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sábado, 9 de março de 2019

PERSONALIDADE RELIGIOSA - ALZIRO ZARUR, O FUNDADOR DA LBV


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Retornando à série especial de artigos Personalidade Religiosa, onde trago um resumo biográfico de pessoas pessoas importantes nos diversos segmentos religiosos (veja a relação completa das postagens no final deste artigo), enfoco o homem que foi o responsável pela criação do ecumenismo no Brasil: Alziro Zarur.

Alziro Abraão Elias David Zarur nasceu, paradoxalmente, em um dia de paz em um ano de guerra, quando os homens de todo o mundo já enfrentavam uma das mais trágicas conflagrações da história: 25 de dezembro de 1914, no Rio de Janeiro.

Não foi por acaso que ele desencadeou, durante toda a sua vida, uma "guerra" pacífica em prol da humanidade. Filho de imigrantes árabes - Ássima e Elias Zarur - defendia a tese de que "o ser humano foi criado de tal forma que só pode ser feliz praticando o bem".

O fundador da Legião da Boa Vontade (LBV) foi aluno brilhante do Colégio Pedro II e já nesse tempo dava mostras do seu pendor para o jornalismo: depois de escrever em todos os órgãos do colégio, fundou o próprio jornal (O Atalaia) e foi chamado para dirigir o órgão oficial, Boletim do Colégio Pedro II.

Adolescência, juventude e legado literário


Aos 15 anos, ingressou como jornalista profissional, no matutino A Pátria, de João do Rio, sob a direção de Diniz Júnior. Zarur estudou na faculdade Nacional de Direito, mas preferiu ser doutor em Evangelho e Apocalipse, tidos por ele como as obras mais importantes do mundo.

Escreveu dezenas de livros, nos quais são explicados, de forma clara e didática, o seu entendimento dos ensinamentos de Jesus: 
"O que estou fazendo é a síntese de tudo o que já se fez de realmente grande, verdadeiramente sério, indiscutivelmente eterno, pela libertação do Brasil e de toda a humanidade. 
E tudo isso numa linguagem simples, que todos possam entender. Sou povo, porque nasci povo e povo hei de morrer"
resumia.

Se reunisse o que escreveu em jornais e revistas desde 1930, sem contar os milhares de improvisos, seria possível montar mais de 50 livros sobre rádio e televisão, política e ciência, literatura e religião.

Comunicador pioneiro


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Estúdio onde Zarur apresentou durante anos o programa "A Hora da Boa Vontade", transmitido pela Rádio Globo/AM

A contribuição de Zarur ao rádio brasileiro foi decisiva: criou os programas "Enciclopédia Literária", "Você não tem consciência!", "Gatinhos e Sinucas", "Teatro de Gente Nova", "Policial Zarur" e as suas novas "Aventuras de Sherlock Holmes". Com este último, lançou o programa policial educativo na radiodifusão do país, encerrando sempre suas produções com a sentença: 
"O Bem nunca será vencido pelo Mal".

Em 1948, afastou-se dos círculos sociais durante cerca de 1 ano, vivenciando um período que chamou de "exílio espiritual", para planejar, em pormenores, a obra que viria a fundar.

Observou que o rádio ainda não havia feito um programa exclusivamente dedicado aos doentes. Foi assim que criou, em 4 de março de 1949, a "Hora da Boa Vontade", na Rádio Globo. O programa trazia uma palavra de alento aos doentes do corpo e do espírito.

Na época, foi criticado por pessoas do meio radiofônico que não acreditava que ele, aos 33 anos de idade, trocaria seu sucesso no rádio para dedicar-se à religiosidade ecumênica. Mas Zarur prosseguiu e, na modesta sala da Rua Acre, no Rio de Janeiro, elaborou, sozinho, os estatutos da instituição que, mais tarde seria uma das maiores do mundo.

Dessa forma, em 1º de janeiro de 1950, ele fundou a Legião da Boa Vontade (LBV), com a missão de contribuir para o desenvolvimento solidário por meio de ações nas áreas social, educacional, cultural e filosófica.

Mensagem Ecumênica


Com o estabelecimento da LBV, Zarur iniciou a Cruzada de Religiões Irmanadas, em prol da união das crenças, na busca pela Paz. Sua preocupação em respeitar as diferentes religiões foi reconhecida pelo Vaticano. Zarur recebeu do Núncio Apostólico Dom Sebastião Baggio a Medalha do Papa Paulo VI, "por serviços prestados à causa do Ecumenismo".

Suas palavras sensibilizavam milhares de brasileiros atentos à sua pregação pioneira. Ele falava de Ecumenismo Irrestrito e proclamava o Novo Mandamento de Jesus - Amai-vos uns aos outros como eu vos amei - explicando: 
"Não amar com o amor do homem, sempre egoísta e sectário, mas amar com o amor de Jesus".

Concedeu entrevistas em todas as emissoras de TV da época. Realizou programas culturais, dentro da série "O Povo Quer Saber" e "O Show é Zarur", respondendo sobre os mais variados assuntos, com auditórios lotados.

Na Rádio Mundial, de 1956 à 1966, divulgou toda a Bíblia Sagrada, de meia em meia hora, durante as 24 horas do dia, fato único em todo o mundo.

Prêmios e reconhecimentos


E, 1965, quando o Rio comemorava 400 anos de sua fundação, Zarur foi homenageado com o título de "Radialista do IV Centenário". Recebeu também, com mais nove descendentes de sírios e libaneses, a Condecoração da Liga dos Estados Árabes (LEA), das mãos de seu ministro Plenipotenciário.

Atendendo ao pedido dos Senadores Petrônio Portella e Nelson Carneiro, analisou a Lei de Diretrizes e Bases para o Ensino, sugerindo que ela fosse complementada por uma Lei de Diretrizes e Bases para a Educação, baseada no maior de todos os educadores da humanidade: Jesus.

Sócio remido da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Radiodifusão (ABR) e um dos pioneiros do Sindicato dos Jornalistas, Zarur criou a Associação Brasileira de Cronistas Radiofânicos (ABCR). Também lançou, em outubro de 1975, os fundamentos da Academia Brasileira de Escritores de Televisão, Rádio e Imprensa (Abetri).

LBV - Legião da Boa Vontade

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Sede do Templo da LBV em Brasília, um dos principais pontos turísticos do DF

Fundada em 1º de janeiro de 1950 (Dia da Paz e da Confraternização Universal) pelo poeta e radialista Alziro Zarur, a Legião da Boa Vontade (LBV) tem como diretor-presidente o jornalista, escritor, radialista e educador José de Paiva Netto

Em uma visita recente que fiz à capital federal, fui pessoalmente conhecer a sede do templo da LBV, que é considerado um dos principais pontos turísticos do DF. Confesso que fiquei boquiaberto pelo requinte ostentado na obra, desde sua edificação, com contornos arquitetônicos futuristas, passando por seus jardins suspensos, suas obras de arte e todo seu acervo cultural.

Atuação


A LBV é uma associação civil de direito privado, beneficente, filantrópica, educacional, cultural, filosófica, ecumênica, altruística e sem fins econômicos, reconhecida no Brasil e no exterior por seu trabalho nas áreas da educação e da assistência social. Atua em prol de famílias de baixa renda, somando ao auxílio material os valores da Espiritualidade Ecumênica.

No Brasil, a LBV possui 82 unidades de atendimentos, divididas em:
  • 1 Centro de Assessoramento (Rio de Janeiro/RJ);
  • 3 lares para idosos (Teófilo Otoni e Uberlândia/MG e Volta Redonda/RJ);
  • 5 escolas (São Paulo/SP; Belém/PA; Taguatinga/DF; Curitiba/PR e Rio de Janeiro/RJ);
  • 1 escola de Capacitação Profissional (São Paulo/SP).
Em quase sete décadas de trabalho, o ideal de Boa Vontade inspirou também a atuação do trabalho da LBV da Argentina, da Bolívia, dos Estados Unidos, do Paraguai, de Portugal e do Uruguai, nas quais as atividades são mantidas graças a doações da população local.

A história


Quando a Legião da Boa Vontade foi fundada pelo Alziro Zarur, o Brasil da metade do século 20 era bem diferente dos dias atuais. Os chamados anos dourados foram marcados por grandes avanços científicos, tecnológicos e mudanças culturais e comportamentais. A televisão começava também neste período, ainda bem incipiente, é verdade, e sequer tínhamos ganhado a primeira Copa do Mundo.

Dentro dessas transformações em curso, a LBV protagonizou pioneiramente o ideal do Ecumenismo sem fronteiras, iniciando um trabalho com base no conceito vanguardeiro de Caridade Completa, suprindo as necessidades do corpo e principalmente às da Alma. Esta Instituição sexagenária trouxe ao mundo uma mensagem de Paz e união sem igual, com seu trabalho de reeducação.

Os primeiros passos


É bom dizer que, na verdade, a origem da Legião da Boa Vontade se deu dois anos antes da data oficial, época em que Zarur passou a elaborar as bases da LBV, buscando em São Francisco de Assis a inspiração. Era 6 de janeiro de 1948 (Dia de Reis), o saudoso fundador da Legião da Boa Vontade — um dos maiores nomes do rádio desde a década de 1930 — a convite de amigos assistiu a uma sessão da Federação Espírita Brasileira (FEB), na cidade do Rio de Janeiro/RJ, da qual participava dona Emília Ribeiro de Mello, respeitável médium.

Aquela senhora de cabelos brancos olhou insistente e piedosamente para o visitante e, ao término das atividades, aproximou-se dele e disse: 
"Meu Irmão, São Francisco de Assis esteve todo o tempo aí ao seu lado e manda dizer-lhe que é hora de começar".
Essas palavras sensibilizaram profundamente o comunicador Zarur, que a partir dali passou a se dedicar ao grande projeto. 

"Hora da Boa Vontade": o embrião da LBV


Dando corpo a vocação de comunicar às massas, que seria uma marca da Instituição, em 4 de março de 1949, iniciou o programa "Hora da Boa Vontade", na Rádio Globo, do Rio de Janeiro, o embrião da LBV. Dos microfones da emissora carioca se ouviam mensagens de conforto aos doentes, palavras de Fé, esperança e Solidariedade.

A fundação oficial da Legião da Boa Vontade, em 1 º de janeiro de 1950, representou uma nova etapa no âmbito das relações sociais, que, então, passaram a receber a influência do Ecumenismo Total, a mais notável característica da Instituição já à época do seu nascedouro. A primeira sede da Instituição localizava-se em uma pequena sala num prédio da Rua Acre, 47, no Centro da capital fluminense.

Dias depois da fundação da LBV, outro gigantesco degrau foi alçado no campo da convivência inter-religiosa por meio da pioneira Cruzada de Religiões Irmanadas, cuja primeira edição ocorreu em 7 de janeiro daquele ano, no salão do Conselho da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro/RJ, após sucessivas reuniões preparatórias realizadas no mesmo local, nos meses de outubro, novembro e dezembro de 1949, na sala da diretoria daquela prestigiada Associação.

Conclusão


Polêmico e carismático, de forma popular e inovadora pregava com muito entusiasmo o Evangelho e o Apocalipse de Jesus, mas não "ao pé da letra que mata" (fazendo menção à segunda Epístola de Paulo aos Coríntios, 3:6), com o que define ser  "à luz do Novo Mandamento do 'Cristo Ecumênico'". Zarur foi também o grande Proclamador do Ecumenismo Irrestrito e do Ecumenismo Total no mundo, tese que já sustentava desde a adolescência, quando lançou os fundamentos de sua Cruzada de Religiões Irmanadas, uma antecipação do relacionamento inter-religioso. Alziro Zarur faleceu em 21 de outubro de 1979, na cidade do Rio de Janeiro.


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A Deus, o Pai, toda glória.
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