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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

RELIGIOSAMENTE ORTODOXO; ORDOXAMENTE RELIGIOSO

Muitos líderes, hoje alçam a voz em defesa da ortodoxia. Entre os diversos grupos evangélicos, é comum vermos disputas inflamadas com relação a ser ou não ser uma determinada experiência, expressão ou ato litúrgico coerente com a ortodoxia evangélica. As discussões são tão acaloradas que por vezes causam celeumas no Corpo.

Frases como "Isso não faz parte de nossa tradição", ou "Tal prática não se identifica com nosso cultura", ou ainda "Essa experiência é heterodoxa; portanto, pessoas que se comportam assim devem ser repudiadas como hereges" são típicas de pensamentos que não têm me inquietado bastante.

O que realmente é realmente ortodoxia evangélica? Procedimentos diferentes podem dividir o Corpo de Cristo? Será que a nossa tradição ou a tradição de quem quer que seja foi pesada à luz da revelação bíblica? E se estivermos errados quando julgamos o cristianismo alheio - estaremos dispostos a mudar e a exercer misericórdia? Sera que recebemos a misericórdia da parte dos outros irmãos que não entendema visão que abraçamos ou nossa maneira de viver o cristianismo?

"Nem nesse monte, nem em Jerusalém..."


O que acontece quando a ortodoxia é, na verdade, heterodoxa que se perpetuou, transformando-se em tradição da Igreja? Jesus denunciou o comportamento tradicional que havia se instalado entre o judaísmo e que, por vezes, invalidava a Palavra de Deus. A tradição dos fariseus tornou-se o padrão da época, o que não estava totalmente alinhado ao que deveria ser crido e praticado pelo povo de Deus.

Por ortodoxia, podemos entender - "Qualidade de uma declaração doutrinária que se acha de acordo com o ensino revelado no Antigo e no Novo Testamento". Etmologicamente, essa palavra deriva-se de duas outras palavras gregas - orthos e doksa, que poderiam ser traduzidas como aquilo que parece reto, justo. Todavia, o termo tem sido usado dentro de um contexto em que se faz referência a um comportamento ou liturgia geralmente aceitos.

A inflexilibilidade em torno do que se julga ortodoxo tem gerado muitos problemas no decorrer da história da Igreja Cristã. Logo após a Reforma, vemos grupos contestando e até perseguindo outros por causa do batismo por imersão (o que na época não era considerado prática comum, mesmo entre os reformados). No século 17 encontramos o pietismo com seu apelo à prática das Escrituras e vida piedosa, contrapondo a esterilidade religiosa da época. Assim, vemos, em diversos lugares e em diversos períodos, práticas religiosas insípidas, que, tormando um caráter solene de ortodoxia, furtaram o verdadeiro sentido da adoração e comunhão com Deus.

Véu de retalhos


Hoje não se vê diferenças significativas. Pela internet, em debates, através de diversos tipos de publicações, vemos a defesa de certos nichos evangélicos em detrimento do que é realmente importante - levar o homem a uma experiência pessoal com Deus. Apesar de reconhecer o valor das tradições e de certos costumes, todavia, não podemos elevá-los a um status superior às Escrituras.

A quantidade de proibições e coisas similares é assustadora. Quando questionamos a origem de determinada proibição, geralmente ouvimos a surrada, bolorenta e arcaica justificativa: "A Palavra diz". E, quando o texto não é tirado de seu contexto original, a explicação é de que "tal preceito não faz parte da tradição." Tudo bem, todos têm direito de ter tradições - tradições de família, tradições eclesiásticas etc. Mas a coisa fica complicada quando, em nome dessa tradição, discussões banais são estabelecidas, ou pior, modifica-se a Palavra.

O exagero em alguns casos é tão grande que não se pode ultrapassar aquilo que está convencionado entre os homens, aquilo que foi instituicionalmente acordado. Não é raro situações em que o Espírito Santo torna-se mero coadjuvante - como se isso fosse possível - em nossos cultos aparentemente "perfeitos", ou, contextualizando, "ortodoxamente perfeitos".

"Em Espírito e Verdade"


Creio que é desejo de Deus encontrar verdadeiros adoradores. Ainda que a tradição ou a liturgia seja algo bom e que se deva ser levada em conta, a Bíblia não diz que o Senhor procura os defensores da tradição, ou ainda os baluartes da imutabilidade litúrgica. O Senhor é imutável, sua Palavra é infalível e é seu desejo que tenhamos a sensibilidade espiritual de discernir sua vontade além dos padrões religiosos estabelecidos. A verdadeira ortodoxia deriva-se não do que achamos ou daquilo que acharam por nós; mas daquilo que a Bíblia realmente diz em sua essência, texto e contexto. Não do que entendemos ser bíblico, mas do que é realmente bíblico.

O véu rasgado de alto a baixo na crucificação de Jesus significa que não precisamos ficar do lado de fora de sua presença. Mesmo que alguns venham tentando, com seus impedimentos, costurar novamente a pesada cortina da religiosidade, o Pai tem levantado aqueles que ousam olhar além das barreiras. Estes caminham confiantes, pois ainda que respeirtem as tradições, querem mais do que isso. A religiosidade já não os satifaz mais; querem um encontro real com o seu Salvador, algo que possa mudar sua vida, a sua família, o seu ministério e o meio social em que vivem.

Conclusão


Pessoas apaixonadas por Deus e pela sua presença, quando são tocadas e partilham de uma íntima comunhão com Deus, podem verdadeiramente olhar para um irmão, mesmo que diferente, e ver a pessoa de Jesus.

Que essa compreensão, que esse avivamento, inunde nossa nação, transformando vidas e igrejas, e alastrando-se por toda a sociedade, não como um simples movimento, ou uma cultura religiosa (gospel), tampouco como uma mera experiência, mas como um estilo de vida - Jesus!

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