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domingo, 24 de março de 2019

FILMES QUE EU VI - 46: "FLASHDANCE: EM RITMO DE EMBALO"


Anos 80, sem dúvida, uma das melhores décadas... Em 83 nasce um ícone pop que se chama "Flashdance..." "Flashdance..." é um dos musicais mais vistos na história, por mais que tenha um roteiro péssimo! Porém é cativante a mistura de cenários e a dinâmica sintonia que tem as músicas com a história.

A produção


Adrian Lyne o diretor de "Flashdance [que aqui no Brasil recebeu o complemento de "Em Ritmo de Embalo"],quando viu o filme achou que iria ser o pior do ano e teve que contratar um dos melhores editores da época para dar uma bela melhorada. E deu! O público amou e assim tornando uma rota: do cinema para as lojas de discos arrecadando em média 4 milhões de dólares por mês. 

The Musical


O longa foi adaptado para os palcos em um musical em West End, (Inglaterra) em 2008. "Flashdance The Musical", como é chamada a adaptação do filme, já passou pelos Estados Unidos após sua estreia na Inglaterra, mas sem passar pela Broadway. 

O musical também já foi apresentado na Alemanha, em 2013, onde a atriz brasileira Myrthes Monteiro teve a oportunidade de interpretar a protagonista e aspirante a dançarina Alex. No ano seguinte, o espetáculo chegou à França. A trilha inclui outros clássicos do longa, como 'Maniac', 'Manhunt' e 'Gloria'. Assim como no filme, "Flashdance, o Musical" gira em torno de Alex Owens, uma jovem que durante o dia trabalha como operária, mas que à noite solta o corpo como dançarina de discoteca, se esforçando para realizar o sonho de ser bailarina. 

O espetáculo musical fez turnês e temporadas no Reino Unido e nos EUA. Desde 2011, existe uma especulação sobre uma possível montagem da produção na Broadway, mas ela nunca aconteceu. No Brasil, "Flashdance, o Musical" teve os direitos adquiridos por Juliana Martins, Fábio Amaral e Fabrício Chianello, mas ainda não foi apresentado nos palcos brasileiros. 

What a feeling! 


Em 1983, "Flashdance: Em Ritmo de Embalo" foi um dos grandes sucessos do cinemão americano, começando uma série de filmes de dança que marcariam a geração, como "Footloose (1984)" e "Dirty Dancing (1987)". Na época, tornou-se tão popular que dava ojeriza. Era o filme da moda, parecia pop e descartável. 

Nada como o tempo para deixar as coisas irem para seu devido lugar e tornar-se um clássico, dos bons. Se na época os jovens viam porque estava na moda, pelas músicas da trilha sonora que se tornaram hits, hoje a história, a fotografia, a direção, o argumento até mesmo o fraco roteiro e... a bela atriz Jennifer Beals, além de linda, muito talentosa, acertando bem o tom de sua Alex, juntamente, sim, com a boa trilha sonora que também virou clássica (exceto a chatíssima 'Lady, Lady, Lady' é que eternizaram o filme como uma obra feita com competência e relevância. 

Nunca é demais ver o filme, e apreciar todos esses elementos. Pelo começo, parece aquelas velhas histórias clichês,de pessoas e seus sonhos (tipo filme de autoajuda). Ele chegou a ser indicado ao Framboesa de Ouro por Pior Roteiro. Contudo, "Flashdance" é um dos musicais mais conhecidos da história do cinema. Músicas que foram lançadas por causa desse longa, que até hoje fazem sucesso. 

É bom, mas... 


Por isso este é um filme que é lembrado até hoje (recentemente, a música 'Flashdance What a Feeling' foi remixada). Ele quer ser um filme sobre dança, amor e ambição. Mais ou menos o que "Os Embalos de Sábado à Noite" conseguiu fazer alguns anos antes, e um dos seus principais problemas é que tenta imitar tanto o filme com John Travolta que esquece de tentar nos fazer conhecer, e nos importar, com a heroína da história (por isso o roteiro levou pau). 

Sinopse ou, em linguagem mais atual, spoiler


O filme se passa em Pittsburgh, onde acompanhamos Alex (Jennifer Beals) que tem um sonho distante de ser uma dançarina. Depois de seu trabalho diurno, ela dança numa espécie de clube de strip-tease mas do estranho tipo que as mulheres dançam de maneira sexy sem tirar a roupa. 

Todo o tempo vago que tem ela passa treinando dança numa espécie de depósito enorme que ela usa de estúdio de dança. É sempre simpática com todo mundo e nunca parece sequer cansada. Tão inverossímil é essa personagem que sua principal ocupação é como soldadora em uma indústria. 

Vejamos o bar onde ela trabalha. Todo ele é montado para ser um bar sem sofisticação nenhuma, com paredes sem adornos, mesas onde pessoas ordinárias (a maioria trabalha com ela) tomam cervejas e tudo que pode existir de mais comum possível. Porém, no meio do bar há um enorme palco com show de luzes, água que cai do teto e tudo o mais que possa imaginar para um show em Las Vegas ou coisa do gênero. Todo o palco está completamente fora de sincronia com o resto do bar, tanto quanto Beals está fora de sincronia com a indústria e a pose de soldadora. 

Além disso, ela tem uma senhora que serve de mentora, um cão como único amigo, uma irmã que patina no gelo e um pai que reclama das duas o tempo inteiro que aparece. Pra completar, ela começa a ter um caso com seu chefe. O roteiro apresenta tantas e tantas coisas para ela, que esquece de deixar a personagem desenvolver um personagem, e não ser apenas um apanhado de coisas porque isso simplesmente está escrito no roteiro. 

Jennifer Beals


Jennifer Beals é talentosa, bonita e tenta dar ao filme uma protagonista que prenda a plateia. Para seu azar, é preciso mais que talento e beleza para conseguir isso. Ela precisaria também de um bom roteiro (de novo ele) e uma direção decente. Ela poderia ter feito maior sucesso com o passar dos anos, pois não acho que falte algo a ela. A única coisa que parece ter lhe faltado é uma melhor escolha de roteiros durante os anos. "Flashdance...", portanto, é o único filme que Beals fez sucesso, pois os outros filmes (incluindo até uma série de TV) que ela atuou ou não fez sucesso ou o papel era muito pequeno. 

O filme é um exemplo perfeito de um filme que é mais conhecido pelo seu impacto na cultura pop do que como um filme que valha a pena ser visto. Toda a história é costurada por incontáveis cenas de dança, porque parece existir somente para isso. E é também mais um exemplo que (o produtor) Jerry Bruckheimer sempre se preocupou mais em fazer filmes que tenham impacto nas telas mesmo que sem história alguma. Como o resto da cinematografia dele, é um filme que funcionava como mero escapismo. Hoje, serve para matar curiosidade e, sim, a saudade. 

A trilha sonora 


A trilha sonora de "Flashdance..." é sempre lembrada pela dançante 'What a Feeling', interpretada por Irene Cara e vencedora do Oscar de melhor canção. Porém, a trilha também apresenta outras canções maravilhosas que nos deixam obrigados a arrastar os móveis, vestir as polainas (será?) e dançar até dizer chega. 

Capa do vinil
Outra música impossível não associar com o longa é 'Maniac' que recebe inúmeras referências até hoje, seja em outros filmes, desenhos, comerciais de TV e até mesmo em videoclipes de outros artistas (inclusive foi sampleada para uso numa versão remix da música 'Tudo é Teu', da cantora gospel Aline Barros). 
Contracapa do vinil

A maioria das faixas foi produzida pelo gênio Giorgio Moroder, responsável pela trilha de "Amores Impossíveis", "Top Gun" e "A História Sem Fim", o que certamente foi a fórmula pelo sucesso da trilha, que logo nas duas semanas e lançamento chegou à vendagem de 700 mil cópias e rendeu duas indicações ao Oscar de melhor canção. 

Curiosamente, nem todas as músicas executadas no filme saíram no disco e olha que eram músicas de grande sucesso, como 'I Love Rock'n'Roll' da Joan Jett & The Blackhearts, e 'Gloria' da Laura Branigan (☆1952-✟2004). 

Curiosidade 


Lançada originalmente em, 1975, 'I Love Rock'n'Roll' embala os papos da protagonista Alex com as amigas durante um treino na academia. As conversas giram em torno de homens que não ligam no dia seguinte. Uma ficção das brabas, mas esperada por um roteiro escrito por um homem. 

Feminismos à parte, o arranjo que Joan criou para a música dita o ritmo da árdua batalha de malhar o corpo, mas é recomendada também para os sedentários que gostam de canções de qualidade. Infelizmente esta música não faz parte da trilha original do filme, mas deveria. Ela é tocada no filme quase no final na hora que elas entram e um clube, na cena que foi cortada em alguns países devido ao conteúdo de nudez impróprio para época. 

Faixa a faixa 


  • 1) 'Flashdance... What a Feeling' - Irene Cara - Música de abertura do filme, do álbum e do momento da lendária apresentação da Alex para ser aceita no conservatório. É engraçado ver moça se acabando de dançar, pulando e girando bem empolgada, sendo que a música é mais "calma". O single foi um verdadeiro sucesso, chegou ao primeiro lugar da parada Billboard e ganhou o Oscar de melhor canção e bem merecido o prêmio, pois a música é maravilhosa. Irene Cara compôs a letra enquanto dirigia a caminho do estúdio e a gravou no mesmo dia. 
  • 2) 'He's a Dream' - Shandi 
  • 3) 'Love Theme From Flashdance' - Helen St. John 
  • 4) 'Manhunt' - Karol Kamon 
  • 5) 'Lady, Lady, Lady' - Joe Esposito - Canção do casal de pombinhos do filme, é bem romântica e tocada até hoje em rádios especializadas em lentas. Giorgio Moroder produziu essa faixa e para quem não sabe, o cantor Joe Esposito era o melhor amigo do Elvis Presley. Como eu já disse, pra mim é a pior faixa da trilha. 

  • 1) 'Imagination' - Laura Branigan - A saudosa Laura Branigan foi sortuda, pois duas de suas músicas tocaram no filme e pena que 'Gloria' - o seu maior hit - não saiu na trilha, pois é o momento da pista de patinação. 'Imagination' aparece em uma das performances da Alex, onde ela está com a cara toda maquiada de branco, recebendo inúmeros aplausos do público. 
  • 2) 'Romeo' - Donna Summer (☆1948-✟2012) 
  • 3) 'Seduce Me Tonight' - Cycle V 
  • 4) 'I'll Be Here Where The Heart Is' - Kin Carnes 
  • 5) 'Maniac' - Michael Sembello - Em ritmo de academia, também imortalizou a cena em que Alex dança sozinha em casa, se exercitando. Michael Sembello havia composto a letra para o filme "Maniac" (1980), mas acabou sendo vetada e utilizada em "Flashdance...", fazendo sucesso no mundo todo, alcançando o topo das paradas. 

Vale a pena ter o álbum em sua coleção, que é considerado por muitos como uma das melhores trilhas sonoras da história do cinema. 

Prêmios 


 
Ganhador do Oscar de melhor canção "Flashdance... What a Feeling" (título original) é um dos maiores ícones pop do cinema, o que lhe rendeu os seguintes prêmios:
  • Oscar de melhor canção original ('Flashdance... What a Feeling'), sendo ainda indicado ao Oscar de melhor fotografia, edição e canção com 'Maniac'
  • Ganhou 2 globos de ouros: Melhor trilha sonora e melhor canção "Flashdace... What a Feeling" foi ainda indicado as categorias de melhor filme comédia/musical, melhor atriz (Jennifer Beals) e melhor canção 'Maniac' 
  • Ganhou o Grammy de Melhor Trilha Sonora de um Filme ou Programa de TV. 
  • E ainda recebeu a indicação do Framboesa de Ouro por pior roteiro. 

Conclusão


Cartaz do filme, publicado no Estadão em 06/8/1983
Mesmo com tais eventualidades que hoje seriam inaceitáveis, é óbvio que "Flashdance..." não vai parar de ser referência de uma época completamente diferente da atual e o sucesso da trilha sonora será eterna, independente de quanto tempo passe. Talvez por isso meu artigo não seja menor, justamente por respeitar um clássico praticamente obrigatório a todas as próximas gerações, mas também não posso ser compreensivo demais e perdoar as falhas gritantes de seu roteiro e limites que poderiam ter sido quebrados para construir uma narrativa mais interessante e menos fragmentada. 

Cultuando a sensibilidade de Lyne ao assumir a direção e sem esquecer de dizer que Beals exala sensualidade e simpatia, "Flashdance..." agrada em sua parte musical e só. Talvez um remake viesse a calhar e quem sabe até novas músicas marcassem mais uma época da vida dos cinéfilos de hoje em dia. Quem sabe trazer de volta o carisma de Beals, né? Já que hoje a falta de criatividade de Hollywood sempre acaba apelando ou pra continuação ou pra remake. Nunca se sabe… 


A Deus, o Pai, toda glória! 
E nem 1% religioso. 

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