"Mas ele [Estevão], estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus... E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam" (Atos 7:55-58).
A passagem acima revela um dos momentos mais marcantes da Palavra de Deus e um dos ensinamentos mais claros de como podemos alcançar a Sua Glória. Estevão surge em Atos dos Apóstolos para exercer uma função fundamental: cuidar das viúvas da época.
Os discípulos de Cristo estavam anunciando a Palavra e, por causa disso, o trabalho social de alimentar as viúvas, ajudar órfãos, necessitados, visitar os presos nas cadeias, receber estrangeiros não podia ser feito por eles. Assim, o tempo de pregar a Palavra de Deus seria tomado para as ações sociais.
Características espirituais e funções diaconais de Estevão
Em Atos 6:2-4 os apóstolos tomam uma importante decisão, transferindo a função de cuidar das obras sociais para sete homens de boa reputação. Atente para o fato de que os discípulos não convocaram qualquer pessoa para cuidar deste assunto, eles solicitaram que fossem apresentados homens de boa reputação. Isso nos deixa claro que a transformação feita por Jesus em nossas vidas, a presença do Espírito Santo em nós e a sabedoria que é dada por Deus nos capacita a fazer a sua obra.
Outro ponto que não podemos menosprezar é que devemos atuar onde Jesus quer que atuemos. Há pessoas que querem cargos em igrejas ao invés de buscar funções nas igrejas. Isso significa que nem todo tipo de obra é para ser feita por nós. Deus constitui pastores, diáconos, presbíteros, obreiros... Na obra de Deus não cabe ciúme ou inveja, pois por mais simples que seja nossa função, ela é feita para honra e glória de Deus.
Sete homens são escolhidos para a função social. Estevão se destaca ainda na citação de seu nome na escolha entre os demais: O nome dele está em destaque revelando que Estevão era cheio de fé e do Espírito Santo. De nada adianta termos boa reputação se não tivermos fé, nem a presença do Espírito Santo.
Quem foi Estevão
Estevão é bastante conhecido simplesmente porque foi o primeiro mártir após a ascensão do Senhor Jesus Cristo. Estevão é, com quase certeza, um dos setenta escolhidos e enviados pelo Senhor em Lucas 10:1-10, e que O acompanhou sempre, a partir do batismo de João (At 1:21,22). Podemos concluir isso, devido ao fato de ele exercer dons atribuídos exclusivamente aos apóstolos e estes homens (6:8).
Temos poucas informações sobre a vida de Estêvão. Um homem bom e dedicado perdeu a sua vida por causa do evangelho. Mas desse pequeno relato, podemos aprender muito. Considere estas lições da vida e da morte de Estêvão: Deus sempre é o mesmo. Deus sempre quer a fé obediente. Homens maus rejeitam Deus e seus servos. Devemos pregar Jesus crucificado (1 Coríntios 2:2). Devemos pregar o que os ouvintes precisam, não o que eles querem ouvir (2 Timóteo 4:1-5).
Ao executar sua função de cuidar das viúvas, Estevão aproveita para pregar. Ele tinha conhecimento e ousadia na Palavra, por isso, por muitas vezes foi interrogado e sempre era usado por Deus.
"E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo" (6:8).
Como de costume, aquele que prega a Palavra de Deus é perseguido. Homens foram subornados para mentir contra ele, assim, Estevão foi levado ao Sinédrio diante do conselho para o julgarem.
Uma das passagens mais lindas da Bíblia Sagrada acontece no momento a seguir, quando Estevão é apresentado ao sinédrio.
"Então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo" (6:15).
Estevão provou sua intimidade com Cristo, e a Palavra de Paulo em 2 Coríntios se cumpriu:
"Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (3:18).
O Espírito de Deus estava com Estevão. E é assim nas nossas vidas. Se vivemos uma vida de comunhão e arrependimento verdadeiro, Deus cuida de nós, nos defende, perdoa nossos pecados e supre nossas necessidades. Estevão dá uma aula no sinédrio sobre a Palavra de Deus.
Ele não aproveitou aquele momento para se defender, nem negar a Cristo. A pressão era grande, as chances de Estevão ser apedrejado eram latentes, mas ele abriu mão de sua própria vida terrena para poder apresentar a verdade àquelas pessoas. Fica a pergunta: quantos, naquele momento, podem ter ouvido a pregação e se convertido a Jesus?
"E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele" (7:54).
Não se espante quando as pessoas se irritam ao ouvir a verdade. Estevão teve sentença de morte por apedrejamento. Nem a sentença vil e intolerante tirou a paz do pregador (7:56-58).
Conclusão
Estevão não viu "apenas" a glória de Deus, mas contemplou Jesus ao lado de Deus. Ao ser apedrejado, aquele inocente homem, ainda exercitou sua fé e apresentou o gesto mais humilde: pediu a Deus que não imputasse o pecado àqueles que o assassinaram. Estevão sabia que o perdão agrada Deus. Por saber disso, no ato da agressão ele já havia perdoado seus assassinos
"E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes impute este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu" (7:60).
Estêvão nos mostra que a palavra de Cristo é mais importante do que a nossa própria vida, ilustrando bem o princípio que Jesus ensinou:
"Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á" (Mateus 10:39).
Nós, cristãos, devemos buscar o que Estevão buscou nos seus últimos momentos. Não se afastar de Deus, não negar nossa fé em Jesus e perdoar nossos agressores. Aquele homem mostrou que tudo isso é difícil de ser alcançado, mas é possível. É o que devemos buscar dia a dia, viver com Jesus na eternidade.
A Bíblia nos aconselha à fidelidade até a morte quando então receberemos a coroa da glória. E que o Senhor nos abençoe e nos guarde no seu grandioso amor em nome de Jesus, amém!
A Deus toda glória.
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