Era uma vez uma terra habitada por pássaros, em sua maioria pardais. Terra linda e rica com tudo para ser feliz, não fossem as águias. Essas aves enormes, muito mais fortes, queriam toda a terra para elas, e que os demais as servissem quando tivessem fome e em tudo o mais que desejassem. Os pássaros resistiam. E a vida deles foi reduzida a lutar contra as águias pela vida, pela autodeterminação e pela independência.
A sociedade dos pássaros, tentando ser uma democracia, tinha eleições regulares, que acabaram se reduzindo à escolha dos mais aptos para enfrentar as águias. Eles tiveram de tudo até golpe de Estado. Foram os pássaros que pareciam guerreiros, mas que entregaram os companeiros de bandeja às águias; doutra feita, foram enganados por pássaros que se diziam caçadores e que fizeram o mesmo que as águias queriam fazer. Enfim, uma história de angústia.
Além disso, aquela sociedade sofria com pássaros corruptos, que assumiam o poder jurando fidelidade à passarada e, uma vez nele instalados, só buscavam os seus interesses pessoais. Era por isso que, numa terra tão rica, havia muita pobreza e fome. Os pássaros já não sabiam a quem temer mais - se às águias ou aos que se diziam capazes de defendê-los.
Uma vez, eles elegeram uns pássaros de bico grande, que pareciam representar o novo, até mesmo na forma de governar. Eles até que começaram bem; porém, com o passar do tempo, foram se rendendo às águias, fazendo o que elas sugeriam através dos chamados ninhos de socorro. Aliás, as águias, espertamente, tinham esses intermediários que juravam nada ter a ver com elas, e que faziam crer que só estavam usando critérios técnicos.
Havia também,os pinguins, sempre de fraque. Era o poder religioso; havia séculos que estavam presentes em tudo e sempre achavam um jeito de tirar vantagens. E como se impunham entre a sociedade esses pássaros!
Cansados de aventura, os pardais, antes manipulados, deram o grito deliberdade e elegeram os joãos-de-barro, trabalhadores como eles. Esses eram revolucionários e começaram muito bem, atacando a fome. Esperança! "Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós...", cantavam todos.
Mas, de repente... Ih, uma barulheira! Briga entre os joãos-de-barro! Muitos chegaram a sair em revolta, reclamando que os companheiros não eram mais trabalhadores. Houve até mudança no ministério. Os pardais, chocados, viram que os joãos-de-barro fizeram alianças com os pássaros da velha ordem, privilegiaram os pinguins, recebiam elogios dos agentes das águias... Até o bico deles começou a crescer, igual aos pássaros mandatários de antes. Aí, os pardais voltaram a ter medo de perder o canto. E ainda não se sabe se ele serão felizes.
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