"Nossa igreja vai experimentar ter outros ministros, além do Pastor da Igreja, de tempo integral." Esta é frase dita por igrejas que pretendem ordenar e/ou consagrar pessoas ao exercício ministerial para uma atuação em tempo integral, ou seja, cumprindo um expediente semanal na igreja e sendo remunerado pelos serviços prestados. Mas, o que isso significa concretamente? É importante refletir nesse contexto sobre as diferenças entre ministério e profissão.
Ministério não é profissão. Ministério não é emprego. Ministério é vocação e devoção. E, vocação é algo para o qual se é chamado. Não é a pessoa quem escolhe, ela é escolhida. A prática de suas habilidades, desejos e competências estão associadas a determinação de seguir um determinado caminho e nesse sentido a Bíblia nos ensina: "E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão" (Hebreus 5:4). Devoção diz respeito a serviço, adoração e ação de graças. Devoção é dedicação a uma causa, é exercício da fé. É submissão e reverência.
Vivemos um tempo onde as igrejas modernas são tratadas como negócio ou empresa e seus ministros como a executivos eclesiásticos. É cada vez mais comum pregadores usarem técnicas de marketing empresarial e alguns ministros são conhecidos como palestrantes de autoajuda.
Com isso, a lógica de mercado entra em ação. Cobram-se horário e metas. Os resultados (número e quantidade) passam a ser mais importantes do que os processos e os objetivos. O padrão ISO é mais relevante do que os parâmetros do Reino e da Palavra de Deus. Busca-se o sucesso e não a santidade! "Status" e não relacionamentos. Competitividade ao invés de fraternidade e comunhão.
Avoluma-se o número de assessores, reuniões, eventos, patrimônios, projetos, conferências, seminários, congressos, contatos, agendas superlotadas. Diminui-se proporcionalmente a oração, o aconselhamento, o estudo bíblico, a amizade e a reconciliação.
Esse estado de coisas apresenta algumas armadilhas ou perigos para a igreja e para os ministros que devem ser evitados:
- busca exacerbada por resultados rápidos e estatisticamente mensuráveis;
- busca pelo poder e necessidade de reconhecimento, admiração e aclamação e
- sentimento de superioridade e orgulho.
Ministério
Pode-se utilizar o termo "ministério" para o serviço exclusivamente eclesiástico. Naturalmente não é a pessoa que se auto-institui ministro. É um chamado de Deus que, para esta missão, dá o seu "carisma". Quem recebe o chamado é acolhido na Igreja que o ajuda a discernir esta vocação e missão e, de alguma forma, o autoriza ao exercício do seu ministério na comunidade.
Esta é a dimensão eclesial do ministério. Jamais pode ser discernido e vivido de maneira totalmente pessoal e desvinculada da comunidade. Ministros precisam deixar claro o seu elo de "agregação" à comunidade.
É essencial que o ministério seja recebido e reconhecido pela comunidade congregacional, pois representa uma atuação pública e oficial. O ministro é um represante da oficial da igreja e um portador da Palavra de Deus e não fala em nome próprio. Existem, porém, diversas modalidade e graus de ministérios. Existem os "reconhecidos", os "confiados", os "instituídos" e os "ordenados". Do meu ponto de vista por exemplo o Ministério de Música é simplesmente "reconhecido". O ministério, portanto, se aplica mais propriamente a um serviço intra-eclesial.
Profissão
"Profissão" é um trabalho, atividade especializada dentro da sociedade geralmente exercida por um profissional. Algumas atividades requerem estudos extensivos e a masterização de um dado conhecimento tais como advocacia, medicina, ou engenharia por exemplo. Outras dependem de habilidades práticas que requerem apenas formação básica (ensino fundamental ou médio), como as profissões de faxineiro, ajudante, jardineiro entre outras.
Do latim "professĭo", é a ação e o efeito de professar (exercer um ofício, uma ciência ou uma arte). A profissão, por conseguinte, é o emprego ou o trabalho que alguém exerce e pelo qual recebe uma retribuição econômica. Exemplos: "Foi o meu pai que me ensinou a amar esta profissão", "Para se dedicar a esta profissão, há que se esforçar muito", "A profissão de veterinário era um dos motores da sua vida".
Regra geral, as profissões requerem competências especializadas e formais, que se costumam adquirir com uma formação universitária ou profissional. Os ofícios, no entanto, consistem em atividades informais ou cuja aprendizagem consiste na prática. Em alguns casos, de qualquer forma, a fronteira entre a profissão e o ofício é difusa.
Aquele que exerce uma profissão é um profissional. Esta pessoa tirou um curso e é titular de um certificado ou diploma que credita as suas competências para desempenar o seu trabalho.
Um exemplo de profissão é a medicina, cujos profissionais são os médicos. Estes especialistas fazem estudos universitários para se especializarem nos cuidados e na recuperação da saúde humana através do estudo, do diagnóstico e do tratamento de doenças ou lesões (feridas).
É imprescindível que o médico seja um profissional que tenha ingressado na universidade e que tenha um diploma que o comprove, uma vez que a vida do paciente depende do seu trabalho. Se uma pessoa se fizer passar por médico e prescrever um tratamento, estará a cometer um delito. Esta prática é conhecida como exercício ilegal da medicina.
Conclusão
Enfim, apesar de ser um ofício, ministério é essencialmente diferente de profissão. Seremos uma igreja melhor, crentes melhores e ministros melhores quando entendermos a necessidade de andamos na presença de Deus e quando sua vontade boa, agradável e perfeita for valorizada e plenamente realizada por nós e em nós. Que o nosso Deus nos conceda a graça de crescermos em santidade e graça ao longo desse novo tempo que nos aguarda e que Deus nos permita viver como igreja do Senhor.
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