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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

ESPECIAL - SUICÍDIO: O SILÊNCIO E A INDIFERENÇA PODEM MATAR


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"Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros" (Hebreus 13:17, grifo meu).
Atualmente um grave problema, que há algum tempo parecia bem distante da comunidade cristã, passou a alarmar evangélicos e católicos no Brasil e no mundo: o aumento vertiginoso no registro de suicídios cometidos por pessoas declaradamente cristãs. 

Pastores suicidas?


Recentemente o segmento evangélico foi surpreendido com notícias de suicídios cometidos por pastores em várias regiões do Brasil. Depressão, estresse, desilusões, decepções, problemas familiares, ministeriais e dificuldades financeiras são algumas das causas que têm levado muitos líderes a esse ato tão extremo do autoextermínio. 

Setembro Amarelo, é o mês da consciência contra o suicídio e os pastores não estão imunes! Como cresce o número de suicídio entre pastores tal tema precisa ser trabalhado. Estamos chegando num momento em que não será fácil esconder a humanidade dos pastores.

Pedras na mão ou no chão?


Não sei qual é a sua opinião, caro leitor, mas creio não haver respostas para as indagações quanto aos motivos que levam uma pessoa ao suicídio. O assunto também é inesgotável. Todavia, podemos contar com o parecer científico de psicólogos, médicos, pesquisadores e, principalmente, com a visão bíblica a respeito. Mas a pergunta que sempre permanecerá é: Por quê?

Escrever sobre suicídio é uma tarefa bastante difícil, pois não existem motivos que justifiquem este ato. Por quê, por quê, perguntamos. E não encontramos respostas. Ou melhor, elas não existem. O suicídio é uma separação extremamente abrupta. Nenhuma teoria seria capaz de explicar e desvendar os motivos que levam uma pessoa a se matar, a tirar a própria vida. 

O suicídio é um ato ambíguo (de insegurança), e suas razões, complexas. Obviamente, é impossível falar em suicídio sem falar em morte, os dois estão intimamente ligados. Impossível é também refletir sobre a vida sem deixar de pensar na morte.

Setembro amarelo


O suicídio é uma questão importante de saúde pública. Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, que teve início no Brasil em 2015, e que visa conscientizar as pessoas sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento. É nesse mês que no dia 10 se comemora o dia mundial de prevenção do suicídio, tendo como objetivo alertar a população a respeito da realidade do problema no Brasil e no mundo, e discutir as formas de prevenção. A prevenção precisa começar nas famílias, nas escolas e também nas comunidades, como as igrejas.

Todos os dias mais de 30 brasileiros buscam a morte voluntária. No mundo todo estima-se que 60 mil pessoas busquem pelo mesmo objetivo. Desde os anos 1980 tivemos um aumento de 60% no número de pessoas que consumaram o desejo de tirar a própria vida. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), só no Brasil, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos chegou a 5,6 por 100 mil habitantes em 2018. 

A OMS destaca que esta situação toma uma dimensão ainda mais estarrecedora se considerarmos os dados relativos às tentativas frustradas, que não constam nas estatísticas, além do fato de que muitos países não enviam dados ou não os apuram de maneira confiável, por não possuírem um trabalho sério de mapeamento e acompanhamento da morte voluntária.

Quem mais se suicida?


Em adultos, a depressão tanto em mulheres como homens é mais comum na faixa etária dos 25 a 44 anos. Embora a probabilidade maior seja afetar pessoas na casa dos vinte anos, a idade dos primeiros sintomas tem diminuído ao longo do tempo. Nas crianças, a depressão clínica afeta rapazes e moças na mesma proporção.

Para algumas pessoas, em determinados momentos, dar fim à própria vida como a única saída para uma situação de sofrimento intolerável, talvez pareça a única solução possível. Segundo a OMS a depressão é uma das principais causas de suicídio. Além de afetar mais mulheres que homens, os dados da OMS estimam que a depressão atinja cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo.

Falar é a melhor solução


Atualmente, a conscientização sobre a prevenção do suicídio tem se intensificado no chamado Setembro Amarelo, mês em que o assunto é tratado com mais ênfase. Esta é uma grande conquista se considerarmos que este assunto ainda é, silenciado, camuflado, pouco discutido e tratado de maneira velada. E principalmente um assunto que necessita de voz: de quem alerta, mas de maneira destacada a voz de quem passa por uma dor, mas não sabe elaborá-la ou torná-la audível!

Falta de dinheiro, enfermidades, solidão, problemas familiares, bullying, dificuldade em lidar com a dor… Vários gatilhos podem ter sido acionados, e a dor emocional vai ficando intensa, pesada, sufocante... até consumar-se em uma tragédia. A pessoa, antes de se suicidar, deixa vestígios de que pretende fazê-lo. 
"Seria melhor não existir", 
"Não vejo graça em nada",
"A vida, para mim, é sempre cinza, sem brilho…", 
"Quero que o mundo exploda!" 
"Nada para mim dá certo"
frases como estas, o aumento excessivo no consumo de álcool, drogas, mudanças no peso, na maneira de dirigir, automutilação, falar muito sobre a morte… A melhor forma de evitar esta tragédia é detectar quando a possibilidade existe e agir a tempo.

A juventude é uma fase que deveria ser nutrida pela felicidade das descobertas, das possibilidades, do idealismo que faz o jovem crer que pode mudar o mundo, do encantamento pelas amizades, por isso mesmo o aumento no número de suicídios neste período da vida intriga profissionais que estudam a morte voluntária. 

Ter um comportamento, partes do corpo, cor da pele, peso, cabelo, voz, orientação sexual etc., desviante do que se julga "normal" é visto como um dos problemas centrais e disparadores para a dor emocional intensa e a busca por uma solução para ela, mesmo que drástica. Mas, assim creio, analisarmos este aspecto é pensarmos numa camada superficial do problema. As raízes são mais profundas!

O que fazer?


A melhor forma de prevenir o suicídio é cuidar dos desmoronamentos emocionais das pessoas, inclusive antes que ocorram. É importantíssimo um trabalho preventivo, focado no desenvolvimento e potencialização de competências e habilidades socioemocionais, como autoconhecimento, autovalorização, autoestima elevada, amor próprio, superação de ofensas, aprender a trabalhar perdas e frustrações etc. O diálogo é essencial para construirmos pontes com o outro, e, igualmente, o aprendizado sobre como utilizar a comunicação para torna-la efetiva e assertiva.

O diálogo com um jovem é bem diferente do que se desenvolve com uma criança ou adulto. O jovem possui uma linguagem peculiar e uma forma de pensar e elaborar suas ideias. É necessário que a família tenha um espaço de diálogo que respeite estas peculiaridades, sendo acolhedora e promovendo reflexões que possam colaborar para que o jovem aprenda a enxergar-se valioso, capaz de enfrentar suas dificuldades e de conquistar seus sonhos. O diálogo saudável, permeado pela escuta atenta ao outro, permite ao ser humano vivenciar o sentimento de pertencimento a um espaço, quer seja este familiar, de amizade, de amor ou profissional.

Não pense que este assunto não te diz respeito


Talvez a sociedade ao nosso redor não seja mais violenta que há 100 ou 500 anos, mas a velocidade da informação, que cresceu hiperbolicamente nas últimas décadas, potencializada pelo boom da internet e mídias digitais, nos deixa estarrecidos diante do quadro que vemos diariamente.

Especialmente somos impactados quando a violência acontece bem pertinho de nós, através do autoextermínio de um amigo ou familiar. Em geral a família que perde um de seus membros numa situação de suicídio fica atônita e se perguntando pelas razões que levaram a pessoa a este ato extremo?

Conforme vimos acima, essa não é uma resposta fácil!  Assim como, não é passível de julgamentos do tipo: "faltou fé", "foi fraqueza espiritual", "faltou temor a Deus"... todas essas especulações são frias e denotam uma excessiva insensibilidade - é muito cômodo e fácil falar dos outros. Muitas são as variáveis que levam as pessoas a perderem totalmente a esperança na vida e a considerar a morte como a melhor opção.

O suicídio na Bíblia 


Na Bíblia temos o caso de Aitofel (2 Samuel 17:23) que se suicida porque se vê desprezado na sua posição de conselheiro do rei; temos também o polêmico caso envolvendo Sansão (foi salvo ou não?), cujo último ato foi o autoextermínio junto com seus inimigos filisteus (Juízes 16:26-31); temos também o caso mais clássico e citado, o de Judas (Mateus 27:1-5), que se enforca sobrecarregado pela culpa de ter conspirado contra seu Mestre.

Desprezo, culpa, rejeição, incompreensão, perdas significativas (de entes queridos; de patrimônio) falta de sentido para continuar vivendo, são alguns dos principais motivos levantados, que levam as pessoas a cometerem suicídio.

De quem é a "culpa"


A família das vítimas, na maioria das vezes, sente-se culpada de não ter detectado a tempo os sinais que a tragédia estava por vir e em função desta culpa ficam, às vezes, anos girando em torno de um processo emocional corrosivo. Todavia é preciso entender quais são as verdadeiras e as falsas culpas envolvidas nesse processo.

Uma primeira falsa culpa é exatamente a de que o suicídio é plenamente previsível e que a família, se estivesse mais atenta, poderia ter evitado o mesmo. Existem inúmeras situações de atentado contra a própria vida que são resultados de comorbidades psiquiátricas, ou seja, a pessoa que procura tirar a própria vida já possuía outro comprometimento psíquico que levou a mesma a uma incapacidade de avaliação sensata e racional da realidade. 

Não sou psicólogo, mas tenho conhecimento de vários casos de suicídio de pessoas que estavam em acompanhamento terapêutico com estes profissionais. Se mesmo um profissional habilitado algumas vezes não consegue ver os sinais indicativos de suicídio de forma clara, quanto menos a família possui tais habilidades.

Outra falsa culpa é o reducionismo de que a pessoa tirou sua vida porque não se sentia amada pelos familiares. Ainda que isso possa ser verdadeiro em algumas poucas situações, é preciso sempre lembrar que vivemos simultaneamente em vários sistemas (familiar, social, profissional, midiático, religioso, etc.) que interferem na construção da percepção da realidade e podem levar a uma pessoa emocionalmente frágil (adolescentes em especial) a fazer coisas sem sentido – como tirar a própria vida (vide a recente onda mundial causada pelo "game" baleia azul - escrevi sobre este assunto ➫ aqui).

Conclusão


Qual é então o papel principal da família e das comunidades? Antes e acima de tudo manter sempre um canal de diálogo aberto entre todos os membros das mesmas, possibilitando não só o intercâmbio de fatos e notícias, mas principalmente de emoções e valores. 

Também é preciso resistir, com todas as forças, aos apelos sedutores da sociedade do capital pela busca do conforto e patrimônio, ensinando aos filhos e aos fieis que o valor mais importante da vida é buscar o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:30-33) e a não se conformar com os padrões de uma sociedade 'capetalista', mas continuamente transformar-se, para experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2) que sempre é a opção pela esperança e pela VIDA!

O Setembro Amarelo é uma campanha que pretende dar mais visibilidade e orientar a maior quantidade possível de pessoas sobre a importância de falar sobre o suicídio. Para atingir a população, são feitas ações de rua, como caminhadas e passeios de bicicleta que conscientizam as pessoas sobre a importância de conversar sobre o tema e procurar acompanhamento psicológico ou psiquiátrico.
  • Se você conhece alguém que tem sintomas de depressão, fala frequentemente sobre morte ou apresenta algum dos comportamentos abordados no texto deste artigo, ore, mas não hesite em procurar ajuda especializada.

[Fonte: Organics News Brasil, por Camila Cury - Psicóloga e Diretora Geral da Escola da Inteligência, Programa Educacional idealizado pelo renomado psiquiatra, escritor e pesquisador, Augusto Cury, que tem como objetivo desenvolver a educação socioemocional no ambiente escolar.]

A quem interessar possa, escrevi mais sobre os temas depressão e suicídio. Seguem os links abaixo: 

Ao Deus, autor da vida, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

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