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domingo, 22 de setembro de 2019

LENDA URBANA - O "CAPETA" DO VILARINHO

Neste capítulo da série especial de artigos [sobre] Lenda Urbana, trago uma história bem regional, surgida aqui na região norte de Belo Horizonte. Venda Nova é, ao mesmo tempo, uma região da cidade de Belo Horizonte e um distrito, na organização territorial do Estado de Minas Gerais. O distrito, atualmente pertencente à Belo Horizonte, foi contemporâneo do distrito de Curral D'el Rey, quando pertencia à Vila de Sabará, importante cidade do ciclo do ouro. A Regional Venda Nova tem extensão territorial de 28,30 Km². De acordo com o Censo IBGE 2010, a Regional Venda Nova tem uma população de 262.183 habitantes.

Perfil de Venda Nova


A região de Venda Nova é basicamente de comércio e prestadores de serviço e a média salarial é de, aproximadamente, 2 salários mínimos. Segundo dados da Secretaria de Regulação Urbana, a região de Venda Nova possui mais de 15 mil empresas instaladas.

A rua Padre Pedro Pinto é o principal centro comercial da região e possui aproximadamente 6 Km de extensão, cortando a região até o município de Ribeirão das Neves. A avenida Vilarinho, paralela com a rua Padre Pedro Pinto, é também um importante centro comercial. E é justamente nessa conhecida e importante avenida de Venda Nova que nasceu uma das mais aterrorizantes lendas urbanas. Vamos conhecer o caso do "'Capeta' do Vilarinho".

Alex, o "Capeta" do Vilarinho


A Avenida Vilarinho é uma das principais avenidas do bairro de Venda Nova em Belo Horizonte. Por lá sempre funcionaram muitos forrós, gafieiras e bailes de todo tipo. Foi num desses bailes, mais precisamente no baile funk das Quadras do Vilarinho, que num dia qualquer do início dos anos 90 teria acontecido a história desta lenda. Reza a lenda que um rapaz que se aproximou de uma moça durante a noite e chamou-a para dançar. 

A lenda


Foi em um destes bailes, mais precisamente no baile funk (tinha que ser) das Quadras do Vilarinho, que em um final de semana do início dos anos 90 teria acontecido o fato bizarro que deu origem a essa lenda.
Foi lá que um rapaz muito bem apessoado se aproximou de uma moça durante a noite e chamou-a para dançar. Apesar de o rapaz ser desconhecido de todos os presentes não chegou a causar desconfiança alguma. E justamente neste dia estava tendo uma competição de dança onde alguns casais disputavam na pista o tão cobiçado primeiro lugar. 

Após a moça ver a desenvoltura do rapaz decidiu participar do concurso sendo sua companheira. Dançaram por longo tempo, ele demonstrou ser um excelente dançarino, dominando vários estilos diferentes - do forró ao funk, do samba ao New Wave - e surpreendendo a todos na pista. A moça se encantou por ele e acompanhou-o na dança, faceira. Mesmo os dois tendo se conhecido quase na hora da apresentação foram muito bem e ficaram com o segundo lugar. 

Foi nesse momento que, segundo testemunhas, o rapaz teria ficado muito nervoso por ter ficado em segundo lugar e perdido o controle. Assim que ele saia da pista de dança irritado a moça o teria pego pelo braço e nesse momento tudo se revelou, o chapéu do rapaz caiu ao chão e a moça vislumbrou os chifres na cabeça do homem, e gritou aterrorizada!

Seu grito chamou a atenção de todos. Foi quando todos no baile correram ao local de onde vinha o grito apavorante da menina e se depararam com aquela visão assustadora e demoníaca (literalmente). A histeria e a confusão foi geral, mas na correria desesperada, ninguém conseguiu (ou se atreveu) a capturar o "capeta". 

Ao ver tamanha aberração, o pânico se instaurou no ambiente. Portas misteriosamente se fecharam, luzes se apagaram, e o som foi abafado por gritos de terror. Alguns dos presentes teriam até afirmado reconhecer patas de bode no lugar das pernas do rapaz, ou melhor, do "capeta" em fuga. Finalmente, após muitas pessoas terem entrado em pânico e desmaiado, o homem misterioso sumiu, e as portas do local se abriram. Dizem ainda que ficou no ar um forte cheiro de enxofre.

A repercussão


Não demorou até a notícia se espalhar e alcançar as rádios e TVs de toda a cidade. Os repórteres foram enviados ao local para tentar cobrir uma nova aparição do tal "capeta", mas ele não apareceu mais no local. E na fuga o "capeta" ainda teria ferido o porteiro do baile na canela, segundo a vítima ele teria tentado deter o rapaz pensando que a confusão tivesse sido armada por uma briga, foi quando o "homem" lhe deu um coice, como se fosse um cavalo, que deixou o pobre porteiro caído no chão. Esse caso ficou para história da cidade e do Brasil inteiro conhecido como a "lenda do 'Capeta' do Vilarinho". 

Fatos


O incidente do Capeta foi noticiado em todos os jornais, nas rádios e nas principais TVs locais. Uma rádio FM de Belo Horizonte compôs um funk em homenagem ao suposto capeta. O refrão de tal funk repetia:
...Só quero dançar... 
só quero dançar... 
só mais um pouquinho! 
só quero dançar...  
só quero dançar... 
lá no vilarinho!

"Melô do Alex - O 'Capeta' do Vilarinho" - Paschoal

O autor da música é o humorista e radialista mineiro, Milton Teodoro, conhecido como Paschoal.

Outro que se manifestou a respeito foi Lacarmélio Alfeu de Araújo (na ilustração inicial), folclórico artista quadrinista de rua de Belo Horizonte que escreveu sobre o "Capeta" do Vilarinho em uma das edições de sua revista Celton, nome de um super-herói sem poderes especiais, que vive em Belo Horizonte. 

Na bem-humorada versão de Celton, Alex (este é o nome do "Capeta" do Vilarinho) volta a Belo Horizonte acompanhado do assistente Caveirinha em busca de seu filho, e termina por conquistar a amizade do povo, que antes queria vê-lo morto, ao jogar dinheiro do alto do Viaduto Santa Tereza.

Se essa história é verdadeira ou mentirosa, ninguém sabe, e por isso ela não pode ser nem confirmada, nem desmentida. O fato é que a lenda do "Capeta" de Vilarinho permanece bem viva na memória de muita gente, dando mais força, por assim dizer, a afirmativa feita por alguém, algum dia, de que 
"eu não acredito em bruxas! Mas que elas existem, existem..."
Até hoje, ninguém soube explicar a tal aparição e o causo ficou conhecido apenas como o "Capeta" do Vilarinho.

Conclusão

A verdade que não desmistifica a lenda


Inaugurado em outubro de 1982 como um conjunto de quadras de futebol de salão, o Vilarinho começou a receber bailes populares em janeiro de 1983, quando o proprietário passou a ser procurado por donos de equipes de som interessados em atrair os jovens. 
"Dei 90 dias de experiência para eles e estamos aqui até hoje"
comemora Francisco Filizzola, atribuindo o sucesso da iniciativa ao respeito às classes sociais menos favorecidas.

O dono do espaço não esconde que o famoso "Capeta" do Vilarinho foi uma forma de fixar a imagem da casa. 
"Hoje, somos conhecidos pelo futebol, pelo baile funk e pelo capeta"
diz, orgulhoso. A "mídia espontânea", admite ele, surgiu em plena "crise temporária de liquidez"
"Bolamos ideias e, de repente, veio o capeta"
confessa Francisco.

Nessa estratégia "diabólica", ele contou com a colaboração do ronda Barão. 
"Mandei ligar para a polícia e para uma emissora de rádio, que jogou a notícia imediatamente no ar"
entrega. Outro personagem da "trama" é Ricardo Malta, o Pato, atualmente professor do curso de administração da PUC Minas, que frequenta o espaço desde 1982.

Malta já foi auxiliar de discotecário, DJ e relações-públicas do Vilarinho. Há mais de uma década ficou cego, vítima de glaucoma. Bem-humorado, ele não perde a oportunidade de atribuir sua doença ao famoso "capeta".


"BH 120 Sentidos - Ricardo Malta O dançarino"

"Reza a lenda: 'o dançarino louro veio competir e, infelizmente, perdeu para o Pato",
diverte-se o professor universitário.


A Deus toda glória.
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