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sábado, 21 de fevereiro de 2015

POR QUE SOFREMOS?

Você já parou para pensar por que sofremos, mesmo sendo cristãos? Muitas vezes poderemos imaginar que não há lugar na vida cristã para o sofrimento. Afinal, Jesus disse: "Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei". Aliás, este é um dos textos preferidos pela agenda da teologia da prosperidade, na qual o sucesso na vida é medido pela quantidade de bênçãos materiais que se recebe.

O mesmo Jesus que disse "eu vos aliviarei", também disse: "No mundo tereis aflições". Ser cristão não isenta ninguém do sofrimento o inverso. Se bênção é tudo o que ocorre em favor do indivíduo e sofrimento o inverso, não estaríamos nos colocando no centro da vida?

Em primeiro lugar, Deus criou tudo bom, conforme Gênesis 1:31. Na Bíblia, o sofrimento é considerado como uma intrusão na criação, que foi feita livre de dor. Com a queda, o sofrimento veio em forma de conflito, dor, corrupção, trabalho penoso e morte (Gênesis 3:15-19).

Em segundo lugar, a nossa esperança é que nos novos céus e terra, profetizados no Apocalipse, tudo será restaurado e o sofrimento será abolido. E em terceiro, mesmo que tenhamos ideia de que bênção indica sucesso e sofrimento, fracasso, o ensino do Novo Testamento demonstra que a presença do sofrimento na vida cristã não significa necessariamente derrota, ou mesmo, reprovação divina. O apóstolo Paulo nos ensina que "a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória". E exortou também seus discípulos a se manterem firmes na fé, advertindo-os de que passariam por muitas tribulações, de acordo com Atos 14:21, 22.

Não há dúvida: o sofrimento é perturbador e indesejável por nós. Mas talvez a nossa maneira de vê-lo precise ser revisada para coincidir com o que a Bíblia nos ensina, pois a vida cristã é um constante renunciar-se para Deus. Além disso, o que é considerado sofrimento sob o ponto de vista humano poderá se constituir numa bênção na ótica de Deus para a vida de alguém - sobretudo se analisado em perspectiva com o tempo futuro. 

Por exemplo, José do Egito, que não entendeu porque foi vendido como escravo pelos próprios irmãos, sofreu o que sofreu e ao final de sua história pôde dizer-lhes que o que eles fizeram de mal para ele, Deus transformou em bem. Graças aos desdobramentos daquele episódio, muitas vidas puderam ser salvas, conforme o relato de Gênesis 50:15-21.

Sejamos realistas: seria Deus tão sádico por permitir que soframos, mesmo sendo cristãos? Vamos analisar sete motivos pelos quais Deus permite que o crente sofra:

1 - Sofremos como consequência de nossos atos. Quem planta vento, colhe tempestade. O sofrimento pode ser causado por nossas próprias atitudes, que são como adubo para nossas escolhas. "Tudo o que o homem semear, isso ceifará" (Gálatas 6:7).

2 - Há os sofrimentos acidentais. O mundo, assim como nosso corpo, é repleto de limitações. Doenças e deficiências nos acometem. Acidentes acontecem, tanto por imprudência, como por falhas em procedimentos ou equipamentos. Muitas situações fogem ao nosso controle. O naufrágio do apóstolo Paulo, descrito no livro de Atos, é um exemplo. Embora cristãos nosso mundo e nosso corpo são limitados.

3 - O sofrimento pode servir para provar a nossa fé. "Bem-aventurado o homem que suporta a provação" (Tiago 1:12). Deus não precisa provar a nossa fé, pois Ele já nos conhece. O teste mostra a nós mesmos o quanto somos fiéis e podemos resistir (ou não). O bom é que "Deus não nos deixará ser provados acima do que podemos suportar" - 1 Coríntios 10:13.

4 - O sofrer desenvolve o caráter. O sofrimento pode ser corretivo e didático, com o objetivo de aperfeiçoar nosso caráter à semelhança de Cristo. Assim podemos identificar áreas que precisam ser aperfeiçoadas e corrigidas. O sofrimento pode ser um sintoma de que algo precisa ser mudado ou tratado.

5 - O sofrimento é uma maneira de nos trazer mais para perto de Deus. Paulo passou pela experiência do espinho na carne para que não se exaltasse diante de suas experiências espirituais. Os sofrimentos visam desmantelar toda a segurança da autoconfiança. Assim, no aperto do seu sofrimento, o cristão é relegado à fraqueza para permanecer na dependência de Deus (Romanos 4:17).

6 - Há o sofrimento vicário, em favor dos outros, como Cristo mesmo sofreu por nós. Muitas vezes poderemos passar por sofrimentos ou perdas para ao ajudar nosso semelhante. Passaremos por momentos de empatia ou identificação com os sofrimentos alheios para que possamos ser mais sensíveis ao próximo.

7 - O crente pode sofrer como consequência de praticar o bem. O apóstolo Pedro nos ensina que é melhor sofrermos fazendo o bem do que fazendo o mal. Tendo uma nova natureza e vivendo uma vida de auto-renúncia, nem sempre o cristão é bem recebido e aceito. Ele poderá até ser perseguido por causa da justiça.

Contudo, o sofrimento não é um fim em si mesmo, e só será entendido e minimizado à medida que nossa suprema preocupação seja envolvida pelo desejo de servir a Deus incondicionalmente. Por isso, precisamos saber dar graças ao Senhor por tudo, acreditando sempre que "todas as coisas cooperam em conjunto visando o bem dos que O amam e que por Ele foram chamados para um propósito específico".

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