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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

FILMES QUE EU VI - 52 (BY LIVRO QUE EU LI) - "O ILUMINADO", STANLEY KUBRICK (BY STEPHEN KING)

Minha experiência com essa obra fantástica, perturbadora, intrigante, profunda, psíquica, psicológica... foi justamente nessa ordem: primeiro eu assisti ao elogiadíssimo filme cult dirigido pelo "mago das claquetes", o fenomenal Stanley Kubrick (✩1928/✟1999) - este longa foi sucesso absoluto de público e de crítica; depois eu li o estupendo livro escrito pelo genial Stephen King - sou suspeito para falar de King, pois sou um ávido admirador de sua obra e já li a maioria dos livros dele.

Sobre as obras


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"O Iluminado" ("The Shining") é um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, e uma das obras mais conhecidas do diretor Stanley Kubrick. O roteiro é baseado no primeiro best-seller em capa-dura do escritor estadunidense Stephen King, o romance de horror homônimo.

Estamos falando de uma história explorada por duas das maiores referências em suas respectivas áreas – Kubrick, no cinema e King, na literatura. Entretanto, o filme de Kubrick não é uma adaptação do livro de King, mas é apenas baseado no mesmo. Isso quer dizer que, apesar da trama principal ser a mesma em ambas as obras, Kubrick tomou certas liberdades, tornando seu filme diferente do livro em vários aspectos, o que torna fundamental tanto ler o livro, quanto ver o filme. E o foi exatamente o que eu fiz.

Um livro, um filme, uma obra e dois gênios


Kubrick, Jack e King

Adaptando romance de Stephen King e, no processo, arrumando "briga" com o autor, Kubrick fez uma obra que tem a sua marca. Não esperem ver elementos da obra de Stephen King muito presentes, pois o roteiro filmado é bem diferente da obra literária, o que demonstra um absoluto bom senso e a costumeira personalidade de Kubrick em adaptar material fonte diverso (vide o caso do genial "Laranja Mecânica", 1972).

Boas adaptações são assim: a ideia original permanece mesmo que seja lá no fundo, mas o trabalho resultante é muito mais de quem adaptou do que de quem foi adaptado. 
King não gostou – e até hoje não gosta – mas "O Iluminado" continua sendo, e aqui certamente provocarei fãs de outras adaptações, a melhor adaptação cinematográfica já feita de uma obra do autor, além de ser um dos melhores filmes de horror de todos os tempos. Simples assim.

Como grande admirador das duas obras, vou me esquivar da questão sobre qual dos dois é melhor, o livro ou o filme, pois acredito que sejam perspectivas distintas sobre uma mesma história. Enquanto o mestre do suspense Stephen King utiliza durante toda a história elementos sobrenaturais provocados pelo cenário, o filme de Kubrick deixa em aberto até perto do fim se os acontecimentos sobrenaturais são realidade ou imaginação.

Sinopse ou, se preferirem, spoiler


Shelley Duval, Danny Lloyd e Jack Nicholson

Contando a história de Jack Torrence (Jack Nicholson, numa interpretação magistral, marcante e inesquecível), um homem que, com sua família – a esposa Wendy (Shelley Duvall, perfeita!) e o filho Danny (Danny Lloyd, o então ator mirim simplesmente arrasa) – vai trabalhar no isoladíssimo hotel Overlook, durante o inverno, como zelador, Kubrick nos leva a uma viagem à loucura. 

Jack é um pretenso escritor que decide aproveitar esses meses para escrever um livro, mas, na medida em que o hotel vai sendo cercado de neve e o isolamento se agrava, ele vai perdendo a sanidade e começa a interagir com fantasmas do passado do lugar. 

Esse passado, aliás, é a primeira coisa que Jack aprende, ainda em sua entrevista de trabalho: seu empregador faz questão de lhe dizer, para fins de total transparência, que um antigo zelador teria enlouquecido fazendo justamente o que Jack faria e matado suas filhas e esposa de forma horripilante. Mas é claro que Jack dá de ombros e arquiva isso apenas como uma "historinha", ainda que verdadeira. Algo impossível de se repetir.

O hotel é um lugar amaldiçoado: assassinatos e crimes grotescos aconteceram ali. O momento mais aterrorizante do livro ocorre quando Danny fica trancado no parque do hotel, e sente a presença de todas as crianças que morreram naquele lugar (isso foi descartado do filme). O pequeno Danny - o "iluminado" do título - consegue sentir que o hotel é uma entidade do mal, e assim como Dick Hallorann, o cozinheiro, ele consegue se comunicar com a entidade e vislumbrar cenas do passado.

Na verdade, o hotel é um personagem que manipula seus habitantes e facilita certos acontecimentos, como por exemplo, dar a oportunidade para Jack beber álcool. O final do livro se dá com Jack perseguindo seu filho pelos corredores, armado com um taco de críquete. Danny, sua mãe e Dick conseguem escapar do prédio antes que ele exploda, incinerando Jack vivo.
  • By King - O livro conta a história aterrorizante de um lugar que amaldiçoa qualquer pessoa que o habite, fazendo com que cometa atos horríveis, como matar a própria família. O Hotel Overlook é o verdadeiro vilão da história. Na verdade, pouco antes de Jack morrer, o hotel se manifesta em seu corpo, recusando-se a morrer e deixar Danny em paz. Mesmo depois que o hotel foi destruído no incêndio, a entidade ainda tenta possuir Dick Hallorann.
  • By Kubrick - O filme apresenta um drama um pouco mais realista, onde um pai frustrado e atormentado lentamente se afunda em sua loucura. Ele vê fantasmas e justifica suas ações de forma fria e calculista. O hotel desempenha o simples papel de ambiente que desperta essa loucura. É por isso que, no filme, a destruição do mesmo não é necessária, uma vez que o prédio não representa nenhum perigo.

Terror inteligente


Uma das muitas cenas aterrorizantes e perturbadoras do longa: o assassinato por esquartejamento das duas garotas gêmeas.

Kubrick, conhecido por seu humor altamente sarcástico, inseriu ao final do filme uma certa "alfinetada" em Stephen King. No livro do autor, o carro dirigido por Jack Torrance é um Fusca vermelho. No filme, a cor é mudada para o amarelo. Mas eis que no fim do filme aparece o tal Fusca vermelho em cena.

Ainda existem várias diferenças entre as versões literária e cinematográfica de "O Iluminado", mas acredito que com tudo que o pouco a que me referi até agora, sua percepção sobre as duas obras está esclarecida. A pergunta que sempre vem a tona quando se trata de adaptações é "Qual é o melhor, o livro ou o filme?"

No caso de "O Iluminado", não há como eleger um campeão. Embora o filme não tenha sido fiel ao livro, o grande Stanley Kubrick soube criar um longa maravilhoso. Não é como se Kubrick tivesse estragado o livro, pelo contrário, ele criou uma obra inspirada na história escrita por King, e a maioria dos pontos modificados melhoraram a história.
Que me perdoem os mais fanáticos, mas "O Iluminado" é sensacional, seja nas páginas de Stephen King ou nas lentes de Stanley Kubrick. 

Por mais tentado que eu esteja em terminar esta análise com uma frase de efeito retirada do próprio filme, preciso dar-lhe alguma conclusão. "O Iluminado" foi desprezado pela maioria dos críticos em seu lançamento, mas acabou adquirindo um grande status de filme cult com o passar dos anos. Basta dar uma conferida na página do filme no imdb

Com uma média de 8,4 de nota do público, "O Iluminado" ocupa a posição de número 58 no ranking de melhores filmes de todos os tempos, segundo as notas médias dos usuários. Além disso, a seção de FAQ e trivia do filme são das mais repletas de dúvidas e questionamentos sobre diversas cenas desta obra-prima de Stanley Kubrick. 

"O Iluminado" é um filme cheio de pequenos detalhes que podem dar origem a inúmeras interpretações, algo comum a grande parte dos filmes de Kubrick. Somente para escrever esta análise, assisti ao filme duas vezes (sem contar as que já tinha assistido anteriormente), fazendo anotações e sempre percebendo elementos novos. O texto original deste artigo ficou muito extenso, mas algo curto seria raso e não faria justiça à complexidade do filme, contudo, fiz um resumo de tudo o que anotei, para que o artigo não ficasse muito longo.

Conclusão


Assista "O Iluminado" em condições decentes (boa imagem e bom som e sem interrupções) com alguém que nunca tenha visto o filme ou lido o livro ao seu lado, de preferência alguém que seja fã de filmes de terror e que esbraveje aos quatro cantos o quão valente ele/ela é. Fique quieto, não fale nada, mas observe as reações da "vítima".

Duvido que seu objeto de estudo acadêmico passe incólume à experiência. E não falo aqui de sobressaltos repentinos ou mesmo de mãos no rosto para não ver as cenas. Falo daquela invisível camada de tensão que somente um punhado de obras cinematográficas de horror é capaz de criar.

Essa experiência só não funcionará se seu "porquinho da índia" for uma grande pedra de gelo. Caso contrário, ele/ela lhe proporcionará o segundo maior prazer relacionado a "O Iluminado", o mergulho do mestre Stanley Kubrick em mais um gênero que ainda não havia tentado e que, como de costume, tirou de letra.

"O Iluminado" é um filme que desafia os sentidos, que nos faz mergulhar em mundo do qual temos até dificuldade de voltar tamanha é a imersão que a fita proporciona. É Kubrick mostrando absoluta maestria sobre mais um filme de gênero e sobre o Cinema em si.

Se você ler meu texto até o final, quero primeiramente agradecer sua paciência e admirável força de vontade. Segundo, gostaria de pedir-lhe que compartilhe esta análise, pois "O Iluminado" é uma das obras mais completas e intrigantes que o cinema pode oferecer e fiz essa análise na tentativa de fazer jus a um filme, a um diretor e a um escritor que tanto admiro. 
  • "O Iluminado" ("The Shining", EUA/Reino Unido – 1980)
  • Direção: Stanley Kubrick
  • Roteiro: Stanley Kubrick, Diane Johnson (baseado em romance de Stephen King
  • Elenco: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Barry Nelson, Philip Stone, Joe Turkel, Anne Jackson, Tony Burton, Lia Beldam, Billie Gibson, Barry Denner
  • Duração: 144 min.
 
  • Autor: King,Stephen
  • Data da primeira publicação: 28 de janeiro de 1977
  • Editora: Suma
  • Formato Livro Digital: Não
  • Ano desta edição: 2012
  • Número de Páginas: 464
  • Ambos:
A Deus toda glória.
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