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sábado, 27 de dezembro de 2014

O ÊXODO SEGUNDO RIDLEY SCOTT

Para os amantes da sétima arte, fica aqui minha dica. O mais novo filme de Ridley Scott ("Alien", "Blade Runner", "Thelma e Louise", "Gladiador", "Prometheus".), "Êxodo: Deuses e Reis" faz uma boa parceria com outro longa lançado sem muito alarde aqui no Brasil em 25 de dezembro de 2014: "Noé", de Darren Aronofsky. Em comum, as produções possuem o tema bíblico, mas também a forma ousada em que pretendem contar suas histórias. Sem se prenderem completamente ao que já está escrito, os longas tentam jogar uma nova luz sobre tais acontecimentos da Bíblia. E é exatamente aí que  está a "ferida" para o público cristão (em especial, os evangélicos) que vão às salas de exibição ávidos por uma narrativa fidedigna das Escrituras.

"Êxodo..." é uma adaptação da história bíblica do Êxodo, segundo livro do Antigo Testamento. O filme narra a vida do profeta Moisés (Christian Bale - "Batman, begins"), nascido entre os hebreus na época em que o faraó ordenava que todos os homens hebreus fossem afogados. Moisés é resgatado pela irmã do faraó e criado na família real. Quando se torna adulto, Moisés recebe ordens de Deus para ir ao Egito, na intenção de liberar os hebreus da opressão. No caminho, ele deve enfrentar a travessia do deserto e passar pelo Mar Vermelho.

Luzes, Bíblia, ação!


Os mitos religiosos tomaram a cena em Hollywood. Após o sucesso de Noé, dirigido por Darren Aronofsky, agora é a vez de “Êxodo...", que conta a história de Moisés, um dos mais notórios profetas da história, que se faz presente em escrituras judaicas, cristãs e islâmicas. Assim como seu antecessor, o longa de Scott tem como grande virtude os efeitos visuais, que sobrepujam a construção dos personagens.

Não que as passagens de Moisés sejam uma grande novidade para os amantes da sétima arte. Em 1956, o diretor Cecil DeMille adaptou sua história para as telonas, através do filme "“Os Dez Mandamentos"”. À época, faturou o Oscar de efeitos visuais. Em 1998, foi a vez do estúdio Dreamworks contar a vida do profeta através da película "“O Príncipe do Egito"”, animação que rendeu boas críticas, mesmo voltado ao público juvenil.

O que entendi do que vi


Nesta versão, ao invés de construir toda a história de Moisés, Scott optou por colocá-lo logo de cara no alto escalão do Egito. Ao lado de seu primo Ramsés (Joel Edgerton, de “Star Wars”), eles travam batalhas e defendem o império de Seti (John Turturro, de “Efeito Colateral”). Porém, em uma dessas campanhas, o profeta entra em crise ao saber sua verdadeira identidade hebraica. Ao mesmo tempo, a mãe do futuro faraó, Tuya (Sigourney Weaver, Oscar de Atriz Coadjuvante em “Uma Secretária de Futuro”, uma espécie de "queridinha" do diretor, esteve também em "Aliem" e suas mal fadadas sequências), consegue manipular o filho para destitui-lo de seu posto no império, o que é obedecido, ainda que com certa relutância.

A partir desse momento, se constrói a história que todos conhecemos: passando pela fuga do antigo príncipe egípcio para o deserto, pelo o casamento com Zéfora (que é pouco explorado pela película), até o momento da revelação dos desígnios de Deus para que Moisés liberte o povo hebreu. Tudo isso se constrói em alta velocidade, o que é um dos pontos a se lamentar da película, já que a falta de contextualização faz com os personagens fiquem artificiais. Os hebreus, por exemplo, são praticamente meros figurantes em um dos ápices da história, que são as 10 pragas lançadas sobre o Faraó do Egito e seu povo. 

Apesar da narrativa decepcionar, o longa tem pontos elogiáveis, que certamente não fugirão da percepção do expectador. Como os efeitos sonoros e visuais ao longo da trama, que dão a entender que a equipe técnica teve intenso trabalho. Outro clímax da película é colocar uma criança para representar o Criador do Universo. A figura pueril traz impacto em meio à crueldade das pragas lançadas por Deus sobre os egípcios. 

Conclusão


Em suma, “"Êxodo: Deuses e Reis"” dificilmente será um filme que ficará marcado na história, ao contrário de "Noé", seu antecessor. É possível até que outras obras futuramente retratem melhor a história do profeta Moisés. Porém, ainda assim,  é uma boa pedida para esse fim de ano, principalmente para quem tem um apreço pelas passagens bíblicas. Não vou dizer que só Deus salva, mas umas das coisas que fazem deste filme algo melhor é a forma como retrata o Deus do Antigo Testamento, que é visto em cena como uma criança (Um tanto autoritária, diga-se. Seria essa a idéia que Scoth tem de Deus?). Apesar do pouco tamanho, Deus aparece sempre como uma figura certa de suas atitudes e também ameaçadora. Não é aterrorizante, mas não seria surpresa se Scott revelasse ter baseado seu Deus em garotos de filmes de terror, como "A Profecia".

Ficha Técnica


Título: Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings) 
Nacionalidade: EUA, Reino Unido, Espanha
Gênero: Épico, Ação
Direção: Ridley Scott
Elenco: Christian Bale, Joel Edgerton, John Turturro, Ben Kingsley, Aaron Paul, Ben Mendelsohn, María Valverde, Sigourney Weaver e outros.
Duração: 2h31min

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