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terça-feira, 17 de setembro de 2019

TODA MENTIRA SERÁ CASTIGADA?















"Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade" (2 Coríntios 13:8).
  • À saber: há sim diferença - mesmo que tênue em seu significado, mas de considerável relevância em sua prática e consequência - entre mentir e omitir. Mentir é quando você cria, altera um fato, distorce e deixa a verdade a quilômetros de distância. Já a omissão é não dizer, é optar por manter em segredo. Agora, mentir é diferente. Mentira é falta de assertividade, de respeito à relação humana e, pior, mentira não tem remédio.

A cultura da mentira ou a mentira na cultura?


Entre os vários hábitos, existe um tipo pouco percebido, que é o de mentir. A maioria não encara a mentira como hábito por não perceber quantas vezes ela pode acontecer num único dia.

Isso porque tudo começa com as mentiras consideradas "pequenas", que saltam da boca quase inconscientemente. Mas esse mau costume está intrinsecamente ligado ao caráter de uma pessoa. Por isso, desde a infância deve-se aprender que a mentira é sempre um erro.

Que atire a primeira pedra quem nunca contou - e ainda conta - uma mentira! Mentiras classificadas como "inofensivas", formuladas para justificar situações cotidianas e aparentemente banais, como as frases do tipo: "perdi a hora", "perdi seu telefone", "liguei e ninguém atendeu", "diz que eu não estou", (acredito que essa é a mais frequente entre os crentes) "vou orar ou estou orando por você

Mentira: falta de ética, deformação no caráter ou os dois?


A necessidade de ética é observada em todas as áreas de atuação humana, como a política, a mídia, a ciência, o direito, etc. O termo ética é de ampla utilização no meio social, o que pode dar a impressão de que todos conhecem o seu significado, quando na verdade ainda hoje não se possui um estudo conclusivo sobre o termo. 

Cônscio dessa realidade, o filósofo Álvaro Valls explica que esse verbete é tradicionalmente entendido como o estudo ou reflexão, científica, filosófica ou até teológica, sobre os costumes e as ações humanas. Não satisfeito, ele pondera que é possível concebê-lo ainda como sinônimo de costumes considerados corretos pela sociedade, ou ainda como a própria realização de um tipo de comportamento.

Entendendo o significado da ética


Ética vem do grego "ethos", que significa analogamente "modo de ser" ou "caráter" enquanto forma de vida também adquirida ou conquistada pelo homem. Certamente, moral vem do latim mos ou mores, "costume" ou "costumes", no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. 

Ou seja, em resumo, a ética é o estudo sistemático dos deveres e obrigações do indivíduo, da sociedade e do governo. Seu objetivo: estabelecer o que é certo e o que é errado. Há quem afirme que a ética é um princípio ou valor inerente à condição humana; outros dizem ser ela uma regra de conduta (caráter). 

Pode um cristão mentir?


Após entendermos um pouco sobre o conceito de ética, vamos refletir sobre como deve ser o procedimento do cristão no que se refere à mentira. Interessante observar que no contexto social da atualidade, a mentira tem se tornado uma prática comum, algo quase crônico. 

Principalmente por causa do advento das redes/mídias sociais, o hábito de mentir é praticado quase que na mesma proporção do crescimento de usuários dessas redes digitais de relacionamentos e comunicação - haja vista o fenômeno - nada novo, diga-se de passagem - das chamadas fake news (notícias falsas, o velho boato). Mas, enfim, qual deve ser o procedimento do cristão diante disso?

O salmista não se mostra muito generoso, quando, num momento de decepção, exclama: 
"Todos os homens são mentirosos" (Sl 116:11). 
Ser amante da verdade é um aprendizado. Para fugir de complicações, todos temos a tendência para a dissimulação, isto é, procuramos enganar para nos safar de eventuais punições. Só Jesus mesmo para poder dizer: 
"...Eu sou a verdade..." (João 14:6, ênfase acrescentada).
E observe que Ele não diz ter, Ele afirma, com propriedade, SER a verdade.

Conheço algumas circunstâncias – as mentirinhas profissionais – em que não se produz culpa. Por exemplo: a enfermeira avisa, ao aplicar uma injeção: "não vai doer". Ou o pároco, quando vai pedir ajuda financeira aos fiéis: "esta é a última campanha que vamos fazer"

São as tais mentirinhas inocentes, que não prejudicam ninguém. Mas São Tomás de Aquino ensina que existe uma situação, na qual podemos até mentir em assunto sério. É quando alguém pergunta se nós cometemos certos crimes. É lícito negar, mesmo sendo culpados, porque o ônus da prova cabe ao acusador.

O critério melhor para aquilatar a vileza de uma mentira é verificar o mal que ela produz e os sofrimentos que provoca. A contragosto, refiro-me a homens e mulheres que ocupam cargos de maior relevância como ministros do Supremo Tribunal Federal. Não posso deixar de comentar a fraqueza de alguns ao basearem seu raciocínio contra os direitos das crianças anencefálicas (melhor seria dizer meroencefálicas), com argumentos mais do que equivocados.

No ainda não terminado debate sobre a licitude da prática do aborto nesses casos, vários ministros e ministras afirmaram que não podem aceitar a intromissão de razões religiosas para julgar a favor da vida dessas crianças. Isso é uma afirmação falsa. É notório que os maiores defensores das crianças provém das fileiras das Igrejas. No entanto, nenhum representante veio argumentar com razões religiosas. Ninguém debateu com argumentos bíblicos. Nenhum aduziu, por exemplo, que o papa ou o pastor não quer.

Os argumentos foram todos humanitários, filosóficos, científicos e de amor à vida. Tais ministros, conscientemente, afrontaram o bom senso, construindo seu voto em cima de uma base errônea. Isso deu um sentimento de insegurança a todos nós. Só vejo uma possibilidade, de eles recuperaram, aos poucos, a confiança da nação seriamente abalada: julgar, com retidão, os todos envolvidos nos casos endêmicos de corrupção. Por isso, façamos um público clamor para que não se pare de jeito nenhum a operação lava jato, pois,
"...A verdade vos [nos] libertará" (Jo 8:32).

Há mentiras toleráveis?


O hábito de mentir começa muito cedo e pode tornar-se um pecado "de estimação". Em geral, a primeira relação que as crianças têm com a mentira é conflituosa. Elas são ensinadas que a mentira é reprovável, e frequentemente são cobradas para que falem a verdade – e até castigadas se não o fizerem. O problema é que muitas vezes, por diversos motivos, os adultos adotam posturas contrárias aos valores que tentam passar para a criança em relação à mentira.

Mandar dizer que não está para evitar atender à porta ou ao telefone, ou então dizer que o doce acabou e depois a criança descobrir que ele foi apenas escondido são exemplos de situações que ela pode perceber como mentiras, constatando que os adultos fazem exatamente o que dizem que não se deve fazer. Essas pequenas mentiras que começam na infância podem progredir e prosseguir pela vida adulta. Se a criança não for corrigida, vai continuar mentindo até adotar isso como parte de sua vida – um comportamento "normal" para atingir rapidamente um objetivo.

Deus e a mentira


Há muitos exemplos na Bíblia de quando Deus permitiu uma pessoa cometer um pecado e ainda usou aquela pessoa. Isto não significa que Deus é contraditório ou que Ele aprova o pecado. Isto apenas significa que Deus é soberano e mesmo quando alguém pecar, Ele ainda pode realizar sua vontade. 

A mentira é proibida como pecado pela Palavra de Deus (Êxodo 23:1). Várias pessoas nos relatos da Bíblia mentiram, mas até suas mentiras permitiram a realização da vontade de Deus. Vejamos: Abraão (Gênesis 20:2), Jacó (27:18-23) e Raabe (Josué 2:1-7) mentiram, mas Deus ainda realizou sua soberana vontade através deles. Todos estes três são contados entre os antepassados de Jesus (Mt 1:1,2,5) e entre os colunas da fé Cristã (Hebreus 11:8,17,21,31). Não estou em absoluto dizendo, como alguns alegam, que Deus os abençoou por causa das suas mentiras. Estou dizendo que Deus os abençoou apesar das suas mentiras. Nem por causa de um pecado condenado, Deus deixou de usá-los para realizar sua vontade.

Consequências da mentira

Ação e reação


Em Gênesis 3, Eva foi enganada pela astúcia da serpente. Ela deu ouvidos ao diabo, que veio distorcendo a palavra de Deus. O fato de ter dado ouvidos a uma mentira foi o começo da queda humana. A desobediência a Deus tem alto preço.

Em Juízes 16, vê-se que Sansão mentiu três vezes para Dalila, de brincadeira. Mas quando o assunto é mentira, o diabo não brinca. Sansão revelou o seu segredo para Dalila, ou seja, abriu uma brecha para que satanás entrasse e o destruísse. O que começou com brincadeira terminou em tragédia: ele ficou cego espiritual e fisicamente. Importa obedecer a Deus e não aos homens (Atos 5:29).

Ananias e Safira, em Atos 5, mentiram ao Espírito Santo. Eles aceitaram a sugestão do diabo e não mentiram somente para Pedro, mas ao próprio Deus. Muitas vezes se pensa que uma mentira ficará oculta, mas Cristo lida com os homens hoje como ontem, e mostra nas Escrituras as consequências desse ato.

Em Lucas 6:45 encontra-se uma frase célebre, de autoria do Mestre: 
"...a boca fala do que está cheio o coração". 
Se os seres humanos são o que pensam e o que pensam, falam, pode-se concluir que as palavras revelam o caráter.
Pela linguagem, o homem expressa seus pensamentos e revela se o que o domina é a própria vontade ou a obediência à vontade de Deus (Provérbios 10:11).

Conclusão


A resposta está na nossa natureza pecaminosa e na nossa negação. Nossa natureza pecaminosa, apesar de crucificada em Cristo, ainda exerce uma influência que não é sempre aparente. A visão de mundo inteira do mentiroso foi moldada pelo processo de alívio de tensão, pela busca de prazer de alívio do desprazer. Esses são os elementos de sua "natureza pecadora" ou "carne", com a qual ele lutará por quanto tempo permanecer neste mundo. Podendo se erguer eventualmente ou causar sua própria derrota. 

Mentirosos crônicos precisam da ajuda de conselheiros treinados que, através de um processo de terapia e discipulado intensivo, e/ou de um ensinar a ser 
"...transformados pela renovação de suas mentes" (Romanos 12:2)
e aprender como 
"...andar no Espírito para não satisfazer os desejos da carne" (Gálatas 5:16).
O grande problema para a transformação de caráter e cura psicológica está nos mecanismos de defesa do ego, e Deus nos ensina exatamente isso quando diz que: 
"...todos os caminhos do homem lhe parecem puros, mas o Senhor avalia o espírito" (Pv 16:2). 
A Bíblia torna claro que o homem tem uma habilidade temerosa de tornar-se auto enganado (Jeremias 17:9). Em nenhum outro lugar isso é ilustrado tão poderosamente quando na área d e qualquer mentira pois elas são dependências vícios de devem e ser tratadas como tal Jesus disse: 
"...a verdade vos libertará" (Jo 8:32). 
Todo mentiroso, dissimulador, hipócrita deve superar a negação através da verdade senão, cairá em sua recuperação, não conseguirá a cura, ou alcançará a glória, voltando ao uso da mentira, ao seu antigo comportamento compulsivo de mentir. 

No verso já citado, de Jeremias 17:9, entendemos que em nenhum outro lugar isso é ilustrado tão poderosamente quando na área das mentiras, da hipocrisia, da dissimulação. Para concluir, deixo mais um provérbio bíblico para nossa reflexão:
"A testemunha verdadeira livra almas, mas o que se desboca em mentiras é enganador" (Pv 14:25).
[Fonte: VALLS, Álvaro L. M. "O que é Ética", 7ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1993; LOBO, Marisa "“Por que as pessoas mentem"? - As Verdades Sobre a Mentira”, 1ª ed. São Paulo: Arte Editorial, 2010; Monografias Brasil Escola; Rede Canção Nova; Revista Comunhão]

A Deus toda glória.
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