Total de visualizações de página

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A SUÍÇA [NÃO] É AQUI

Imagens de Zurique

Já ouvi vários brasileiros suspirando pela Suíça. Vamos conhecer um pouco da Suíça, um país cuja estrutura é tudo o que nós brasileiros sonhamos para o nosso sofrido Brasil. O jornalista carioca, Nelson Franco Jobim, que morou na Suíça, fez uma pesquisa sobre o lugar que já foi considerado um paraíso fiscal tanto para investidores, quanto para, principalmente, os corruptos. Os dados abaixo foram extraídos em resumo do resultado do estudo de Jobim sobre esse paraíso chamado Suíça. Boralá sonhar junto comigo?

A Confederação Suíça é uma república federativa formada por 26 cantões, situada na Europa Central, cercada pela Alemanha ao norte, a Áustria e Liechtenstein a leste, a Itália ao sul e a França a oeste.

A Suíça tem uma área de 41.285 quilômetros quadrados. É pouco menor do que o estado do Rio de Janeiro. Cerca de 70% do território são cobertos por montanhas nevadas das cordilheiras dos Alpes e de Jura, que atraem milhões de turistas para suas estações de esqui.

Com contas protegidas por sigilo bancário desde 1934, a Suíça é um paraíso fiscal e um dos maiores centros financeiros do mundo, acusado de lavar dinheiro sujo e proteger os depósitos de corruptos poderosos, mafiosos e terroristas. Mas isto está mudando. O país é famoso por seus bancos, chocolates, queijos, relógios e montanhas nevadas. O ponto mais alto é o Pico Dufour, de 4.634 metros. Depois de quase 200 anos de neutralidade, respeitada em duas guerras mundiais, a Suíça entrou em 2002 para a ONU.

A cidade de Genebra, na Suíça, onde ficava a Liga das Nações, precursora da ONU, é a cidade que mais abriga instituições do Sistema Nações Unidas depois de Nova York, inclusive a Comissão de Desarmamento, o Conselho de Direitos Humanos e a Organização Mundial do Comércio (OMC). A Cruz Vermelha Internacional também tem sede em Genebra.

Por causa de seu rigor e precisão, a Suíça tem fama de ser um país que funciona como um relógio suíço, e da prontidão militar que faz de todo cidadão suíço um reservista do Exército dos 20 aos 45 anos, um de seus maiores escritores, Friedrich Dürrenmatt, a descreveu como “uma prisão onde todos os presos são também carcereiros”. Tendo sobrevivido às piores guerras da História da Humanidade, a Suíça enfrenta agora o desafio da globalização, que ameaça o excepcionalismo suíço.

Se um dia o país entrar para a União Europeia, o que parece inevitável, suas comunidades alemã, francesa e italiana podem querer se reintegrar aos países de origem. Até hoje, os suíços resistem à adoção da complexa legislação da UE, o que os obrigaria a abrir mão do excepcionalismo.

POPULAÇÃO


A Suíça tem 8 milhões de habitantes, sendo 65% de origem germânica, 20% franceses, 10% italianos e 1% romanches. A expectativa de vida é de 82,28 anos, a oitava maior do mundo. A taxa de crescimento populacional é de 0,85% ao ano. A taxa de fertilidade é de 1,53 filho por mulher, a 187ª do mundo; 82% das mulheres usam métodos anticoncepcionais. A mortalidade infantil é de 3,8 para cada mil nascimentos.

A maior cidade é Zurique, com 1,143 milhão de habitantes, seguida de Genebra (915 mil) e da capital, Berna (356 mil), incluindo as regiões metropolitanas.

Os suíços têm fama de serem “alemães de sangue frio”, pacifistas, perfeccionistas e implacáveis.

SAÚDE


Em 2011, os gastos com saúde representaram 10,9% do produto interno bruto, 15º do mundo. Há 4 médicos e 5 leitos hospitalares para cada mil habitantes. A incidência de aids foi estimada em 0,4% em 2009. Cerca de 17,5% dos adultos eram obesos em 2008.

EDUCAÇÃO


Em 2009, os gastos com saúde foram de 5,4% do PIB, 61º do mundo. O índice de alfabetização é de 100%. Cada suíço estuda em média durante 16 anos. A maioria das escolas é pública. O ensino privado é submetido a um rigoroso controle de qualidade imposto pelo governo. O país tem 12 universidades e outras 60 instituições de ensino superior. As mais importantes do país são as universidades da Basileia (1460), Berna (1528), Lausane (1537), Genebra (1559) e Zurique (1833), e os Institutos Federais de Tecnologia da Basileia (1853) e de Zurique (1855).

PESTALOZZI E PIAGET


Um dos grandes educadores suíços foi o professor Johann Heinrich Pestalozzi. Seus métodos são usados até hoje no ensino fundamental em todo o mundo.

O Método Pestalozzi sustenta que a educação deve partir do que é familiar para o estudante para daí chegar ao novo, ao desconhecido, incorporando as artes e a resposta emocional dos alunos para permitir o desenvolvimento gradual e integral da criança.

Influenciado pelas ideias do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau, considerado o Pai da Democracia, Pestalozzi abandou o estudo de teologia para “voltar à natureza” em 1769. Ele trabalhou na agricultura e recebeu em casa crianças pobres para fiar e tecer enquanto aprendiam a se tornar autossuficientes.

Seus empreendimentos fracassaram, mas Pestalozzi  tinha aprendido muito. Ele aplicou seus ensinamentos com sucesso ao dirigir escolas no início do século 19. No século 20, a maior contribuição da Suíça à pedagogia e à educação veio Jean Piaget. Ele foi pioneiro no estudo sistemático sobre como as crianças adquirem conhecimentos. É considerado o maior nome da psicologia do desenvolvimento do século.

Piaget começou pela zoologia e depois passou para a psicologia. Em Zurique, estudou sob a orientação do psicanalista Carl Gustav Jung. Em 1929, tornou-se professor de psicologia infantil na Universidade de Genebra. Em 1955, criou o Centro de Epistemologia Genética de Genebra, onde realizou experiências com psicologia experimental e sociologia.

Cada criança, acreditava Piaget, cria e recria constantemente seu modelo da realidade, crescendo mentalmente quando incorpora conceitos simples em elaborações mais complexas. Ele dividiu esse desenvolvimento em quatro etapas: desenvolvimento (2 aos 6/7 anos), lógica (6/7 aos 11/12 até se tornar adulto).

IDIOMAS


A Suíça tem quatro línguas oficiais: alemão (74%), francês (21%), italiano (8%) e romanche (1%), um idioma antigo semelhante ao latim. O inglês é amplamente falado.

RELIGIÃO


Importante centro da Reforma Protestante, a Suíça divide-se religiosamente hoje em 42% católicos, 35% protestantes, 4% muçulmanos e 1,8% cristãos ortodoxos. Cerca de 15% declaram não ter religião. Posteriormente postarei um artigo especial sobre a religião suíça.

ENTRETANTO, NO ENTANTO, PORÉM...


Em 11 de fevereiro de  2009 a brasileira Paula Oliveira, bacharel em direito,  então com 26 anos, foi a protagonista de um dos maiores micos envolvendo a Suíça e o Brasil. A doida se automutilou e protagonizou um baita vexame ao se dizer vítima de xenofobia na Suíça. À época quem embarcou na sua onda, como o então chanceler Celso Amorim, do Itamaraty, pagou um mico histórico. 

Ao contrário da mídia suíça, que não fez tanto alarde com a versão de Paula antes de ter em mãos a declaração oficial da polícia local, a mídia amestrada deste lado do Atlântico tratou de criar imediatamente mais um furo sensaZionalista. 

Os ingredientes estavam às mãos: uma jovem mulher, pertencente à “zelite”, advogada, grávida, atacada por “terríveis neonazistas”, discriminação, xenofobia, racismo, etc. Um prato cheio para os propagandistas de atrocidades! O resultado da proeza da ilustre bacharel? Veja :

Mas a notícia mais importante dos Alpes nos dias atuais nada tem a ver com a brasileira. O que se discute é o fim da Suíça como o maior – e mais descarado - paraíso fiscal da história da humanidade.

Com a farsa do caso Paula Oliveira, a imprensa suíça aproveitou para destilar velhos preconceitos contra o Brasil. Um deles, o de que as mulheres daqui são contumazes aplicadoras do chamado "golpe da barriga". Mas se há um país no mundo que não pode emitir juízos morais sobre qualquer outro, este lugar é a Suíça, conhecida por seus exércitos mercenários (o militarismo por lá também é destaque) e pelo pragmatismo no trato com o dinheiro sujo. 

Se o paraíso fiscal dos Alpes de fato vier a derreter, cairá uma das últimas reservas imorais da humanidade. Mas, mesmo assim, a Suíça é em sua estrutura política e social, tudo o que o que gostaríamos que o Brasil um dia fosse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário