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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

EGITO: 25 DETIDOS POR SUPOSTA PRÁTICA DE HOMOSSEXUALIDADE

As referências à homossexualidade entre homens e, especialmente entre as mulheres são muito escassas nos textos e na arte do Egito antigo. Tal fato de forma alguma elimina a possibilidade da existência deste comportamento na esfera daquela sociedade, apenas torna mais difícil seu estudo.

A homossexualidade masculina, ainda que tolerada, não era um ato moralmente aprovado, e foi condenada legalmente em determinados períodos da história egípcia. Violar outro homem era considerado um ato de agressão, pois era visto como um meio de obter poder sobre um adversário. 

Um conto envolvendo os deuses narra o estupro de Hórus por Seth (apesar de outra versão do mesmo conto apresentar a relação dos dois deuses como consensual). Já o lesbianismo é mencionado em alguns poucos textos, como o do Papiro Carlsberg XIII, normalmente com tom de desaprovação: “Se uma mulher sonha que tem relações sexuais com outra mulher, caminha para um triste fim”.

Primeiramente por ser um país muçulmano, o Egito não tolera, aceita ou respeita a homossexualidade. Não existem leis específicas para isso, porém, outras leis que citam comportamentos obscenos e libertinagem são usadas para punir os acusados.

A religião islâmica é extremamente contrária a homossexualidade e possui Sharias (leis religiosas) específicas contra os atos homossexuais, passíveis inclusive de apedrejamento seguido de morte.

Em Maio de 2011, 52 homens que faziam uma festa em um barco navegando pelo Rio Nilo foram presos acusados de atos homossexuais e orgias em mares do Egito. Bom, o barco chamava-se “Queem Boat” (Barco Rainha), daí da para imaginar que tipo de festinha estava rolando. 

Estes homens foram torturados pela polícia e 23 deles condenados à cerca de 3 anos de prisão. Relatos afirmam que as partes íntimas traseiras dos rapazes foram submetidas à inspeção médica, a fim de comprovar se eles haviam sido sodomizados.

Novos tempos! Será?


Em contrapartida, cada vez mais a cidade Saqqara no Egito tem recebido turistas gays do mundo todo. O motivo são as imagens esculpidas encontradas na tumba do faraó egípcio Nyusserra a 2.500 a.C. de dois irmãos cabeleireiros, o Nyankh Khnom e Khom Hotep que mantinham uma profunda relação de amizade e na morte foram enterrados juntos.

O arqueólogo Ahsraf Mohiedin, responsável pelas escavações explica que pesquisadores pensaram que os dois foram enterrados juntos por serem irmãos. Ingênuo, não acha? Lembrando que na época a relação entre casais do mesmo sexo era alvo de preconceito. Faz-me acreditar que sua argumentação seja mais uma justificativa, um comportamento preconceituoso. 

Depois que especialistas afirmaram que as cenas esculpidas nos muros confirmam que a homossexualidade era uma conduta tolerada no antigo Egito, a região ficou ainda mais famosa e passou a ser ainda mais visitada. Só que ainda restam dúvidas quanto a relação entre o Nyankh e Khom. 

Recentemente uma conhecida marca do refrigerante mais vendido no mundo veiculou no Egito um comercial onde fazia explícita apologia à homossexualidade. Na peça publicitária, dois homens estão no cinema, e um usa a mão do outro para abrir a garrafa do refrigerante posicionada entre as pernas. 
A sutileza da propaganda certamente passou despercebida pela maioria dos egípcios ou foi vista com tom humorístico, pois não houve a ocorrência de qualquer manifestação contrária à sua veiculação. Os ativistas GLBTs até hoje elogiam a marca por tamanha ousadia.

Nada mudou...


A notícia está repercutindo em todo o mundo. Uma casa de banho foi invadida por forças de segurança do Egito no último domingo (07), no bairro de Ramses, no Cairo e 25 homens foram presos na operação por suspeita de homossexualidade. O ataque é parte de uma repressão em curso sobre gays. Em novembro, oito homens foram condenados em um tribunal a três anos de cadeia sob a acusação de “incitar deboche” ao participarem de uma festa de casamento de pessoas do mesmo sexo.

De acordo com a lei egípcia, não existe uma proibição explicita a relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo, mas homossexuais podem ser processados por “deboche” e “atos públicos de vergonha”. Os homens que estavam na casa de banho foram arrastados pelados para fora do prédio cujo proprietário é um homem não identificado de 60 anos, suspeito de alugar o local especificamente para homossexuais.

A repressão aos homossexuais e aos ateus faz parte de uma campanha contra todas as formas consideradas dissidentes realizadas por grupos políticos liberais, assim como por islamitas. Casos semelhantes aconteceram ainda este ano no país. Em abril, por exemplo, quatro homens foram condenados a oito anos de prisão por “deboche” após realizarem festas que envolviam atividades homossexuais.

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