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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

CAMINHO DAS ÍNDIAS

Imagem Lord Ganesha, principal divindade cultuada na Índia

No início da minha conversão, ali já quase na metade da década de 1990, a igreja evangélica vivia no auge do que eu chamarei de "febre missionária". Nesse cenário, não faltavam conferências, seminários, congressos e afins cujo enfoque era a obra missionária. Lembro-me como hoje de jovens entusiasmados indo à frente, no final das ministrações, "entregarem-se" como missionários. O mais interessante era que, 99,99% desses iminentes missionários(as), afirmavam que Deus os tinha chamado para irem atuar na África. 

Das duas uma, ou todo entusiasmo não saiu do campo das emoções ou Deus "anda muito devagar", pois a julgar pela quantidade de missionários "chamados" para a África, já era para esse continente estar todo convertido. O que me intrigava era a "predileção de Deus" pela África, enquanto outros países como a Ásia e a Índia, por exemplo, carecia (e ainda carecem) de uma atuação missionária mais expressiva. Ou seja, enquanto jovens "missionários" "brigavam" para irem fazer missões na África, outras nações padeciam sem o conhecimento do Evangelho da paz. E justamente sobre a Índia, que se fosse uma questão de escolha, era para onde eu gostaria de ir fazer missões, que vou falar nesse artigo. Boralá viajar comigo?

Dados Gerais

ÁREA: 3.287.782 km²
CAPITAL DA ÍNDIA: Nova Délhi
POPULAÇÃO: 1,21 bilhão (estimativa 2010)
MOEDA DA ÍNDIA: rúpia indiana
NOME OFICIAL: República da Índia (Bharat Juktarashtra). 
NACIONALIDADE: indiana
DATA NACIONAL: 26 de janeiro (Proclamação da República); 15 de agosto (Independência); 2 de outubro (aniversário de Gandhi).
FORMA DE GOVERNO: República Parlamentarista
PRESIDENTE: Pranab Mukherjee
PRIMEIRO-MINISTRO: Manmohan Singh
LOCALIZAÇÃO: centro-sul da Ásia
FUSO HORÁRIO: + 8 h30min em relação à Brasília
CLIMA DA ÍNDIA: clima de monção (maior parte), clima tropical, equatorial (S), árido tropical (NO), de montanha (N).
CIDADES DA ÍNDIA (PRINCIPAIS): Mumbai (ex-Bombaim), Calcutá, Nova Délhi; Madras, Bangalore.
COMPOSIÇÃO DA POPULAÇÃO: indo-arianos 72%, drávidas 25%, mongóis e outros 3% (censo de 1996).
IDIOMAS: hindi (oficial), línguas regionais (principais: telugu, bengali, marati, tâmil, urdu, gujarati).
RELIGIÃO: hinduísmo 80,3%, islamismo 11% (sunitas 8,2%, xiitas 2,8%), cristianismo 3,8% (católicos 1,7%, protestantes 1,9%, ortodoxos 0,2%), sikhismo 2%, budismo 0,7%, jainismo 0,5%, outras 1,7% (em 1991).
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 310 hab./km2
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO: 1,6% ao ano (1995 a 2000)
TAXA DE ANALFABETISMO: 37% (2006).
RENDA PER CAPITA: US$ 3.900 (estimativa 2012).
IDH: 0,554 (Pnud 2012) médio
ECONOMIA DA ÍNDIA: Produtos Agrícolas: algodão em pluma, arroz, chá, castanha e caju, juta, café, cana-de-açúcar, legumes e verduras, trigo, especiarias, feijão. Pecuária: bovinos, ovinos, caprinos, suínos, equinos, camelos, búfalos, aves. Mineração: minério de ferro, diamante, carvão, asfalto natural, cromita. Indústria: alimentícia, siderúrgica (ferro e aço), têxtil, química e medicamentos.
PIB: US$ 4,78 trilhões (estimativa 2012). Força de Trabalho: 498,4 milhões de trabalhadores (estimativa 2012). Consulado da Índia em São Paulo: Av. Paulista, 925, 7o andar - Cerqueira César, São Paulo - SP - CEP 01311-100, tel. (0xx11) 3171-0340 / 3171-0341, fax (0xx11) 3171-0342. Embaixada da Índia: SHIS QL 08, CONJ. 08, CASA 01, Lago Sul - Brasília, DF. Tel. (061)3248-4006, fax (061) 3248-7849, E-mail: indemb@indianembassy.org.br
RELAÇÕES INTERNACIONAIS: Banco Mundial, Comunidade Britânica, OMC, FMI, ONU.

Histórico





Berço de uma civilização antiquíssima, que remonta a 2500 a. C., a Índia é um mosaico de povos, culturas e religiões. Dominada por potências ocidentais que ali estabeleceram rotas mercantis desde o século 16, a Índia permaneceu sob colonização britânica por quase 200 anos. A independência veio em 1947, sob liderança de Mahatma Ghandi. Mesmo assim, conflitos religiosos entre hindus e mulçumanos acarretaram a divisão do território em dois Estados - no mesmo ano, foi criado o Paquistão, para abrigar a comunidade islâmica. Desde então, os dois países permanecem em estado de guerra que vez por outra explode em violentos conflitos de fronteira. Este sempre a possibilidade de uma guerra, inclusive com uso de armas atômicas.

Contrastes paradoxais



Gopura - torre do maior templo hindu do mundo, localizado em Nova Dheli

A Índia é um a terra de paradoxos. Avançadíssima, a tecnologia local faz prodígios. O país é o maior exportador mundial de softwares, por exemplo. Contudo, a pobreza é uma dura realidade. A vida é pautada por rígidos princípios religiosos. A sociedade divide-se em castas que não se relacionam entre si. A mais elevada é a dos sacerdotes. A mais baixa, a dos párias, constitui-se de pessoas em total estado de miséria, que não devem nem ser tocadas pelas demais. 

Animais são considerados sagrados. Os bovinos não podem ser abatidos para alimento, apesar da situação famélica de grande parte do povo. Nas grandes cidades, como Mumbai (mais de 15 milhões de habitantes), pessoas e bichos, inclusive ratos e macacos, também vistos como divindades, convivem no mesmo espaço, o que piora as já péssimas condições de higiene. Doenças infecto-contagiosas como a lepra e a leptospirose alastram-se sem controle.

Extensões e espiritualidade


Sétimo país em extensão territorial e segundo em população, a expectativa é de que, em 2050, a Índia bata a China em número de habitantes, atingindo a espantosa marca de 1 bilhão e meio de pessoas. Entre os indianos, fertilidade é sinônimo de prosperidade e bênção, mesmo sem nenhuma perspectiva de um futuro melhor para as novas gerações. O hinduísmo, religião de 75% da população, ensina uma conduta fatalista. Prega a necessidade de sucessivas reencarnações a fim de que o indivíduo purifique seu carma, ou seja, o conjunto de obras e atitudes acumuladas ao longo das diversas existências. 

Assim, a pessoa sofre numa vida devido a erros cometidos na anterior, e não há nada a fazer senão conformar-se. Não existe salvação da alma - o que os hindus creem é  na possibilidade do estado brama, espécie de iluminação incorpórea definitiva, algo semelhante ao nirvana dos budistas. Práticas ritualísticas, como banhos sagrados, melhoram a condição do fiel. Tudo, claro, exclui por completo a pessoa e a obra de Cristo.

"Jai masih Ki"



 

Brama, Vishnu e Shiva, as principais divindades do hinduímo

O ano de 1999 estava apenas começando quando um brutal assassinato atraiu a atenção mundial para Manoharpur, uma cidade praticamente desconhecida, encravada no norte da Índia. Em certa noite, o missionário evangélico australiano Graham Staines dormia com os dois filhos em seu carro, estacionado próximo à igreja onde trabalhava, quando foram cercados por uma multidão furiosa. 

Pai e filhos acabaram trucidados e queimados vivos. Longe de ser um fato isolado, o crime escancarou aos olhos de todos a difícil situação dos cristãos naquele lugar, como de resto em todo a imensa nação do pacificador Mahatima Gandhi. Com mais de 1 bilhão de habitantes, a Índia é o berço de grandes religiões como o hinduísmo e o budismo. 

Terra dos deuses - há, no panteão hindu, cerca de 330 milhões de divindades e assemelhados -, o país abriga templos dedicados até a animais. Pelas avenidas de suas metrópoles e nas ruazinhas dos remotos vilarejos, perambulam gurus e homens considerados santos, alguns inteiramente nus, já que uma das inúmeras crenças locais prega o naturalismo absoluto.

Hindus naturalistas, cuja principal características é não usar nenhum tipo de roupa

Apesar de o Estado indiano ser democrático e resguardar, oficialmente, a liberdade religiosa, superstições milenares e a crescente perseguição de grupos radicais, como os ativistas muçulmanos, compõem um quadro de oposição ao cristianismo. Mesmo assim, segundo missionários que atuam por lá, tem sido cada vez mais comum ouvir, aqui e ali, saudações como Jai masih Ki, frase que equivale ao nosso popular "a paz do Senhor". 

Mesmo no norte da Índia, região que se situa dentro da célebre Janela 10-40 - imensa área imaginária do globo terrestre que inclui as regiões menos evangelizadas - e onde os dados oficiais registram que menos de 1% da população é cristã, é cada vez maior a presença de obreiros protestantes. Esses bravos irmãos sonham com o dia em que o cristianismo vai influenciar o modo de vida dos indianos. 

Não é absurdo prever que, nas próximas décadas, a quantidade de cristãos chegue a 15% da população - o que num país com a explosão demográfica da Índia, significaria algo em torno de 250 milhões de pessoas. Então, a palavra Bhagaw - usada para se referir ao Deus Jesus - deixará de ser mencionada apenas nos guetos e poderá ser tão ou mais conhecida como Brama, Shiva ou Vishnu, as principais divindades hindus.

Tradicional ritual do banho para "purificação" nas fétidas e poluídas águas do Rio Ganges, onde é comum haver corpos boiando de pessoas que morrem por afogamento, justamente na prática do ritual

[Fonte: Portas Abertas] 

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