.

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