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domingo, 8 de fevereiro de 2015

FAST FOOD GOSPEL

Há algum tempo previam que nossa época podia ser chamada de "era da velocidade", considerando a sua imersão no mundo da informática e a dinâmica buscada no campo profissional e pessoal. Isso é tão verdade que, passadas as décadas, mudando-se o século, nem mesmo a vida religiosa escapou da tal velocidade. Só que, infelizmente, para pior, em termos de sua essência e qualidade.

Vivemos numa sociedade do entretenimento em que a diversão, o imediatismo e a superficialidade são os fios condutores de uma espiritualidade fácil, instantânea e medíocre. Tudo é movido por uma busca ansiosa por qualificação imediata e sensações cada vez mais intensas.

A própria vida espiritual virou um projeto de entretenimento. No passado, buscava-se a salvação, a vida em comunhão com os irmãos na fé; hoje, busca-se um projeto de "boa vida", em que Deus se transforma num mero garçom e o Evangelho, em moeda de troca para se alcançar o bem-estar. Parece que estamos trocando um Evangelho teocêntrico por um antropocêntrico.

A espiritualidade é buscada sem profundidade, sem um "despir-se" de si mesmo, conforme o preconizado em Lucas 9:23 ou Gálatas 2:20, sem compreensão dos profundos ideais do Evangelho de Cristo. Isso tudo toma tempo, exige consagração de vida, despojamento de interesses pessoais. Exige compreensão da fé que se professa.

Mas o "fast food gospel" é anti-intelectual - prefere o show da fé (e aqui não faço qualquer referência ao programa de televisão), o espetáculo de entretenimento. Despreza-se até o esforço da razão. Ao invés de coexistirem, a paixão suplantou a compreensão; o lúdico engoliu a inteligência. Há muita gente que quer viver o Evangelho como aquele sujeito que pretende aprender um idioma e adquire o livro Aprenda grego em uma semana, sem esforço (como se isso fosse possível).

O "fast food gospel" nos leva a uma espiritualidade sem compromissos, a não ser apenas com nossas paixões e impulsos, em que são descartados atos significativos do Evangelho autêntico, tais como compartilhamento (palavra da moda no contexto dos relacionamentos virtuais e em desuso no cotexto dos relacionamentos interpessoais) e camaradagem entre os irmãos. Somos levados por uma cultura de massa. Estamos deixando de ser sal da terra e luz do mundo.

Vamos no deixar ser consumidos por essa sedução em troca do primeiro amor? Quando será que vamos trocar o "fast food gospel" por uma espiritualidade integral, ou seja, o alimento sólido?


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